CENA
1: Laura percebe que Mateus está prestes a correr e o detém.
-Mateus,
ficou maluco? Se correr vai ser pior! - repreende Laura.
Os
três rapidamente conseguem chegar em segurança ao apartamento.
Todos estão ofegantes e Haroldo se preocupa com Laura.
-Tá
legal, amor? A pressão tá ok? - pergunta Haroldo.
-De
saúde eu tou legal, mas tou é cagada de medo, isso sim! Que
situação bem tensa... - fala Laura.
-Gente...
dessa vez não tem dúvida... a gente pode até não ter visto a cara
do sujeito, mas isso só pode ser coisa do Guilherme! - afirma
Mateus.
-Tem
razão, Mateus. E eu vou ligar pro Valentim agora mesmo porque essa
situação simplesmente não pode ficar desse jeito! - fala Laura.
Laura
disca para Valentim, que atende prontamente.
-Que
surpresa você me ligar, Laura... tudo bem com você?
-Comigo
tudo bem... por enquanto. Nós acabamos de chegar em casa e temos
certeza de que fomos seguidos.
-Como
é que é essa história?
-Isso
mesmo, Valentim... e tem mais uma coisa.
-O
que?
-A
gente pensa que pode ter sido o Guilherme a nos seguir. Eu sei que
você disse que provavelmente ele estaria fora do país, mas acho que
ele voltou... ou nunca realmente esteve no exterior depois da fuga.
-Primeiramente,
você e os rapazes devem se tranquilizar. Não é novidade para mim
ou para Mara que ele possa estar de volta. Já suspeitávamos disso e
agora suspeito mais ainda. De qualquer maneira, é importante que
vocês saibam manter a calma acima de tudo. Não é hora de
desespero.
-Como
que a gente vai manter a calma? Eu estou grávida, ainda por cima!
-Já
estamos providenciando proteção à paisana para qualquer potencial
alvo dele. Não se preocupem.
-Sendo
assim, só resta confiar...
-Se
for ele que estiver de volta, logo ele vai ser pego. É questão de
dias.
-Confio
nisso... de qualquer forma, desculpe por ligar para falar sobre isso.
-Nunca
deixe de comunicar nada, Laura... é melhor assim.
-Tá
certo. Preciso desligar agora.
CORTA
A CENA.
CENA
2: Raquel chama Valentim.
-Eu
ouvi a conversa de vocês ao telefone. Desculpe a intromissão, mas
acho que posso ajudar.
-Como,
Raquel?
-Nada
me tira da cabeça que a Suzanne só não deu no pé desse país por
causa do Guilherme. As palavras que ela me disse não saem da minha
cabeça.
-Quais
palavras? Você chegou a me dizer ou eu esqueci?
-Devo
ter dito por cima, Valentim... mas digo outra vez: ela disse que
tinha que evitar que acontecesse uma tragédia antes de ir embora de
vez.
-Tou
começando a entender... então você acha que ela pode estar
tentando impedir o Guilherme de fazer besteira.
-Eu
sei que isso pode parecer loucura, mas talvez a Suzanne esteja sendo
movida por algum instinto de proteção tardia ao Cláudio.
-Não
é tão loucura assim. Ela tem traços sociopáticos, mas não
acredito que seja uma psicopata. É perfeitamente possível essa sua
teoria.
-O
duro vai ser provar, Valentim...
-É
para isso mesmo que estou dando o meu jeito de averiguar o que posso
por conta própria.
-Ainda
que isso seja arriscado demais, é a saída mais rápida. Se esse
doente estiver de volta, meu neto pode estar correndo risco e eu nem
quero pensar nessa possibilidade...
-É,
mas se ele estiver realmente aqui no Rio, é bom que isso seja
confirmado logo. Não posso perder tempo tateando no escuro, preciso
saber por onde estou indo...
CORTA
A CENA.
CENA
3: Marion acompanha Ivan no Jogadores Anônimos.
-É...
agora eu acredito que você tá disposto a mudar de vida de uma vez
por todas.
-Sempre
quis acabar com isso, Marion... só que eu achei que conseguia
sozinho. Infelizmente resta a mim reconhecer que eu sou um viciado...
-Verdade.
Reconhecer é o primeiro grande passo. Só assim você vai poder ser
ajudar, se ajudando.
-Tenho
medo de fraquejar de novo, amor...
