disqus

terça-feira, 18 de outubro de 2016

CAPÍTULO 134

CENA 1: Cláudio vai, apreensivo, até a sala conversar com Valentim.
-Oi, Valentim... espero que o assunto que você tem a tratar comigo não seja o que estou pensando.
-Eu não sei o que você está pensando, mas tem a ver com o Guilherme.
-Ai, meu Deus... que seja pelo menos uma notícia boa. Ele foi recapturado?
-Infelizmente não. Na realidade ele andava se comunicando com algumas pessoas até pouco tempo, como você sabe. Só que faz algum tempo que ele não dá mais sinal de vida e isso pode significar que ele tenha fugido para longe.
-Isso significa algo bom? Porque sinceramente, já chega desse pesadelo, Valentim. Só de pensar que qualquer um de nós pode voltar a correr risco por culpa desse babaca eu fico muito mal...
-Pois pode se tranquilizar, meu querido. Tudo indica que ele tenha fugido do país e que tenha utilizado uma identidade falsa. Para que seja possível descobrir isso, já estou encaminhando investigações mais apuradas. A Interpol já está avisada e com isso, ele não vai mais estar seguro em qualquer lugar do mundo onde estiver, se realmente tiver saído do país com uma identidade falsa.
-Fico aliviado por saber disso, de verdade. Pra me livrar completamente das lembranças desse infeliz, só falta vender o carro que acabou ficando comigo. Assim ele deixa de assombrar de vez.
-Faça isso, Cláudio, mas mesmo diante dessa possibilidade, é importante que você nunca baixe a guarda. Nem você, nem ninguém que possa ser potencialmente um alvo dele.
-Mas você não disse que provavelmente ele nem no país tá mais pra poder fazer algo contra mim ou qualquer pessoa?
-Sim, Cláudio, eu disse... mas veja bem: isso é uma suposição. Cem por cento de certeza só vai ser possível se a Interpol pegar ele... ou se a polícia acabar capturando ele aqui mesmo no Rio.
-Então sinceramente não tou compreendendo muito bem porque você se abalou até aqui pra me dizer tudo isso.
-Eu te explico: foi pra avisar que, apesar de tudo estar aparentemente mais tranquilo, vou estender a proteção policial a vocês por mais algumas semanas, entendeu? É só pra garantir, mesmo. Se você preferir, posso solicitar que mantenham alguma distância de você, inclusive. Sei que você se sente sufocado com essa coisa toda.
-Me sinto mesmo, Valentim. A sensação de estar protegido em si é boa, mas prefiro alguma distância, inclusive porque pessoalmente eu acho isso mais seguro do que dar na cara de qualquer um que estou ou estamos escoltados.
-Perfeito. Eu vou repassar as ordens aos policiais, então. Mas se eu fosse você, Cláudio, eu me tranquilizava de agora em diante. Agora é vida nova e completamente livre, sem temer que algo de ruim aconteça. Você já parou coisas demais nesses últimos tempos.
-Sim, Valentim... mas nem foi tanto pelo medo, é que foi muita coisa em pouco tempo, mesmo. Primeiro a passagem por Coroados, depois os meus sogros vindo morar conosco, depois a dona Vânia precisando de transplante e o Bruno doando um rim... quando vi não tinha mais tempo nem de pensart direito, quanto mais de ir à companhia de teatro por exemplo. Mas agora, que tá tudo mais tranquilo, já dá pra pensar em retomar a rotina como ela era antes.
-Se eu fosse você, eu faria exatamente isso.
-É o melhor que posso fazer por mim e por todo mundo que me rodeia, por todos que amo e por todos que me amam.
-Isso aí, Cláudio. Eu sinto muito se atrapalhei seu momento, mas era meu dever como investigador te falar sobre o que vem acontecendo, afinal você é a parte mais interessada em saber de tudo.
-Relaxa, Valentim. Eu fico na verdade é agradecido por sua consideração... se o Guilherme realmente tiver dado no pé, ainda que não seja o ideal, é melhor pra mim e todo mundo. Queria ver ele preso, trancafiado lá na instituição, mas se isso não tem como acontecer agora, pelo menos já consola saber que a gente pode respirar aliviado depois de tanta tensão que esse demente causou na minha vida e na vida de todo mundo que me rodeou.
-Agora é tempo de começar de novo, Cláudio.
-É exatamente isso que vou fazer. A começar pelo grupo de teatro que morro de saudade.
-Faz bem, rapaz. Bem, agora eu preciso ir porque ainda tenho trabalho pela frente hoje. Fique sossegado, Cláudio.
Valentim deixa a mansão. CORTA A CENA.

