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quarta-feira, 26 de outubro de 2016

CAPÍTULO 141 - ÚLTIMAS SEMANAS

CENA 1: Cláudio fica surpreso pela decisão de Diogo e Victor. Diogo percebe que Cláudio não está entendendo muita coisa.
-Eu sei, Cláudio... você deve estar achando tudo isso uma insanidade sem tamanho, afinal de contas eu sempre me senti o mais brasileiro dos brasileiros, nunca considerei a possibilidade de viver fora daqui, mas... sabe como é, as coisas mudam. Victor tem a dupla cidadania e sente vontade de conhecer melhor suas origens. - fala Diogo.
-Por mim, a gente ficava aqui nessa festa maravilhosa até o dia raiar, mas a gente precisa pegar nossas malas, que já estão feitas e deixar nossa casinha fechada pra quando a gente vier de passagem aqui no Brasil... - fala Victor.
-Mas então por que vocês não aproveitam pra passar essa última noite no Brasil com a gente? O Bruno não bebeu e pode dirigir meu carro, daí vai ele e você, Victor... pra buscarem as malas e deixar tudo certo no apartamento. Poxa, é a última noite de vocês em terras latinoamericanas! Vou sentir saudade dos meus afilhados. Fiquem, por favor! - fala Cláudio.
-Mas a gente não quer incomodar vocês, gente... já demos muito trabalho com essa festa que foi preparada só pra receber a gente... - fala Diogo.
-Pare com isso, Diogo. Apesar de tudo o que foi vivido no passado, você é grande amigo do meu irmão e vai ser melhor se você e o Victor ficarem aqui com a gente essa noite e só irem embora amanhã pro aeroporto. Todos nós vamos sentir saudades, imagina então o Cláudio! - fala Marcelo.
-Então tá certo. Se ninguém se incomodar, a gente fica numa boa. - fala Victor.
-Óbvio que ninguém aqui se incomoda. Depois, essa festa tá mesmo uma delícia, vão perder de ficar mais um tempo aqui aproveitando antes da gente recolher tudo? Óbvio que não, né? - fala Rafael.
-Ai, melhor que vocês fiquem mesmo, porque eu não sacudi meu esqueleto o suficiente ainda e olha que já é quase meia noite! - fala Marcelo.
-Mais uma vez só me resta agradecer vocês por tanta hospitalidade, simpatia e amizade. Vou sentir falta desse calor humano aqui do Brasil... - fala Diogo.
-Aqui, sem querer atrapalhar o momento fofura de vocês, mas é melhor a gente já ir passando no apê de vocês antes que fique muito tarde e a gente acabe não aproveitando esse restinho de festa que vai estar do babado! - fala Bruno.
-Verdade. Melhor eu já ir com o Bruno até a garagem, pra gente poder já resolver essa questão e sair daqui amanhã direto pro aeroporto. - fala Victor.
-Você lembra direitinho onde a gente deixou nossos passaportes, né? - pergunta Diogo.
-Claro que lembro, bobo. A gente precisa ir. Cláudio, você acompanha a gente até a garagem? - fala Victor.
-Sim, vamos logo pra vocês não perderem muita coisa... - fala Cláudio.
Cláudio acompanha Bruno e Victor. Victor é o primeiro a entrar no carona do carro de Cláudio.
-Bruno... vem cá um instante... - pede Cláudio.
-O que foi, amor?
-Cuida bem na hora de sair, no caminho e na hora de voltar, tá?
-Que bobeira... eu sempre me cuido, amor. Você sabe que sou excelente motorista.
-Você sabe do que eu tou falando. Aquela situação de mais cedo não saiu da minha cabeça. Podia ter sido o Guilherme. Se cuida, por você, pelos meninos e por mim, tá?
-Claro que vou me cuidar. Mas tira isso da cabeça, Cláudio... a gente tá num momento de festa e relaxamento, não é bom alimentar essas paranoias agora, acredita em mim...
-Tudo bem. Só peço pra não baixar a guarda.
-Fica tranquilo, amor. Eu tou sempre ligado. Agora eu preciso ir que o Victor pode começar a reclamar da nossa melação aqui... até mais tarde, te amo.
Bruno beija Cláudio e entra no carro. CORTA A CENA.

