CENA 1: Mateus se apavora e
fica atônito. Guilherme começa a provocar.
-E aí, traidorzinho de bosta?
Que baita sorte que você deu de sair vivo daquele encontro lindo que
eu preparei entre meus homens e você, não é? Mas agora eu tou
solto de novo, seu verme. E se eu fosse você, eu cuidava bem por
onde andava. Ninguém sabe ao certo quando vai ser o último dia da
própria vida, não é mesmo?
-Eu já sabia que você tinha
conseguido fugir, Guilherme. Não se trata de nenhuma novidade pra
mim. Você espera que eu pare minha vida por medo de você? Pois pode
esquecer disso, seu merda. Já perdi tempo demais tendo medo de você.
Você é um criminoso e deve pagar pelos seus crimes!
-Só Deus pode me julgar.
Você, o Cláudio e aquele bando de panacas destruíram minha vida.
-Foi você mesmo que se enfiou
nesse buraco por conta própria. Pensei que fosse homem o suficiente
pra assumir as próprias responsabilidades.
-Não me aponte o dedo dessa
forma. Você também cometeu crimes, seu merda.
-E pago por eles. Felizmente
estou respondendo ao processo em liberdade. Já você...
-Eu vou acabar com a sua vida,
Mateus. Você tinha me prometido nunca revelar nada sobre a facção.
Me traiu da pior forma possível!
-Você teria me matado antes
mesmo de eu abrir a boca. Depois daquela coisa toda, eu perdi o medo
da morte e o medo de você.
-Esse seu ar de superioridade
me enoja. Você é tão mentiroso quanto eu. Foi capaz de forjar a
própria morte pra foder com minha vida!
-Com o amparo da lei, não se
esqueça disso.
-Por isso que esse país tá
do jeito que tá. Um bando de vagabundos levando vantagem.
-Me deixa em paz, Guilherme!
-Você vai ter paz. Vai
descansar em paz. A sete palmos.
Mateus desliga apreensivo e
volta à sala.
-Pessoal... foi o Guilherme
que me ligou... ele disse que vai me matar! - fala Mateus, assustado.
-Calma, amor... esse cara tá
com a polícia na cola dele... - fala Haroldo.
-Dessa vez ele não vai fazer
nada com a gente... - afirma Laura.
Os dois tranquilizam Mateus.
CORTA A CENA.
CENA 2: Na manhã do dia
seguinte, Mara conversa com Valentim ainda em casa.
-Sei não, amor... essa
história toda do Guilherme tá começando a ficar perigosa de
verdade...
-E você mais uma vez tinha
razão, Mara...
-Quando é que eu não tenho
razão? Ah, Valentim... todos esses anos e você ainda não levando a
sério o que digo...
-Tá, que seja. O fato é que
ele realmente está por perto.
-Eu te falei que não
acreditava que ele tivesse deixado o Brasil...
-Verdade. Agora o jeito é
tentar descobrir por onde ele anda, onde ele se esconde.
-Você não acha bem mais
seguro pra todo mundo que a proteção policial seja estendida a todo
mundo que for minimamente potencial alvo do descontrole dele? Uma
coisa é certa... o Guilherme não tá pra brincadeira, dessa vez ele
pode botar pra ferrar com todo mundo.
-O pior é que eu tenho
certeza disso. Talvez seja a hora da gente realmente solicitar essa
proteção a todo mundo que puder ser atingido pela fúria irracional
dele...
-Talvez não. É a opção
mais segura, Valentim... vai por mim! Digamos que tenha sido ele o
autor dos dois assassinatos misteriosos que ocorreram nos entornos da
instituição psiquiátrica penal... se ele foi capaz de matar com as
próprias mãos duas pessoas, fato até então inédito, ele pode
estar muito pior do que antes de ser preso.
-Mais uma vez sou obrigado a
concordar com você, Mara... mas talvez o Guilherme não tenha matado
esses caras.
-Mesmo assim, Valentim... isso
não exclui a possibilidade real de ele ter voltado bem pior.
-Ainda mais sendo ele o mentor
da fuga...
-Exatamente, querido.
-Mara, dá uma agilizada aí
senão a gente atrasa?
-Ai, tá! Já vou!
CORTA A CENA.
CENA 3: Vicente finaliza
detalhes da planta para complexo de estúdios para futura produtora e
chama Marcelo e Rafael para conferirem.
-Bem, queridos... eu espero
não estar sendo incômodo... - fala Vicente.
-E eu espero não estar
gerundiando... - rebate Marcelo, debochado.
Os três riem.
-Fala, Vicente... o que é
isso na sua mão, é o que tou pensando? - pergunta Rafael.
