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quarta-feira, 18 de maio de 2016

CAPÍTULO 3

CENA 1: Riva percebe que Marcelo está perplexo e decepcionado ao ver seu namorado aos beijos com outro homem.
-Filho... eu tentei evitar que você visse isso... Ah, mas esse safado vai pagar caro por te trair, pode apostar!
Riva anda em direção a Ricardo e o homem que ele beija à beira-mar, mas é interrompida pelo filho, que está com lágrimas nos olhos.
-Não, mãe... deixa que com o Ricardo eu me resolvo.
-Eu vou contigo, filho. Não vou deixar aquele filhinho de papai te destratar de jeito nenhum!
Marcelo chega até onde Ricardo está acompanhado do outro homem, acompanhado de sua mãe.
-Dá pra me explicar que cena é essa, Ricardo?
-M... Marcelo, eu... posso...
-Explicar o que tá acontecendo? Esse papo é mais velho que o Sistema Solar, Ricardo! Você me traiu! Pior: mentiu que não podia estar comigo no único dia da semana que não tenho aula, inventando que tinha hora extra. Tou vendo a bela hora extra que cê tá fazendo na beira da praia, enquanto eu tou aqui ajudando minha mãe a vender as quentinhas dela!
-Se você não tivesse ido ajudar essa merendeira, sacoleira ralé da sua mãe, não teria me visto aqui, Marcelo.
Riva se enfurece com as palavras de Ricardo.
-Repete o que você disse se você for homem, Ricardo! Repete!
-O que? Que você é uma sacoleira, merendeira, uma coisinha mixa, pobre, xexelenta? Se enxerga, mulher! Marcelo não merecia uma mãe desclassificada como você, pobretona.
Riva se descontrola.
-Eu vou te mostrar como a desclassificada pobretona pode arrebentar essa sua cara de bicha traidora!
Riva parte para cima de Ricardo e começa a fazer um escândalo. Marcelo se envergonha do barraco que se formou em torno da situação e tenta conter a mãe.
-Mãe... não dá bola pra esse riquinho metido a besta. Esse daí já provou que não tem caráter nenhum. Mas fique tranquilo, Ricardo: nem eu nem minha mãe vamos aparecer na sua frente. Nunca mais! Nosso namoro termina aqui!
Riva tenta se desprender dos braços do filho, mas Marcelo a segura firmemente.
-Vamos embora daqui, mãe. O desclassificado aí vai precisar de uma boa maquiagem depois dessa surra.
Riva tenta consolar Marcelo enquanto eles voltam pra casa. CORTA A CENA.

