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segunda-feira, 10 de outubro de 2016

CAPÍTULO 127

CENA 1: Valentim não se deixa intimidar.
-Eu sei que é você, Guilherme. Você se acha realmente muito esperto, não é? Posso saber o que te deu pra ligar pra mim? Eu podia estar rastreando essa ligação.
-Eu não acho que sou muito esperto, Valentim... eu realmente sou. Suficientemente pra saber quando alguém está blefando.
-Você, melhor que ninguém, entende de blefes.
-Será? Olha que não sou do tipo de cão que costuma ladrar, viu? Prefiro morder. E não mordo se não for pra matar.
-Isso é uma ameaça, Guilherme?
-Entenda como quiser. Mas é bom você lembrar que nem Deus conseguiu te livrar de cair naquela emboscada que eu preparei especialmente pra você. Sua sorte é que eu não fui competente o suficiente em te trancafiar lá dentro. Devia ter colocado blocos de madeira nas janelas, mas... falha minha. Da próxima vez que eu te pegar, eu não vou errar, tá me ouvindo?
-A mim você não engana, Guilherme. Você esquece que também sou psiquiatra e estudei durante anos psicanálise? Não há a mínima convicção na sua voz. É como se você falasse as coisas de uma forma e as sentisse de outra.
-Ih, nem vem começando com esse papo mole que é impossível você me ler pelo telefone. Não seja prepotente.
-Não é prepotência. Admita que você só ameaçou o Ivan, assim como ameaçou o Cláudio e o Mateus antes, por não saber a quem recorrer. Você está perdido, sem rumo desde que fugiu da prisão. Não sabe pra onde correr. Viu sua facção desbaratada e meia dúzia de gatos pingados que ainda colaboram com você se cagando de medo de serem descobertos pela polícia porque eles deram no pé para não serem descobertos. Te ajudam até a página dois, porque precisam conservar suas reputações. Tou falando alguma mentira?
-E se tudo isso for verdade? O que te leva a acreditar que eu pediria socorro a você?
-Saber que eu sou psiquiatra. O Alceu você não procuraria, porque sabe que ele te denunciaria.
-Isso nem faz sentido. Estou ligando de número privado. Se eu quisesse pedir ajuda a alguém, pediria ao Alceu.
-Você está mentindo, Guilherme. Pare de se enganar. Você sabe que eu sou o único que pode te ouvir sem te julgar, pois até mesmo Alceu te julgaria. Pelo menos, na sua crença.
-Tá certo, Valentim... você venceu. A verdade é que eu fiz merda logo que fugi. Tava naquela coisa de achar que podia tudo, que era invencível. Matei os meus dois cúmplices e saí dali como se nada tivesse acontecido. Depois que voltei a mim, me dei conta do que tinha feito. Em todos os anos de facção, eu nunca tinha matado ninguém com minhas próprias mãos. Sempre mandei fazerem o serviço por mim. Mas eu me tornei um assassino. Me desesperei com a possibilidade de um deles ser pego e falar demais, sobre nosso plano de fuga. Matei os dois porque prometi uma coisa que não poderia cumprir.
-O que você prometeu, Guilherme?
-Emprego pros dois. Menti que a facção existia, ainda. Eu sei que a facção foi desbaratada na sequência da minha prisão. Mas eles não sabiam disso. Eu usei os dois... e depois, quando me arrependi, já era tarde, porque os doidos iam grudar feito carrapato em mim. Iam me cobrar o que prometi. Poderiam até me matar. Então eu me antecipei e matei os dois antes que eles fizessem isso comigo. Mas fiquei chocado comigo mesmo depois. Me desesperei. Me senti um monstro... um monstro que eu não pensava que realmente pudesse ser.
-E foi por conta de tudo isso que você resolveu começar com essa série de ameaças a cada um dos que você considera seus devedores?
-Não sei, Valentim. De verdade... eu não sei. Eu tou cagando pro Mateus, pro Ivan ou pro Haroldo... ou pra qualquer um que tenha cruzado o meu caminho e o caminho do meu pai em algum momento. Mas o Cláudio me deve até a alma... foi ele que acabou com a minha sanidade. Foi ele que me deixou enlouquecer. Foi ele que me abandonou duas vezes. Ele tem que pagar por isso.
-Tire isso da cabeça, Guilherme... raciocine comigo: por que ele tem que pagar pelas mazelas que são suas? Você seria esquizofrênico de qualquer forma. Isso independe da influência que o Cláudio possa ter tido no processo que desencadeou o primeiro surto. O transtorno nasceu com você. Não é justo nem correto você querer acabar com a vida dele. Já não basta tudo o que você armou? Você manipulou e chantageou Diogo, Haroldo e quase tirou o Bruno do caminho do Cláudio. Você queria o Cláudio só pra você, mas isso não é amor... isso é obsessão. E tem tratamento. Mas para isso, você vai precisar se entregar. Na instituição você pode seguir sendo tratado e acompanhado.
-Não posso me entregar. Não agora, Valentim. Eu quero recomeçar minha vida. Não sei como nem onde... não sei nem se vou mudar de nome. Talvez eu mude. Talvez eu esqueça quem eu fui durante esses vinte e dois anos.
-Você precisa de ajuda, Guilherme. Você vai ter essa ajuda se aparecer e se entregar.
-Vou tentar por mim mesmo. Me testar. Provar a mim mesmo que posso. Eu quero a liberdade, eu quero a vida, eu quero merecer a vida. Mas quer saber? Nem sei porque te liguei. Eu não devia ter feito isso.
-Se fez isso, é porque sentiu necessidade de pedir socorro.
-Pare de tentar me ler, que saco!
-Então desliga, ué.
-É isso mesmo que eu vou fazer!
Guilherme desliga e Valentim fica pensativo. CORTA A CENA.

