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sexta-feira, 14 de outubro de 2016

CAPÍTULO 131

CENA 1: Suzanne se impacienta com o silêncio de Guilherme no outro lado da linha.
-Você quer fazer o favor de parar com essa merda de silêncio, fedelho? Tou sabendo que você tá foragido, só não sei o que você quer me ligando, seu bostinha! Seu pai se envergonharia das merdas que você fez até a facção acabar por sua culpa.
-Cale a boca, Suzanne! Você sequer fez parte dessa organização pra querer me dar pitaco sobre como eu deveria ter gerido essa porra toda.
-E eu posso saber por que você tá me ligando?
-Tou precisando de dinheiro e sei que você tem como me descolar essa grana.
-Sei. Me dê um único motivo pra eu te liberar essa grana que eu posso pensar no seu caso.
-Eu quero mudar de vida. Isso é sério, Suzanne... eu ainda sou jovem e tou cansado dessa vida de crimes, de ter que fugir. Eu preciso de dinheiro primeiro pra conseguir uma identidade falsa e depois dar o fora, sumir por aí... quem sabe até mesmo deixar esse país.
-Nossa, Guilherme, como você é brilhante, só que nunca! Quer se livrar da vida de crimes cometendo mais um crime? Se te pegam com identidade falsa...
-Olha quem está falando! Você já usou mais de dezesseis identidades falsas.
-Não é da sua conta.
-É da minha conta sim, porque mesmo que você não tenha participado diretamente da facção, eu sei que você tem o rabo preso com os homens da época do meu pai. Eu posso falar com eles, se você preferir.
-Você está me ameaçando? Você sabe que faz anos que eu não tenho participação indireta nenhuma com essa merda de facção. Depois, ela já está quebrada, falida. Não tem como se sustentar. Os homens que trabalharam ali são todos uns vendidos, já devem estar em outra facçãozinha menor que esteja rendendo grana pra eles. Então pense duas vezes antes de me ameaçar.
-Calma, Suzanne... não é nada disso, você me entendeu errado. Não estou te ameaçando, só quero essa grana pra poder começar uma nova vida.
-E qual é a garantia que eu tenho disso? Olha aqui, seu fedelho: você fique longe do meu filho, tá me ouvindo?
-Ah, quer dizer que agora você lembra subitamente que é mãe do Cláudio, não é? Mas pra enganar todo mundo, inclusive ao Márcio, dizendo que não sabia de nada, não pensou duas vezes.
-Você sabe perfeitamente que se não fosse pela minha interferência, Cláudio já estaria morto, se dependesse da sua loucura.
-Comovente esse seu instinto materno. Pena que, na prática, você nunca foi mãe de ninguém.
-Não se meta na minha vida, babaca. Você quer a grana? Vou ver o que posso fazer.
-Preciso que você seja rápida.
-Quem decide o tempo sou eu. Enquanto isso, se vire. E nem pense em chegar perto do meu filho. Agora me dá licença que eu tenho que trabalhar.
-Sei bem que tipo de trabalho é o seu.
-Cale-se!
Suzanne desliga, enfurecida.
-Só o que me faltava: esse demente querendo me importunar justo agora. É o quadro da miséria. - esbraveja Suzanne.
CORTA A CENA.

