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quinta-feira, 20 de outubro de 2016

CAPÍTULO 136

CENA 1: Na tela aparece a foto de misteriosa senhora, seu nome e sua data de nascimento e morte: Oneide Farina (24/06/1933 – 18/05/1986). Raquel faz uma rápida prece e conversa com o túmulo de sua mãe.
-Preciso tanto da sua luz, de onde quer que a senhora esteja... se puder me ouvir, me sentir, quero que saiba que penso todos os dias na senhora, sempre com muito carinho, muito amor. Mas preciso de uma luz, minha mãe... apesar de tudo o que consegui nessa vida, os tempos não são nada fáceis... sua neta se meteu em encrenca atrás de encrenca desde que você se foi. Ainda por cima descobri depois de mais de vinte anos que foi ela quem matou o Frederico, por não admitir que ele tenha tido a Riva com a falecida mãe da garota... tudo isso é tão absurdo que sinceramente já não sei mais o que fazer.
Raquel sente um impulso incontrolável de fechar os olhos. Ao fechar os olhos, aparece atrás dela, com as mãos sobre seu ombro, sua mãe Oneide, a misteriosa senhora, a falar com a filha. Raquel, no entanto, entende essa comunicação como a voz de sua intuição. Oneide começa a falar.
-Entenda, Raquel... ninguém nessa vida é completamente aquilo que demonstra ser. Essa ideia de que bem e mal são coisas distantes é um erro. Tudo isso vive dentro de nós... todos somos luz e sombra... porque não há luz se não houver escuridão. Procure dentro de si sua própria sombra, minha querida... você vai conseguir encontrar. E vai acolher todas as suas emoções, vivendo cada uma delas ao seu tempo. Suzanne não consegue enxergar a própria luz, mas essa luz está no meio de suas sombras. E é essa luz que faz com que ela tome atitudes nobres sem sequer perceber a nobreza delas. Lembre-se daquele velho ditado, Raquel... aquele que diz que ser mãe é padecer no paraíso. Mães sempre serão mães... mesmo aquelas que escolheram, por algum motivo não serem mães. Há coisas nessa vida que são infinitamente maiores que nossas decisões erradas e nossos passos mal dados. Ninguém nasce mau, assim como ninguém nasce bom. Assim Suzanne é, minha querida... alguém que se afastou de qualquer sentimento mais profundo pra se proteger daquilo que ela considera motivo de sofrimento. Ela não sabe o que faz. Pensa que sabe, mas não sabe. Aprenda a perdoar, Raquel...
Raquel, pensando estar ouvindo a própria voz da intuição, responde a si mesma, ainda de olhos fechados.
-Mas eu sei perdoar... eu juro que sei.
Oneide continua a falar com a filha.
-Não sabe perdoar a si mesma por tudo o que a Suzanne escolheu de errado nessa vida. Apesar de todos os anos que passaram, ainda não consegue se sentir livre dessa culpa. Você nunca teve culpa de nada disso... fez o melhor que podia fazer. Suzanne nasceu com esses desafios, teria de escolher que lado prevaleceria em algum momento de desafio... e ela escolheu ainda muito criança. Não se culpe por isso, Raquel, porque você foi a oportunidade de Suzanne aprender a fazer as coisas pelo lado certo. Ela ainda tem tempo de aprender, mas longe de você. A vida está começando a cobrar dela as coisas que ela deixou pra trás... os sentimentos que ela negou dentro do seu próprio coração. Não julgue, apenas sinta...
Raquel abre os olhos, emcionada.
-É, mamãe... às vezes sinto que o simples ato de vir aqui te visitar me atiça a intuição. Sinto que você olha por mim de onde estiver. Te amo mais que qualquer pessoa que já conheci nesse mundo. Espero que a senhora tenha orgulho de mim...
Raquel vai embora e Oneide, em espírito, a segue.
-Você é o meu maior orgulho, minha filha... - diz Oneide.
CORTA A CENA.