CENA 2: Na manhã do dia seguinte, Cláudio chega cedo à companhia de teatro assim que Procópio abre o local.
-Que surpresa te ver aqui, Cláudio! Resolveu voltar de vez, agora?
-Nem devia ter saído, né... mas foi tanta coisa, Procópio... primeiro aquela loucura toda do casamento que foi sem nunca ter sido porque meu santo é forte, depois essa função do Bruno doando rim pra mãe dele... enfim, uma doideira só. Tou podre de chique agora, morando na casa da família, vê se pode?
-Eta vida que nunca para de dar voltas. Se a gente tiver labirintite, se estrebucha no chão!
Os dois riem.
-Senti falta desse seu humor único, Procópio.
-Deixa ver se entendi: isso significa que você tá mesmo de volta?
-Se você não se opuser...
-E por que eu me oporia? Você é um dos atores mais talentosos que já tive...
-Então eu tou mesmo aceito de volta?
-As portas nunca se fecharam, Cláudio. Você sabe como eu sou e deveria saber disso.
-Bem... eu espero que tenha alguma nova peça pintando por aí...
-Digamos que eu tenha algumas ideias. Mas ainda é cedo pra dar mais detalhes.
-Você não muda mesmo, hein? Sempre cheio dos mistérios...
-Faz parte do meu show, como diria Cazuza. Depois, eu ainda tou concentrando todas as atenções na “Segredos de Travesseiro”.
-Tá fazendo um sucesso danado, né? Que sorte que vocês deram... a Laura e os meninos merecem.
-Podia estar em turnê pelo Brasil, se não fosse pela pressão dos mais conservadores. Mas, enquanto a gente não reverte essa arbitrariedade, continuamos apresentando por aqui.
-Nem fale. Acho tudo isso tão absurdo que sinceramente nem consigo encontrar adjetivos pra expressar o que sinto diante dessa gente que fica apontando o dedo pra todo mundo o tempo inteiro...
-Depois dizem que a educação e a arte não libertam... veja o que a falta de conhecimento e falta de sensibilidade artística pode fazer com o ser humano...
-Enquanto isso, os “homens de bem” insistindo que arte é coisa de vagabundo... lamentável.
-Mas... chega de lamúria. É aquele velho ditado: o que não tem remédio, remediado está.
-Ah... mas bem que essa gente de ódio podia sentir o amargo do próprio fel.
-Verdade. Mas enquanto isso não acontece, a gente tem trabalho a fazer. A despeito do que dizem os ignorantes, o trabalho aqui é árduo.
-E eu bem sei disso. Se isso for ser vagabundo... porra... que quer dizer ser trabalhador então, né?
Os dois riem.
-Vem comigo. Daqui a pouco a Mara chega pra definir as dinâmicas do dia.
CORTA A CENA.

CENA 3: Vicente convoca Rafael, Marion, Marcelo e Riva para ensaiarem e gravarem pela primeira vez nos estúdios prontos da produtora.
-Espero que todo mundo esteja bem descansado, porque a gente vai ter uma boa quantidade de coisas a fazer hoje. - fala Vicente.
-Descansado a gente tá, mas eu adoraria saber qual é a ideia que você tá tendo pra hoje... - fala Marcelo.
-Então, gente... como falta ainda fazer os ajustes finais no roteiro do Rafa, eu tava pensando que a gente podia primeiro gravar cada um de vocês fazendo uma espécie de teste... tipo os testes que tem nas emissoras, só que sem valor de avaliação. Eu separei pra cada um de vocês textos escritos por mim mesmo, aleatórios, pra que vocês possam ler e escolher qual vocês se identificam mais, então a partir disso a gente dá uma ensaiada rápida e depois eu gravo cada um de vocês com o texto escolhido. O que acham da ideia? - fala Vicente.
-Adorei a ideia, amor! Assim a gente já pode ir imaginando como é trabalhar aqui. É como se fosse trabalhar na emissora, só que numa escala menor... - fala Riva.
-Com a diferença que nós mesmos definimos nossa escala de trabalho... - fala Rafael.
-Ih, Rafael, vai sonhando. Tão achando que eu não sei ser chefe carrasco? Me aguardem, me aguardem! - brinca Vicente.
-E os textos, Vicente? Onde estão? - pergunta Marion.
-Estão aqui comigo. Vou entregar todos eles a vocês e vocês escolhem o que mais se identificam. A partir disso a gente dá uma ensaiada e depois gravamos. - finaliza Vicente, entregando os textos para todos analisarem. CORTA A CENA.

