CENA 1: Riva percebe que Marcelo
está perplexo e decepcionado ao ver seu namorado aos beijos com
outro homem.
-Filho... eu tentei evitar que você
visse isso... Ah, mas esse safado vai pagar caro por te trair, pode
apostar!
Riva anda em direção a Ricardo e
o homem que ele beija à beira-mar, mas é interrompida pelo filho,
que está com lágrimas nos olhos.
-Não, mãe... deixa que com o
Ricardo eu me resolvo.
-Eu vou contigo, filho. Não vou
deixar aquele filhinho de papai te destratar de jeito nenhum!
Marcelo chega até onde Ricardo
está acompanhado do outro homem, acompanhado de sua mãe.
-Dá pra me explicar que cena é
essa, Ricardo?
-M... Marcelo, eu... posso...
-Explicar o que tá acontecendo?
Esse papo é mais velho que o Sistema Solar, Ricardo! Você me traiu!
Pior: mentiu que não podia estar comigo no único dia da semana que
não tenho aula, inventando que tinha hora extra. Tou vendo a bela
hora extra que cê tá fazendo na beira da praia, enquanto eu tou
aqui ajudando minha mãe a vender as quentinhas dela!
-Se você não tivesse ido ajudar
essa merendeira, sacoleira ralé da sua mãe, não teria me visto
aqui, Marcelo.
Riva se enfurece com as palavras de
Ricardo.
-Repete o que você disse se você
for homem, Ricardo! Repete!
-O que? Que você é uma sacoleira,
merendeira, uma coisinha mixa, pobre, xexelenta? Se enxerga, mulher!
Marcelo não merecia uma mãe desclassificada como você, pobretona.
Riva se descontrola.
-Eu vou te mostrar como a
desclassificada pobretona pode arrebentar essa sua cara de bicha
traidora!
Riva parte para cima de Ricardo e
começa a fazer um escândalo. Marcelo se envergonha do barraco que
se formou em torno da situação e tenta conter a mãe.
-Mãe... não dá bola pra esse
riquinho metido a besta. Esse daí já provou que não tem caráter
nenhum. Mas fique tranquilo, Ricardo: nem eu nem minha mãe vamos
aparecer na sua frente. Nunca mais! Nosso namoro termina aqui!
Riva tenta se desprender dos braços
do filho, mas Marcelo a segura firmemente.
-Vamos embora daqui, mãe. O
desclassificado aí vai precisar de uma boa maquiagem depois dessa
surra.
Riva tenta consolar Marcelo
enquanto eles voltam pra casa. CORTA A CENA.
CENA 2: Ivan olha triste para
Marion, que entende que o marido não gostou nem um pouco do que ela
disse.
-Olha, amor... desculpa, eu não
queria ter dito isso. Droga, olha só essa situação! Você sabe que
eu fiz de tudo pra te ajudar!
-E você pensa que eu não quis me
ajudar? Só que esse vício é mais forte que eu. Eu sei que me
destrói, queridos...
Ivan começa a chorar, sendo
abraçado por Rafael e Mariana.
-Não fica assim, pai. Mas procure
entender nossa mãe! Ela pagou os melhores psicólogos, terapeutas,
até psiquiatras pra conter seu vício. - contemporiza Rafael.
-Mas será que vocês não percebem
o óbvio? Se eu não continuar apostando eu morro por dentro. Ontem
fez dois anos que o irmão de vocês desapareceu! E desapareceu por
minha culpa! Minha culpa!
-Pai, o Haroldo é tão seu filho
quanto nós... e mesmo assim nenhum de nós tem o vício de apostar e
jogar jogos de azar. A culpa dele sumir não foi sua... ele que se
envolveu com agiotas e sumiu do mapa, a culpa não é sua. - insiste
Rafael.
-Rafa tem razão, pai. Se algo de
ruim tivesse acontecido com o Haroldo, a gente já saberia. Você
sabe como é: notícia ruim corre rápido. Ainda acho que nosso irmão
pode voltar a qualquer momento. Agora, o que você não pode fazer é
se deprimir desse jeito e jogar mais compulsivamente ainda, pai. Já
pensou se o Haroldo volta precisando da ajuda de todos nós,
inclusive do senhor? Precisamos estar preparados pra essa
possibilidade. Sem falar que eu não gosto de ver meu pai tão
triste. Cadê aquele cara que tava sempre rindo de tudo? Aquele pai
parceiro que entrava nas minhas brincadeiras quando eu era menina?