CENA 2: Na manhã do doa seguinte, Marcelo e Rafael servem café da manhã para Bruno e Cláudio, enquanto os dois se acordam.
-Mas o que é isso? Tratamento vip, agora? - espanta-se Cláudio.
-Isso é pra vocês pararem de pensar que estão se abusando da gente. Onde já se viu? Vocês também são da família. - fala Rafael.
-Marcelo, eu vou te matar! Você falou pro Rafael sobre nossa conversa de ontem! - constata Cláudio.
-Falei mesmo. Vocês não me pediram segredo e Rafael é meu marido, falo mesmo! - fala Marcelo.
-Mas agora a gente realmente deu trabalho pra vocês... - fala Bruno.
-Vocês querem fazer o favor de deixarem de ser bobos? A gente resolvei que ia fazer isso ontem, antes de dormir. Pra mostrar justamente que vocês não estão demais nessa casa. - fala Rafael.
-É, mas não vão se acostumar com isso todo dia, não... isso aqui foi só pra mostrar que vocês são parte dessa casa sim e não tem porque se sentirem como se fossem pesos mortos por aqui. Mas nada de café na cama todo dia, de agora em diante é como diria a princesinha Britney: you better work, bitch. - brinca Marcelo.
-Vocês são ótimos, mesmo. E convenhamos que essas torradas estão mesmo uma delícia. - fala Bruno.
-Né não? Mas mudando de assunto, na verdade a gente tá ficando ansioso é pelo casamento do Victor com o Diogo nos próximos dias... - fala Cláudio.
-Nem me fala, amor. Espero estar completamente liberado pelo médico até lá... - fala Bruno.
-Claro que vai estar, bobo. Você é saudável, só não vai inventar de fazer polichinelo depois de ter doado um rim pra sua mãe, né? - fala Marcelo.
-Mas mudando de assunto: vocês não ficaram assustados com aquela loucura toda dos fanáticos tentando agredir a gente e invadir a casa? - questiona Rafael.
-Assustado é claro que a gente ficou e eu ainda ganhei de brinde uma pedrada na testa. Mas é aquele ditado: vamos fazer o que? - fala Cláudio.
Os quatro riem.
-Mas então é isso, viados... a gente vai deixar vocês enchendo o bucho em paz e mais tarde a gente volta pra ver se vocês ainda estão fazendo pose de humildes pobrezinhos que ficam morrendo de preocupação por estarem dando trabalho... - brinca Rafael.
Marcelo e Rafael deixam o quarto de Cláudio e Bruno. CORTA A CENA.

CENA 3: Valentim conversa com Mara sobre ligação de Suzanne com pai de Guilherme.
-Só não compreendo uma coisa, Mara.
-O que?
-Como é que a Suzanne teve a oportunidade de trabalhar para a maior facção do estado e mesmo assim preferiu ficar de fora? Ela era amante do chefe!
-Pensei que você soubesse melhor que eu, Valentim. Suzanne não dá pinto sem nó... se ela não quis trabalhar para a facção, é porque sabia que não teria a liderança que julga merecer alcançar. O negócio dela nunca foi ser subordinada a ninguém, mas sim que as pessoas sejam subordinadas dela.
-Eu entendo e concordo... só que ainda assim, estar na facção mexeria com outro ponto fraco dela...
-Qual? O dinheiro?
-Exatamente.
-Mas pra que ela iria precisar se “rebaixar” a ponto de ser uma subordinada da facção quando ela já tinha conquistado o Altamir? Percebe que nada disso seria útil para ela? Não teria razão dela perder tempo se arriscando, podendo inclusive ir presa, em nome de um dinheiro que ela poderia conseguir. E foi por isso que ela seduziu o chefe da facção na época, captou?
-Sim... mas ainda assim eu acredito que ela não seja tão inocente em relação à facção como diz.
-Ah, meu querido... só teremos como descobrir isso se a gente investigar a fundo e terminar descobrindo alguma coisa... ou então tudo isso não vai passar de mera suposição.
-Mas tem muita coisa que me intriga nisso. Alguém deve ter sido responsável por alçar Guilherme ao posto de chefe, por exemplo.
-Peraí, você tá querendo dizer que a Suzanne pode ter sido essa intermediária? Mas eu duvido e muito dessa sua teoria, se for isso.
-Mas é óbvio que pode ter sido ela, Mara... pensa comigo: por mais que ele seja filho do cara, tudo isso é estranho.
-Estranho por que? A ordem das coisas dentro das facções é hierárquica. O único parente vivo próximo do Altamir era o próprio filho.
-Sim, mas ocorre que quando ele foi alçado à posição de chefe, ele já lidava com problemas...
-O que em nada interferiu na capacidade dele de traçar estratégias e ser surpreendentemente inteligente...
Os dois seguem conversando. CORTA A CENA.

