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sábado, 15 de outubro de 2016

CAPÍTULO 132

CENA 1: Riva fica perplexa diante de misteriosa senhora e a reconhece de quando foi orientada a jogar na loteria.
-Eu sei que prometi que vocês nunca mais iam me ver. E eu estava dizendo a verdade, Riva. Mas se você deixar eu entrar na sua casa, eu vou explicar porque eu tive de voltar. - explica a misteriosa senhora.
-Claro que pode entrar, mas eu nem sei seu nome... - fala Riva.
-Me chame de “dona velha”, mesmo. Por mais inusitado que isso possa parecer, eu sei que você diz isso de coração, pois é uma alma boa... - fala a misteriosa senhora.
-Então entre, por favor, “Dona Velha”. A casa é sua e... eu sou muito grata por você ter sugerido que eu jogasse na loteria...
-Eu sabia que você ganharia, boba. Eu sei das coisas... sempre soube. - fala “Dona Velha”.
Riva chama misteriosa para apresentar a todos.
-Queridos, é com muita alegria que apresento a vocês “Dona Velha” - fala Riva.
-Eu tou reconhecendo essa senhora, mãe... foi ela que apareceu do nada no nosso apê ano passado, dizendo pra você jogar na loteria. E ela sabia também das coisas que eu ia passar... sabia que eu ia encontrar o verdadeiro amor e agora eu tou casado com o Rafael... - espanta-se Marcelo.
-Qual é seu nome, minha senhora? - pergunta Rafael.
-Me chamem de Dona Velha, adorei esse apelido que a Riva arranjou pra mim. - afirma a senhora.
-Você parece uma pessoa tão boa, nem parece desse mundo... - constata Vicente.
-Eu não estou aqui? Então eu sou desse mundo, Vicente... - fala “Dona Velha”.
-Mas ele tem razão... você tem um brilho, uma coisa especial. Uma luz, algo que nem sei como explicar... - fala Vânia.
-Ah, Vânia... obrigada pela generosidade de seu olhar sobre mim... - fala “Dona Velha”.
-Como é que você sabe meu nome? - espanta-se Vânia.
-Gente, não se assustem... eu sei das coisas. Vocês chamam isso de mediunidade, não chamam? Pois que seja... eu sei do nome de todo mundo aqui. E da história de cada um... sei, por exemplo, que você acaba de renascer graças ao seu filho Bruno... - fala “Dona Velha”.
Todos olham impressionados para misteriosa senhora, que segue a falar.
-E você vai viver muito ainda, Vânia... vai passar dos noventa com tranquilidade. Vai ver seus dois netos, que Cláudio e Bruno vão adotar, crescerem e ter seus próprios filhos. E ah, dona Valquíria: não perca tempo temendo a morte... o seu aneurisma está desaparecendo e quando você for ao médico outra vez, não vai ter mais nada. Ninguém vai saber explicar o que houve, mas é que sua vida começou agora, desde o momento que seus sonhos se tornaram realidade. Vai passar dos cem anos e ainda vai fazer sucesso na carreira... você, Mariana, vai se tornar uma médica que vai viajar o mundo ajudando pessoas necessitadas...
Todos ouvem atentamente misteriosa senhora.

CENA 2: Riva pede um momento para conversar a sós com “Dona Velha”.
-Eu sei que tava todo mundo empolgado com as coisas que você tava falando sobre eles... e você é boa mesmo, dona velha... sabe coisas do passado de todo mundo aqui, impressionante! - fala Riva.
-Eu sei que você precisa conversar comigo. Fique tranquila. Suzanne não vai mais ser uma ameaça pra você. Não se espante se, de uma forma torta, ela acabar se redimindo futuramente.
-Redenção pra uma psicopata? Me desculpe, dona velha, mas acho que dessa vez sua anteninha falhou...
-No fundo, você sabe que ela não é isso. Ela escolheu não amar. Mas existe algo de bom dentro dela. Um dia isso vai ficar provado... mas nesse dia, ela vai pra longe e vocês nunca mais vão saber dela.
-Ai, cheguei a me arrepiar aqui, dona velha. Mas fico tranquila de saber que ela não representa ameaça.
-Lá no fundo ela tem uma luz... falta a ela mesma enxergar essa luz. Mas não vamos mais falar de Suzanne. Chame Márcio para jantar aqui com vocês. Eu preciso ter uma conversa séria e definitiva com ele.
-Sobre o que?
-Não se assuste e nem duvide do caráter dele. Ele é repleto de bondade e luz e se insistiu na Suzanne por tantos anos, foi por ver o potencial dela. Chame Márcio, eu realmente preciso falar com ele.
-Está certo... eu chamo agora mesmo.
CORTA A CENA.