Sei que ele está aí, escondido em algum lugar. - fala Mariana,
emocionada.
Marion, Rafael e Mariana abraçam
Ivan.
-Sem vocês eu não seria nada. Eu
te peço desculpas por te dar tanto trabalho, Marion...
-Deixa disso, Ivan. Você é meu
marido, meu homem, meu melhor amigo, meu tudo! Lembra que prometemos
estarmos um com o outro na riqueza e na pobreza, na saúde e na
doença? Pois saiba que por mais clichê que tudo isso seja, a única
certeza que eu tenho nessa vida, meu amor, é que nunca, nem por um
segundo eu ousaria pensar em te deixar. Eu te amo e tenho gratidão
eterna por tudo o que você fez por mim no começo da minha carreira.
Hoje sou eu quem faz questão de pagar suas contas, de cuidar de você
se for preciso. Mas somos uma família unida, apesar da nossa pouca
privacidade. Eu te prometo que ainda vou voltar pras novelas e nós
vamos superar essa crise. - fala Marion, abraçando novamente Ivan.
-Só fico triste por saber do
sacrifício que você está fazendo por mim e por nós, meu filho...
- fala Ivan a Rafael.
-Deixa disso, pai. Eu gosto de ser
ator. Gosto da fama que tenho... acho que herdei da mãe essa vontade
de fazer as pessoas sonharem com uma vida melhor vendo novelas...
relaxa.
-Mas você é forçado a mentir pra
imprensa, filho... não acho justo.
-Também não acho. Mas são
negócios e eu sou o empregado. Preciso obedecer as normas dos meus
superiores na emissora. Se um dia eu for um ator consagrado eu vou
poder assumir publicamente que sou gay.
-Só por um milagre que aceitariam
isso numa boa, filho... mas não custa sonhar, né?
Todos seguem falando sobre assuntos
mais leves. CORTA A CENA.
CENA 3: Cláudio está aproveitando
o dia sem aula na faculdade de psicologia para colocar suas horas de
sono em dia. De repente, é acordado por um insistente e irritante
ruído.
–Droga! – murmura Cláudio.
Tateia
às escuras e encontra a fonte da música irritante – o seu
telefone celular que estava tocando. Atende ainda atordoado.
–Finalmente,
Cláudio! – Diz uma voz do outro lado da linha.
–Hmm...
–Cara,
ainda está dormindo?
–E
ainda poderia estar, sabia?
–Na
verdade, não. Ou será que se esqueceu do seu compromisso?
–Eu
não me esqueço do que prometo. Eu vou, sim.
–É?
Quando? Ano que vem? Cláudio, já passa das três.
Cláudio
leva alguns segundos para absorver a frase e entender o significado.
Senta-se na cama e, com os olhos bem abertos, verifica as horas em
seu relógio de pulso.
–Meu
Deus! Três e vinte e oito da tarde! Por que você não me acordou a
tempo, Rodrigo?
–O
quê? Seu ingrato! Eu te liguei treze vezes, sabia? E você só
acordou agora.
–Tá,
tá... Tá certo. Eu tenho que desligar. Vou tomar banho e já vou
até você.
Cláudio desliga o telefone às
pressas e vai tropeçando até o banheiro. Toma um banho rápido, se
veste e corre até o ponto de ônibus. Perde o ônibus que arrancava
naquele momento.
-Era só o que me faltava!
Ainda perco a porcaria do ônibus!
Cláudio vê seu melhor amigo
Marcelo se aproximando, aos prantos e entende que o amigo precisa
desabafar.
-Oi, Marcelo... o que
aconteceu?
-Me diz que você tem um tempo
pra me ouvir... Ricardo me traiu pra praia inteira ver e eu flagrei
ele com o outro cara!
-Que droga, Marcelo... que
cafajeste! Mas infelizmente eu tenho de ir encontrar Rodrigo, ele me
pediu para ver ele. Você se incomoda de irmos conversando no ônibus?
Eu pago as suas passagens de ida e volta se for o caso. Depois, já
passou da hora de apresentar Rodrigo ao meu melhor amigo. Vamos?
