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sábado, 5 de novembro de 2016

CAPÍTULO 150 - ÚLTIMOS CAPÍTULOS

CENA 1: Bruno vê que Cláudio está tremendo.
-Pesadelo outra vez?
-Sim, amor...
-Tenta relaxar, querido. Você quer que eu faça um chá?
-Quero, mas eu desço com você...
Os dois vão à cozinha e Cláudio desabafa sobre o pesadelo.
-Foi de novo com o teatro em chamas no dia da estreia. Foi horrível, mas diferente da primeira vez...
-Como foi, amor?
-Não tinha ninguém que eu conhecesse na plateia. Mas tinha um público imenso... depois do fim da peça, ninguém ia me acompanhar ao camarim, eu me vestia com minhas roupas e sentia um cheiro de queimado, de fumaça. Ia à cozinha pensando que era a Mara que tinha deixado alguma coisa no fogo. Mas era o teatro pegando fogo...
-Que horror! Mas você sabe que tudo isso é pegadinha do seu inconsciente por medo de fracassar, não sabe?
-No fundo eu espero que seja só isso, mas me assustam esses pesadelos, Bruno... de verdade.
-Amor... sério: pra que levar a sério tudo isso? Não faz nem sentido. Nossa vida anda tão boa, tão tranquila! Assim que você se livrar dessa primeira temporada a gente casa... tá tudo certinho, não tá?
-Sim... óbvio que tá tudo acertado.
-Então pra que alimentar esses medos? Aposto que tem a ver com alguns pensamentos negativos que você alimenta sem perceber.
-Perceber eu percebo... o duro é deter esses pensamentos.
-Cláudio, você precisa fazer um esforço nesse sentido. Não vale a pena perder a paz por tão pouco... ó, seu chá tá pronto.
Cláudio bebe o chá e procura se tranquilizar. CORTA A CENA.

CENA 2: No dia seguinte, Raquel conversa com Mara na companhia de teatro.
-Mara, eu tenho certeza absoluta que a Suzanne só não foi embora até agora porque ela realmente tá acobertando alguém perigoso.
-Acobertando ou evitando que essa pessoa faça alguma besteira?
-Um pouco dos dois.
-Você desconfia que essa pessoa seja o Guilherme, não desconfia?
-Tudo leva a crer que sim. É por isso que, apesar de saber que o Valentim corre o risco de se queimar pra sempre, não vejo outra saída a não ser ele investigar por conta própria tudo isso.
-Sabe o que mais me deixa impotente diante disso? Saber que é a melhor alternativa, mas que também pode significar o fim da carreira dele como investigador.
-Você vai ver como as coisas aos poucos vão se provando...
-Espero que seja assim mesmo, Raquel. Não sei se o Valentim realmente estaria preparado pra um golpe desses...
-Tenho certeza absoluta de que ele tá no rastro certo.
-Queria ter essa sua certeza. Que há algo de grave nisso, não há dúvida... agora, saber se isso implica em processo criminal, já é difícil da gente saber agora.
-As coisas vão se provar. Eu sei que vão. É Guilherme que está por trás disso e a voz interna que me diz isso é o instinto de avó. Sei que meu neto corre perigo, porque sei que ele é o alvo principal desse cara...
-Infelizmente, minha intuição aponta para algo parecido. Só que o que me preocupa nisso é que tanto ele quanto a Suzanne são safos o suficiente para fazerem as coisas sem deixar rastros.
-Ah, Mara... você devia saber melhor que eu que não existe crime perfeito...
CORTA A CENA.

CENA 3: Ivan, com o apoio de Marion, chama Mariana e Rafael para uma conversa.
-Queridos... eu e a mãe de vocês precisamos contar sobre um passo importante que eu resolvi dar... - fala Ivan.
-Não vai dizer que tem a ver com o vício... bem que eu estranhei sua saída sem explicações aquele dia... - observa Rafael.
-Olha, pai... se você tiver voltado com isso, não vai ter como te defender... - antecipa-se Mariana.
-Meus filhos, querem deixar o pai de vocês falar? - repreende Marion.
-Obrigado, querida. O negócio é o seguinte: eu recaí sim, depois de mais de três anos sem ir a bingos clandestinos. Mas eu percebi, com a ajuda da mãe de vocês, que sou um cara realmente viciado. Que isso tá em mim e provavelmente nunca vai deixar de fazer parte de mim... só que eu reconheço isso hoje, com clareza. E é por isso que, com o apoio total e irrestrito da mãe de vocês, eu estou frequentando o Jogadores Anônimos... - fala Ivan.
-Que maravilha, pai! Quer dizer que você nunca mais vai recair? - pergunta Rafael.
-Nunca mais é tempo demais. Eu não quero mais recair. Mas vou vivendo um dia de cada vez, do jeito que tem que ser. Só por hoje eu não apostei. Só por hoje eu venci esse fantasma que vive dentro de mim... - fala Ivan, emocionado.
Os três abraçam Ivan, em sinal de compreensão. CORTA A CENA.

