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sábado, 1 de outubro de 2016

CAPÍTULO 120

CENA 1: Mateus se apavora e fica atônito. Guilherme começa a provocar.
-E aí, traidorzinho de bosta? Que baita sorte que você deu de sair vivo daquele encontro lindo que eu preparei entre meus homens e você, não é? Mas agora eu tou solto de novo, seu verme. E se eu fosse você, eu cuidava bem por onde andava. Ninguém sabe ao certo quando vai ser o último dia da própria vida, não é mesmo?
-Eu já sabia que você tinha conseguido fugir, Guilherme. Não se trata de nenhuma novidade pra mim. Você espera que eu pare minha vida por medo de você? Pois pode esquecer disso, seu merda. Já perdi tempo demais tendo medo de você. Você é um criminoso e deve pagar pelos seus crimes!
-Só Deus pode me julgar. Você, o Cláudio e aquele bando de panacas destruíram minha vida.
-Foi você mesmo que se enfiou nesse buraco por conta própria. Pensei que fosse homem o suficiente pra assumir as próprias responsabilidades.
-Não me aponte o dedo dessa forma. Você também cometeu crimes, seu merda.
-E pago por eles. Felizmente estou respondendo ao processo em liberdade. Já você...
-Eu vou acabar com a sua vida, Mateus. Você tinha me prometido nunca revelar nada sobre a facção. Me traiu da pior forma possível!
-Você teria me matado antes mesmo de eu abrir a boca. Depois daquela coisa toda, eu perdi o medo da morte e o medo de você.
-Esse seu ar de superioridade me enoja. Você é tão mentiroso quanto eu. Foi capaz de forjar a própria morte pra foder com minha vida!
-Com o amparo da lei, não se esqueça disso.
-Por isso que esse país tá do jeito que tá. Um bando de vagabundos levando vantagem.
-Me deixa em paz, Guilherme!
-Você vai ter paz. Vai descansar em paz. A sete palmos.
Mateus desliga apreensivo e volta à sala.
-Pessoal... foi o Guilherme que me ligou... ele disse que vai me matar! - fala Mateus, assustado.
-Calma, amor... esse cara tá com a polícia na cola dele... - fala Haroldo.
-Dessa vez ele não vai fazer nada com a gente... - afirma Laura.
Os dois tranquilizam Mateus. CORTA A CENA.

CENA 2: Na manhã do dia seguinte, Mara conversa com Valentim ainda em casa.
-Sei não, amor... essa história toda do Guilherme tá começando a ficar perigosa de verdade...
-E você mais uma vez tinha razão, Mara...
-Quando é que eu não tenho razão? Ah, Valentim... todos esses anos e você ainda não levando a sério o que digo...
-Tá, que seja. O fato é que ele realmente está por perto.
-Eu te falei que não acreditava que ele tivesse deixado o Brasil...
-Verdade. Agora o jeito é tentar descobrir por onde ele anda, onde ele se esconde.
-Você não acha bem mais seguro pra todo mundo que a proteção policial seja estendida a todo mundo que for minimamente potencial alvo do descontrole dele? Uma coisa é certa... o Guilherme não tá pra brincadeira, dessa vez ele pode botar pra ferrar com todo mundo.
-O pior é que eu tenho certeza disso. Talvez seja a hora da gente realmente solicitar essa proteção a todo mundo que puder ser atingido pela fúria irracional dele...
-Talvez não. É a opção mais segura, Valentim... vai por mim! Digamos que tenha sido ele o autor dos dois assassinatos misteriosos que ocorreram nos entornos da instituição psiquiátrica penal... se ele foi capaz de matar com as próprias mãos duas pessoas, fato até então inédito, ele pode estar muito pior do que antes de ser preso.
-Mais uma vez sou obrigado a concordar com você, Mara... mas talvez o Guilherme não tenha matado esses caras.
-Mesmo assim, Valentim... isso não exclui a possibilidade real de ele ter voltado bem pior.
-Ainda mais sendo ele o mentor da fuga...
-Exatamente, querido.
-Mara, dá uma agilizada aí senão a gente atrasa?
-Ai, tá! Já vou!
CORTA A CENA.