CENA 2: Rafael procura Vicente para conversar sobre o esquema combinado para a estreia da produtora.
-Desculpa te incomodar com esse assunto tão cedo, Vicente, mas... eu não consigo relaxar diante dessa proximidade toda.
-Você tá preocupado com essa ideia que a gente teve de juntar meus personagens com sua sinopse?
-Um pouco preocupado, sim. Mas quanto a isso, o Marcelo já deu um jeito de encaixar esses núcleos dentro da minha proposta.
-Então o que é que tá te deixando assim, tão nervoso? Dá pra ver que você não tá nada relaxado, Rafa...
-É a proximidade de tudo, Vicente... faltam poucos dias pro lançamento da Fermata Visual. Isso tá me deixando nervoso porque, não sei se você se deu conta, mas pelo aparato que temos e pela futura frequência que todas as produções possam vir a ter, ela pode virar uma emissora virtual.
-Mas é essa a ideia mesmo, Rafael. Não entendo o seu receio. Claro que vamos precisar de algum tempo ainda para organizar outras coisas, contratar pessoal, enfim...
-Sim... afinal de contas em algum momento pode inclusive haver transmissões ao vivo, dependendo do alcance que tudo tiver.
-Essa é a ideia. Mas para isso precisamos começar do zero. Contratar gente capacitada, profissionais gabaritados no que fazem, desde diretores, operadores de câmera, editores de áudio, enfim... aquela parafernalha toda que a gente tá acostumado a ver...
-Imagina o dinheirão que não vai ir nisso? A gente pode até acabar quebrando desse jeito.
-Não se cada passo for dado ao seu tempo, Rafael. Ninguém aqui está com pressa. A gente vai expandindo conforme houver demanda, retorno. De início é óbvio que vai ser mais investimento do que qualquer outra coisa, mas se a coisa decolar, pode se tornar fonte de renda pra muito mais gente que você possa supor no seu sonho mais otimista.
-Sim, mas eu fico com medo de que minha primeira série acabe fracassando. Não é que eu não confie em você e no Marcelo, longe de mim, é que a gente fatalmente vai acabar sofrendo com o boicote dos mais conservadores.
-Mercenários, você quer dizer. Quanto a isso, nem me preocupo tanto. Tenho muita confiança em tudo o que a gente tá construindo e realizando. Você vai ver como, em pouco tempo, as coisas vão ter um retorno bom.
-Queria ter essa mesma certeza que você.
-Certeza, meu querido, nenhum de nós tem. Mas se a gente fosse se deixar levar pelo medo de arriscar, nem a TV existiria, afinal os radialistas boicotaram fortemente a TV no passado.
-É, só que a TV pelo menos tinha gente de elite disposta a investir quantias absurdas e tudo mais.
-Que seja. O movimento na vida é esse, Rafael... as coisas não param de se renovar a todo tempo. Sério, relaxa... o máximo que pode acontecer é tudo isso passar em brancas nuvens e a gente ter de começar do zero. Não seria o fim do mundo...
CORTA A CENA.

CENA 3: Horas mais tarde, Marcelo e Cláudio estão no pátio da mansão a conversar com Márcio.
-Sabe, pai... eu fiquei realmente feliz demais que você tenha vindo morar aqui com a gente... - fala Marcelo.
-Sei lá, meus filhos... eu ainda fico com receio que vocês possam vir a pensar que tou me aproveitando da posição de vocês... - desabafa Márcio.
-Meu Deus do céu! Quem é cheio de escrúpulos aqui sou eu, seu Márcio. Sério, pode parar com isso, pai. Eu te amo. O Marcelo também te ama. A gente fica feliz demais de ter essa oportunidade de poder conviver todos os dias contigo, conhecer de verdade esse cara fantástico que você tem mostrado ser... - fala Cláudio.
Márcio se emociona.
-Acho que nem no meu sonho mais bonito eu podia imaginar que vocês iam me amar desse jeito... do jeito que eu sempre amei vocês. Fui um fraco, um covarde durante muito tempo. Abri mão de conviver com vocês por causa da Suzanne... e ainda me sinto endividado com você, Marcelo... - fala Márcio.
-Por causa daquele nosso primeiro encontro catastrófico? Aquilo já passou, pai. Sério. Depois que tudo começou a se esclarecer, eu entendi que você tava apenas arranjando uma maneira de não criar laços comigo. Estava a mando da Suzanne, pra arrancar o dinheiro da gente e no final das contas todo esse dinheiro foi pra ela... - fala Marcelo.
-Eu não consigo me conformar que uma mulher como essa foi quem me colocou nesse mundo. Uma usurpadora, uma golpista, sem o mínimo de respeito ou moral... - desabafa Cláudio.
-Eu sei que você pode discordar de mim, filho... e vou compreender se achar absurdo o que eu disser, mas quem sabe não seja um bom momento pra você ter uma conversa definitiva com ela? Eu sei que ela já destruiu minha vida mais de uma vez, que ela tem muita coisa ruim... mas eu também sei que existe algo de bom dentro dela. Algo que só eu sempre vi. Ela esconde isso tão bem que acho que nem ela enxerga. - fala Márcio.
-E você acha que eu revelaria a ela algo que nem ela vê, pai? Seria ela tomada por um súbito instinto maternal que ela negou por mais de vinte anos? A vida não é esse conto de fadas, nem uma novela água com açúcar. O mundo pode ser feio e as pessoas ruins. Acho que estou melhor sem ela. Prefiro que isso permaneça assim... - fala Cláudio.
-Você que sabe, Cláudio... mas eu acho que o pai sugeriu uma boa coisa. Você precisa pelo menos encarar de frente essa mulher... uma vez na vida que seja. Nem que seja pra zerar essa conta... - opina Marcelo.
-Eu vou pensar no que vocês estão dizendo... mas preciso de tempo... - fala Cláudio.
CORTA A CENA.