CENA 2: Na manhã do dia seguinte, Marcelo vai à casa de Cláudio.
-Que milagre o Rafa não vir, mano. - fala Cláudio.
-Ele é meu marido, não meu irmão siamês, não nascemos grudados... - fala Marcelo.
-Eu fiz uma torta de limão, se você quiser experimentar... - fala Bruno.
-Tá vendo como esse daí é teimoso, Marcelo? Mal se segura, tá sempre arranjando alguma coisa pra fazer mesmo com a recomendação de manter repouso... - fala Cláudio.
-Nem começa, Cláudio. Cozinhar não é esforço nenhum e eu ia ficar maluco de não fazer nada. Depois, é a torta preferida da mãe e do pai. - fala Bruno.
-Enfim, queridos. Eu vim aqui porque eu andei conversando com o Rafa e com a mãe... com o pessoal lá em casa pra ser mais exato. - fala Marcelo.
-Mas o que vocês andaram conversando sobre nós? Bem que o seu irmão falou que você é viada ladina fofoqueira... - brinca Bruno.
-Cês combinam tanto que tem até o mesmo tipo péssimo humor que eu adoro! - fala Marcelo.
-Fala, mano. O que vocês andaram conversando? - fala Cláudio.
-A gente queria convidar vocês quatro, ou seja, incluindo seus pais, Bruno, para irem morar com a gente lá na mansão. - fala Marcelo.
-Como é que é? Mas viada, eu tenho a minha vida aqui, essa casa eu comprei com meu dinheiro, sabe? É minha... eu agradeço pelo convite, mas não sei se quero ir embora daqui. Não quero colocar essa casa pra vender. - fala Cláudio.
-Ai, pelo visto vai ser difícil te explicar o óbvio, né? Você é meu irmão e sobrinho da minha mãe, esqueceu desse detalhe? Isso faz com que estejamos todos em família... - insiste Marcelo.
-Sim, Marcelo, mas eu não sou da família, não tenho o mesmo sangue que você e nem meus pais. A gente não quer dar trabalho nem parecer aproveitador, só porque tou com o Cláudio, que é rico por tabela... - fala Bruno.
-Pelo menos pensem com carinho, queridos... você fala com seus pais pra ver se eles topam, pode ser, Bruno? Eu gostaria que vocês pensassem em tudo isso, porque o papo aqui não é sobre dinheiro, mas sim sobre família. Depois, aquela nossa casa já é tão cheia... e tão grande, sabe? Sempre tem espaço pra mais um. Tá certo que não é um espaço infinito, mas nós temos justamente dois quartos que não estão sendo utilizados ainda, tudo isso porque os falecidos pais do Ivan foram exagerados na hora de mandar construir a casa... - continua Marcelo.
-Tá bom... por mim eu aceito. E você, Bruno? - fala Cláudio.
-Por mim eu acho de boa. Preciso consultar meus pais pra saber se eles também topam... - fala Bruno.
CORTA A CENA.

