CENA 1: Barra de São João, 1992.
Marinete está voltando de mais um
dia de trabalho como vendedora ambulante, acompanhada da filha Riva e
da irmã Marion. Riva é uma criança de 11 anos e Marion uma
adolescente de 16. Ambas demonstram muito entrosamento e amizade,
como se fossem irmãs, esquecendo-se do fato de que Marion na
realidade é tia de Riva. Ambas correm na frente de Marinete como
duas crianças. Marion, sempre líder, pede para as duas pararem.
-Espera, Riva! Eu tenho uma ideia!
-Que ideia é essa, Marion? Não
vai me dizer que você vai pedir pra minha mãe...
-Exatamente isso que cê tá
pensando, Riva!
-Cê não tem medo do que a vó
pode fazer com a gente?
-Ela que se atreva! Deixa que com a
minha mãe eu me entendo depois se for o caso, mas do jeito que eu
tou pensando a coisa, não tem como dar errado!
-Ai meu Deus, lá vem você de novo
com essa mania de enfrentar a megera, Marion!
Marinete escuta a conversa da irmã
e da filha enquanto elas rumam em direção a ela.
-Ah não! Vocês não se cansam de
bater de frente com mamãe?
Riva protesta.
-Ah, mãe! O que é que tem? A
gente gosta de brincar de teatro!
-Viu só, mana? Até a Riva já tá
aprendendo a enfrentar aquela megera!
-Aquela megera, Marion, é nossa
mãe e avó da Riva! Mais respeito!
-Respeito? Não me venha com essa
passividade odiosa, Marinete! Me poupe!
-Eu só não te dou uma bofetada no
meio dessa cara agora porque eu te amo demais pra fazer isso. Marion,
fala logo o que você e a Riva estão tramando!
-Deixa que eu mesma digo, mãe! Eu
e a Marion queremos saber se você pode emprestar seu quarto enquanto
você prepara o jantar. É o único momento do dia que podemos
brincar de TV porque vovó tá distraída... - fala Riva com cara de
pidona, quase chorando.
Marinete se dá por vencida.
-Tá certo, meninas! O que é que
vocês não pedem chorando que eu não faço sorrindo?
Marion e Riva pulam felizes. CORTA
A CENA.
CENA 2: Marinete está preparando o
jantar com a ajuda de Valquíria. As duas conversam sobre amenidades.
-Muita correria hoje, filha?
-Nem me fale, mamãe! Tivemos que
correr três vezes do rapa! Morri de medo de ser presa...
-Já devia ter se acostumado,
Marinete! A vida inteira trabalhando nisso e ainda esse medo bobo...
o máximo que eles vão fazer é te fazer assinar um... como é que
chama aquilo? Acho que é termo circunstancial...
-É termo circunstanciado, mamãe.
Mesmo assim, eu não quero que as meninas passem por isso comigo...
-Não levasse elas junto, então!
-Oh, claro! E deixar as duas aqui o
dia inteiro durante as férias de verão? Nem televisão tem nessa
casa, como é que você espera que elas se divirtam?
-Ouvindo minhas histórias, ué!
-Como se você fosse um doce de
candura, mamãe! Ora, essa! Quem não te conhece que te compre! Eu
melhor que ninguém sei o quanto você é problemática, não deixa
as meninas brincarem, diz que sonhar é coisa de gente louca... Não
seria justo com as meninas deixar elas trancafiadas aqui suportando
suas loucuras.
-Olhe bem como fala comigo,
Marinete! Eu ainda sou sua mãe!
-Claro, uma mãe que sempre disse
pra mim que eu não servia pra nada a não ser vender quinquilharia
na rua, me fez largar os estudos pra me passar o “ofício” de
trabalhar na clandestinidade... grande mãe, não é mesmo? Você
pode até meter medo nas meninas, mas em mim não mete não! Elas
ainda vão longe, pode escrever isso que eu digo!
-Depois a megera sou eu. Olha pra
você, Marinete! Uma descontrolada! Mal falou o que queria e já tá
tremendo, suando frio... Acorda pra vida, mulher! Nenhuma empresa ia
contratar uma desvairada feito você!
-Oh... a senhora pensa mesmo que me
ofende? Pois saiba você que você não deu certo na TV porque A
SENHORA deu ataque de estrelismo depois de meia dúzia de figurações.
