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sábado, 22 de outubro de 2016

CAPÍTULO 138

CENA 1: O segurança fica sem compreender nada.
-Mas o senhor disse que não era pra deixar ninguém dessa família passar... - estranha o segurança.
-Você é pago pra questionar minhas ordens, rapaz? Ah, deixa eu ver... acho que não. Você é pago para obedecer, pensar não está no pacote. Deixe os quatro passarem. Quero saber o que eles tanto precisam conversar comigo. - fala João Bernardo.
O segurança deixa Riva, Rafael, Valquíria e Marion passarem. Os quatro acompanham João Bernardo até sua sala.
-Pois falem logo o que vocês querem comigo que eu tenho muito o que fazer antes de encerrar esse dia. - fala João Bernardo.
-A gente veio aqui saber uma coisa: baseado no que você está armando esse boicote covarde à Fermata Visual? - questiona Rafael.
-Vocês tem como provar o que estão dizendo? - debocha João Bernardo.
-Quem não te conhece que te compre, moleque. Seu pai morre de vergonha dessas suas atitudes. - fala Marion.
-Que coisa, não? Mas quem vai acabar com o comando disso tudo aqui um dia, sou eu. Paciência, né... tem que entubar! - fala João Bernardo.
-Eu conheço essa fala, rapaz. Você se acha tão esperto, tá sempre cheio de si e fica imitando a fala de uma personagem de novela! - fala Riva.
-Tá se achando a bucetuda, coitada... Laura Prudente da Costa teria vergonha de ser citada por um babaca feito você. - fala Rafael.
-A gente veio aqui só pra dizer uma coisa, seu verme: quer levar em frente essa palhaçada? Pois leve. Faça o que quiser, afinal de contas você é bem crescidinho pra saber o que faz. Só que se você acabar afundando a empresa que seu pai, um homem honrado, levou uma vida inteira de dedicação pra construir, você nunca mais vai ter sossego nessa vida. Você tá comprando uma briga feia com milhões de brasileiros que são fãs da gente e não estão comprando essa história mal contada de que traímos a emissora. Aliás, não apenas milhões de brasileiros, mas também nossos fãs do exterior. Quem é mesmo que tava falando sobre entubar aqui, mesmo? Você não passa de um playboyzinho patético. Tá cavando a própria cova e nem percebe. O seu dia vai chegar, João Bernardo. E quando esse dia chegar, você vai estar numa merda tão grande que ninguém, muito menos seu pai, vai te estender a mão. Vai em frente, moleque... tenta boicotar a Fermata Visual, tenta! Você vai ver como as coisas vão acabar acontecendo. Só não se esquece que esse mundão dá voltas. Um dia você pode precisar do Vicente... e eu tenho certeza que ele não vai te ajudar. Era tudo o que eu tinha a dizer. Vamos embora, gente... - fala Marion.
CORTA A CENA.

CENA 2: No dia seguinte, Vicente conversa com Riva a respeito do incidente envolvendo o filho do dono da emissora.
-Você não acha que é meio um tiro no pé fazer isso, amor?
-Riva, se ninguém se pronunciar, esse sujeito nunca vai parar. É disso que ele vive, de polêmica. Se cerca de advogados corruptos e sai sempre ileso.
-Mas é justamente por isso, Vicente... você acha que valeria perder tempo denunciando um cara que se cerca do pior tipo de gente pra fazer valer a sua própria vontade?
-Vale a pena sim, afinal de contas já não é de hoje que as pessoas estão sabendo quem ele realmente é.
-E você tá mesmo disposto a fazer uma denúncia pública no site da Fermata Visual?
-Não tem outro jeito, amor. Quem começou essa briga foi ele. Por mim isso nem é uma briga, só que não dá pra ficar calado diante de tudo.
-Concordo. Mas isso pode acirrar mais ainda as coisas. Talvez o boicote proposto por ele se intensifique, porque você sabe perfeitamente que tem muita gente nesse país que é defensora da emissora... defendem como se fosse um time de futebol, com muita paixão e pouca razão.
-De qualquer forma, Riva... a gente sabia perfeitamente onde estava se metendo quando eu decidi que ia levar adiante o projeto da Fermata Visual. O velho, diante do novo, tenta ganhar no grito.
-Bem, olhando por esse lado... realmente. Nos resta a resistência e a luta.
-Claro, amor. Tudo isso está dentro do previsto.
-Só espero que isso não acabe prejudicando o andamento da Fermata Visual.
-Se prejudicar, paciência. Estamos apenas no começo...
CORTA A CENA.