CENA 3: Horas mais tarde, Diogo e Victor retornam do cartório.
-Finalmente temos uma data definida pro casamento...
-Nem me fala, Diogo. Pode parecer pouco, mas foi o suficiente pra eu já me sentir casado com você.
-O que não deixa de ser verdade, levando em conta a vida que a gente tá levando nesse último ano...
-É, mas mesmo assim. Daqui duas semanas a gente vai ter tudo isso oficializado diante da lei. Nossos direitos garantidos.
-Bem que podiam ser mais direitos, né? Se não fossem aqueles conservadores pensando que nós queremos privilégios, quando na verdade só lutamos pelos nossos direitos básicos...
-Melhor nem falar sobre isso agora, amor... vamos focar no lado positivo de tudo isso. Afinal de contas, se isso fosse há dez anos, a gente nem estaria planejando essa união. No máximo estaria assinando contrato de união estável e teríamos ainda mais restrições do que as que ainda temos.
-Eu tava pensando que a gente podia aproveitar e ir naquele restaurante maravilhoso ir almoçar, né?
-Acho ótima a ideia. A gente se poupa do trabalho de cozinhar e já vai comemorando esse passo que a gente vai dar daqui duas semanas...
-Vamos, então?
-Sim. Só deixa eu trocar de roupa?
-Claro!
CORTA A CENA.

CENA 4: No consultório de Valentim, Mara pede um momento da atenção dele.
-Querido, desculpa interromper mais uma vez o seu trabalho, mas acho que nós precisamos conversar.
-Você nunca me interrompe, Mara... pode falar.
-Mais uma vez, volto a falar sobre o caso do Guilherme.
-Você acha que tem algo a acrescentar sobre esse assunto? Ele realmente pareceu estar cansado de tudo e disposto a deixar todo mundo em paz.
-Só não dá pra você encarar essa situação exclusivamente com os olhos de psiquiatra, entende? Veja com os olhos de investigador que eu tenho certeza que você logo vai perceber que tem algumas pontas soltas, além do fato óbvio de que ele continua sendo um foragido e de periculosidade incalculável.
-Sim, por esse lado você está certa e em momento algum considerei cessar as investigações sobre o paradeiro dele. Cedo ou tarde ele vai ser pego.
-Já parou pra pensar que ele é bastante inteligente e articulado? O suficiente inclusive para manipular até um psiquiatra e investigador como você?
-Onde exatamente você tá pretendendo chegar, Mara?
-Na parte de que ele pode estar pensando em tudo. Ele não teria confessado que matou os dois cúmplices na fuga se não quisesse deixar uma mensagem subentendida nisso: que ele pode voltar a matar. Ele pode estar fazendo essa pose de arrependido pra ganhar tempo. Manipular você e a nós investigadores, para que adiemos as investigações ou a deixemos em segundo plano...
-Sabe o pior de tudo, Mara? Você tá coberta de razão. Essas ações dele podem ser para dispersar as nossas atenções. Para o Mateus e para o Ivan é lógico que ele blefou, mas a coisa complica quando chega no Cláudio...
-Esse é o nosso principal problema. Guilherme insiste em culpar Cláudio pela ruína mental que é dele. Atribui a ele tudo o que aconteceu de ruim a ele nos últimos anos.
-De fato, Mara... ele nunca superou a rejeição. Achou que o Cláudio estaria esperando por ele toda a vida. Se frustrou quando percebeu que não.
-Não sou psiquiatra, Valentim, mas posso garantir que esse rapaz não aprendeu a seguir em frente. Acaba fugindo das próprias responsabilidades e como forma de compensar essa incapacidade, projeta suas frustrações no primeiro que ele puder apontar como culpado. O que ele sente pelo Cláudio nunca foi amor, mas sim uma obsessão alimentada e cultivada pela frustração que Guilherme sente por nunca ter conseguido de fato manipular o Cláudio... quando chegou perto de conseguir isso, teminou desmascarado pelo Mateus e preso. Mas ele não enxerga o Mateus como responsável por tudo isso: pra ele, a culpa dele ter entrado na vida de crimes iniciada pelo pai ainda é do Cláudio.
-Mais uma vez, querida... você está coberta de razão.
Os dois seguem conversando. CORTA A CENA.