CENA 2: Na manhã do dia seguinte, Victor é o primeiro a acordar no quarto de hóspedes e acorda Diogo aos beijos.
-Eita! Em todo esse tempo junto foram poucas as vezes que você me acordou desse jeito... se for assim de agora em diante, acho que a melhor coisa que fiz na vida foi oficializar minha união com você... - fala Diogo.
-Nem vai se empolgando que você sabe que meu forte não é conservar romantismo. Você viu que horas são? Já passa das dez da manhã... é bom a gente já fazer um lanche pra não se atrasar pra ir pro aeroporto no começo da tarde... - fala Victor.
-Você não tá esquecendo de uma coisa importante?
-Do que, Diogo?
-Desde que a gente decidiu se mudar pra Inglaterra, você não comunicou o Valentim a respeito. Tudo o que fez foi se certificar que a gente vai encontrar por lá meios de continuar seu tratamento...
-Ih, é mesmo. Tenho que ligar pra ele...
-Aproveita pra fazer isso agora, então. Mais tarde não vamos nem mais ter tempo.
Victor pega seu celular e liga para Valentim, que atende prontamente.
-Bom dia, Victor. Precisando de ajuda?
-Dessa vez eu tou ótimo. Você sabe que me casei com Diogo ontem, não sabe?
-Sei sim.
-Pois é por causa disso mesmo que estou te ligando, Valentim. Eu e Diogo estamos viajando pra Inglaterra hoje mais tarde. Vamos fixar residência em Londres.
-Se isso está te deixando feliz e seguro de si, talvez seja uma boa coisa a ser feita, mas... você vai continuar a se tratar lá?
-Claro que vou. Já contatei profissionais capacitados, o que já facilita bastante as coisas. No momento só vai ser tratamento, acho que vou precisar de um pouco mais de tempo até encontrar terapia por lá.
-Normal. Só quero que você prometa que não vai suspender nada. Nesse momento, por melhor que você esteja se sentindo, ainda é necessário mais algum tempo de tratamento.
-Só espero que eu não tenha de ficar uma vida inteira dependente disso.
-Não é momento de pensar a respeito disso. O que deve ser pensado é que você tem a faca e o queijo na mão pra continuar progredindo.
-É nisso que eu me apego. Sei que vai chegar o dia que vou estar tão bem e tão seguro de mim que eu vou poder ir largando os medicamentos e o tratamento.
-Claro que esse dia vai chegar. Mas não tenha pressa pra que ele chegue logo. Cada um de nós tem seu tempo... boa sorte nessa sua vida vida.
-Obrigado, Valentim. Estou muito confiante! Até qualquer dia, meu amigo. Quando viermos ao Brasil eu te visito.
CORTA A CENA.

CENA 3: Raquel liga para Márcio, que está assistindo um filme na edícula.
-Oi, mãezinha! Que bom que você ligou!
-Senti saudades, meu querido. E estou de folga do trabalho hoje, acredita?
-Nossa, isso é praticamente um milagre divino. Quer que eu vá te visitar?
-Claro que vou querer. Mas na verdade eu tava pensando que podia vir você com o meu neto, o que você acha?
-Adorei a ideia. O Cláudio gostou muito de você, sabia? Ficou só elogiando depois...
-Que bom, meu filho. Também achei meu neto um menino de ouro. Dá pra ver na retina que ele tem um coração nobre. Certamente ele puxou isso de você.
-Deixe de ser tão generosa comigo, dona Raquel. Você sabe que já fiz muita burrada nessa vida.
-E quem nunca fez? Isso não tira de você a essência boa que sempre existiu aí dentro.
-Você nunca se cansa de me colocar lá em cima, né?
-Mas não me canso mesmo. Você é o filho do meu coração, se eu tivesse te parido talvez não me sentisse tão sua mãe...
-Eu me sinto seu filho, nunca se esqueça disso. Mas vou falar com o Cláudio, sim. Certeza de que ele vai topar te visitar na hora. Que horário fica melhor pra você?
-Qualquer horário, meu querido... mas se puder ser antes do fim da tarde, melhor ainda... assim a gente pode passar bastante tempo juntos, conversando.
-E eu posso fazer aqueles bolinhos de chuva que você diz que sou imbatível. O que acha?
-Adorei! Só de me livrar de esquentar a barriga no fogão, já é alguma coisa. Nos vemos mais tarde então, meu filho. Te amo.
CORTA A CENA.