CENA 3: Marcelo chama Cláudio para uma conversa.
-Não entendi por que o Bruno não pode participar dessa conversa, mas tudo bem...
-Sabe o que é, Cláudio? É que eu queria poder conversar contigo sem a interferência de ninguém. Sem ninguém opinando. Apenas eu e você, nem o pai opinando...
-Mas por que, criatura?
-Porque no meio dessa loucura toda, eu acho que você deixou algo importante no meio do caminho.
-Olha, se for pra sugerir que eu fique frente a frente de novo com aquela nojenta da Suzanne, pode esquecer. Já gastei a cota de uma vida toda e não penso em voltar atrás, você sabe muito bem como eu sou.
-Teimoso feito uma porta emperrada. Mas fica tranquilo, mano... não é sobre a Suzanne que eu queria falar.
-Ainda bem, né. Você sabe muito bem que insistir comigo é pura perda de tempo.
-Sei disso há mais de dez anos, mas enfim. Eu queria mesmo é falar sobre Raquel. Ela é sua avó, poxa... não tem culpa de ser mãe da Suzanne. Acho que já passou da hora de vocês se conhecerem de verdade. Conversarem um pouco... você dar essa chance a ela.
-Sinceramente eu nem tinha parado pra pensar direito nisso, mano... mas a questão aqui é que eu não sei se eu ainda tenho cabeça pra encontrar com ela. Não estou dizendo que tenho medo, só não sei como reagiria.
-Mas você sabe que ela é uma pessoa boa, não sabe? O pai vive se desmanchando em elogios...
-Não, Marcelo... disso eu sei. Eu só não sei se tou preparado pra isso agora. É muita coisa pra pensar ao mesmo tempo, ainda. O casamento do Victor com o Diogo tá estourando aí, depois tem o meu próprio casamento. No meio disso tudo ainda tem meus ensaios pro monólogo que eu vou estrelar. Não sei se tenho tempo pra pensar em outra coisa.
-Tempo a gente arranja sempre que quer. Não entendo porque você tá se apegando nessa desculpa. Você nunca foi de fugir da raia.
-Eu não tou fugindo. Quer dizer... talvez eu esteja. Eu não sei, Marcelo. Até um ano atrás eu não tinha família, é muita coisa...
CORTA A CENA.

CENA 4: Horas depois, Rafael e Marcelo chamam Vicente para conversar.
-O que foi, meninos?
-Vicente, a sua decisão de denunciar as ações do filho do dono da emissora não pode ter sido mais acertada... - fala Marcelo.
-Como assim? - pergunta Vicente.
-Veja com seus próprios olhos o quanto o vídeo da sua denúncia viralizou... - fala Rafael, alcançando seu celular.
Vicente olha e fica animado.
-Gente do céu. Em poucas horas ultrapassando um milhão de acessos e ainda por cima com uma chuva de comentários apoiando! É... se aquele playboy pensava que ia ser fácil deter a Fermata Visual, acho bom ele reconsiderar essa ideia de boicote... - comemora Vicente.
-Reconsiderar? Acho mesmo que ele vai querer enfiar a cara num buraco... - fala Marcelo.
-E isso vai ser bem merecido. Se vocês vissem a cara de deboche e ouvissem as coisas que ele disse ainda ontem pra gente, se sentindo superpoderoso, estariam tendo frouxos de riso agora. A lei do karma é mesmo uma linda! - fala Rafael.
-Como costumo dizer... karma is a bitch. - fala Marcelo.
-Pois é, gente... pelo visto a vida da velha mídia não anda nada fácil. E ao que me consta, daqui em diante, só tende a piorar. Eu podia dizer que tava com pena? Podia, mas tou achando isso bem feito pra esse babaca. Coitado do pai dele, isso sim... prestes a deixar a emissora de uma vez por todas e vendo o próprio filho terminar de afundar com ela. Só lamento por isso... não é justo com o pai dele, porque de resto, esse playboy tá tendo somente o retorno justo pelas merdas que andou fazendo. - fala Vicente.
-Mas isso tá sendo é ótimo! Sinto mais vontade de continuar escrevendo os outros episódios da série, que a gente ainda vai gravar. - fala Rafael.
-Sinto a mesma coisa. Esse tipo de boa notícia atiça a minha inspiração de uma forma que nem sei descrever. Então já sabe, amor: bora baixar a cabeça que a gente tem trabalho pela frente e um produto que, se Cher quiser, vai fazer sucesso contínuo. - fala Marcelo.
-Que Inês Brasil passe e diga amém! - brinca Vicente.
Marcelo e Rafael gargalham.
-Ai, Vicente... você fica impagável tentando falar feito a gente! - diverte-se Marcelo.
CORTA A CENA.