CENA 2: Ivan olha triste para Marion, que entende que o marido não gostou nem um pouco do que ela disse.
-Olha, amor... desculpa, eu não queria ter dito isso. Droga, olha só essa situação! Você sabe que eu fiz de tudo pra te ajudar!
-E você pensa que eu não quis me ajudar? Só que esse vício é mais forte que eu. Eu sei que me destrói, queridos...
Ivan começa a chorar, sendo abraçado por Rafael e Mariana.
-Não fica assim, pai. Mas procure entender nossa mãe! Ela pagou os melhores psicólogos, terapeutas, até psiquiatras pra conter seu vício. - contemporiza Rafael.
-Mas será que vocês não percebem o óbvio? Se eu não continuar apostando eu morro por dentro. Ontem fez dois anos que o irmão de vocês desapareceu! E desapareceu por minha culpa! Minha culpa!
-Pai, o Haroldo é tão seu filho quanto nós... e mesmo assim nenhum de nós tem o vício de apostar e jogar jogos de azar. A culpa dele sumir não foi sua... ele que se envolveu com agiotas e sumiu do mapa, a culpa não é sua. - insiste Rafael.
-Rafa tem razão, pai. Se algo de ruim tivesse acontecido com o Haroldo, a gente já saberia. Você sabe como é: notícia ruim corre rápido. Ainda acho que nosso irmão pode voltar a qualquer momento. Agora, o que você não pode fazer é se deprimir desse jeito e jogar mais compulsivamente ainda, pai. Já pensou se o Haroldo volta precisando da ajuda de todos nós, inclusive do senhor? Precisamos estar preparados pra essa possibilidade. Sem falar que eu não gosto de ver meu pai tão triste. Cadê aquele cara que tava sempre rindo de tudo? Aquele pai parceiro que entrava nas minhas brincadeiras quando eu era menina? Sei que ele está aí, escondido em algum lugar. - fala Mariana, emocionada.
Marion, Rafael e Mariana abraçam Ivan.
-Sem vocês eu não seria nada. Eu te peço desculpas por te dar tanto trabalho, Marion...
-Deixa disso, Ivan. Você é meu marido, meu homem, meu melhor amigo, meu tudo! Lembra que prometemos estarmos um com o outro na riqueza e na pobreza, na saúde e na doença? Pois saiba que por mais clichê que tudo isso seja, a única certeza que eu tenho nessa vida, meu amor, é que nunca, nem por um segundo eu ousaria pensar em te deixar. Eu te amo e tenho gratidão eterna por tudo o que você fez por mim no começo da minha carreira. Hoje sou eu quem faz questão de pagar suas contas, de cuidar de você se for preciso. Mas somos uma família unida, apesar da nossa pouca privacidade. Eu te prometo que ainda vou voltar pras novelas e nós vamos superar essa crise. - fala Marion, abraçando novamente Ivan.
-Só fico triste por saber do sacrifício que você está fazendo por mim e por nós, meu filho... - fala Ivan a Rafael.
-Deixa disso, pai. Eu gosto de ser ator. Gosto da fama que tenho... acho que herdei da mãe essa vontade de fazer as pessoas sonharem com uma vida melhor vendo novelas... relaxa.
-Mas você é forçado a mentir pra imprensa, filho... não acho justo.
-Também não acho. Mas são negócios e eu sou o empregado. Preciso obedecer as normas dos meus superiores na emissora. Se um dia eu for um ator consagrado eu vou poder assumir publicamente que sou gay.
-Só por um milagre que aceitariam isso numa boa, filho... mas não custa sonhar, né?
Todos seguem falando sobre assuntos mais leves. CORTA A CENA.

CENA 3: Cláudio está aproveitando o dia sem aula na faculdade de psicologia para colocar suas horas de sono em dia. De repente, é acordado por um insistente e irritante ruído.
–Droga! – murmura Cláudio.
Tateia às escuras e encontra a fonte da música irritante – o seu telefone celular que estava tocando. Atende ainda atordoado.
–Finalmente, Cláudio! – Diz uma voz do outro lado da linha.
–Hmm...
–Cara, ainda está dormindo?
–E ainda poderia estar, sabia?
–Na verdade, não. Ou será que se esqueceu do seu compromisso?
–Eu não me esqueço do que prometo. Eu vou, sim.
–É? Quando? Ano que vem? Cláudio, já passa das três.
Cláudio leva alguns segundos para absorver a frase e entender o significado. Senta-se na cama e, com os olhos bem abertos, verifica as horas em seu relógio de pulso.
–Meu Deus! Três e vinte e oito da tarde! Por que você não me acordou a tempo, Rodrigo?
–O quê? Seu ingrato! Eu te liguei treze vezes, sabia? E você só acordou agora.
–Tá, tá... Tá certo. Eu tenho que desligar. Vou tomar banho e já vou até você.
Cláudio desliga o telefone às pressas e vai tropeçando até o banheiro. Toma um banho rápido, se veste e corre até o ponto de ônibus. Perde o ônibus que arrancava naquele momento.
-Era só o que me faltava! Ainda perco a porcaria do ônibus!
Cláudio vê seu melhor amigo Marcelo se aproximando, aos prantos e entende que o amigo precisa desabafar.
-Oi, Marcelo... o que aconteceu?
-Me diz que você tem um tempo pra me ouvir... Ricardo me traiu pra praia inteira ver e eu flagrei ele com o outro cara!
-Que droga, Marcelo... que cafajeste! Mas infelizmente eu tenho de ir encontrar Rodrigo, ele me pediu para ver ele. Você se incomoda de irmos conversando no ônibus? Eu pago as suas passagens de ida e volta se for o caso. Depois, já passou da hora de apresentar Rodrigo ao meu melhor amigo. Vamos?
-Está certo... CORTA A CENA.