CENA 4: Victor confidencia a Diogo planos para o futuro.
-O que você acha da gente sair aqui do Brasil depois que a gente se casar?
-Ah, Victor... a gente pode pensar nisso, sim. Mas quais países você gostaria de visitar?
-Então, amor... eu não tou pensando em visita turística.
-Não? Deixa ver se entendi direitinho: você quer que a gente não more mais aqui no Brasil?
-Andei pensando muito em tudo isso ultimamente, Diogo. Você sabe que sempre tive uma ligação forte com a Inglaterra, por causa dos meus antepassados.
-É, mas ainda assim... você não tem parentes vivos lá.
-Só que ainda tenho dupla nacionalidade, bobo. Minha avó materna era de lá.
-Então você tá pensando que a gente podia se mudar pra lá? É isso?
-Não vejo maiores impedimentos pra que isso seja possível no futuro.
-Por você pode não haver impedimentos, mas para mim? Não tenho descendência nem de terceira geração, quanto mais de lá.
-Mas é aí que tá, bobo... você vai estar casado com alguém que tem a cidadania.
-Ai, amor... não sei. Não acha melhor a gente deixar pra pensar nisso outra hora, depois que a gente já estiver com nosso casamento oficializado diante da lei? Porque por mais que você tenha essas facilidades, até onde sei isso exigiria alguns trâmites que podem ser meio demorados, principalmente por minha conta. Depois, não tenho tanta certeza de que me adaptaria a uma vida fora daqui... são culturas diferentes, entende? Não sei se eu suportaria o choque cultural e ainda me deparar com o possível preconceito que pode rolar contra latinos, que é o que nós somos...
-Nossa, Diogo... eu não tinha parado pra pensar em tudo isso. Mas olhando por esse lado, o melhor que a gente tem a fazer agora é focar no nosso casamento, mesmo... pra depois ir pensando no que a gente pode fazer.
-Né não? Então, voltando ao casamento... eu tava pensando que a gente podia chamar aqueles seus ex colegas pra festa, o que você acha?
-Pode ser, amor... mas ainda assim, amigos meus eles nunca foram. São conhecidos.
-Mesmo assim, né... acho que seria de bom tom convidar quem já participou da sua vida em algum momento.
-Pode ser. Mas se eles recusarem o convite, não vou me importar. Os poucos amigos que eu fiz são os seus amigos também... então eu me sentiria melhor numa festa mais íntima, mesmo.
-Não, mas você tá certo, Victor... a festa vai ser mais fechada, mesmo. Até porque não tem muito espaço nesse apartamento e a gente não pode fazer muito barulho pra não correr o risco de pagar multa depois.
-É tanta coisa pra pensar que a cada detalhe novo eu fico é mais empolgado com o nosso casamento...
-Assim que gosto de te ver, amor... animado, feliz, cheio de vida e disposição.
CORTA A CENA.

