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terça-feira, 11 de outubro de 2016

CAPÍTULO 128

CENA 1: O grupo de pessoas começa a correr atrás de Laura, Mateus e Haroldo, que se desesperam.
-A gente precisa dar um jeito de despistar esses malucos de uma vez! - fala Haroldo.
-Cala a boca, Haroldo! Eu tou grávida, eu não tou sem poder correr. Corre, gente! - grita Laura.
Os perseguidores quase capturam Mateus, mas Haroldo o puxa e consegue trazê-lo de volta.
-Corre direito, amor! Quase que eles te pegaram! - alerta Haroldo.
-E da próxima vez a gente vai acabar com vocês! Vocês são depravados, degenerados, merecem a morte! Estão levando a perdição pro mundo e a punição pro pecado é a morte! Nós somos os mensageiros de Deus! - fala um dos homens.
Laura, Haroldo e Mateus seguem correndo o mais rápido que podem e Mateus olha para trás.
-Rápido, gente, a gente precisa se esconder agora! Despistamos aqueles fanáticos religiosos! - fala Mateus.
Os perseguidores perdem os três de vista e ficam furiosos.
-Vocês não prestam pra nada, mesmo! Nem pra matar aqueles demônios! - reclama o líder deles.
CORTA A CENA.

CENA 2: Mateus, Haroldo e Laura conseguem entrar num bar que estava fechando naquele exato momento, assustando a dona do bar.
-Isso é um assalto? Olha, levem o que quiserem, mas não façam nada comigo! Poxa vida, não faz nem um mês que assaltaram esse bar pela última vez... - se queixa a dona do bar.
-Calma... não somos bandidos. Somos atores e estávamos sendo perseguidos por conservadores. - explica Laura.
A dona do bar reconhece Mateus.
-Ei, você não é Mateus Viveiros? Adorei as novelas que você participou, muito talentoso! Nem parece nordestino... - fala a dona do bar.
Mateus se revolta.
-Qual é seu problema com o meu povo? Sou nordestino sim e com muito orgulho. Baiano até morrer. Problema? Será que a senhora não vê que a gente acabou de escapar de um bando de fanáticos que queriam nos matar? Guarde seus preconceitos pra si, valeu? Tudo o que eu menos quero ver hoje é xenofobia! - impõe-se Mateus.
-Não... não é nada disso. Não me entenda errado, é que você é tão bonito, sabe? - fala a dona do bar.
-Não justifica que piora. Nordestino tem cara, agora, minha senhora? - revolta-se Mateus.
-Desculpem, gente. Estou nervosa. Me chamo Cláudia. - fala a dona do bar.
-Vamos acalmar os ânimos, por favor? Tá todo mundo meio nervoso aqui. Minha senhora, dona... Cláudia, é esse seu nome, né? A gente se refugiou aqui sem pensar, na pressa. A gente só pede pra ficar aqui sei lá, uns quinze minutos, até a gente sentir que tá seguro. Aquele grupo que tava perseguindo a gente parecia ser conservador de igreja, ou mesmo aqueles grupos de skinheads ou coisa do tipo. A gente mal consegue acreditar pelo que acabou de passar. Correram atrás da gente, queriam pegar pra agredir no mínimo... isso pra não falar coisa pior. E não estamos aqui porque escolhemos, estamos aqui para nos protegermos. - fala Haroldo.
-É verdade. E eu estou grávida. - complementa Laura.
-Eu não sabia... está bem no começo, não está? - pergunta Cláudia.
-Sim, querida. Estou de oito semanas, mais ou menos. - esclarece Laura.
-Eu tou reconhecendo vocês dois... vocês são os companheiros da menina, não são? Apresentaram a peça de vocês ali no Municipal, não foi? É uma honra pra mim poder ajudar vocês, de coração. Há mais de vinte anos eu vivi um relacionamento com dois rapazes. - revela Cláudia.
Mateus e Haroldo se espantam.
-Como é que é? - pergunta Mateus.
-Nunca imaginei que você... - começa Haroldo, sendo interrompido por Cláudia.
-Que uma mulher simples como eu podia ter vivido o que vocês vivem? Eu sei. Já passei dos quarenta, fica difícil acreditar, né? Mas um dia eu fui jovem como vocês. Era no começo dos anos noventa... namorava com Renato, que era um dos garotos mais bonitos na época. Nos conhecemos no segundo grau, o que vocês chamam de ensino médio hoje. Ele tinha um melhor amigo, que se chama Marcos... sempre andavam juntos, grudados. Um dia o Renato terminou tudo comigo e eu não entendi direito o que tava acontecendo. Até que, meses depois, a mãe do Marcos me fez uma proposta indecente: que eu desse em cima do Renato pra destruir o relacionamento dos dois... foi quando eu descobri que eles tinham se apaixonado um pelo outro... mais tarde eu entendi que Marcos sempre foi apaixonado pelo Renato e não entrei no jogo da mãe do Marcos. Mas a gente penou demais pra conseguir viver um relacionamento a três... durante algum tempo eu fui vista como a vilã da coisa toda, antes de tomar coragem de contar que a princípio, tudo tinha sido armado pela mãe do Marcos, que não aceitava a sexualidade do filho. Eu acabei engravidando no meio desse processo. Nos mudamos pro mesmo apartamento e estávamos começando uma vida juntos, a três. Mas o Renato nos deixou... morreu num acidente de carro. Aquilo acabou com a nossa história em definitivo. O meu filho, hoje um rapaz quase da sua idade, Laura, é filho biológico do Marcos e nós três nos relacionamos muito bem... mas até hoje temos essa dor de ter perdido nosso grande amor. O pai do meu filho, por exemplo, nunca mais falou com a própria mãe, que foi responsável indireta pelo desfecho trágico que tudo isso teve. Um dia eu apresento Daniel, meu filho, a vocês... é um menino de ouro! - fala Cláudia, emocionada.
-Essa história toda parece com a que li num livro uma vez... - observa Laura.
-Sei de que livro você está falando. Parte do que aconteceu ali é verdade, mas o autor distorceu algumas coisas, pra ser bem sincera. Deu um enfoque erótico demais e considerei um tanto machista a visão que ele colocou sobre mim e os personagens femininos no livro, da maneira que tudo foi contado. Se tornou praticamente uma ficção inspirada em fatos reais, mas tem muita coisa fora de contexto ali, coisas que não correspondem aos fatos. - esclarece Cláudia.
-Quem diria que a gente encontraria um personagem de um livro que a gente já leu por aí... e justamente uma pessoa que viveu algo que a gente vive hoje... - espanta-se Haroldo.
-Vocês fiquem tranquilos, viu? Fiquem aqui pelo tempo que precisarem. Eu sei como o ódio pode destruir vidas inocentes que só querem amar. Contem comigo.
Laura, Haroldo e Mateus abraçam Cláudia, agradecidos. CORTA A CENA.