CENA 5: Cláudio, depois de desabafar sobre conversa que teve mais cedo com Marcelo com Bruno, Rafael, Vânia e Setembrino, é aconselhado por eles.
-Ainda acho que seu irmão tá coberto de razão, meu genro. Sua avó não tem a mínima culpa da filha dela ter se tornado essa pessoa horrorosa. - fala Vânia.
-Eu sei, dona Vânia. Mas mesmo assim... eu não sei com que cara eu chego. Eu não sei como encarar minha avó... não sei se chamo de dona Raquel, de vó... tá tudo muito confuso ainda... - desabafa Cláudio.
-De qualquer forma, amor... quanto tempo você ainda vai perder em dúvidas? Olha, como taurino eu sei que às vezes a gente tem esses processos lentos, demorados, mas a vida nem sempre espera a gente até a gente tomar as decisões que a gente tem de tomar. A vida não espera a gente parar de procrastinar. - opina Bruno.
-Sou obrigado a dar razão ao Bruno, cunhado. Não é difícil entender que tudo isso, quanto mais cedo for resolvido, melhor vai ser pra todo mundo. Pelo pouco que conheço da sua avó, sei que ela é uma pessoa boa e seu pai vive dizendo isso. Imagina o quanto ela tá esperando por esse encontro? Só que ela também tem as coisas dela, a correria dela trabalha na polícia, você sabe... - fala Rafael.
-Eu sei disso tudo, gente. Mas é que se ela quisesse me encontrar, já teria feito isso... - fala Cláudio.
-Não seja injusto, meu querido. Uma coisa é você aí, cheio de juventude e gás, outra coisa é uma pessoa que já passou dos cinquenta... - opina Setembrino.
-Ai, quer saber, gente? Acho que eu vou falar com o pai, assim que ele voltar da volta que ele foi dar... - fala Cláudio.
-Até que enfim uma decisão acertada, cunhado! Conversa com ele e fala sobre a sua vontade de ir ver sua avó... - fala Rafael.
CORTA A CENA.

CENA 6: Atores e atrizes se dirigem ao RH da emissora e pedem demissão. João Bernardo, percebendo a movimentação, que envolve mais de dez atores e atrizes, vai entender o que está acontecendo.
-O que foi que aconteceu, gente? Rebelião geral? Colocaram alguma bomba atômica aqui dentro e eu não tou sabendo? - questiona João Bernardo.
-Nada disso. A gente resolveu pedir demissão da emissora. O motivo é um só: nós repudiamos suas últimas atitudes e o rumo que você tá dando pra essa emissora. Não reconhecemos mais esse lugar como nosso local de trabalho. E é por isso que eu, Fernanda Rios, com mais de vinte e cinco anos de casa, estou pedindo demissão. Eu e todo mundo que tá aqui na minha companhia. Decidimos isso sabendo das consequências que isso vai ter. Vamos pagar centavo por centavo das nossas multas rescisórias... só não vamos mais ficar um minuto sendo funcionários dessa emissora, que mente, que engana, que passa a perna em qualquer concorrência. Já chega. Nós vamos perder dinheiro sim, mas quem perde mais é você, seu moleque. - fala uma atriz.
-Que bonito, tudo isso. Estão parecendo uns adolescentes cheios de idealismos, mas na prática são vocês que perdem. O que vocês acham que vai acontecer com vocês saindo daqui? Essa emissora é a maior audiência desse país. Sem ela vocês vão ser reduzidos a nada, vão acabar no ostracismo. Vão pra onde? Pra Megamaster TV? Não me façam rir. Aquela bostinha sempre foi e sempre vai ser vice. - fala João Bernardo.
-Se engana, queridinho... se você tá pensando que a gente vai pra concorrência na TV, pode tirar seu cavalo de pau da chuva. A gente vai pra concorrência, sim. Mas nós vamos é para a Fermata Visual, ajudar o projeto a crescer. Vamos ajudar essa produtora a crescer e se depender de nós, vamos fazer com que ela tenha o mesmo alcance que sua emissora. Isso é: se não conseguirmos ainda mais, João Bernardo. Conforme-se: o futuro não vai ser televisionado. - sentencia um ator.
-Vocês não se cansam de ser idealistas, mesmo, né? Só não venham pedir esmola na porta da minha emissora quando estiverem passando fome! - grita João Bernardo, saindo furioso dali.
CORTA A CENA.

CENA 7: Horas mais tarde, Raquel chega exausta em casa de mais um dia de trabalho e está preparando seu banho, já tirando a roupa, quando a campainha começa a tocar insistentemente.
-Já vai! - grita Raquel, vestindo novamente as roupas que estava usando antes.
-Sou eu, mãezinha! O Márcio! Trouxe uma surpresa pra você! - grita Márcio.
-Segura aí, querido! Tava indo pro banho nesse momento, acabei de chegar em casa. Só mais um minutinho e eu já abro!
Raquel desliga o chuveiro, calça seus sapatos novamente e rapidamente vai à cozinha, apagando o fogo da comida que preparava.
-Já tou indo, meu filho! - anuncia Raquel, terminando de fechar a blusa. Assim que termina de se arrumar, abre a porta.
-Que bom te ver aqui, querido! - fala Raquel.
Márcio então puxa Cláudio pela mão e Raquel o vê.
-Meu neto! Quanto tempo eu esperei pra te ver! - emociona-se Raquel.
FIM DO CAPÍTULO 138.


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