CENA 4: Diogo e Victor vão à mansão dos Bittencourt visitar Cláudio e Bruno.
-Viaaaado do céu! Eu sabia que essa mansão era grande pelo que via na TV, mas que loucura é esse interior? Bicha coisa é outra rica, digo... bicha rica é outra coisa, né não? - espanta-se Victor.
-Ai, nem me fala, Victor, tou acostumando ainda com essa vida toda trabalhada no glamour. Logo eu que sempre fui o básico do básico, meu edy que vou mudar por causa disso, porque né... - fala Cláudio.
-Mas enfim... a gente veio aqui hoje porque quer convidar vocês pra mais uma coisinha depois do casamento da gente... - fala Diogo.
-Contanto que não seja andar de montanha russa eu tou topando. - brinca Bruno.
-Ai, a gente não é doido de chamar uma pessoa que acabou de doar um rim pra isso, bobo. Na verdade a gente vai fazer uma festa lá no nosso apartamento depois do casamento, só pros mais íntimos... e como vocês vão ser as testemunhas do nosso casamento, é claro que a gente quer vocês nessa festa. - fala Diogo.
-Por mim eu topo, só não tou podendo beber por enquanto... - fala Bruno.
-Ai, ótimo... eu também não ando podendo e nem sou muito chegado... - fala Victor.
Os quatro seguem a conversar. CORTA A CENA.

CENA 5: Eva e Renata acertam os últimos detalhes sobre campanha que resolveram lançar na internet.
-Tudo certo pra jogar a campanha no site?
-Sim, Renata. Espero que esse espaço deixe as mulheres à vontade para denunciarem o que sofrem.
-Também espero, amor. Infelizmente muitas mulheres sequer sabem que estão vivendo situações de assédio.
-Nem me fala, Renata... às vezes elas estão em relações emocionalmente abusivas, se sentem culpadas e sequer reconhecem que tudo isso se trata de assédio.
-Talvez o pior deles, diga-se de passagem, com direito a gaslighting e com a ilusão alimentada de que elas não podem viver sem as pessoas que abusam psicologicamente delas.
-Sim... e muitas mulheres pensam que, por não se relacionarem com homens, estão livres desses abusos. Se enganam redondamente...
-Nem me fala. Até hoje não digeri direito aquela história daquela garota lésbica que ficava falando sobre feminismo pelo Brasil e pela América Latina e acabava estuprando e abusando das meninas...
-É, mas nem é disso que eu falei... falei mesmo foi das relações longas, que muitas vezes são tóxicas e abusivas por um lado e suas vítimas não percebem isso até se darem conta do buraco existencial que estão se enfiando... isso quando se dão conta, né... tem gente que nunca cai em si, mesmo depois de se afastar dos amigos, da família... ainda seguem defendendo o “amor da vida” delas, achando que tá todo mundo com inveja, enfim...
-Ai, chega desse papo. Já tá tudo pronto aqui no site, amor. Agora é só esperar pra ver se vai rolar denúncia logo. E esperar que as mulheres se sintam seguras e encorajadas a denunciar essas situações...
CORTA A CENA.

CENA 6: Conversando a sós com Cláudio, Victor desabafa.
-Sabe, Cláudio... eu já fui tão injusto com você! Me arrependo de verdade pelos julgamentos que fiz a seu respeito...
-Pra que falar nisso agora, Victor? Já não tá tudo resolvido e tudo bem?
-Mesmo assim, eu sinto que preciso ser sincer contigo. Faz parte do meu tratamento poder ser aberto em relação às coisas.
-Ainda fico com medo que isso te desestabilize, mas vai em frente.
-Eu fui um babaca. Quando comecei a namorar com o Diogo, ele vivia falando sobre você. Acabei tendo raiva de você. Minhas inseguranças só aumentavam porque eu tava doente e não sabia... então eu te via como o culpado disso tudo... achava que o Diogo me evitava quando saía pra noite. Mas eu não notava que era eu que me recusava a sair com ele por não querer participar do que pra ele era normal. Eu queria que as coisas fossem todas do jeito que eu idealizei e me decepcionei quando vi que Diogo era boêmio, coisa que eu nunca fui. Eu pintei você como o vilão da história, antes de saber que eu tenho o transtorno limítrofe... você era como o grande causador dos problemas que haviam entre eu e o Diogo, mas eu não percebia que quem criava esses problemas era eu mesmo... e eu te peço desculpas por tudo isso, de coração.
-Cara... não precisa pedir desculpa. Sério. Eu sempre gostei de você, de graça. E entendo o esforço que você fez pra conseguir melhorar nesse tratamento. Dá cá um abraço e chega de se lamentar pelo passado...
Cláudio abraça Victor. CORTA A CENA.