Eu sei de tudo! Essa sua amargura é porque você não conseguiu ser
atriz!
Valquíria dá um tapa em Marinete.
-Nunca mais repita isso, muito
menos diante das meninas. Vou chamar as duas pro jantar.
Marinete tenta impedir sua mãe de
ir até seu quarto.
-Não, mamãe! A comida ainda não
está pronta!
Tarde demais. Valquíria abre a
porta do quarto e flagra Marion e Riva encenando como se estivessem
na TV. Tal cena lhe enfurece e Valquíria parte furiosamente para
cima de Riva. Marinete corre para defender a filha e se coloca entre
Riva e Valquíria.
-Na minha filha você não encosta
um dedo! Muito menos na Marion que já é moça feita! Eu permiti que
elas brincassem aqui no meu quarto. Como eu duvido que a senhora vá
bater em mim, é bom ir baixando essa bola porque eu tou farta,
exausta dessa sua atitude repressora! Não vou mais me calar! Se a
senhora pensa que pode fazer alguma coisa, saiba você que quem
coloca comida na mesa dessa casa sou eu! Se eu morrer, você está
perdida!
-Espero que morra, mesmo! Moleca
atrevida!
-Moleca é o escambau! Sou uma
mulher com dignidade, coisa que você, no alto da sua soberba sem
motivo, nunca teve!
Valquíria parte para cima de
Marinete, que começa a tossir freneticamente, até ficar sem ar.
Valquíria sai de cima da filha.
-Tá vendo? Fraca! Escapista!
Qualquer conflito você inventa essa tosse pra gente sentir peninha!
Mas eu não sinto, moleca!
Riva percebe que a mãe não para
de tossir e está ficando roxa, sem ar.
-Não, vovó! Minha mãe não tá
bem, a senhora não vê?
Marion e Riva acodem Marinete, que
cospe sangue ao tossir. Marion se desespera.
-Vamos imadiatamente ao posto de
saúde! CORTA A CENA.
CENA 3: Seis meses depois.
Marinete está morrendo, deixando
Riva e Marion desoladas. Valquíria demonstra indiferença.
-Mãe... por favor! Não morre! Eu
preciso tanto de você... aguenta firme! A senhora vai ver que um dia
eu vou ser rica e vou pagar o melhor médico pra cuidar dessa
tuberculose...
Marinete se esforça para falar.
-Minha querida... não... dá
mais... tempo. Mamãe tem... de partir. Me promete uma... coisa.
-Fala, mãe...
-Que nessa vida você vai ser muito
feliz. Me promete!
-Mas mãe... eu quero ser feliz com
a senhora ao meu lado!
-Não dá mais... minha filha...
me... abraça, por favor. Venha você... também, Marion... minha
irmãzinha... querida.
As duas abraçam Marinete no seu
leito. Marinete dá um último suspiro e morre. Riva sente que a mãe
morreu e tenta reanimá-la.
-Mãe! Por favor! Não me deixa!
Precisamos de você aqui, você é a nossa fada madrinha... - chora
Riva, inconsolável, sendo amparada por Marion, também profundamente
emocionada.
Valquíria, ainda demonstrando
indiferença, sai do quarto da filha e dirige-se ao seu quarto,
trancando a porta e sentando-se na cama. Valquíria explode em um
choro desesperado pela morte da filha. CORTA A CENA.
CENA 4: Barra de São João,
inverno de 1995.
A noite cai. Marion e Riva estão
apreensivas. Riva, agora uma adolescente de beleza estonteante, está
cheia de dúvidas.
-Marion, você tem certeza que essa
mistura de ervas faz mesmo a pessoa dormir pesado?
-Absoluta. Conversei com o velho
senhor que vende ervas e ele me falou quais são as melhores pra
fazer alguém dormir tão pesado que só se acorda vinte e quatro
horas depois.
-Quanto ele cobrou, Marion?
-Deu pra pagar. Depois, quando a
velha se der por conta da falta do dinheiro, nós duas vamos estar
bem longe daqui. Agora vê se desempacota logo essas ervas que eu
preciso colocar na comida antes de ela chegar!
Riva atende prontamente. Marion
permanece preparando o jantar com as ervas misturadas ao tempero.