CENA 5: Adelaide tem uma conversa com Cleiton sobre as ameaças que recebeu recentemente do pastor e dos religiosos.
-Pra mim já foi esgotada qualquer possibilidade de diálogo civilizado com o pastor e com os seguidores dele, Cleiton... já chega de ser intimidada por essa gente.
-Assim que é bom te ver, Adelaide. Cada vez mais firme e segura de si.
-É absurdo tudo isso. Essa gente fala de Deus, de amor, mas tudo o que essa gente deseja é poder. Não é a toa que estão invadindo a política. Não é sobre ensinamentos religiosos... é sobre poder... podre, por sinal.
-Verdade. Acho que nossa militância, principalmente sua futura candidatura, vai ajudar muita gente a sair desse meio tão pernicioso.
-Mas eu quero mais que isso, Cleiton. Eu quero denunciar formalmente o pastor e todo mundo que se envolveu nos esquemas de corrupção daquela igreja.
-Você tem certeza disso, amor? Você sabe que vai ser bastante criticada e perseguida, não sabe?
-Nada sai de graça nessa vida, amor. Se esse for o preço, eu pago.
-Admiro a sua força, Adelaide.
-Não sei se é de se admirar. Mas o que não posso fazer, definitivamente, é me curvar a esse tipo de coisa. Não mais. Já foram décadas de silêncio, acuada por uma série de coisas. Muito antes de eu pensar em deixar a religião eu já me sentia sufocada. Essa gente manipula o medo da gente... faz terrorismo psicológico. Deveriam ser responsabilizados por isso também... quantos jovens LGBT inseridos em famílias de fieis acabam odiando a si mesmos? Quantos tentam suicídio? É isso que eu quero combater com a denúncia. Vidas estão em jogos... ninguém mais merece morrer em nome de Deus algum. A inquisição não pode voltar.
-Depois você não quer que eu te admire, amor... você está cada vez mais forte... a cada dia que passa. Essa luz que vem de você me deixa mais apaixonado ainda por você. Como se nós fôssemos aqueles garotos na faculdade. Cheios de sonhos, acreditando num futuro melhor. Esse brilho no seu olhar só me alegra...
-É, Cleiton... eu acho que essa chama da nossa juventude nunca saiu de mim... já perdi tempo demais num caminho que não era bom percorrer. Demorei muito tempo pra entender que a igreja que frequentamos era completamente contrária a tudo o que a gente sempre defendeu ideológica e politicamente... essas igrejas se alinham com a direita, com o conservadorismo. E eu prefiro distância de tudo isso...
-Faço minhas as suas palavras, amor... mas chega um pouco dessa conversa toda. Porque essa sua chama tá acendendo outra chama, só que em mim.
-Bobo...
Os dois se amam. CORTA A CENA.

CENA 6: Laura vai acompanhada de Haroldo e Mateus fazer uma ecografia.
-Laura Velasquez Vieira, pode vir comigo... - fala a médica.
-Os meninos podem me acompanhar? Eles estão curiosos sobre o bebê, também... - fala Laura.
-Claro que podem. - fala a médica.
-Vamos ficar quietinhos, pode deixar. - fala Haroldo, ansioso.
Laura se acomoda e a ecografia começa a ser realizada.
-A gestação está indo muito bem, Laura. Você está com aproximadamente treze a catorze semanas de gestação e os batimentos do bebê estão dentro da normalidade. Tamanho também está dentro das expectativas... pelo visto você anda se alimentando bem. - observa a médica.
-Estou sim, doutora. E também não deixei de praticar atividades físicas. Nem preciso fazer academia, porque o teatro já me faz gastar bastante energia. - fala Laura.
-Excelente. - continua a médica.
-Doutora, tem como já saber o sexo da criança? - pergunta Mateus.
-Ai, meu Deus! Mal fechei três meses, meninos, vocês sosseguem, viu? - repreende Laura.
-Mas dá pra saber, sim... só vou precisar prestar um pouco de atenção e torcer pro bebê se virar numa posição que seja visível... - fala a médica.
A médica segue examinando e reconhece o sexo da criança.
-É, Laura... já deu pra ver o sexo, sim. Você vai ser mãe de um menino! Parabéns! - fala a médica.
Haroldo se emociona.
-Quer dizer que meu primeiro filho vai ser um menino... gente, que coisa linda! Precisamos pensar num nome pra ele... - fala Haroldo.
-Vamos pensar nisso mais pra frente... talvez só mais pro fim da gravidez, se vocês não se importarem... - fala Laura, emocionada.
Mateus e Haroldo afagam Laura. CORTA A CENA.