CENA 3: No dia seguinte, Victor e Diogo visitam Cláudio e Bruno.
-Bom dia, meus futuros padrinhos! - fala Victor.
-Chegamos em boa hora? - pergunta Diogo.
-Nesses últimos dias qualquer hora é boa hora, já que tenho feito vários nadas. - brinca Bruno.
-Tá reclamando de barriga cheia pra se aparecer, esse daí. - continua Cláudio.
Todos riem. Diogo e Victor tomam o café servido por Cláudio.
-Que café maravilhoso, viado! - exclama Victor.
-Ideia do Bruno, acredita? Uma vez experimentei colocar um pouco de canela e sal no pó e acabou virando rotina... - fala Cláudio.
-Mas enfim... o café realmente tá ótimo, mas a gente veio aqui pra dizer que já tá confirmadíssima a data do nosso casamento! - fala Diogo.
-Sério? Quer dizer que falta pouco pra eu e o Bruno sermos, além de futuramente casados, compadres também? - fala Cláudio.
-Falta pouco e isso já é confirmado. Agora é só esperar pra oficializar o que a gente já vive há mais de um ano. - anima-se Victor.
-Fico feliz por vocês, de verdade. Especialmente por você, Diogo... depois de tudo o que a gente viveu, das coisas que você teve de abrir mão, é reconfortante saber que a felicidade tá tão forte na sua vida... - fala Cláudio.
-Qualquer dia desses vocês podiam ir lá na nossa casa, né? Antes do nosso casamento e tal... - fala Victor.
-Eu adoraria, só não sei se vou ter liberação médica pra dar voltinhas por aí antes de fechar as duas semanas da cirurgia... - fala Bruno.
-Mas meninos, quase que esqueço de contar que a gente tá saindo dessa casa, cês acreditam nisso? - continua Cláudio.
Os quatro seguem conversando. CORTA A CENA.