-Se você estiver pensando que
é uma planta, é sim. Na verdade, meninos, é um projeto de planta,
né. Nunca fui arquiteto na vida e vou repassar essa ideia ainda para
algum arquiteto, mas queria mostrar pra vocês, pra saber o que vocês
acham da ideia que eu tive. - fala Vicente.
Marcelo e Rafael analisam a
planta feita por Valentim.
-Rapaz! Você pode até não
ser arquiteto, mas até que teria vocação pra isso, viu? Não basta
eu ter um padrasto ator, gente boa pra caramba e ainda por cima
multitarefas? Super homem perde, arrasou! - fala Marcelo.
-Concordo com o Marcelo,
Vicente. Essa ideia é ótima... e ainda aproveita de uma forma muito
inteligente os espaços disponíveis no nosso terreno, dando ainda
livre acesso e trânsito para o pessoal que for vir a trabalhar com a
gente mais pro futuro... - fala Rafael.
-Nem foi tão difícil assim,
meninos. Com o tamanho absurdo desse terreno... - considera Vicente.
-Mesmo assim, Vicente. É como
o Rafa disse... a coisa toda foi muito bem pensada. Vai ficar muito
bom quando começar a se concretizar... - fala Marcelo.
Os três seguem conversando,
empolgados. CORTA A CENA.
CENA 4: Bruno e Cláudio
estranham a ausência de Vânia no café da manhã.
-Pai... a mãe não devia ter
levantado já? - pergunta Bruno.
-Acordou indisposta, disse que
demorou a dormir essa noite, pobrezinha. Pediu pra eu deixar ela
dormir mais pouco. - fala Setembrino.
-Mas é normal acontecer isso
com ela, Setembrino? - pergunta Cláudio.
-Nada é muito normal desde
que os rins dela começaram a falhar, né... mas não é nada que já
não tenha acontecido antes. Fiquem sossegados, meus queridos... -
fala Setembrino.
-Mas não custa a gente dar
uma olhadinha na minha mãe, né? Ver se ela ainda tá dormindo, se
tá confortável... - fala Bruno.
-Claro que não, filho. Mas
vamos bem devagarinho que ela vira uma demônia se estiver dormindo e
for acordada... - fala Setembrino.
-E eu não sei? As patadas
sempre sobravam pra você, pai! - diverte-se Bruno.
-Vamos então, gente? -
apressa-se Cláudio.
Os três vão ao quarto e
encontram Vânia muito pálida.
-Pai, a mãe tá pálida
demais... isso não é normal... você me desculpe, mas eu vou
encarar a demônia e acordar ela sim senhor! - decide-se Bruno.
Bruno e Cláudio tentam
acordar Vânia e notam que ela está desmaiada.
-Seu Setembrino, corre pra
chamar a emergência agora que ela tá passando muito mal! - fala
Cláudio.
Setembrino liga para a
emergência e Bruno se desespera.
-Calma, amor... ela vai sair
dessa... - fala Cláudio.
CORTA A CENA.
CENA 5: Horas depois, Bruno,
Cláudio e Setembrino aguardam notícias sobre o estado de saúde de
Vânia no hospital. O médico aparece e Setembrino o chama.
-E aí, doutor? Como é que a
minha mulher tá agora? - pergunta Setembrino.
-Infelizmente os rins dela não
voltaram a funcionar. Ela vai ter de ficar internada e constantemente
na diálise, pois só assim ela vai ter alguma chance enquanto
aguarda por um rim na fila do transplante. - esclarece o médico.
Bruno e Setembrino se
desesperam.
-Por que isso foi acontecer
justo agora? Tava tudo indo aparentemente tão bem, desde que vocês
vieram morar com a gente... - lamenta Bruno.
-Eu nem sei o que dizer,
gente... espero que tudo dê certo e a dona Vânia consiga sair dessa
com mais saúde que nunca... - fala Cláudio.
-Mas doutor, não tem chance
dessa diálise funcionar e os rins dela voltarem a funcionar? -
pergunta Setembrino.
-Infelizmente não, seu
Setembrino. O caso dela é grave e ela precisa permanecer internada.
- fala o médico.
-Pai, não se desespera, por
favor. Pensa que se vocês estivessem ainda lá em Coroados poderia
ser pior... a mãe poderia ter morrido numa fila de espera sem sequer
receber um atendimento digno! - fala Bruno.
-Eu tou tentando não
desesperar, meninos... mas é muito duro ver a mulher da sua vida
numa cama de hospital, sofrendo por uma doença como essa... - fala
Setembrino.
-Tenho plena certeza de que
tudo isso vai passar e vai terminar bem, seu Setembrino. Eu sei que é
um momento difícil pra todos nós, mas também sei que a dona Vânia
é uma pessoa maravilhosa e acima de tudo, é muito forte. - fala
Cláudio.