CENA 3: Vicente finaliza detalhes da planta para complexo de estúdios para futura produtora e chama Marcelo e Rafael para conferirem.
-Bem, queridos... eu espero não estar sendo incômodo... - fala Vicente.
-E eu espero não estar gerundiando... - rebate Marcelo, debochado.
Os três riem.
-Fala, Vicente... o que é isso na sua mão, é o que tou pensando? - pergunta Rafael.
-Se você estiver pensando que é uma planta, é sim. Na verdade, meninos, é um projeto de planta, né. Nunca fui arquiteto na vida e vou repassar essa ideia ainda para algum arquiteto, mas queria mostrar pra vocês, pra saber o que vocês acham da ideia que eu tive. - fala Vicente.
Marcelo e Rafael analisam a planta feita por Valentim.
-Rapaz! Você pode até não ser arquiteto, mas até que teria vocação pra isso, viu? Não basta eu ter um padrasto ator, gente boa pra caramba e ainda por cima multitarefas? Super homem perde, arrasou! - fala Marcelo.
-Concordo com o Marcelo, Vicente. Essa ideia é ótima... e ainda aproveita de uma forma muito inteligente os espaços disponíveis no nosso terreno, dando ainda livre acesso e trânsito para o pessoal que for vir a trabalhar com a gente mais pro futuro... - fala Rafael.
-Nem foi tão difícil assim, meninos. Com o tamanho absurdo desse terreno... - considera Vicente.
-Mesmo assim, Vicente. É como o Rafa disse... a coisa toda foi muito bem pensada. Vai ficar muito bom quando começar a se concretizar... - fala Marcelo.
Os três seguem conversando, empolgados. CORTA A CENA.

CENA 4: Bruno e Cláudio estranham a ausência de Vânia no café da manhã.
-Pai... a mãe não devia ter levantado já? - pergunta Bruno.
-Acordou indisposta, disse que demorou a dormir essa noite, pobrezinha. Pediu pra eu deixar ela dormir mais pouco. - fala Setembrino.
-Mas é normal acontecer isso com ela, Setembrino? - pergunta Cláudio.
-Nada é muito normal desde que os rins dela começaram a falhar, né... mas não é nada que já não tenha acontecido antes. Fiquem sossegados, meus queridos... - fala Setembrino.
-Mas não custa a gente dar uma olhadinha na minha mãe, né? Ver se ela ainda tá dormindo, se tá confortável... - fala Bruno.
-Claro que não, filho. Mas vamos bem devagarinho que ela vira uma demônia se estiver dormindo e for acordada... - fala Setembrino.
-E eu não sei? As patadas sempre sobravam pra você, pai! - diverte-se Bruno.
-Vamos então, gente? - apressa-se Cláudio.
Os três vão ao quarto e encontram Vânia muito pálida.
-Pai, a mãe tá pálida demais... isso não é normal... você me desculpe, mas eu vou encarar a demônia e acordar ela sim senhor! - decide-se Bruno.
Bruno e Cláudio tentam acordar Vânia e notam que ela está desmaiada.
-Seu Setembrino, corre pra chamar a emergência agora que ela tá passando muito mal! - fala Cláudio.
Setembrino liga para a emergência e Bruno se desespera.
-Calma, amor... ela vai sair dessa... - fala Cláudio.
CORTA A CENA.

CENA 5: Horas depois, Bruno, Cláudio e Setembrino aguardam notícias sobre o estado de saúde de Vânia no hospital. O médico aparece e Setembrino o chama.
-E aí, doutor? Como é que a minha mulher tá agora? - pergunta Setembrino.
-Infelizmente os rins dela não voltaram a funcionar. Ela vai ter de ficar internada e constantemente na diálise, pois só assim ela vai ter alguma chance enquanto aguarda por um rim na fila do transplante. - esclarece o médico.
Bruno e Setembrino se desesperam.
-Por que isso foi acontecer justo agora? Tava tudo indo aparentemente tão bem, desde que vocês vieram morar com a gente... - lamenta Bruno.
-Eu nem sei o que dizer, gente... espero que tudo dê certo e a dona Vânia consiga sair dessa com mais saúde que nunca... - fala Cláudio.
-Mas doutor, não tem chance dessa diálise funcionar e os rins dela voltarem a funcionar? - pergunta Setembrino.
-Infelizmente não, seu Setembrino. O caso dela é grave e ela precisa permanecer internada. - fala o médico.
-Pai, não se desespera, por favor. Pensa que se vocês estivessem ainda lá em Coroados poderia ser pior... a mãe poderia ter morrido numa fila de espera sem sequer receber um atendimento digno! - fala Bruno.
-Eu tou tentando não desesperar, meninos... mas é muito duro ver a mulher da sua vida numa cama de hospital, sofrendo por uma doença como essa... - fala Setembrino.
-Tenho plena certeza de que tudo isso vai passar e vai terminar bem, seu Setembrino. Eu sei que é um momento difícil pra todos nós, mas também sei que a dona Vânia é uma pessoa maravilhosa e acima de tudo, é muito forte. - fala Cláudio.
-Que os anjos passem e digam amém... - fala Bruno.
Os três ficam apreensivos. CORTA A CENA.