CENA 4: Poucas horas depois, Vicente encerra primeiras gravações do primeiro episódio oficial da série de Rafael. Riva, Marion, Valquíria, Marcelo e Vicente participam das gravações.
-Por enquanto tá mais que ótimo, pessoal. Continuamos a gravar amanhã. - fala Vicente.
-Eu pensei num nome forte para essa minha série... minha não, nossa porque o Marcelo também escreve comigo... - fala Rafael.
-Na verdade a gente pensou e chegou na mesma conclusão: queremos que essa série se chame “Heróis Reais”. - fala Marcelo.
-Achei ótimo esse nome. Tem tudo a ver com as tramas inseridas no seriado. Por um lado fico até aliviado de ter sido livrado da responsabilidade de escolher sozinho o nome, faltando tão pouco tempo pra grande estreia. - fala Vicente.
-Como eu me saí nessas gravações, Vicente? Acho que não encontrei ainda o tom certo de meu personagem... - fala Marion.
-Você não muda mesmo, né? Desde sempre achando que não deu o suficiente de si, mas todo mundo sabe que você arrasa. - fala Vicente.
-Até eu me sinto mais segura que a Marion, nunca vi uma coisa dessas... e vejam que minha carreira de atriz é uma coisa super recente... - descontrai Riva.
-Vocês todos estão de parabéns. Vai ser ótimo editar o material depois de tudo gravado pra esse primeiro episódio. Se tudo der certo, daqui algum tempo eu paro de acumular funções e vai haver mais diretores. - fala Vicente.
-Vai dar tudo certo. Agora vocês me deem licença que eu tou seca por dar uma passada no shopping pra comprar umas botas maravilhosas que eu vi outro dia. - fala Marion.
CORTA A CENA.