-Que os anjos passem e digam
amém... - fala Bruno.
Os três ficam apreensivos.
CORTA A CENA.
CENA 6: Suzanne circula por um
museu de arte moderna a procura de algum homem para aplicar novos
golpes.
-Será possível que não tem
um único banana dando sopa por aqui hoje? - murmura Suzanne consigo
mesma.
De repente, Suzanne vê um
homem aparentemente triste, sentado estático na frente de um quadro.
-Desculpe incomodar, moço...
mas você parece triste. Sei que a gente não se conhece, mas se
estiver precisando desabafar com alguém, eu sou toda ouvidos... -
fala Suzanne, forçando empatia e boa vontade.
-Olá, moça... ando mesmo
precisando conversar com alguém sem julgamentos. Me chamo Lauro, e
você?
-Suzanne. Prazer em te
conhecer. Que tal a gente ir na cafeteria? Acho que é melhor se você
estiver precisando desabafar.
Instantes se passam e Lauro
desabafa com Suzanne na cafeteria.
-Então foi isso, Suzanne... o
amor da minha vida tava me traindo dentro da nossa própria casa o
tempo inteiro. E o amante se dizia melhor amigo de infância,
acredita?
-Triste demais tudo isso,
Lauro... mas é sempre tempo de dar a volta por cima... respirar
novos ares. Conhecer outras pessoas, entende?
-Não sei se vou me abrir tão
cedo a novos amores. Foram três anos de casamento e nove de
relacionamento. Estou destruído por dentro...
-Você não pode se entregar
desse jeito, cara... você é jovem, é bonito... vai encontrar
alguém.
-Não quero pensar em nada por
enquanto... quero esvaziar a mente e o coração.
-Então deixa eu te ajudar a
não pensar em nada...
Suzanne tenta beijar Lauro,
que a detém antes que o beijo aconteça.
-Espere, Suzanne... acho que
você não entendeu algo sobre mim, falha minha de não ter
especificado isso antes, mas... eu sou gay. Nada vai rolar entre nós.
-Oh... desculpe. É que te
achei bastante atraente. Mas continua falando...
Suzanne se frustra e tenta se
safar da situação. CORTA A CENA.
CENA 7: Horas depois, na
mansão dos Bittencourt, Márcio conversa com Marcelo enquanto Riva
prepara o jantar com o auxílio de Marion, Vicente, Valquíria e
Rafael.
-Sei que não te agrada falar
nisso, filho... mas eu ainda sinto falta da Suzanne. Sei
perfeitamente que ela não vale nada, mas por mais de vinte anos eu
estive preso a ela. Fiz tanta coisa errada por esse amor!
-Eu sei que não é nada
fácil, pai. Ao contrário do Cláudio, que não quer nem ouvir o
nome da fulana por motivos óbvios, concretos e justificáveis,
comigo você pode desabafar o quanto quiser... se isso for te fazer
bem e te ajudar a se libertar de uma vez por todas, claro...
-Me faz bem poder saber que
tenho com quem contar, além da dona Raquel. Principalmente saber que
meus filhos estão me aceitando, mas enfim... a verdade é que eu não
sei se realmente tenho forças pra me libertar desse amor que sinto
pela Suzanne.
-Você não disse ainda agora
que a dona Raquel disse que amor não se supera, mas se transforma?
Talvez seja a maneira como você esteja encarando tudo isso. Já
parou pra pensar nisso, pai?
-É... acho que vocês tem
razão...
Márcio continua a conversar
com Marcelo. CORTA A CENA.
CENA 8: Cláudio e Bruno
chegam sozinhos em casa.
-Ai, amor... eu acho que você
devia ter insistido um pouco mais pro seu pai voltar com a gente...
-Não adianta, Cláudio...
você não vê como ele é teimoso? Venceu até a mãe pelo cansaço,
isso que ela praticamente tava proibindo ele de ficar lá no hospital
com ela...
-É... não sei qual dos dois
é mais teimoso, Bruno.
-Ali é o sujo falando do mal
lavado. Um critica a teimosia do outro, mas se for pra ser justo, os
dois estão quites nisso.
-Só espero que encontrem um
doador logo pra sua mãe...
-Nem me fala, amor... morro de
medo de perder a minha velha.
-Ela é realmente uma pessoa
maravilhosa...
-Mas eu pensei numa coisa
aqui... aliás, já tava pensando nisso antes da gente sair do
hospital.
-Sobre o que, Bruno?
-Essa situação aconteceu
rápida demais. Eu entendo que a gente esteja fazendo os nossos
planos, mas depois de tudo isso eu acho mais prudente que a gente
adie o nosso casamento...
Cláudio se surpreende. FIM DO
CAPÍTULO 120.
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