CENA 6: Suzanne circula por um museu de arte moderna a procura de algum homem para aplicar novos golpes.
-Será possível que não tem um único banana dando sopa por aqui hoje? - murmura Suzanne consigo mesma.
De repente, Suzanne vê um homem aparentemente triste, sentado estático na frente de um quadro.
-Desculpe incomodar, moço... mas você parece triste. Sei que a gente não se conhece, mas se estiver precisando desabafar com alguém, eu sou toda ouvidos... - fala Suzanne, forçando empatia e boa vontade.
-Olá, moça... ando mesmo precisando conversar com alguém sem julgamentos. Me chamo Lauro, e você?
-Suzanne. Prazer em te conhecer. Que tal a gente ir na cafeteria? Acho que é melhor se você estiver precisando desabafar.
Instantes se passam e Lauro desabafa com Suzanne na cafeteria.
-Então foi isso, Suzanne... o amor da minha vida tava me traindo dentro da nossa própria casa o tempo inteiro. E o amante se dizia melhor amigo de infância, acredita?
-Triste demais tudo isso, Lauro... mas é sempre tempo de dar a volta por cima... respirar novos ares. Conhecer outras pessoas, entende?
-Não sei se vou me abrir tão cedo a novos amores. Foram três anos de casamento e nove de relacionamento. Estou destruído por dentro...
-Você não pode se entregar desse jeito, cara... você é jovem, é bonito... vai encontrar alguém.
-Não quero pensar em nada por enquanto... quero esvaziar a mente e o coração.
-Então deixa eu te ajudar a não pensar em nada...
Suzanne tenta beijar Lauro, que a detém antes que o beijo aconteça.
-Espere, Suzanne... acho que você não entendeu algo sobre mim, falha minha de não ter especificado isso antes, mas... eu sou gay. Nada vai rolar entre nós.
-Oh... desculpe. É que te achei bastante atraente. Mas continua falando...
Suzanne se frustra e tenta se safar da situação. CORTA A CENA.

CENA 7: Horas depois, na mansão dos Bittencourt, Márcio conversa com Marcelo enquanto Riva prepara o jantar com o auxílio de Marion, Vicente, Valquíria e Rafael.
-Sei que não te agrada falar nisso, filho... mas eu ainda sinto falta da Suzanne. Sei perfeitamente que ela não vale nada, mas por mais de vinte anos eu estive preso a ela. Fiz tanta coisa errada por esse amor!
-Eu sei que não é nada fácil, pai. Ao contrário do Cláudio, que não quer nem ouvir o nome da fulana por motivos óbvios, concretos e justificáveis, comigo você pode desabafar o quanto quiser... se isso for te fazer bem e te ajudar a se libertar de uma vez por todas, claro...
-Me faz bem poder saber que tenho com quem contar, além da dona Raquel. Principalmente saber que meus filhos estão me aceitando, mas enfim... a verdade é que eu não sei se realmente tenho forças pra me libertar desse amor que sinto pela Suzanne.
-Você não disse ainda agora que a dona Raquel disse que amor não se supera, mas se transforma? Talvez seja a maneira como você esteja encarando tudo isso. Já parou pra pensar nisso, pai?
-É... acho que vocês tem razão...
Márcio continua a conversar com Marcelo. CORTA A CENA.

CENA 8: Cláudio e Bruno chegam sozinhos em casa.
-Ai, amor... eu acho que você devia ter insistido um pouco mais pro seu pai voltar com a gente...
-Não adianta, Cláudio... você não vê como ele é teimoso? Venceu até a mãe pelo cansaço, isso que ela praticamente tava proibindo ele de ficar lá no hospital com ela...
-É... não sei qual dos dois é mais teimoso, Bruno.
-Ali é o sujo falando do mal lavado. Um critica a teimosia do outro, mas se for pra ser justo, os dois estão quites nisso.
-Só espero que encontrem um doador logo pra sua mãe...
-Nem me fala, amor... morro de medo de perder a minha velha.
-Ela é realmente uma pessoa maravilhosa...
-Mas eu pensei numa coisa aqui... aliás, já tava pensando nisso antes da gente sair do hospital.
-Sobre o que, Bruno?
-Essa situação aconteceu rápida demais. Eu entendo que a gente esteja fazendo os nossos planos, mas depois de tudo isso eu acho mais prudente que a gente adie o nosso casamento...
Cláudio se surpreende. FIM DO CAPÍTULO 120.

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