CENA 3: Poucos instantes depois, misteriosa senhora conversa com Cláudio.
-Você é um menino de coração incrivelmente generoso. Se importa de me dar suas mãos? Quero sentir um pouco mais da sua essência, se isso não for te assustar... - fala “Dona Velha”.
-Eu posso mesmo te chamar de “Dona Velha”? - pergunta Cláudio, estendendo suas mãos.
-Me sinto bem sendo chamada assim, menino... você realmente passou por muita coisa difícil nessa vida. Foi abandonado pela mãe biológica e seu pai lutou por anos pra saber onde você estava. Ele realmente sempre te amou e fez o possível pra te encontrar, mas a visão estava prejudicada. Vejo que você teve a sorte de ter pais adotivos que lhe amaram mais que tudo nessa vida e que ainda muito jovem teve de aprender a viver sem eles... o desencarne deles foi traumático pra você, mas você cresceu demais através dessa dor. Passou por muitas dificuldades e desilusões, quase caiu nas garras de um amor obsessivo, mas ainda tem um lado seu que precisa melhorar... você precisa aprender a ser menos exigente com as pessoas, meu querido. As pessoas sempre mentem e não fazem por mal. Você já amadureceu muito nesses últimos anos, só falta aprender a não exigir dos outros o que você mesmo não pode fazer.
-Nossa... isso tudo é realmente verdade, dona velha... você sabe mesmo das coisas.
-E vou mais longe, meu querido: aproveite que você tem o seu verdadeiro pai de volta agora. Ele tem muito amor a te oferecer. A você e a seu irmão Marcelo. Vocês são as verdadeiras razões de ele ainda estar nesse mundo. Aproveite enquanto houver tempo de aproveitar. A gente nunca sabe quando uma encarnação pode acabar...
Cláudio se assusta. CORTA A CENA.

CENA 4: Procópio vai à casa de Laura, que o recebe.
-Que surpresa, Procópio! Podia ter ligado avisando que vinha. Quer falar sobre nossos novos ensaios? Entre, por favor... - fala Laura.
-Na verdade eu queria conversar com vocês três, é sobre a peça, mas não é uma coisa muito boa... - fala Procópio.
-Fala logo, cara! Já tou ficando nervoso... - fala Haroldo.
-Então, gente... devido ao incidente ocorrido em São Paulo, houve um cancelamento temporário da nossa turnê pelos teatros do Brasil... isso significa que até segunda ordem, nós não viajamos mais com nossa peça. “Segredos de Travesseiro” vai ficar nesse período restrita ao Rio, mesmo... à nossa companhia de teatro. Mas a agenda continua a mesma: daqui alguns dias as apresentações retornam normalmente. Só que sem turnê. - fala Procópio.
-Triste saber disso, Procópio... justo agora que a gente tá num ótimo momento das carreiras... - lamenta Mateus.
-O pior é dar esse gostinho de vitória pra esses parasitas sociais que são esses conservadores... mas a batalha está perdida, não a guerra! - afirma Laura.
-É assim que vocês devem se manter: firmes. Eu lamento que tenha vindo só pra dar essa notícia chata a vocês, mas também estou triste com tudo isso. Vamos fazer nossa peça acontecer de qualquer maneira. - fala Procópio.
CORTA A CENA.

CENA 5: Horas depois, Márcio chega à mansão dos Bittencourt e se depara com misteriosa senhora.
-Quem é essa senhora? - pergunta Márcio à Riva.
-Uma amiga. Ela disse que precisa conversar com você. - esclarece Riva.
-Comigo? Mas o que eu tenho a conversar com essa senhora que não conheço? - estranha Márcio.
-Eu te conheço, Márcio. Sei das coisas erradas que Suzanne te obrigou a fazer. Sei que você sempre acreditou na redenção dela e agora tá desiludido. Venha comigo à edícula, eu sei que você não quer ninguém ouvindo... - fala “Dona Velha”, segurando Márcio pela mão.
-Senti confiança em você, senhora... não sei por que. Qual seu nome?
-Me chame de “Dona Velha”, é assim que Riva sempre me chamou.
-Tá certo. Mas o que você precisa conversar comigo?
-Você é médium e sabe disso, não sabe, Márcio? Eu vou colocar minhas mãos sobre sua testa e você vai ver... e enquanto você vê eu vou lhe dizendo as coisas, certo?
-Certo... sou meio médium, mesmo.
“Dona Velha” coloca as mãos sobre a testa de Márcio e começa a falar.
-Você está vendo o que vai acontecer em pouco tempo. Você sabe que tem uma escolha vital a ser feita, não sabe?
-Eu sei. Mas tenho medo de falhar. Vejo meu filho correndo risco.
-Por favor, Márcio... não diga nada. Deixa que eu falo... você vai se ver diante de uma situação extrema. Vai ter que agir rápido se quiser salvar as vidas que correm risco. Você sabe que isso pode ter um preço alto. Agora eu pergunto: você se dispõe a pagar esse preço?
-Eu pago qualquer preço por amor, dona velha.
-Faça o que o seu coração mandar e não tema as consequências disso.
-Eu não tenho medo. Eu sei que a vida não é só isso aqui.
-É bom que saiba disso.
Cláudio, sem ser notado, escuta a conversa dos dois e se assusta. CORTA A CENA.