CENA 5: Riva circula pelo shopping depois de fazer suas compras e para na praça de alimentação para fazer um lanche. Enquanto está distraída, não percebe que Suzanne senta-se à sua frente e surpreende-se ao se deparar com ela.
-O que foi agora, mulher? Resolveu me seguir? Tá querendo terminar o que começou?
-Calma, Riva. Não precisa dessa defensiva toda.
-Com você, toda defensiva do mundo ainda não é suficiente. Ou você dá o fora daqui agora ou eu chamo a segurança desse shopping aqui, tá me ouvindo?
-Você nem sabe porque estou te procurando, Riva. Não dá pra me dar cinco minutos?
-Fala logo o que você quer. É dinheiro? Pois pode esquecer. Se eu te der dinheiro agora, isso vai acabar virando uma bola de neve e você nunca mais para.
-Não é nada disso, Riva. Eu queria conversar com você, sobre tudo.
-Ah é? Que interessante. Só que até onde eu sei, a gente já nem tem mais o que falar. Tudo o que a gente tinha de contas pra acertar tá devidamente zerado. Era só isso? Agora deixa eu terminar meu lanche antes que eu fique com indigestão ou perca o apetite, “irmãzinha”.
-Eu não quero o seu perdão nem o seu afeto. Não preciso do seu dinheiro. Eu também sou rica.
-Tá ensaiando pra virar atriz de verdade, é? Essa expressão de madalena arrependida não tá boa, tem que treinar melhor na frente do espelho, Suzanne...
-Deixa eu me explicar: eu soube que você vinha nesse shopping em algum dia da semana. Já virou rotina. Dei sorte de te achar aqui hoje.
-Sorte? Pensei que eu fosse o azar da sua vida...
-Chega, Riva... me escute.
-Sou toda ouvidos...
-Todo mundo ainda corre riscos. Eu preciso alertar vocês disso. Eu também corro risco, se você quer saber... e quer saber de uma coisa? Meu problema deixou de ser com você... eu realmente cansei de tudo isso. Não tenho pessoalmente mais nada contra você e tou sendo sincera quando digo isso. Mas eu peço que você e o Márcio cuidem do meu filho.
-Ah, que interessante... quer dizer que agora o Cláudio é seu filho? Pena que tenha esquecido disso por vinte e dois anos...
-Era só isso que eu tinha a dizer. Eu sei que você tem bom coração e é corajosa. Cedo ou tarde vai entender porque tou fazendo tudo isso.
-Entenderia se você dissesse.
-Não posso. Mas conto com você. Agora preciso sair daqui, posso estar sendo seguida.
Suzanne deixa a mesa e Riva fica intrigada.
-Mas não é que essa maluca realmente parecia estar sendo sincera? Será que existe algum traço de humanidade naquele coração de pedra? Ih, Riva... melhor nem aprofundar nisso pra não perder o apetite de vez... - fala Riva, consigo mesma.
CORTA A CENA.

CENA 6: Valquíria conversa com Marion sobre Marinete.
-Eu sei que não devia ficar nessa coisa de nostalgia, minha filha, mas às vezes não consigo evitar e lembro da sua irmã...
-Não tem nada de errado ou anormal nisso, mãe. Mesmo vinte e cinco anos depois, ainda sinto falta da Marinete.
-É difícil esquecer de toda a luta que foi a vida dela. Mais difícil é esquecer que nos últimos anos de vida dela eu fui uma carrasca depois que percebi que Riva, assim como você, queria ser atriz.
-Já passou, mãe. Não faz sentido você se maltratar por coisas que já aconteceram a tanto tempo. Eu e a Riva chegamos aqui. Você realizou o seu sonho mais querido... se isso não for merecimento, não sei mais o que é...
-Mas não me livro do peso na consciência de ter feito a Marinete sofrer o que sofreu. Sei que tive culpa nisso... acabei com a autoestima dela. Fui indiretamente responsável pelo envolvimento dela com o Frederico. Só eu sei o quanto ela sofreu depois que foi abandonada por ele, grávida da Riva.
-É, mas se não fosse a sua insistência, o Frederico sequer teria ajudado financeiramente na criação da Riva, nos primeiros anos. Não entendo porque você nunca contou nada disso pra ela...
-Pra que? Era mais fácil a Marinete pensar que eu era uma carrasca, mesmo. Eu já tinha acabado com a autoestima dela. Se ela soubesse que enquanto ela trabalhava, eu recebia dinheiro do Frederico, que vinha na nossa casa, talvez ela fosse se humilhar por ela. Eu não poderia permitir ela passar por mais dor ainda.
-Do seu jeito torto, você cuidou dela no fim da sua vida...
-Mas tudo podia ter sido diferente. Eu escondia tão bem minha frustração com a vida que acabei me convencendo que a vida era só aquilo ali. Uma coisa ingrata, sem perspectiva. A maior vítima de tudo isso ainda foi a Marinete. Admiro demais a sua força e a força da Riva de terem me virado às costas... com o tempo eu compreendi que se vocês não tivessem fugido, teriam se afundado feito a Marinete.
-Veja pelo lado positivo, mãe: no final das contas, você acabou saindo desse fundo de poço, examinando a própria consciência. Sempre há tempo e você é a maior prova disso, dona Valquíria.
Marion afaga Valquíria. CORTA A CENA.