-Está certo... CORTA A CENA.
CENA 4: Riva procura se
concentrar novamente no seu trabalho, ainda furiosa com a traição
sofrida pelo filho. Murmura consigo mesma enquanto anda pela orla de
Copacabana.
-Aquele moleque ainda vai
engolir cada desaforo que disse a mim e a meu filho. Desgraçado!
Riva tenta se concentrar no
trabalho, mas acaba ficando intrigada com uma estranha senhora que a
observa.
-Tá me olhando por que,
senhora? Perdeu alguma coisa aqui? Minha calça rasgou? Uma pomba
cagou no meu cabelo? Eu, hein...
A senhora nada responde a
Riva, que segue vendendo seus salgados. Instantes depois, percebe a
insistente presença da misteriosa senhora.
-Iiih... sai pra lá, dona
velha! Não vai colocar olho gordo nas minhas quentinha, hein?
Riva tenta ignorar a presença
da misteriosa senhora e segue trabalhando. CORTA A CENA.
CENA 5: O ônibus onde Cláudio
e Marcelo estão finalmente chega ao lugar indicado por Rodrigo. Há
várias pessoas do lado de fora, mas Rodrigo não está ali. Cláudio
varre o lugar com os olhos, mas não o encontra. Já estava com o
telefone nas mãos para ligar pra Rodrigo quando uma voz chama seu
nome.
Era
Diogo, seu ex-namorado. Usava uma jaqueta de couro estilo anos
oitenta, calças jeans, tênis all
star e uma velha
boina com caveirinhas. Cláudio não esperava encontrá-lo ali
justamente naquele momento.
–Meu
Deus, Diogo! Que surpresa encontrar você aqui! – fala Cláudio.
–Eu
digo o mesmo, Cláudio. Como andam as coisas?
Cláudio
coça a cabeça e faz uma cara triste.
–As
coisas continuam indo... Do mesmo jeito, você sabe.
Diogo
sorri.
–Quer
tomar uma cerveja? Digo... você e o Marcelo querem tomar uma
cerveja?
–Ah,
Diogo, eu adoraria. Mas tenho um compromisso agora. Na verdade, já
estou atrasado.
-E
eu só vim com o Cláudio porque andava precisando desabafar uns
lances... - complementa Marcelo.
–Você também veio ver se
foi aprovado?
Cláudio
olha para Diogo, confuso.
–Você
se inscreveu no vestibular, não é? – pergunta Diogo.
–Ah,
na verdade, não. Eu estou aqui porque meu...
Cláudio
faz uma leve pausa antes de continuar.
–...Meu
namorado está esperando o resultado.
Diogo
baixa o olhar por alguns segundos e volta-se para Cláudio.
–Boa
sorte pra ele. Bem, tenho que ir agora. A gente se vê, filhote.
Tchau, Marcelo!
Cláudio
sorri para Diogo e Marcelo acena enquanto ele vai embora.
As
lembranças se remexem na mente de Cláudio. Jamais esperava se
encontrar com seu ex-namorado novamente. Justo ele. Aquela relação
foi a mais conturbada e mais verdadeira que Cláudio havia vivido na
vida. Sempre soube que ninguém seria tão especial quanto Diogo foi
para ele.
O
telefone toca. Era Rodrigo.
–Cláudio,
onde você está?
–Desculpa,
Rodrigo. É que o ônibus demorou pra chegar. Mas já estou aqui. Não
vejo você.
–Estou na lanchonete da
esquina. “Sucos e Lanches”, o nome. Dê um jeito de despachar seu
amigo, quero só você aqui. Invente uma desculpa, que eu estou em um
lugar distante, mas tire ele de perto.
-Está certo.
Cláudio desliga e pensa
rápido.
-Marcelo, Rodrigo me disse que
teve de ir lá pra perto da Barra de novo. Preciso ir ver ele. Mas
entendo se você quiser voltar pra sua casa.
-Vou querer mesmo. Amanhã a
gente se fala melhor, amigo. Beijo!
Marcelo vai embora e Cláudio
ruma em direção à lanchonete, contrariado. CORTA A CENA.
CENA 6: Ivan está na edícula,
tomando vinho. Memórias vem à sua mente do dia que Haroldo
desapareceu e ele encontrou uma carta. Ivan revira uma gaveta da
edícula para reler a carta.