CENA 4: Riva procura se concentrar novamente no seu trabalho, ainda furiosa com a traição sofrida pelo filho. Murmura consigo mesma enquanto anda pela orla de Copacabana.
-Aquele moleque ainda vai engolir cada desaforo que disse a mim e a meu filho. Desgraçado!
Riva tenta se concentrar no trabalho, mas acaba ficando intrigada com uma estranha senhora que a observa.
-Tá me olhando por que, senhora? Perdeu alguma coisa aqui? Minha calça rasgou? Uma pomba cagou no meu cabelo? Eu, hein...
A senhora nada responde a Riva, que segue vendendo seus salgados. Instantes depois, percebe a insistente presença da misteriosa senhora.
-Iiih... sai pra lá, dona velha! Não vai colocar olho gordo nas minhas quentinha, hein?
Riva tenta ignorar a presença da misteriosa senhora e segue trabalhando. CORTA A CENA.

CENA 5: O ônibus onde Cláudio e Marcelo estão finalmente chega ao lugar indicado por Rodrigo. Há várias pessoas do lado de fora, mas Rodrigo não está ali. Cláudio varre o lugar com os olhos, mas não o encontra. Já estava com o telefone nas mãos para ligar pra Rodrigo quando uma voz chama seu nome.
Era Diogo, seu ex-namorado. Usava uma jaqueta de couro estilo anos oitenta, calças jeans, tênis all star e uma velha boina com caveirinhas. Cláudio não esperava encontrá-lo ali justamente naquele momento.
–Meu Deus, Diogo! Que surpresa encontrar você aqui! – fala Cláudio.
–Eu digo o mesmo, Cláudio. Como andam as coisas?
Cláudio coça a cabeça e faz uma cara triste.
–As coisas continuam indo... Do mesmo jeito, você sabe.
Diogo sorri.
–Quer tomar uma cerveja? Digo... você e o Marcelo querem tomar uma cerveja?
–Ah, Diogo, eu adoraria. Mas tenho um compromisso agora. Na verdade, já estou atrasado.
-E eu só vim com o Cláudio porque andava precisando desabafar uns lances... - complementa Marcelo.
–Você também veio ver se foi aprovado?
Cláudio olha para Diogo, confuso.
–Você se inscreveu no vestibular, não é? – pergunta Diogo.
–Ah, na verdade, não. Eu estou aqui porque meu...
Cláudio faz uma leve pausa antes de continuar.
–...Meu namorado está esperando o resultado.
Diogo baixa o olhar por alguns segundos e volta-se para Cláudio.
–Boa sorte pra ele. Bem, tenho que ir agora. A gente se vê, filhote. Tchau, Marcelo!
Cláudio sorri para Diogo e Marcelo acena enquanto ele vai embora.
As lembranças se remexem na mente de Cláudio. Jamais esperava se encontrar com seu ex-namorado novamente. Justo ele. Aquela relação foi a mais conturbada e mais verdadeira que Cláudio havia vivido na vida. Sempre soube que ninguém seria tão especial quanto Diogo foi para ele.
O telefone toca. Era Rodrigo.
–Cláudio, onde você está?
–Desculpa, Rodrigo. É que o ônibus demorou pra chegar. Mas já estou aqui. Não vejo você.
–Estou na lanchonete da esquina. “Sucos e Lanches”, o nome. Dê um jeito de despachar seu amigo, quero só você aqui. Invente uma desculpa, que eu estou em um lugar distante, mas tire ele de perto.
-Está certo.
Cláudio desliga e pensa rápido.
-Marcelo, Rodrigo me disse que teve de ir lá pra perto da Barra de novo. Preciso ir ver ele. Mas entendo se você quiser voltar pra sua casa.
-Vou querer mesmo. Amanhã a gente se fala melhor, amigo. Beijo!
Marcelo vai embora e Cláudio ruma em direção à lanchonete, contrariado. CORTA A CENA.