-Agora
você vai conhecer outras histórias... vai encontrar um apoio que eu
não soube te dar. Você vai conseguir, Ivan... eu tenho certeza que
você vai.
-Mas
e se eu não perder a vontade de apostar?
-A
gente trabalha isso junto... se quiser que eu entre com você na
reunião, eu entro.
-Não,
amor... já é de grande ajuda você ter vindo comigo.
-Mas
eu estou aqui, te esperando, assim que você entrar por aquela porta.
-Tou
com medo, Marion...
-Não
precisa mais ter medo, Ivan... a gente começou a reagir, juntos. Não
tem como dar errado.
-Fico
com medo porque... cê sabe, foram mais de trinta anos viciado. Não
sei se é fácil assim pra me livrar.
-Você
vai ter que aprender a se ajudar, meu amor... é o único jeito.
-Bem...
acho que tá dando a hora de eu entrar.
-Vai
lá, querido. Eu te espero aqui fora.
-Te
amo, Marion... sempre.
-Eu
também te amo. Vai na fé que vai dar certo.
CORTA
A CENA.
CENA
4: Márcio desabafa com Marcelo sobre Suzanne.
-Eu
não sei como eu pude me deixar envolver por uma pessoa tão cruel
com meus sentimentos, filho. Ainda dói que a Suzanne tenha se
recusado a me dizer se um dia me amou de verdade...
-Olha,
pai... só por isso que ela te disse, acho que dá pra gente ter uma
ideia da resposta que ela não deu.
-É
meio óbvio que ela nunca me amou, não é?
-Infelizmente
é, pai. Não tem como você fugir disso, nem tentar se enganar
acreditando que a resposta pudesse ser outra.
-Dói,
meu filho... isso dói demais no meu peito.
-Eu
sei que machuca, pai. Mas você não merece sofrer por uma pessoa má
como ela...
-Não
acredito que ela seja má, Marcelo...
-Que?
Depois de tudo o que você passou por causa dela? Pelo amor de Deus,
pai! Até cadeia você enfrentou por causa de crimes que ela cometeu!
Por culpa dela você passou mais de vinte anos sem saber que o
Cláudio era o filho de vocês que ela fez questão de abandonar
enquanto te ameaçava. Isso não é ser má? Poxa vida, pai! Os fatos
ao longo dos anos falam por si!
-Eu
conheço o outro lado dela, meu filho... eu sei o que estou dizendo.
Por trás dessa casca dela existe um coração.
-Desculpa,
pai... mas acho que você só enxerga isso porque quer. Porque ainda
tem alguma esperança que em algum momento vocês fiquem juntos outra
vez.
-Não...
definitivamente, por mais que eu a ame, eu jamais vou querer ter
alguma coisa com ela outra vez. Mas eu sinto que no fundo ela sempre
foi aquela garota assustada, que matou o próprio pai por se sentir
traída.
-Ela
poderia ter se tratado, se tivesse procurado ajuda. Mas ela escolheu
ser ruim. Ela escolheu matar meu avô... assim como ela escolheu
abandonar o Cláudio e te envolver nas manipulações dela. Desculpa,
pai... mas não consigo ver uma pessoa que fez tudo isso e muito mais
como uma pessoa boa. Não consigo mesmo...
CORTA
A CENA.
CENA
5: Mara se preocupa com planos de Valentim e tenta alertar.
-Eu
sei que é importante tentar descobrir o que a Suzanne esconde,
Valentim... mas você sabe que é ilegal isso.
-Você
consegue ver uma alternativa mais viável do que grampear o telefone
dela?
-Não...
eu sei que é o caminho mais fácil. Mas você sabe que sem amparo
judicial, quem pode acabar se complicando nisso é você.
-É
um risco necessário e não é a primeira nem a décima vez que
recorro a isso. Não entendo essa sua preocupação agora.
-Minha
preocupação é porque você já foi penalizado antes, Valentim. Se
essa investigação não der em nada, vai acabar sobrando pra você.
Não se trata de somente sair com as mãos abanando, mas sim de que
você pode acabar sendo expulso. Você não quer isso, quer?
-Minha
querida, se você tiver uma opção melhor que o grampo, me avise.
Mas se não tiver, desculpe: é um risco que preciso correr. Só não
posso deixar as coisas como estão com a possibilidade de fazer vista
grossa pra algo realmente perigoso.
-Sendo
assim... nem tenho mais o que argumentar com você... nada do que eu
te disser vai fazer você mudar de ideia.