CENA 7: Horas depois, Mara termina de preparar Cláudio no seu retorno aos ensaios.
-Rapaz, do jeito que você tava hoje, parece que não passou nem um dia fora daqui.
-Fui tão bem assim, Mara?
-Melhor do que imagina. Você ainda tem a força e a fúria pra entrar em qualquer personagem.
-Fúria? Me achei tão mediano hoje...
-Essa sua fúria vem de dentro, é inerente sua. Você pega qualquer texto e deixa ele orgânico, encarna qualquer personagem só de ler. É como se fosse uma incorporação de entidade.
-Não precisa exagerar também, né...
-Não é exagero nenhum, Cláudio. O Procópio concorda comigo. Ele viu sua estrela antes mesmo de eu perceber o artista que tinha diante de mim. Lamentamos muito que você tenha se ausentado por tanto tempo, inclusive.
-Coisas da vida, Mara... você sabe muito bem que as coisas foram muito loucas nos últimos tempos.
-Ô, se sei! Mas que bom que as coisas parecem estar mais calmas agora.
-Eu realmente espero que estejam. Aquele maluco do Guilherme já tirou a nossa paz muitas vezes. Agora é hora de tocar as coisas da vida...
-Assim que se diz. O foco aqui é em te deixar pronto pro próximo desafio.
-E que esse desafio venha em breve.
-Virá. O Procópio vai me matar, mas vou contar o que ele tá tramando: ele tá escrevendo uma nova peça sobre conflitos pós-adolescentes, sobre os impactos que o jovem tem diante da vida adulta. E ele quer você no papel. Vai ser um monólogo, onde você vai poder explorar bem essas nuances todas que existem dentro de você, sendo o “contador” da história toda.
-Gente, eu sempre quis fazer um monólogo!
-É, mas fica de bico calado. Finge que ainda não sabe de nada... o Procópio quer te fazer essa surpresa, ainda.
CORTA A CENA.

CENA 8: UMA SEMANA DEPOIS.
Chega o dia da estreia de Fermata Visual, produtora de Vicente, na internet. Vicente demonstra ansiedade, sendo tranquilizado por Riva.
-Agora que falta tão pouco que você resolveu ficar ansioso, amor? Vai se distrair com nosso filho, então...
-Não, Riva... na pilha de nervos que estou, é capaz de eu fazer o Lúcio chorar em vez de rir.
-Não entendo... você tava tão confiante até ontem!
-E ainda estou. Mas faltam minutos pra estreia da Fermata Visual.
-Sim, mas isso não é motivo de alívio?
-É que estou apreensivo. É uma inauguração totalmente virtual e confesso que isso me deixa um pouco receoso por falta dessa “materialidade” de uma inauguração comum, entende?
-Besteira, amor. Com fita pra ser cortada com tesoura ou não, o fato é que a largada vai ser dada e isso vai ser, tenho certeza, um passo imenso nesse seu projeto. Seu, aliás, não... nosso. Estamos todos sonhando junto com você. Acreditamos nisso e nos jogamos de corpo e alma nesse projeto. Vai dar certo, confia.
-Que os anjos passem e digam amém, Riva...
-Hão de dizer. Até parece que você já esqueceu de tudo o que a dona velha te disse há dias atrás...
-É, mas até me provar que tudo o que ela disse procede, sempre fico meio inseguro.
-Você poderia ser menos canceriano nessas horas, mas é aquele ditado, vamos fazer o que?
Os dois riem. CORTA A CENA.

CENA 9: Suzanne é acordada no apartamento em que se hospeda pelo insistente som da campainha.
-Mas que inferno! Quem é que me procuraria uma hora dessas? É quase madrugada, cacete! - esbraveja Suzanne, olhando para o relógio, que indica que são 9 da manhã.
Suzanne veste um robe e calça pantufas. A campainha não para de tocar.
-Já vai, desgraça! Mas que inferno! Eu tava dormindo, espera aí! - grita Suzanne, impaciente.
Ao abrir a porta, Suzanne se depara com Cláudio.
-Você?
-Eu mesmo. Acho que nós temos muito o que conversar, “mamãe”.
Suzanne paralisa, sem reação.

FIM DO CAPÍTULO 136.

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