CENA 4: Horas mais tarde, Victor e Diogo, acompanhados de Cláudio e Bruno, chegam ao aeroporto.
-É... agora que tá chegando a hora tá dando um frio na barriga completamente diferente de tudo o que já senti na vida... - divaga Victor.
-Só não me inventa de passar mal no avião que isso vai ser uó... - brinca Cláudio.
Todos riem.
-Vou sentir uma saudade tão grande de tudo aqui que nem sei como vou me adaptar a tudo lá na Inglaterra. Mas, se isso for melhor pro Victor, também há de ser melhor pra mim. - fala Diogo.
-A vida é mesmo uma coisa bizarra. Até ontem a gente não era testemunha ou padrinho de ninguém, agora que a gente é, nossos afilhados vão pra onde? Pra Europa! Gente coisa é outra chique, não é mesmo? Digo... - segue Bruno na brincadeira.
-Acho que nem que eu ficasse um ano falando o quanto sou grato a tudo o que vocês fizeram pela gente, conseguiria expressar o tamanho dessa gratidão que sinto. Cláudio, você é a melhor pessoa que eu já conheci nessa vida. Depois do Diogo, claro! Afinal de contas, se eu não elogiar esse bundão, ele passa um ano se queixando! - fala Victor.
-Mas que calúnia! Do jeito que esse daí tá falando, parece que sou eu a louca da problematização, mas quem é que fica problematizando até os personagens de anime, mesmo? - revida Diogo.
-Cês tão vendo que tipinho de marido que eu arranjei pra vida, né? Me chamando de “esse daí”... mas eu problematizo muito sim, adoro uma problematização. Onde tiver opressão eu tou caindo no meio pra mostrar e escancarar mesmo! - fala Victor.
-Tá, deu de brincadeirinha. Victor, eu fico tocado, de coração, por todas as palavras que você me disse. Eu não sei se sou essa coisa maravilhosa que você diz, mas pelo menos tento ser bom com as pessoas nessa vida. Mas eu preciso te dizer o quanto eu admiro a sua garra, a sua força para lutar contra o transtorno limítrofe tão bravamente e tudo mais... sua busca pelo autoconhecimento é admirável e eu tenho certeza que essa mudança de vocês para a Inglaterra faz parte dessa jornada. Quanto a você, Diogo, nem tenho o que dizer: você foi um grande momento na minha vida. Fomos muito felizes enquanto estivemos juntos... mas a vida quis que você, como o Haroldo e sei lá mais quem, fossem vítimas da loucura do Guilherme. Eu admiro a sua grandeza de mentir pra mim para salvar nossas vidas. Hoje eu sei que você nunca me traiu... e desejo a maior felicidade do mundo ao lado do seu verdadeiro amor, que é o Victor. - fala Cláudio.
Todos se emocionam e se abraçam.
-Chegou a hora... a gente precisa entrar no avião. Vamos voltar sempre que pudermos, então podem esperar pela gente que vocês não se livraram de nós! - fala Diogo, emocionado.
CORTA A CENA.

CENA 5: Horas mais tarde, Márcio e Cláudio visitam Raquel e saboreiam os bolinhos de chuva preparados por Márcio.
-Nossa, pai! Você devia começar a fazer esses bolinhos de chuva lá em casa, são os melhores que já comi na vida! Como é que você escondeu esse talento da gente? - fala Cláudio.
-E eu não sei como a mãe do seu irmão é ciumenta com aquela cozinha dela? Bater de frente com a Riva poderia me custar os dentes da boca... - brinca Márcio.
Todos riem.
-É tão maravilhoso ver vocês assim, tão entrosados, se dando tão bem... e te ver bem, homem feito, com saúde e caráter, Cláudio... é como se todas as minhas preces tivessem sido atendidas... - divaga Raquel.
-Um tanto atrasadas que essas preces foram atendidas. Mas o que importa é que a gente tá aprendendo a ser uma família... - fala Cláudio.
-Falando em família... olha, gente... eu sei que vocês não querem mais falar sobre a Suzanne e eu respeito isso. Acontece que aconteceu algo que eu preciso contar pra vocês: o inquérito contra ela infelizmente foi arquivado. - fala Raquel.
-Mas mesmo depois da minha denúncia? Não entendo! Que justiça é essa, dona Raquel? - revolta-se Márcio.
-Infelizmente não houve materialidade de provas, o inquérito teve de ser arquivado por causa disso. Mas pode ser reaberto caso qualquer nova denúncia seja feita ou se aparecer algo que possa servir de prova contra ela. - esclarece Raquel.
-Taí... agora eu fiquei curioso, vó... pelo visto essa mulher é mais esperta do que eu pensei. Se incomoda se eu pedir pra falar sobre o passado dela? Cê sabe, né... sou um eterno interessado pela psicologia... - fala Cláudio.
-Então se prepara, meu neto... porque tem cada coisa que se você não ficar de cabelo em pé, não sei de mais nada... - fala Raquel.
Os três seguem conversando sobre o passado de Suzanne. CORTA A CENA.