CENA 4: Adelaide e Regina atendem meninas em situação de risco e vulnerabilidade na ONG enquanto Geraldo e Cleiton se encarregam da administração e manutenção do site.
-Vocês podem vir com a gente. Aqui é um lugar seguro e vocês podem ficar o tempo que precisarem. - fala Regina.
-Não tenham pressa em falar o que lhes aconteceu. Respeitamos o tempo de cada uma de vocês, mas ainda assim, precisamos saber de onde vocês vieram. - fala Adelaide.
-A gente veio de Campos dos Goytacazes. - fala uma das meninas.
-Vocês quatro? - pergunta Adelaide.
-Sim... nós somos irmãs. - fala outra menina.
-Certo. E qual era a situação de vulnerabilidade que vocês vinham vivendo? - pergunta Regina.
-Nosso pai. Nosso próprio pai... ele estuprava a todas nós. Eu inclusive cheguei a engravidar, mas tive um aborto espontâneo... faz mais ou menos uns quatro anos. Mas eu sou abusada desde meus oito anos. Já tem dez anos que sofro calada... e eu soube faz pouco tempo que minhas irmãs menores também foram abusadas... - fala a mais velha das meninas.
-Vocês pensam em denunciar o pai de vocês? - pergunta Adelaide.
-Ele é violento, dona Adelaide. Disse que se a gente mandasse polícia, ele matava nossa mãe e nossos irmãos meninos, que ficaram por lá... - esclarece a irmã mais velha.
-Como você se chama? - pergunta Regina.
-Tenho o mesmo nome da senhora. Me chamo Regina. - fala a menina.
-Vocês podem levar o tempo que precisarem até tomar coragem de denunciar. Nós precisamos de mais informações, como o endereço da casa de vocês, de onde vocês fugiram... - continua Regina.
-A gente passa tudo depois. Mas a gente não quer que nada de ruim aconteça pra nossa mãe nem pros nossos irmãozinhos... eles não tem culpa de nada. Não merecem morrer... - preocupa-se uma das meninas.
CORTA A CENA.

CENA 5: Raquel conversa com Valentim.
-Tenho uma ideia que pode ser útil pra você, Valentim.
-Sobre o que, exatamente?
-Então... eu sei que você já grampeou o celular da Suzanne... mas eu acho que existe uma forma mais eficaz de se chegar ao que ela realmente tá escondendo.
-Como, Raquel?
-Seguindo Suzanne.
-Mas isso é uma loucura! Digo, pode ser arriscado... ela pode estar envolvida com gente barra pesada, sabemos disso.
-De qualquer forma, você sabe como seguir uma pessoa sem ser visto, não sabe?
-Olhando por esse lado...
-Vai por mim, Valentim... talvez esse seja um jeito mais rápido de se chegar ao que ela esconde.
-Espero que seja. Eu vou considerar essa sua sugestão.
-Se eu fosse você, nem pensava duas vezes. Pelos anos de experiência que você tem a mais que eu, deve entender que seguir suspeitos às vezes é a maneira mais eficaz de se chegar à verdade.
-Claro que eu sei. O problema vai ser se alguém da Polícia Federal descobrir o que venho fazendo.
-Não se deixe levar pela Mara... óbvio que a preocupação dela é legítima, mas estamos correndo contra o tempo. Uma tragédia pode acontecer e você sabe muito bem disso...
CORTA A CENA.