-Desculpa,
meu amor... mas não vou mesmo mudar de ideia.
-Nesse
caso resta apenas torcer pra que esse caso seja resolvido de uma vez
e que você consiga provar alguma coisa.
-Você
vai ver, Mara... as suspeitas vão se confirmar.
-É
a minha esperança... minha única esperança, para ser bem franca.
-Confia
em mim, Mara... eu sei o que estou fazendo.
-Espero
realmente que saiba...
CORTA
A CENA.
CENA
6: Cláudio está de saída do teatro e conversa com Procópio.
-Eu
sei que não devia te questionar, mas...
-Nem
comece, Cláudio... você sabe que pode questionar o que quiser. Do
que se trata?
-Então,
Procópio... é que eu não fiquei sabendo nada ainda sobre a
divulgação do meu monólogo...
-Ah,
era só isso? Eu mandei imprimir uns folhetos... flyers, como vocês
chamam. Devem chegar amanhã...
-Mas
vai ser só isso?
-Claro
que não. Quando estiver faltando pouquíssimo pra estreia, eu mando
divulgar nos jornais. Você sabe que é isso que acaba chamando mais
público.
-Mas
precisa ser assim, tão em cima da hora?
-Vai
por mim, querido... se for com muita antecedência, as pessoas acabam
perdendo a data.
-Memória
curta... faz sentido.
-Exatamente,
Cláudio... a maioria das pessoas acaba lembrando das coisas por um
período curto de tempo. Se for pra chamar bastante público, é
melhor que seja bastante em cima da hora.
-Se
você diz, eu confio. Mas confesso que fico com medo.
-De
novo, isso? Ah, Cláudio... o que eu faço contigo, hein?
-Eu
sei que não devia, Procópio... mas bate esse medo de que tudo acabe
sendo um fracasso retumbante... ou que eu acabe sendo criticado
negativamente pela minha atuação.
-Relaxa...
se for pra ser assim, a gente só vai saber depois da estreia.
CORTA
A CENA.
CENA
7: Vicente se reúne com o autor de novelas Leandro César Martins e
mostra antigo roteiro escrito por Valquíria.
-Bem...
eu sei que tem erros gramaticais, mas gostei muito desse roteiro
escrito pela mãe da Marion...
-Vicente,
esse roteiro é realmente brilhante! Tem todo o potencial
dramatúrgico... claro, vai precisar de ajustes, mas a ideia da dona
Valquíria é sensacional.
-Sério
mesmo que você gostou?
-Não
gostei... eu adorei! Se ela me der a permissão, eu posso adaptar
esse roteiro futuramente...
-Claro
que ela vai aceitar... mas é melhor que você converse diretamente
com ela sobre isso.
-Sim...
não vou apenas conversar com ela como nós vamos desenvolver tudo
juntos, afinal de contas é ela quem criou os personagens, é ela
que, melhor que ninguém, sabe da essência de cada um.
-Com
certeza. Mas pra quando seria tudo isso?
-Bem,
você deve saber melhor que eu que tudo isso ainda pode ser bem
demorado, pois vamos precisar escrever bastante antes e ainda tem
algumas limitações técnicas...
-Nada
que não possa ser resolvido com mais patrocinadores, afinal de
contas, já tenho três.
-Exatamente.
É uma questão de tempo. Quando for viável, nós realizamos com
tudo o que tiver direito.
CORTA
A CENA.
CENA
8: Horas depois, Cláudio adormece ao lado de Bruno, que já dorme.
Novamente sonha com a data de estreia de seu monólogo.
Na
tela, aparece a plateia aplaudindo Cláudio, que se surpreende pelo
teatro lotado e tenta reconhecer algum rosto na plateia, porém, não
há ninguém que ele conheça. Ainda assim, fica extremamente
satisfeito pelo sucesso.
Ao
final da peça, Cláudio está vestindo suas roupas de costume quando
sente um cheiro de fumaça.
-Não
acredito que a Mara deixou o bolo passar do ponto mais uma vez... -
fala Cláudio, indo até a cozinha e vendo que não tem nada no
fogão. Estranhando, resolve andar pelo teatro e se depara com o
teatro em chamas. Desesperado, Cláudio percebe que o público da
peça tenta fugir, mas as portas estão fechadas.
-Alguém
chame os bombeiros!
Cláudio
acorda desesperado e assusta Bruno.
FIM
DO CAPÍTULO 149.
Nenhum comentário:
Postar um comentário