CENA 6: Suzanne liga para Valentim.
-O que você quer comigo, Suzanne? Já não te disse que não temos o que conversar?
-Nossa, Valentim... eu esperava que você fosse mais gentil.
-Quem é você para questionar se sou gentil ou não? De qualquer forma, foi até bom você ter me ligado.
-Bom? Não vai me dizer que já cansou de comer o velho feijão com arroz com a Mara...
-Deixe de ser oferecida, garota. Não é nada disso. Você me procurou há algum tempo pedindo pra eu intervir sobre o seu inquérito, mas nada disso foi preciso.
-Como assim? Eu estou entendendo direito? Já não era sem tempo...
-Pode soltar seus fogos de artifício, Suzanne: o inquérito contra você foi arquivado.
-Eu falei que isso aconteceria mais dia menos dia, Valentim... você tem que acreditar quando eu digo que sou inocente.
-Mas eu não acredito. Vai fazer o que? Vai chorar?
-Não vou perder meu tempo discutindo com você, Valentim.
-Ué, mas foi você mesma que me ligou! Não entendo o motivo, então.
-Eu te liguei pra justamente dizer que assim que se acabasse tudo isso, eu viajaria pra fora do país. Agora que eu tenho certeza que não existe mais inquérito algum, não tem nada que me impeça de sumir dessa república das bananas.
-E você faz questão de tripudiar sobre nós, não é mesmo?
-Talvez. Fica a seu critério de super psiquiatra me avaliar. Mas o meu recado foi esse. Não precisa mais se preocupar comigo, viu? Em poucos dias eu vou sumir. Talvez nunca mais volte.
Suzanne desliga. CORTA A CENA.

CENA 7: Marcelo chama Rafael para conferir o número crescente de acessos à série escrita por ambos.
-Amor, vem cá ver só uma coisa...
-O que foi, Marcelo? Prenderam todos os corruptos que tentaram barrar a lei?
-Bobo... quem dera fosse isso, mas é algo tão bom quanto.
-Se você parar de enrolação e falar de uma vez, eu vou saber do que se trata.
-Vou precisar falar? Acho que não, sabe? Veja com seus próprios olhos.
Marcelo vira o notebook para Rafael, que fica surpreso.
-Gente... o interesse pela série não tá diminuindo! Passado!
-Não apenas não diminuiu como aumentou, como você mesmo pode ver.
-Que surreal isso, amor. A cada hora são mais de vinte mil visualizações e mais de mil comentários!
-E olha que os haters são a minoria aqui, tou achando até bom sinal.
-Não é? Os poucos que aparecem ainda por cima acabam massacrados pelo pessoal que tá curtindo e apoiando nossa série e a própria Fermata Visual. O Vicente precisa ver isso!
-E você acha mesmo que ele não tá sabendo? Só que agora ele deve estar concentrado resolvendo as questões burocráticas da coisa toda.
-Vicente não se cansa mesmo... parece uma formiga...
Os dois seguem conversando sobre sucesso da série. CORTA A CENA.

CENA 8: Horas mais tarde, Suzanne surge na casa de Raquel, que fica surpresa ao se deparar com a filha.
-Se você tá procurando pelo Márcio, ele não mora mais aqui. Aliás, você deu uma sorte imensa de não cruzar com ele e com o seu filho, não faz nem meia hora que eles foram embora.
-Não estou procurando por ele, mãe. Esperava uma recepção mais calorosa de você.
-Você sabe que não tenho motivos pra te dar um abraço sequer, tanto mais te receber calorosamente. Fale logo o que você quer e deixe eu aproveitar o resto da minha folga.
-Vim só dizer que já tou sabendo que tou livre do inquérito. Parece que não foi dessa vez que você me colocou atrás das grades, dona Raquel.
-Não me surpreende esse desfecho, minha filha. Eu só quero saber de uma coisa: você vai cumprir a sua palavra?
-Que palavra?
-Você disse que sumiria do país e eu lembro muito bem disso.

Suzanne encara Raquel incrédula. FIM DO CAPÍTULO 141.

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