CENA 6: Bruno leva Cláudio numa casa de meditação.
-Só você mesmo pra me convencer a vir numa casa de meditação quando eu deveria estar ensaiando...
-Até parece que você não sabe que o próprio Procópio é adepto da meditação. Ele não se oporia.
-De qualquer forma, você acha realmente necessário tudo isso? Só estou um pouco tenso, mas não é nada fora do normal, Bruno...
-É fora do normal sim. Você que estudou psicologia, deveria ser o primeiro a perceber que você ainda manifesta algum estresse pós traumático. Não dá pra se negligenciar desse jeito, Cláudio... eu te amo, quero muito que você fique completamente bem...
-Mas eu estou bem, eu juro.
-Fisicamente pode até estar. Mas não precisa sofrer psiquicamente.
-Tá... é aquele ditado, vamos fazer o que?
-Vai ser melhor, confia... você anda precisando relaxar... olhar mais pra dentro de si, descobrir essa força que tá bem viva aí dentro.
-Você já fez meditação antes?
-Muitas vezes. Sempre gostei de meditar. Claro que nesse lugar, eu nunca vim...
-Certo... eu agradeço de coração por essa consideração. Te amo, viu?
-É por te amar que eu quero que você fique bem, sabe? Somos muito jovens para deixar tanto estresse invadir nossas vidas...
CORTA A CENA.

CENA 7: Sem Laura por perto, Haroldo desabafa com Mateus.
-Sabe, amor... eu tento me manter calmo diante da Laura, mas a verdade é que eu estou com muito medo de tudo...
-Por causa daquela situação? Também morri de medo, fomos claramente seguidos...
-Sim, Mateus... infelizmente não tem nenhuma dúvida de que seja o Guilherme. E isso é o que me inquieta.
-Inquieta a mim também, amor... tudo o que quero é que a gente possa viver em paz, com tranquilidade, sem ter que cuidar por onde anda... a gente só valoriza a liberdade quando sente ela ameaçada...
-Sim, amor. Só que a sensação que me dá é horrível. É como se ele estivesse perto o tempo inteiro... como se estivesse observando a gente, agora mesmo... vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana.
-Não é pra tanto, Haroldo... a gente sabe que ele tem outros alvos. Inclusive, estamos longe de ser o alvo principal dele.
-Nem me fala... só de pensar nisso, me dá um arrepio.
-Certo, mas é melhor a gente encerrar esse assunto que daqui a pouco a Laura tá estourando aqui.
CORTA A CENA.

CENA 8: Riva e Vicente conversam com Márcio.
-Desculpa a intromissão, mas a gente anda te notando triste... - observa Vicente.
-A gente não quer invadir sua privacidade, mas se quiser falar sobre essa tristeza com a gente, lembra que pode sempre contar com a gente... - encoraja Riva.
-Eu tou mesmo sentindo tristeza, meus amigos... sei que não devia, porque tenho motivos de sobra pra ser feliz e grato, pela oportunidade que tenho de conviver com meus filhos, por descobrir que nessa vida tenho amigos como vocês, mas... - fala Márcio.
-Mas você não consegue deixar de se culpar por tudo o que fez por amor à Suzanne, não é isso? - completa Vicente.
-Sim... mas não é só isso, Vicente... eu sinto que eu fui fraco. Que não fui homem o suficiente quando devia ter sido. Deixei a Suzanne fazer o que fez porque fui fraco. É difícil gostar da vida quando a gente não consegue se olhar no espelho e gostar do que vê... - desabafa Márcio.
Os três seguem a conversar. CORTA A CENA.

CENA 9: Suzanne está na frente do hotel em que se hospeda, impaciente olhando no celular.
-Mas que inferno! Faz cinco minutos que chamei o táxi pelo aplicativo e nada desse demônio chegar até agora! - esbraveja Suzanne consigo mesma.
Suzanne aguarda impacientemente pelo táxi, conferindo no aplicativo. Depois de alguns instantes, o táxi chamado por ela chega.
-Até que enfim, rapaz! Eu vou reclamar, viu? Levou três minutos acima da previsão do aplicativo! - fala Suzanne.
O taxista sente-se culpado.
-Desculpe, moça... mas é que o trânsito está mais movimentado do que deveria estar pra esse horário. Por favor, não faça nenhuma queixa...
-Vou pensar no seu caso, rapaz.
Suzanne entra no táxi.
-Certo, podemos ir.
O táxi arranca.
-Se você puder pegar algum atalho que tenha menos trânsito, eu não faço queixa nenhuma... - fala Suzanne.
Valentim arranca logo atrás do táxi que Suzanne pegou.
-Agora você não escapa, Suzanne! - fala Valentim consigo mesmo.

FIM DO CAPÍTULO 150.

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