CENA 6: Ivan está na edícula, tomando vinho. Memórias vem à sua mente do dia que Haroldo desapareceu e ele encontrou uma carta. Ivan revira uma gaveta da edícula para reler a carta.
“Pai, Marion, Rafael e Mariana:
Não se preocupem comigo, de alguma maneira eu vou ficar bem, ou pelo menos estarei vivo. Não chorem minha ausência. Não tive alternativa a não ser fugir. Acabei me complicando com agiotas que passaram a me ameaçar, caso eu não pagasse imediatamente as dívidas que contraí com eles. Dívidas que são fruto do meu vício em apostas, jogos de azar. Vício que herdei, talvez geneticamente, de você, meu pai. Mas não lhe culpo por isso. O vício é meu.
Preciso fugir. Ainda não sei para onde vou, nem se vou ter como dar notícias. Vocês sabem, hoje em dia é tudo perigoso com essa exposição de mídias, internet, tudo instantâneo. Não posso correr o risco de me expor, muito menos de expor vocês nas merdas que me meti. Corro risco e, se der algum passo em falso, posso colocar vocês em risco também. Jamais suportaria o peso de saber que de alguma forma prejudiquei alguém da minha família.
Parto sem rumo para proteger vocês de mim e me proteger de mim mesmo. Não faço ideia ainda pra onde eu vou, se troco de identidade ou qualquer coisa. Mas tentem não se preocupar comigo. Nos seus corações vocês saberão que eu estarei bem.
Talvez um dia, com sorte, eu consiga voltar. Até um dia, família
Haroldo”
Ivan chora ao reler a carta. CORTA A CENA.
CENA 7: Cláudio vai até a lanchonete onde Rodrigo está, claramente chateado por não levar junto seu amigo Marcelo. Pensa por alguns segundos antes de entrar na lanchonete, já tendo avistado Rodrigo.
–Está tudo bem, Rodrigo?
–Venha. Precisamos conversar.
Cláudio fica assustado. Será que Rodrigo teria visto alguma coisa? Mas nada de mais havia acontecido, afinal. Deixou as preocupações de lado e foi até seu namorado.
Rodrigo estava com um olhar aparentemente triste e perdido, distraído com o horizonte. Cláudio chega por trás, silencioso, e deu-lhe um “beijo-surpresa” no pescoço.
–Ah, que susto! – fala Rodrigo.
–Diz aí, aconteceu alguma coisa ruim?
–Bem, na verdade... – Rodrigo para e suspira.
–Fala Rodrigo! Por favor, chega de drama!
Rodrigo olha profundamente nos olhos de Cláudio.
–Eu fui aprovado, Cláudio! Eu passei no vestibular!
Cláudio fica feliz e aliviado ao mesmo tempo. Abraçam-se e comemoram.
Rodrigo queria muito voltar a estudar e Cláudio fica muito feliz em saber que ele finalmente conseguiu.
–Agora vamos fazer uma festinha particular pra comemorar, o que acha? – sugere Rodrigo.
–Claro. Acho legal... – fala Cláudio, distante.
Na verdade, havia algum tempo que Cláudio estava sendo perturbado por memórias do passado. Especialmente naquele dia, as coisas estavam mais complicadas.
O garçom aproxima-se da mesa deles e Rodrigo o chama e faz o seu pedido. Cláudio também faz o seu pedido. Assim que o garçom se afasta da mesa, Cláudio encara Rodrigo, que estranha.
-Tá me olhando com essa cara por que, Claudinho?
-Você ainda me pergunta? Rodrigo, tem meses que estamos juntos, você praticamente mora na minha casa e nenhum dos meus amigos, nem o Marcelo que é meu melhor amigo, te conheceram ainda. Sabe por que? Porque você foge! Parece que se esconde! O que mais me chateia nisso é que eu acabo passando por mentiroso. Não que falem alguma coisa pelas minhas costas, confio nos amigos que tenho. Mas não me surpreenderia se qualquer um deles me questionasse se realmente tenho um namorado ou se tou de despeito pra cima do Di...
Rodrigo interrompe a fala de Cláudio, visivelmente perturbado.
-Não toca no nome do seu ex na minha frente! Já disse que não tenho nada contra o cara, mas não ouse me comparar com ele!
-Pode ficar tranquilo, Rodrigo... vocês não tem linha de comparação possível.
-Como devo entender isso?
-Entenda como quiser, Rodrigo.
Um silêncio se faz entre os dois enquanto eles recebem os pedidos do garçom na mesa. CORTA A CENA.