“Pai, Marion, Rafael e
Mariana:
Não
se preocupem comigo, de alguma maneira eu vou ficar bem, ou pelo
menos estarei vivo. Não chorem minha ausência. Não tive
alternativa a não ser fugir. Acabei me complicando com agiotas que
passaram a me ameaçar, caso eu não pagasse imediatamente as dívidas
que contraí com eles. Dívidas que são fruto do meu vício em
apostas, jogos de azar. Vício que herdei, talvez geneticamente, de
você, meu pai. Mas não lhe culpo por isso. O vício é meu.
Preciso
fugir. Ainda não sei para onde vou, nem se vou ter como dar
notícias. Vocês sabem, hoje em dia é tudo perigoso com essa
exposição de mídias, internet, tudo instantâneo. Não posso
correr o risco de me expor, muito menos de expor vocês nas merdas
que me meti. Corro risco e, se der algum passo em falso, posso
colocar vocês em risco também. Jamais suportaria o peso de saber
que de alguma forma prejudiquei alguém da minha família.
Parto
sem rumo para proteger vocês de mim e me proteger de mim mesmo. Não
faço ideia ainda pra onde eu vou, se troco de identidade ou qualquer
coisa. Mas tentem não se preocupar comigo. Nos seus corações vocês
saberão que eu estarei bem.
Talvez
um dia, com sorte, eu consiga voltar. Até um dia, família
Haroldo”
Ivan chora ao reler a carta.
CORTA A CENA.
CENA 7: Cláudio vai até a
lanchonete onde Rodrigo está, claramente chateado por não levar
junto seu amigo Marcelo. Pensa por alguns segundos antes de entrar na
lanchonete, já tendo avistado Rodrigo.
–Está
tudo bem, Rodrigo?
–Venha.
Precisamos conversar.
Cláudio
fica assustado. Será que Rodrigo teria visto alguma coisa? Mas nada
de mais havia acontecido, afinal. Deixou as preocupações de lado e
foi até seu namorado.
Rodrigo
estava com um olhar aparentemente triste e perdido, distraído com o
horizonte. Cláudio chega por trás, silencioso, e deu-lhe um
“beijo-surpresa” no pescoço.
–Ah,
que susto! – fala Rodrigo.
–Diz
aí, aconteceu alguma coisa ruim?
–Bem,
na verdade... – Rodrigo para e suspira.
–Fala
Rodrigo! Por favor, chega de drama!
Rodrigo
olha profundamente nos olhos de Cláudio.
–Eu
fui aprovado, Cláudio! Eu passei no vestibular!
Cláudio
fica feliz e aliviado ao mesmo tempo. Abraçam-se e comemoram.
Rodrigo
queria muito voltar a estudar e Cláudio fica muito feliz em saber
que ele finalmente conseguiu.
–Agora
vamos fazer uma festinha particular pra comemorar, o que acha? –
sugere Rodrigo.
–Claro.
Acho legal... – fala Cláudio, distante.
Na
verdade, havia algum tempo que Cláudio estava sendo perturbado por
memórias do passado. Especialmente naquele dia, as coisas estavam
mais complicadas.
O garçom aproxima-se da mesa
deles e Rodrigo o chama e faz o seu pedido. Cláudio também faz o
seu pedido. Assim que o garçom se afasta da mesa, Cláudio encara
Rodrigo, que estranha.
-Tá me olhando com essa cara
por que, Claudinho?
-Você ainda me pergunta?
Rodrigo, tem meses que estamos juntos, você praticamente mora na
minha casa e nenhum dos meus amigos, nem o Marcelo que é meu melhor
amigo, te conheceram ainda. Sabe por que? Porque você foge! Parece
que se esconde! O que mais me chateia nisso é que eu acabo passando
por mentiroso. Não que falem alguma coisa pelas minhas costas,
confio nos amigos que tenho. Mas não me surpreenderia se qualquer um
deles me questionasse se realmente tenho um namorado ou se tou de
despeito pra cima do Di...
Rodrigo interrompe a fala de
Cláudio, visivelmente perturbado.
-Não toca no nome do seu ex
na minha frente! Já disse que não tenho nada contra o cara, mas não
ouse me comparar com ele!
-Pode ficar tranquilo,
Rodrigo... vocês não tem linha de comparação possível.