CENA 4: Horas depois, Procópio, Laura, Mateus e Haroldo retornam ao Rio de Janeiro. Laura, Haroldo e Mateus vão diretamente para a casa.
-É... até que no final das contas o saldo dessa nossa passagem por São Paulo foi bem positivo, né? - fala Haroldo.
-Positivo, amor? Eu achei maravilhoso! Tá certo que a gente podia ter passado sem aquele bando de loucos perseguindo a gente justo na última noite, mas fazer o que... - fala Mateus.
-Se não fosse aquele incidente infeliz, a gente não ia ter entrado no bar da Cláudia e jamais iríamos saber que ela foi personagem de um livro que todos nós já lemos. Acho que o saldo disso ainda foi positivo, porque a gente fez um sucesso estrondoso nas nossas primeiras apresentações lá no Theatro Municipal de São Paulo e ainda por cima tivemos esse presente torto no final da nossa estadia por lá. - fala Laura.
-Só fico triste que o desfecho da história dos três tenha sido tão trágico. E que justamente a mãe de um deles tenha sido a pior algoz de toda a história. Fico me perguntando se o cara que morreu no acidente não foi atingido de alguma forma por essa negatividade toda, a ponto de se desestabilizar... - divaga Haroldo.
-Ah, meu querido... isso a gente nunca vai saber. Pelo menos a Cláudia tem a felicidade de ter o filho, já que amorosamente ela foi tão infeliz... - complementa Mateus.
-Ai, meninos... vamos mudar de assunto? Não se esqueçam que eu tou grávida e mais sensível... - fala Laura.
-Ué, mas não é você que diz que gravidez não é doença? Eu hein... - brinca Haroldo.
-Tou vendo que criei dois monstros mesmo! - brinca Laura.
Os três se divertem enquanto desfazem as malas. CORTA A CENA.

CENA 5: Horas mais tarde, Cláudio, Bruno, Setembrino e Vânia chegam de mudança para a mansão dos Bittencourt, sendo recebidos por Marcelo, Rafael, Riva, Vicente, Marion e Ivan.
-Sejam bem vindos, meus queridos... - fala Marion, receptiva.
-Eu sou a Vânia, mãe do Bruno. Sempre fui muito fã do seu trabalho. Nunca pensei que um dia viveria na mesma casa de uma das minhas atrizes prediletas... - encanta-se Vânia.
-Mãe, por favor. Sem tietagem! - fala Bruno.
-Deixe sua mãe, Bruno... até a gente se acostumar a morar aqui ela pode fazer o que quiser, não é, Marcelo? - fala Cláudio.
-Exatamente. Com o tempo vocês se acostumam com a loucura dessa pensão de luxo... - brinca Marcelo.
-Queridos... vocês podem me acompanhar? Vou levar vocês até os seus quartos, assim você e seu filho descansam, porque ainda estão se recuperando. - fala Riva.
Vânia, Setembrino e Bruno seguem Riva.
-É... parece que agora eu realmente tou em família... - fala Cláudio.
-Quem diria. Com essas voltas loucas que a vida dá, você ser meu irmão por parte de pai e ainda ser sobrinho da minha mãe... - divaga Marcelo.
-Sem querer cortar o barato de vocês, mas já cortando, eu tou super com vontade de pegar umas bebidas e fazer uma birinight entre nós que podemos beber lá na edícula, o que vocês acham? - fala Rafael.
Marcelo, Cláudio, Rafael, Vicente e Ivan seguem à edícula. CORTA A CENA.

CENA 6: Eva e Renata terminam de gravar, com Laura, um vídeo denunciando a violência dos fanáticos religiosos.
-Tá ótimo, meninas. Já temos o suficiente. - fala Haroldo.
-Obrigada mais uma vez por terem topado vir aqui em casa pra gravar esse vídeo... - agradece Laura.
-A gente aceitou vir assim que soube desse absurdo. - fala Eva.
-Sem dúvida. A gente sabe e sentiu na pele como é o ódio injustificado dessa gente conservadora, que justifica na religião seus próprios preconeitos. Parece que se interessam mais pela vida alheia do que com seus próprios umbigos, estão sempre fiscalizando a vida pessoal dos outros, impressionante... - fala Renata.
-Tudo isso é revoltante demais, gente. Por que não arranjam uma vida de verdade pra viver? Ou sei lá, que tal se tentassem colocar em prática o amor que dizem pregar? Na prática eu só vejo ódio. Isso não é amor cristão, isso é intolerância com a diversidade... - desabafa Haroldo.
-Por isso mesmo que acho mais que justo que nenhum de nós se cale. Essa gente só acha que tem voz porque muita gente que é oprimida se cala. Não podemos nos calar. O certo é fazer o que a gente tá fazendo: denunciando essa violência infundada e gratuita, que é estimulada pelos discursos de ódio de sujeitos como... - fala Laura, sendo interrompida por Mateus.
-Melhor nem invocar o nome desse demônio, já estou de saco cheio de ouvir falar no nome desse fascista... - fala Mateus.
Os cinco seguem a conversar. CORTA A CENA.