Quando Valquíria chega, a comida já está pronta.
-Que cheiro ótimo, meninas! Quem
cozinhou hoje?
-Nós duas, vó! - responde Riva.
-A julgar pelo cheiro, vocês estão
de parabéns. Também, aquela imprestável da Marinete não sabia
fazer nada direito, nem um prato decente. Qualquer coisa é melhor do
que ter que atuar aquela gororoba de novo!
Riva se ofende.
-Não fale assim da minha falecida
mãe!
-Tudo bem, prometo não tocar mais
no nome da morta. Vocês não vão comer?
-Não, mamãe... estamos sem fome.
- fala Marion.
Valquíria se farta de tanto comer.
-Vocês deveriam comer a comida que
vocês mesmas prepararam. Deviam parar com essa besteira de fazer
regime pra ficar com o corpo bonito, vocês nunca vão a lugar
nenhum, vão terminar como todas as mulheres da nossa família... -
divaga Valquíria, já sentindo sono.
-Eu não teria tanta certeza disso,
mamãe... - fala Marion, em tom irônico.
-Senti a ironia no seu tom,
mocinha! Mas tou com uma preguiça danada de te dar uma lição.
Preciso dormir, meninas. Vocês me ajudam a ir pro quarto?
-Com todo o prazer... - responde
Riva, marotamente.
As duas levam Valquíria ao quarto
e assim que ela deita, cai em sono profundo.
-Eu não disse que ia dar certo? -
vibra Marion.
Marion e Riva se abraçam.
-Tá acabando, Marion... tá
acabando! - desabafa Riva. CORTA A CENA.
CENA 5: Instantes depois, já de
malas prontas, Riva olha apreensiva para Marion.
-E aí, achou o lugar onde a velha
esconde a herança da minha mãe, afinal?
-Ainda não, Riva... Mas tenha
calma, vai dar tempo, não se preocupe!
-Sei não, Marion... vai que essas
ervas não são tão boas assim?
-Ih, sai pra lá com essa
negatividade, Riva! Você é muito jovem pra pensar como uma velha,
não acha?
-É só medo de não conseguirmos
ir embora desse inferno.
Marion encontra o dinheiro
escondido de Valquíria debaixo do criado mudo.
-Como é que não pensei nisso
antes? Olha aqui, Riva! No lugar mais óbvio possível! Vamos embora!
As duas se abraçam aliviadas.
-Mas vem cá, Marion... como é que
a gente vai chegar até a rodoviária com toda essa bagagem nas mãos?
-Cê não tá louca de achar que a
gente vai a pé, né Riva? Já armei um esquema com o vizinho do
outro lado da rua.
-O que? Aquele nojento do Alfredo
que fica dando em cima de mim? Você tá doida, tia?
-Ah, agora eu sou sua tia, né!
Riva, não reclama, ele é o único que tem carro na vizinhança.
-Sim, claro. Uma lata velha caindo
aos pedaços.
-Ainda assim é um carro. E depois
deixa ele comigo que eu sei me defender. Defendo você se for
preciso. Mas te garanto que ele não vai tentar nenhuma gracinha com
nenhuma de nós. Agora vamos de uma vez que não podemos perder
tempo. Se esqueceu que o último ônibus pra capital sai às quinze
pra meia-noite?
-Tá certo. Vamos de uma vez...
CORTA A CENA.
CENA 6: Riva e Marion chegam à
rodoviária faltando 5 minutos para a partida do último ônibus para
o Rio de Janeiro. Quando as duas já estão fora do carro de Alfredo
com as malas em mãos, Alfredo puxa Marion pelo braço.
-Não vai me dar o pagamento
prometido, princesa? - fala Alfredo, de maneira asquerosa.
Marion entende a intenção de
Alfredo, mas se faz de desentendida.
-Riva, pega 100 reais na minha
bolsa, por favor?
Riva alcança o dinheiro à tia.
Marion repassa o dinheiro a Alfredo esperando que ele a solte. No
entanto, Alfredo insiste.
-E a outra parte do pagamento,
gostosa? Vai negar fogo agora? Conheço um ponto cego perto do
banheiro que é sem erro... ninguém vai nos ver...
-Cê tá doido, cara? Sou virgem e
não estou nem um pouco a fim de você!