-Como devo entender isso?
-Entenda como quiser, Rodrigo.
Um silêncio se faz entre os
dois enquanto eles recebem os pedidos do garçom na mesa. CORTA A
CENA.
CENA 8: Riva chega em casa
exausta do trabalho e encontra Marcelo triste.
-Ai, filho... me parte o
coração ver você desse jeito...
-Não tem nada pra fazer
agora, mãe. Ricardo me traiu e isso é um fato. Essa dor ainda é
forte, mas vai passar.
-Se você quiser eu vou lá
continuar a lição que comecei naquele cafajeste!
-Não, mãe! Se você
continuar o que começou, é possível que ele precise de uma
plástica depois! - Marcelo ri.
-Pelo menos te fiz sorrir.
Filho, se você quiser eu faço aquela torta de pêssego que cê ama.
-Vou querer mesmo, mãe... Mas
não quero abusar da senhora.
-Deixa eu mimar meu único
filho, por favor?
Riva segue falando sobre
assuntos leves para animar o filho. CORTA A CENA.
CENA 9: Rodrigo baixa os olhos
e repara nos detalhes da mesa da lanchonete. Era de madeira
escurecida, com símbolos japoneses gravados à queimadura. Olha
novamente para Cláudio, que o fuzila com os olhos.
–O
quê? – pergunta Rodrigo.
Cláudio
puxa a cadeira pra mais perto da mesa, olha ao redor e fala baixo:
–Eu
vi o jeito que você olhou para o garçom. O “querido” garçom.
–Cláudio,
por favor! Eu só fui educado. As pessoas precisam de clientes
gentis, já que o atendimento destes lugares não é nada
hospitaleiro.
–Educado?
Você quase pediu o número dele, Rodrigo. Eu não sou idiota! Vejo
muito além do que você demonstra.
–Está
dizendo que eu me camuflo em atitudes?
–Entenda
como quiser. Você não é nada bom em disfarces. Você não mente
tão bem, sabe por quê?
Rodrigo
encara Cláudio em busca de respostas.
–Porque
você não é sincero. - dispara Cláudio.
–Cláudio,
chega! Eu tou cansado desse ciúme. Cansado dessa sua mania de
inventar histórias na sua cabeça e se achar profundo conhecedor da
humanidade. Se você continuar assim, eu não poderei conversar com
nenhum outro cara. Terei de me cercar apenas por mulheres, pra você
não desconfiar de nada.
Cláudio
olha diretamente nos olhos de Rodrigo.
–Nunca mais vou confiar em
você, cê sabe disso. Você destruiu a confiança que eu tinha por
você.
–Meu
Deus! Já faz tanto tempo! Você nunca me perdoou por isso, eu sei...
–Existem
feridas que nunca saram.
Os
dois ficam em silêncio por alguns minutos. O garçom volta.
–Aqui
está. Seu suco e sua torta, senhor.
–Garoto,
você não se esqueceu de nada, não? - retruca Cláudio
–Ah,
perdão! Sua cerveja. Só um minuto, por favor.
Cláudio
fica inquieto.
–Olha,
Rodrigo, eu não sou obrigado a ver meu namorado cantar um garçom!
–É.
Você realmente não é obrigado a passar por isto. Já jurei pra
você que não estou flertando com ele. Por que você não acredita
em mim?
O
garçom volta com a cerveja.
–Aqui
está. - fala o garçom.
Cláudio
o encara e diz, em tom sarcástico:
–Obrigado, “querido”.
CORTA A CENA.
CENA 10: Riva e Marcelo
divertem-se falando de amenidades quando a campainha toca. Riva
estranha.
-Ué... nunca ninguém além
do Claudinho bate na porta dessa casa. Cê não disse que seu amigo
tava com namorado?
-Disse. Não deve ser ele,
mãe. Se a senhora quiser eu atendo pra ver quem é.
-Deixa, filho. Deixa que eu
atendo.
Riva abre a porta e se depara
com a misteriosa senhora de mais cedo.
-Quem é você?
-Uma amiga. Não me faça
perguntas, apenas vá amanhã cedo na lotérica e jogue na loteria.
Riva fica sem reação com as
palavras da senhora. FIM DO CAPÍTULO 3.
Nenhum comentário:
Postar um comentário