CENA 6: Eva e Renata recebem entregas em sua casa.
-Gente, quantas doações! Nunca imaginei que iriam haver tantas doações para nossa ONG em tão pouco tempo!
-Nem eu, Renata. Confesso que ainda tou surpresa!
-Mas tou achando isso ótimo. Quem não tá podendo doar dinheiro, tá doando o principal para a ONG: roupas, cobertores, enfim... coisas básicas para garantir pelo menos moradia transitória pra quem estiver em situação de risco e estiver buscando abrigo.
-Isso é verdade. Me empolga saber que tem tanta generosidade nesse mundo, tanta gente disposta a garantir não somente segurança pra quem precisa de proteção, mas também o mínimo de conforto e dignidade.
-Às vezes fico pensando, Eva... em como a vida é louca e dá voltas. Nunca pensei que ajudar as pessoas pudesse ser tão gratificante... e olha que a coisa mal começou!
-Verdade, amor... daqui em diante, vai ser mais coisa boa ainda. Fazer o bem faz bem!
-É bom demais sentir essa positividade, esse amor no meio de tanta coisa que ainda tá errada nesse mundo.
-São esses fachos de esperança, de luz e de amor que me dão a certeza de que de uma forma ou de outra, a gente sempre pode fazer limonada dos limões que a vida nos dá...
-Ih, não fala isso muito alto pra não chegar aos ouvidos da Beyoncé!
-Boba... me ajuda a colocar as caixas ali naquele canto pra gente levar pra ONG quando der?
-Claro!
CORTA A CENA.

CENA 7: Guilherme, com identidade e passaporte falsos, consegue dar check-in no aeroporto e tão logo sai do guichê em que foi atendido e ruma em direção à fila que se forma para seu voo, liga para Suzanne.
-Tá podendo falar ou tá muito ocupada pensando na próxima estratégia de enrolar algum banana?
-Pelo nível do seu sarcasmo, presumo que tá tudo certo, Guilherme.
-E está mesmo. Saiu tudo como combinado. O dinheiro que você mandou foi fundamental pra eu conseguir um bom resultado com esses documentos. Agora me chamo Henrique, é mole?
-Que bom pra você. Conseguiu dar check-in já?
-Acabei de conseguir. Os trouxas nem desconfiaram de nada. Agora é só esperar alguns minutos e partir para Nova Delhi.
-E vê se fica um bom tempo lá pela Índia, viu? Assim a poeira toda abaixa. Aliás, nem precisa voltar pro Brasil se não quiser.
-Quem você pensa que é pra dizer o que eu devo fazer, mulher? Eu já disse que quero começar uma vida nova. Mas quem decide se fica ou se muda de ideia sou eu. Não se meta nisso.
-Me meto a partir do momento que eu te paguei muito bem pra você dar no pé. Não quero saber de você chegando perto do Cláudio.
-Que seja. Liguei pra dizer que tá tudo certo e não deu nada errado.
-Se era só isso, então estamos conversados. O resto você já sabe muito bem. Boa viagem e não volte tão cedo.
Suzanne desliga e Guilherme aguarda o voo. CORTA A CENA.

CENA 8: Misteriosa senhora apelidada de “Dona Velha” deixa mansão dos Bittencourt e deixa todos maravilhados por sua visita.
-Gente, que mulher maravilhosa! Por fora uma senhorinha, por dentro uma sábia que nunca vi igual! - exclama Rafael, mesmerizado.
-Maravilhosa, mesmo. Um ser de luz... logo eu que nunca fui de botar muita fé na espiritualidade, me deparei com a certeza de que ela é bem real na vida da gente hoje... mas fiquei encucado com uma coisa. Não sei se devia, gente... mas eu ouvi o que ela conversou com o pai... - fala Cláudio.
-Ai, Cláudio... você não toma jeito com essa curiosidade. O que foi dito? - pergunta Marcelo.
-Coisas sérias. E eu estou com medo que nosso pai vá morrer. - fala Cláudio.
FIM DO CAPÍTULO 132.

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