CENA 5: Vicente acompanha o início das obras do complexo de estúdios no terreno da mansão e no terreno vizinho, já comprado. Riva o chama.
-E aí, amor? Tá feliz?
-Feliz é muito pouco pra definir o que tou sentindo agora. Um sonho que alimentei por anos tá começando a se tornar realidade e de uma maneira tão rápida que às vezes eu me belisco pra ver se não tou sonhando.
-Você não tá sonhando esse sonho sozinho, Vicente... eu, Marcelo, Rafael e Marion estamos sonhando junto. Vovó também, tenho certeza, vai sonhar com a gente. Aliás, acho que nunca te contei que ela tinha o costume de escrever ficções, né?
-Realmente, Riva... não lembro de você ter contado com isso.
-Ela sempre sonhou com vida de artista, mesmo nos tempos difíceis que ela foi uma megera pra disfarçar a própria frustração.
-Sim, disso eu já sei...
-Pois então: eu tava pensando que mais pra frente a gente podia falar com ela sobre isso, pra você avaliar se valeria a pena produzir algo que ela escreveu. Mas vamos precisar de tempo e tato pra isso, porque ela morre de vergonha de tudo o que escreve.
-Não vamos passar por cima do tempo da dona Valquíria... se um dia ela se sentir preparada pra mostrar esses escritos pra gente, aí sim dá pra pensar no que pode ser feito.
-Foi exatamente o que pensei, Vicente. Se tem uma coisa que ela detesta nessa vida é se sentir exposta sem necessidade.
-Acho que ninguém gosta, né? Em algum momento isso até serve de filtro na vida da gente, pra gente saber separar as pessoas que respeitam nossos espaços das que não respeitam.
-Vish, esse papo todo até me lembrou da Suzanne.
-Né não? Aquela ali nunca respeitou o espaço de ninguém.
-E nem vai, pelo andar da carruagem. Sorte que o Márcio pelo menos não tá mais caindo no jogo sujo dela.
-Isso nem sorte é, amor... é juízo e caráter. Mas vem comigo, olha só que coisa linda que já tá ficando a fachada!
Vicente e Riva acompanham a construção. CORTA A CENA.

CENA 6: No restaurante, já comendo a sobremesa, Diogo desabafa seus temores com Victor.
-Sei que a gente veio comemorar, que o momento é pra gente relaxar e tudo mais, mas não consigo parar de pensar em todas as coisas ruins e péssimas que aconteceram nos últimos anos com o Cláudio.
-Pra que relembrar tudo isso justo agora, Diogo? Você já não tinha dito que você superou completamente o fato de ter sido obrigado a terminar com ele?
-Mas isso realmente foi superado. Ainda mais depois de esclarecida toda a verdade. Só que é o Guilherme que me assusta. Você sabe que ele está foragido.
-Sim, mas queimado do jeito que o sujeito tá, sem facção pra dar cobertura, como que ele pode fazer alguma coisa? Mais fácil ter dado no pé...
-Ainda assim, Victor... eu temo pela segurança do Cláudio... aliás, não somente pela segurança dele, mas pela segurança do Bruno e dos pais dele.
-Ai, Diogo, não adianta ficar com medo disso agora. O que a gente pode fazer efetivamente pra mudar alguma coisa? Nós somos da polícia? Não. Não acha mais fácil falar com o Valentim? A gente podia aproveitar que eu tenho consulta com ele ainda essa semana e você já vai e fala com ele. Pergunta como as coisas realmente estão e o que ele sabe sobre o Guilherme, se é que ele sabe de alguma coisa... não acha que vai ser melhor assim? Agora, ficar tocando nesse assunto nesse nosso momento de comemoração só vai servir pra quebrar o nosso clima de felicidade e expectativa pelo nosso casamento.
-Você tem razão, amor... desculpa por entrar nesse assunto.
-Não tem motivo pra pedir desculpa... só vamos tentar relaxar em relação a tudo isso, tá?
Os dois seguem a conversar sobre amenidades. CORTA A CENA.