Alfredo ignora e tenta agarrar
Marion à força. Marion pega um canivete de sua calça e o ameaça.
-Mais uma gracinha e eu corto o seu
pau, tá me ouvindo, seu bosta?
Riva se apavora com a situação.
Alfredo não desiste.
-Gosto é do perigo, Marion. Vai,
me arranha com esse canivete, piranha!
Riva se desespera.
-Eu vou gritar! Socorro! Alguém
ajuda a minha tia! Socorro!
Riva grita o máximo que pode até
que um jovem rapaz se aproxima, entende o que está acontecendo e dá
uma gravata em Alfredo.
-Perdeu, babaca! Some daqui se não
quiser levar uma surra, valentão!
O rapaz aperta o pescoço de
Alfredo até deixá-lo completamente sem ar. Percebendo que Alfredo
está apavorado, o rapaz o solta. Alfredo entra em seu carro e sai em
disparada dali. Marion e Riva ficam aliviadas e agradecidas.
-Obrigada por salvar minha tia,
moço! Qual seu nome?
-Me chamo Márcio. Mas espera aí...
como é que é? Ela é sua tia?
-Sim, moço... digo, Márcio. Me
chamo Riva.
-E eu sou a Marion. Obrigada por me
salvar daquele tarado imbecil. Por incrível que pareça, sou tia da
Riva. Sou filha temporã, temos apenas cinco anos de diferença.
-Vocês parecem tão jovens...
quantos anos você tem, Riva?
-Quinze – mente Riva, sendo
recriminada por Marion com o olhar. Sem saída, Marion se vê
obrigada a mentir naquele momento.
-Faço vinte em setembro, Márcio.
E você, quantos anos tem?
-Fiz dezoito em abril. Ainda tou
surpreso de saber que vocês são tia e sobrinha, parecem muito mais
irmãs.
-É assim que nos sentimos, Márcio.
Marion é como minha irmã mais velha depois que minha mãe morreu em
92.
-Sinto muito, Riva...
-Olha só gente, não quero
interromper o papo, mas faltam dois minutos pro último ônibus pra
capital sair daqui. É bom a gente ir de uma vez, antes que
percamos... - alerta Marion.
-Pera! Quer dizer que vocês também
vão pra capital? Eu moro lá! Vim aqui ver meus pais, me mudei pro
Rio ano passado pra tentar uma vida melhor...
-Ótimo, então vamos todos juntos!
- vibra Riva.
Marion percebe a atração mútua
entre Riva e Márcio, mas nada diz. Os três embarcam e seguem
viagem. CORTA A CENA.
CENA 7: Três meses depois.
Riva e Marion moram no apartamento
alugado de Márcio, que agora é namorado de Riva. Marion demonstra
preocupação com o futuro e Riva percebe.
-O que foi agora, Marion?
-Olha bem à nossa volta, Riva! Tem
três meses que a gente chegou, o Márcio fica pulando de bico em
bico, quase nunca aparece nessa casa, o dinheiro é pouco e eu ainda
me mato ensaiando na companhia de teatro esperando por um milagre que
me torne uma atriz famosa. Depois, acho muito esquisitos esses
sumiços do seu namorado, pra ser sincera... você tem certeza que
ele é fiel?
-Ah, nem vem com paranoia, Marion!
O Márcio me ama, poxa! Se ele pula de bico em bico, é porque tá
procurando um emprego que nos sustente bem!
-É, mas não esquece daquele
pequeno detalhe...
-Que detalhe?
-Que ele pensa que você tem quinze
anos...
-Ah, só isso? Eu tenho quase
quinze, poxa!
-Mas ainda é catorze.
-Um dia, com calma, eu conto pra
ele, tá? CORTA A CENA.
CENA 8: Horas depois, Marion está
envolvida com mais um ensaio na companhia de teatro quando é
surpreendida por flashes de câmeras invadindo o ambiente. Percebe
então que um belo homem a observa em êxtase. Sem entender o que
acontece, Marion desce do palco onde ensaia e instintivamente vai em
direção ao homem que lhe olha com admiração, sentindo-se
fascinada por ele também.
-O que está acontecendo aqui? Quem
é você? E esses fotógrafos, estão fazendo o que no meio do nosso
ensaio?