CENA 7: Valentim conta a Mara sobre sua descoberta sobre passado de Suzanne.
-Mara, eu acabei de descobrir algo importante sobre o passado da Suzanne... talvez isso possa finalmente dar um rumo diferente ao inquérito.
-Do que se trata? Porque se isso for tirar esse inquérito finalmente do zero a zero, já passou da hora.
-Falta confirmar. O fato é que há confirmação de que ela foi amante de Altamir.
-Como é que é? Amante do pai do Guilherme, foi isso mesmo que entendi?
-Sim. Por isso que as contas dela no exterior são aparentemente legais. Estavam todas no nome de um laranja do Altamir. Foi ele que enriqueceu Suzanne antes de morrer.
-Isso é uma informação valiosa, Valentim. Com ela, podemos inclusive levantar a suspeita de que pode ter sido a própria Suzanne a mandante do assassinato de Altamir, afinal de contas, só se sabe que o antigo chefe da facção foi traído, mas nunca chegamos no mandante do crime.
-É uma suspeita a ser levada a sério. Só fico com receio do que isso pode causar.
-Por um acaso você tá pensando em poupar a Raquel de saber da verdade? Pois eu acho que ela tem que saber imediatamente de tudo isso. Ela é uma investigadora como nós, não vejo motivo pra não contar sobre essa descoberta.
-Acontece que apesar de tudo, Suzanne ainda é filha dela.
-Justamente por isso, Valentim. Raquel é esperta, talvez consiga arrancar alguma confissão da Suzanne, compreendeu ou tá difícil?
-Ainda assim, não teria valor pro inquérito.
-De qualquer forma, você vai contar tudo pra ela. Isso é uma afirmação: você vai, é a coisa certa a fazer.
-Não tenho opção, né, Mara?
-Exatamente. É justo que ela saiba de tudo.
CORTA A CENA.

CENA 8: Marion conversa com Rafael sobre seu projeto.
-Não sei por que você não me mostrou tudo isso antes. Tenho certeza que quando você mostrar tudo isso ao Vicente, ele vai no mínimo comprar a ideia. Talvez transforme esse roteiro numa série... meu filho, já pensou se essa acaba sendo a série inaugural das produções pra internet da produtora do Vicente? Ia ser tudo!
-Mãe... você não acha que tá indo um pouco longe demais na expectativa e no sonho? Não é porque sou seu filho que você tem que babar ovo em tudo o que faço. Pra te ser bem sincero, ainda tou bastante inseguro em relação a tudo isso. Se não fosse o Marcelo ajudando a desenvolver, nem teria te mostrado.
-Você vai mostrar isso pro Vicente, sim senhor! É brilhante sim e nada de ficar inseguro porque isso nem combina com o menino talentoso que você sempre foi.
-Quer saber? Você tem razão, mãe. A gente tá se atirando no novo, no desconhecido. Não tem que ter medo de experimentar.
-É a isso que eu me refiro, Rafael. Esse é um novo começo pras nossas carreiras. Podemos arriscar, se tropeçarmos a gente vê como fica, mas se der certo, vai ser melhor ainda!
-Você acha que eu mostro tudo isso pro Vicente ainda hoje?
-E por que não? As obras já estão adiantadas, mesmo! Em menos de uma semana já dá pra começar a gravar lá...
-É, né? Obrigado, mãe... mais uma vez você me deixou confiante!
Rafael abraça Marion. CORTA A CENA.

CENA 9: Suzanne está saindo do banho e se maquiando para sair para mais uma noite.
-Tomara que hoje pelo menos eu consiga encontrar um pato pra entrar na minha. Se aquele infeliz do Márcio não quer mais trabalhar comigo, eu provo que consigo sozinha! - fala Suzanne, consigo mesma.
A campainha toca.
-Ih, será que é o tonto que mudou de ideia e resolveu cair na minha rede, de novo? Ai, ai... já vi esse filme antes...
Suzanne abre a porta e se depara com Raquel a encará-la.
-Ih, mãe, que cara de quem não fode há trinta anos!
-Estou sem paciência para suas gracinhas, Suzanne Farina Lopes. Eu já sei de tudo e quero saber detalhe por detalhe dessa história muito mal contada de você ter sido amante do pai do Guilherme! - confronta Raquel.
Suzanne paralisa. FIM DO CAPÍTULO 128.

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