CENA 7: Rafael se queixa com Marion sobre ataques na internet que não cessam.
-Poxa, mãe... eu sei que você fez a coisa certa de dar aquela coletiva de imprensa, mas você tem lido os comentários que andam postando nos sites que noticiaram? Tá de dar nojo e medo...
-Medo, meu filho? Quem te viu e quem te vê! Logo você com medo? Sempre foi tão destemido!
-Ah, mãe... mas as coisas às vezes mudam de figura. Aquela cena daquele pessoal enloquecido jogando pedra na nossa casa e tentando invadir não sai da minha cabeça.
-De qualquer maneira, Rafael, isso já passou. Você não deveria ficar preso a esse incidente como forma de justificar esse medo. Dá medo? Claro que dá, mas ao mesmo tempo não podemos deixar de fazer o que é certo fazer, muito menos desistir dos nossos sonhos. O Vicente tá empolgado feito criança diante de brinquedo novo com a produtora, com o complexo de estúdios que tá quase pronto. Se eu fosse você, meu filho, focava nisso, nas coisas que a gente tem de concretas. O que passou, já era...
-Mas e se continuarem a nos atacar, mãe?
-Deixe que ataquem, ué. Vamos fazer o que? Matar pra comer, como diria Inês Brasil? Não, né!
-Mas isso não deixa de ser uma coisa séria e citar meme não vai ajudar em nada.
-Ai, filho, às vezes parece que quem tem quarenta anos aqui é você e não eu... te contar uma coisa, viu? Deixa que falem, que ameacem, que façam o que quiserem. A gente vai continuar firme.
-Sabe, mãe... no fundo eu sei que você tem razão. É que resistir às vezes cansa.
-Você é jovem demais pra se cansar, meu filho. Nós vamos resistir e disso tudo a gente ainda sai mais forte, é só uma questão de tempo, perseverança e paciência, você vai ver...
Marion abraça Rafael. CORTA A CENA.

CENA 8: Laura, Mateus e Haroldo se divertem ao relembrar da participação no programa na noite anterior.
-Eu não consigo parar de rir toda vez que eu lembro daquela cara de tacho da Luísa Gerald! - gargalha Mateus.
-E não é? Só faltava abrir um buraco pra ela se enfiar dentro, de tanta vergonha que ela passou com as perguntas imbecis! - diverte-se Laura.
-A cara dela foi impagável, toda vez que a gente falava ela ficava morta de constrangida! - ri Haroldo.
-Fiquei com pena foi da Carolina Gadelha, tadinha. Foi ser convidada pra cantar naquele programa justo quando a apresentadora tava passando vergonha com as merdas que disse... - fala Laura.
-Ah, mas a Carolina Gadelha pelo menos vai ficar com a carreira de cantora intacta, já o Mega Hype... vai pro ralo! - diverte-se Haroldo.
-Desculpa interromper o papo, mas eu fico preocupado é com o nosso futuro, gente... - desabafa Mateus.
-Mas por que isso, querido? É medo dos crentelhos cretinos? Eu tou é cagando pra essa gente... - fala Laura.
-Não, gente... na verdade eu continuo com medo que aquele doido do Guilherme faça alguma coisa com a gente... - continua Mateus.
-Ai, amor... na boa, chega desse assunto que eu já perdi a paciência com esse miserável. Você não acha que se ele fosse fazer alguma coisa, ele já não teria feito? Não tem pouco tempo que ele fugiu. Sério, na boa... melhor a gente parar de falar em coisa negativa que é pra nem chamar urucubaca... - fala Haroldo.
CORTA A CENA.

CENA 9: Horas mais tarde, todos estão fazendo lanche na mansão dos Bittencourt e Vânia elogia prato feito por Riva.
-Nossa, Riva... não basta ser chique, não? Tem que cozinhar maravilhosamente bem desse jeito? Olha que desse jeito eu nunca mais coloco minha barriga num fogão... - fala Vânia.
-E nem vai mesmo, porque eu amo cozinhar pra todo mundo aqui em casa... - fala Riva.
A campainha toca.
-Vou atender, queridos. Já volto. - fala Riva.
Riva abre a porta e se depara com misteriosa senhora.
-Dona velha? Você por aqui? - espanta-se Riva.
FIM DO CAPÍTULO 131.

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