-Desculpe, moça... é que vim aqui
contribuir doando dinheiro para a companhia de teatro. Me chamo Ivan
Alcântara de Oliveira Bittencourt.
-Oh, sim! Aquele filho de Anésia e
Oswald Bittencourt, a família mais rica do Rio de Janeiro?
-Eu mesmo! Mas não precisa se
assustar, moça. Não sou como meus falecidos pais, sou um homem do
povo... como você se chama?
-Bom saber que você é gente como
a gente. Me chamo Marion.
Os dois se olham apaixonadamente
enquanto cria-se um burburinho ao redor deles. CORTA A CENA.
CENA 9: Natal de 1995. Riva e
Márcio são convidados para um almoço na mansão dos Bittencourt,
onde Marion já passa grande parte do seu tempo. Todos conversam
sobre amenidades quando Ivan levanta-se.
-Gostaria de anunciar a todos que
eu e Marion vamos nos casar no dia dos reis magos, 6 de janeiro!
Obviamente vocês, Riva e Márcio, estão convidados.
-E tem mais, adoraria que vocês
fossem nossos padrinhos! - prossegue Marion, emocionada.
-Adoraria aceitar, Marion... mas
não tem tempo nem dinheiro suficiente para sermos padrinhos de
vocês... - fala Riva, sentindo-se ofendida e desiludida, indo até o
quintal da mansão. Marion percebe que algo atingiu Riva
profundamente.
-Vocês me dão licença? Preciso
ver o que tá acontecendo com a minha sobrinha...
Marion vai até onde Riva está,
sem perceber que Márcio está escondido atrás de uma porta,
escutando tudo.
-O que há, Riva? Ivan já disse
que paga as despesas de vocês! Não sei o que te deu!
-O que me deu? Você ainda me
pergunta? Nossos mundos estão se separando num abismo terrível que
você parece não enxergar, pensa que tudo se resolve com o infinito
dinheiro do seu futuro maridinho e acha que eu não tenho brios? Eu
também tenho a herança da minha mãe, sua irmã, guardada. Ou por
acaso você esqueceu disso? Só que ao contrário de você eu não
posso me dar ao luxo de ir em eventos badaladíssimos, porque não
sou a nova namoradinha do Brasil que já tem papel garantido na
novela das seis!
-Eu não estou te reconhecendo,
Riva... cadê aquela menina doce que sempre foi uma irmã pra mim?
-Eu que te pergunto, Marion. Cadê
aquela que considerei irmã mais velha que eu admirava? Cadê aquela
mulher cheia de garra pra lutar? Se vendeu! Se vendeu feito uma puta
pro primeiro milionário que sacudiu uma boa quantia de dólares no
seu nariz!
Marion se descontrola e estapeia
Riva.
-Desculpe... eu não queria ter...
-Ter me dado esses tapas? Mas deu.
Acho que isso é o suficiente pra mim. Esquece que um dia eu fui sua
irmã, sobrinha, qualquer bosta! Eu morri pra você! Nem eu nem
Márcio precisamos da esmola do seu cafetão!
Riva sai enfurecida e Marion desaba
em prantos no quintal da mansão. CORTA A CENA.
CENA 10: Março de 1996.
Riva sai do banheiro depois de
fazer um exame de farmácia. Márcio chega em casa instantes depois.
-Amor, tenho uma novidade pra
você...
-Olha, se for pra falar mal da
Marion de novo, pelo amor de Deus, troca esse disco que já tá
ficando feio esse seu despeito com a sua tia, viu?
-Quem disse que é despeito? Ela se
vendeu como uma puta e isso é fato. Não retiro nada do que eu disse
a ela. Mas não é disso que quero falar. Lembra daquela noite que
passamos juntos na véspera do carnaval?
-Sei. Foi a noite que você se
soltou como nunca comigo na cama. Mas por que você está falando
sobre essa noite agora?
-Algo importante aconteceu naquela
noite... Algo que vai mudar nossas vidas pra sempre.
-O que é? Resolveu jogar na
loteria antes da gente ir pro motel e descobriu que o bilhete era
premiado?
-Na realidade você foi premiado...
com uma nova vida. Eu estou grávida de você!
Márcio paralisa diante da notícia.
FIM DO CAPÍTULO 1.
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