CENA 8: Riva chega em casa exausta do trabalho e encontra Marcelo triste.
-Ai, filho... me parte o coração ver você desse jeito...
-Não tem nada pra fazer agora, mãe. Ricardo me traiu e isso é um fato. Essa dor ainda é forte, mas vai passar.
-Se você quiser eu vou lá continuar a lição que comecei naquele cafajeste!
-Não, mãe! Se você continuar o que começou, é possível que ele precise de uma plástica depois! - Marcelo ri.
-Pelo menos te fiz sorrir. Filho, se você quiser eu faço aquela torta de pêssego que cê ama.
-Vou querer mesmo, mãe... Mas não quero abusar da senhora.
-Deixa eu mimar meu único filho, por favor?
Riva segue falando sobre assuntos leves para animar o filho. CORTA A CENA.

CENA 9: Rodrigo baixa os olhos e repara nos detalhes da mesa da lanchonete. Era de madeira escurecida, com símbolos japoneses gravados à queimadura. Olha novamente para Cláudio, que o fuzila com os olhos.
–O quê? – pergunta Rodrigo.
Cláudio puxa a cadeira pra mais perto da mesa, olha ao redor e fala baixo:
–Eu vi o jeito que você olhou para o garçom. O “querido” garçom.
–Cláudio, por favor! Eu só fui educado. As pessoas precisam de clientes gentis, já que o atendimento destes lugares não é nada hospitaleiro.
–Educado? Você quase pediu o número dele, Rodrigo. Eu não sou idiota! Vejo muito além do que você demonstra.
–Está dizendo que eu me camuflo em atitudes?
–Entenda como quiser. Você não é nada bom em disfarces. Você não mente tão bem, sabe por quê?
Rodrigo encara Cláudio em busca de respostas.
–Porque você não é sincero. - dispara Cláudio.
–Cláudio, chega! Eu tou cansado desse ciúme. Cansado dessa sua mania de inventar histórias na sua cabeça e se achar profundo conhecedor da humanidade. Se você continuar assim, eu não poderei conversar com nenhum outro cara. Terei de me cercar apenas por mulheres, pra você não desconfiar de nada.
Cláudio olha diretamente nos olhos de Rodrigo.
–Nunca mais vou confiar em você, cê sabe disso. Você destruiu a confiança que eu tinha por você.
–Meu Deus! Já faz tanto tempo! Você nunca me perdoou por isso, eu sei...
–Existem feridas que nunca saram.
Os dois ficam em silêncio por alguns minutos. O garçom volta.
–Aqui está. Seu suco e sua torta, senhor.
–Garoto, você não se esqueceu de nada, não? - retruca Cláudio
–Ah, perdão! Sua cerveja. Só um minuto, por favor.
Cláudio fica inquieto.
–Olha, Rodrigo, eu não sou obrigado a ver meu namorado cantar um garçom!
–É. Você realmente não é obrigado a passar por isto. Já jurei pra você que não estou flertando com ele. Por que você não acredita em mim?
O garçom volta com a cerveja.
–Aqui está. - fala o garçom.
Cláudio o encara e diz, em tom sarcástico:
–Obrigado, “querido”. CORTA A CENA.

CENA 10: Riva e Marcelo divertem-se falando de amenidades quando a campainha toca. Riva estranha.
-Ué... nunca ninguém além do Claudinho bate na porta dessa casa. Cê não disse que seu amigo tava com namorado?
-Disse. Não deve ser ele, mãe. Se a senhora quiser eu atendo pra ver quem é.
-Deixa, filho. Deixa que eu atendo.
Riva abre a porta e se depara com a misteriosa senhora de mais cedo.
-Quem é você?
-Uma amiga. Não me faça perguntas, apenas vá amanhã cedo na lotérica e jogue na loteria.
Riva fica sem reação com as palavras da senhora. FIM DO CAPÍTULO 3.

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