CENA 7: Horas depois, Laura, Mateus e Haroldo chegam ao hotel acompanhados de Procópio, exaustos e satisfeitos por mais um dia de apresentação em São Paulo.
-Gente do céu! Eu nunca imaginei que o barato de estar no palco fosse tudo isso! Chegar ao fim da peça e ver todo aquele público ovacionando, aplaudindo de pé... é algo lindo demais! É como uma droga, gente... vicia! - fala Haroldo.
-Não disse que eu tinha olho cínico... digo, clínico pra essas coisas? Desde o começo eu sabia que você tinha nascido pra ser ator! - vibra Laura.
-Tava sentindo falta era desse cansaço bom. Se apresentar em turnê faz a gente gastar mais energia que um dia inteiro de estúdio, mas não tem nem comparação! - fala Mateus, sorrindo e deitado na cama.
-Nem eu tava esperando por esse sucesso todo, mas ele só foi possível porque vocês escreveram o texto dessa peça comigo, sugerindo e escrevendo as falas dos personagens, enfim... sozinho talvez eu não conseguisse captar a essência de cada personagem que eu mesmo criei, inspirado em vocês. E ninguém melhor que vocês mesmos para extrair a essência. - fala Procópio.
-É, Procópio, só que no meu caso eu tive que extrair uma essência bem do meu lado B... aliás, melhor seria dizer lado Z, porque transformamos meu personagem numa pessoa neurastênica e problemática. Provavelmente eu seria assim em um universo paralelo! - brinca Laura.
-O que tá me deixando completamente surpreso e perplexo é a maneira como todo mundo insiste em me dizer que minha atuação é grandiosa, irrepreensível, essas coisas. Não paravam de me elogiar, gente! Eu não sei lidar com elogios, dá vontade de enfiar a cara num buraco... - desabafa Haroldo.
-Isso é um misto de timidez com insegurança. E isso faz de você mais fofo ainda... - derrete-se Mateus.
-Tirem as crianças da sala! Isso significa: Procópio, dá o fora que eles vão fazer coisas proibidas para pessoas mais puritanas! - brinca Laura.
-Eu estou muito orgulhoso de vocês, do nosso sucesso, da maneira como a peça vem sendo recebida. Bem, vou deixar vocês descansarem. Boa noite! - fala Procópio.
-Descansar é a última coisa que a gente vai fazer... - fala Haroldo.
CORTA A CENA.

CENA 8: Cleiton nota que Adelaide circula inquieta pela casa.
-Vem dormir comigo, amor! Já são quase meia noite! O que te deu pra ficar andando de um lado pro outro nessa casa?
-Não sei, Cleiton... um aperto no peito, um negócio esquisito.
-Você tá bem? Quer que eu pegue o aparelho de medir a pressão?
-Não, amor... de saúde eu tou bem. Não é nada físico... só tou com uma sensação ruim... o peito apertado, pensamento preocupado e alguma coisa abafada aqui dentro.
-Quer falar sobre isso, Adelaide?
-Não sei se vale a pena dizer.
-Confia em mim, querida.
-Eu acho que isso é uma espécie de pressentimento ruim.
-Com o que?
-Não sei dizer. Não sei se tem a ver comigo, com as meninas ou se tudo isso não passa de paranoia minha.
-Será que isso não é mais uma daquelas crises de ansiedade que você costumava ter com mais frequência antes?
-Acho que não. Mas acho que vou tomar um chá pra ver se o sono vem de uma vez...
-Eu faço o seu chá, amor... fica aqui esperando que eu já venho. Não há de ser nada demais.
CORTA A CENA.

CENA 9: Laura, Haroldo e Mateus circulam felizes pela Vila Madalena.
-Ai, Haroldo... melhor ideia foi essa que você nos deu. Andar na Vila Madalena não podia faltar no nosso roteiro de turistas antes da gente ir embora daqui de São Paulo... - fala Mateus.
-Me deu foi vontade de tomar uma cerveja bem gelada agora, mas daí eu lembrei que não é legal beber durante a gravidez. Vocês podiam me ajudar a pensar em alguma alternativa, né? - fala Laura.
-Claro, amor! A gente vê o que pode fazer... - fala Haroldo.
Um grupo de pessoas encara os três e Mateus nota.
-Gente... vamos saindo de fininho daqui que aquele grupo de pessoas ali do outro lado da rua não parece estar nada amistoso. Olhem discretamente o jeito que eles estão encarando a gente... - alerta Mateus.
Os três caminham para longe do grupo, que os segue. Um homem grita.
-Vocês vão morrer, degenerados!
Mateus, Haroldo e Laura começam a correr. FIM DO CAPÍTULO 127.

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