CENA 7: Horas depois, Riva, Marion, Marcelo e Rafael estão exaustos de ensaiarem e gravarem seus textos para os vídeos de divulgação da produtora de Vicente.
-É isso, meus queridos. Temos! - fala Vicente.
-Nossa, já tava sentindo falta desse cansaço gostoso... - fala Rafael.
-Verdade, filho. É uma delícia se cansar fazendo o que a gente ama... - fala Marion.
-E vocês foram muito bem. Riva, meu amor... se existia alguma dúvida de que você é atriz de mão cheia, só digo que você arrasou na sua escolha de interpretar a cafetina. Virou outra pessoa e a câmera gosta de você! - fala Vicente.
-Não adianta, nasci com esse amor pela arte. Tenho sorte de viver essa vida agora e poder colocar pra fora essa arte toda... só eu sei o quanto eu sonhei com tudo isso desde garota... - fala Riva.
-Eu também sei, boba... esqueceu que a gente sonhava junto? Velhos tempos... justo a dona Valquíria, que nos proibia até de ter TV em casa, acabou virando atriz depois de idosa... essa vida é mesmo uma coisa muito louca... - fala Marion.
-Tão louca que eu mesmo nunca imaginei que fosse me tornar ator, quanto mais descobrir que o amor à arte vivia desse jeito dentro de mim... - fala Marcelo.
-Aliás, Marcelo... você é outro que arrebentou com a personagem que escolheu. Quando a gente colocar esses vídeos no site da produtora, tudo isso vai bombar, eu sinto! - empolga-se Vicente.
-Que os anjos passem e digam amém! - fala Rafael.
-Falar na produtora, queridos... já decidi o nome. Vai se chamar “Fermata Visual”... a ideia é que isso cause no inconsciente do expectador a sensação de que todas as nossas produções possuem catarses, aquele momento de clímax, aquela pausa dramática... então considerei que juntar música com artes visuais, no nome, seria algo apropriado. - fala Vicente.
Todos seguem a conversar. CORTA A CENA.

CENA 8: Suzanne está no apartamento, apreensiva.
-Preciso dar um jeito de fazer essa investigação parar... senão é bem capaz de acharem que eu tenho alguma coisa com aquele maluco do Guilherme. Até explicar pra polícia que eu só banquei a coisa toda, se descobrirem, pra me livrar de uma vez por todas dele, eu posso entrar em maus lençóis... e depois, ninguém acreditaria que eu só quis proteger meu filho da fúria insana daquele maluco... como é que eu vou conseguir tirar o foco dessas investigações disso, se a minha mãe tá super desconfiada de tudo? Eu devia ter deixado aquele verme se foder sozinho... mas não podia arriscar. O Cláudio poderia correr risco por causa da loucura do Guilherme. Eu tenho mesmo é merda na cabeça, agora eu posso realmente me complicar pela primeira vez com a polícia em todos esses anos justamente para proteger meu filho. Isso não é justo! Eu não quis ser mãe! Eu não nasci pra isso! Ele vive melhor sem a minha presença... talvez nem tivesse se tornado esse menino bom se eu tivesse topado criar o menino como o Márcio tanto insistiu antes dele nascer... ia ter visto a própria mãe aplicando golpes, ia aprender a tirar vantagem de tudo. Nenhuma criança merece isso. Nem o Márcio entenderia porque eu fiz essa escolha. Ninguém entenderia. Eu não presto, nunca prestei... mas criança nenhuma nesse mundo nasce assim, estragada como eu fiquei. Se não fosse a traição do meu pai, talvez eu nunca tivesse me tornado esse monstro. Ele acabou com o que tinha de bom em mim... e eu preciso dar um jeito de fazer essa investigação parar. Vão me associar com o Guilherme quando eu só quis livrar todo mundo dele...
Suzanne segue apreensiva. CORTA A CENA.

CENA 9: Horas mais tarde, Cláudio já dorme ao lado de Bruno e aparecem as imagens de seu sonho.
No sonho, Cláudio e Bruno se casam e andam tranquilos pelas ruas, fazendo planos e se amando.
Logo depois, Cláudio se vê na companhia de teatro, ensaiando primeiro e logo depois apresentando uma cena de uma peça que sequer existe. Durante essa cena, alguém na plateia começa a gritar.
-Fogo! Fogo! Esse lugar está pegando fogo!
Cláudio, ainda no sonho, vê que o teatro está sendo tomado pelas chamas e se desespera. Tenta ajudar Procópio e todos os presentes a apagar o fogo, quando alguém surge em meio às chamas, triunfante e com uma risada maliciosa.
-Estão gostando do showzinho que eu preparei, seus traidores? Agora vocês vão queimar no mesmo inferno que me colocaram!
Cláudio reconhece Guilherme e se acorda gritando.

-Fogo! - grita Cláudio, acordando Bruno. FIM DO CAPÍTULO 134.

Nenhum comentário:

Postar um comentário