CENA 1: Riva está praticamente
esquecendo do banho de champagne que levou acidentalmente quando
Vicente torna a falar.
-Mil perdões por esse
esbarrão... você deve estar encharcada agora... seu nome é Riva,
não é?
Marion cumprimenta Vicente.
-Quanto tempo, hein, colega?
Você continua muito bonito!
-E você muito generosa,
Marion.
Riva permanece sem fala,
olhando encantada para Vicente, quando lembra da pergunta dele.
-S... sim! Meu nome é Riva,
mas como você sabe?
-Sua tia sempre me falava de
você, com muita saudade, nos intervalos das gravações da novela em
que fomos par romântico no final dos anos 90.
-E você sempre com essa sua
memória fotográfica, né Vicente? Desde aquela época era capaz de
relatar fatos da infância com riqueza de detalhes. Mais canceriano
que isso, impossível! - descontrai Marion.
Riva resolve convidar Vicente
a sentar com eles.
-Você não quer sentar com a
gente? Quer dizer... desculpe, Vicente! Nem perguntei se você veio
com amigos, namorada...
-Vim sozinho, faz algum tempo
que estou sem ninguém. Vou aceitar o convite sim.
Vicente se senta, assim como
Riva. Marion relembra os tempos em que os dois contracenaram juntos.
-Riva, cê tinha que ver! Esse
daí chegava pras gravações antes de todo mundo, todos os dias! A
gente até fazia piada de que ele morava nos estúdios, pra estar
sempre por ali!
-Olha quem fala! Não sei se
você sabe muita coisa da sua tia nesse tempo que vocês ficaram sem
se ver, mas a Marion, sempre que chegava ao final de uma cena e o
diretor dizia “corta”, ia direto para ele rever a cena e ficava
se criticando, dizendo que não estava boa o suficiente, que não
tinha dado o melhor de si...
-Ainda sou assim, Vicente.
Sempre que estou no estúdio levo os diretores à loucura pedindo pra
regravar determinados takes! - ri Marion.
-Não sabia dessas coisas aí
não, mas não fico surpresa, a Marion sempre foi muito exigente com
o trabalho. Cê acredita que ela ficava insegura até quando a gente
brincava de teatrinho quando a gente morava lá em Barra de São
João? - completa Riva.
Todos seguem conversando
enquanto Suzanne os observa com um olhar de cobiça. Marcelo e Rafael
percebem.
-É, Marcelo... acho que você
tem razão quando diz que essazinha tem um pouco de inveja da gente,
amor...
-Um pouco, Rafa? Não seja tão
generoso!
Os dois riem. CORTA A CENA.
CENA 2: Cláudio está no
banho quando Bruno está vasculhando sua mochila e constata que levou
o celular dele junto.
-Caramba... não era pra esse
celular estar aqui!
Bruno pensa por uns instantes.
-Pensando bem... ele tá no
banho agora e assim eu posso evitar que aqueles dois venham me encher
pessoalmente, o que seria pior.
Bruno decide ligar para
Mateus, que atende depois de duas chamadas.
-Onde é que cê tá, Bruno?
Não era pra estar na casa do bobão?
-Não fale assim do Cláudio,
ele realmente é gente boa. E eu estou aqui, só percebi agora que
não tirei o celular da mochila... sei que não devia trazer,
desculpa...
-Melhor assim. Você sabia que
o chefe andou me pressionando por causa dessa demora? Quase que ele
me faz ir aí, correndo o risco de dar bandeira. Mas não gostei de
você ter falado bem desse imbecil do Cláudio. Vê se não vai se
afeiçoar por ele, viu? Senão vai ser pior pra nós dois...
-Nem tem como, né? Vocês
ficam me lembrando disso o tempo todo! E pode deixar, Mateus... eu
nunca traio quando estou num relacionamento. O único que faz isso
entre nós é...
-Pode parar por aí, Bruno!
Você sabe que não tenho outra opção.
-Tá. Desculpa. Também não
tenho outra opção.
-E vê se escolhe uma hora
mais decente pra ligar, né? Tive que descer até a portaria pra
poder falar melhor contigo sem a Laura desconfiar de nada.
-Desse jeito? Aí que ela pode
desconfiar... mas tou incomodando? Quer que eu desligue?
-Não! Já tou aqui em
baixo... me conta aí como estão as coisas. Ele tá caindo no jogo?
-Tá. Mas não é justo esse
plano todo, viu? Ele realmente é uma pessoa muito boa. Não é todo
dia que a gente vê alguém tão generoso assim na vida, ainda mais
no Rio de Janeiro... Não tem como você falar com o chefe? Pedir pra
ele desistir disso? Não me sinto bem com isso...
-Ele não vai ouvir, você e
eu sabemos muito bem disso. Ele quer vingança. Mas conta mais, vocês
estão se dando bem?
-Claro que sim! Temos muito em
comum, ele também é taurino, né.
-Grandes merdas! Também sou e
não sou tonto como ele.
-Você fica ridículo
criticando alguém que nunca te fez nada de concreto.
-Mas não vou com a cara
dele...
-Se você soubesse o que eu
penso sobre tudo isso, Mateus, aposto que nunca mais ia querer me
ver.
-Fala então! Não gosto de
meias palavras.
-Acho que você também nunca
superou que foi ele o primeiro homem que te despertou desejo. Só
isso justifica essa implicância toda: você não o “perdoa”
porque foi ele que te revelou essa verdade sobre você, para você
mesmo.
-Nunca mais repita isso! Quer
saber? Faça o que quiser aí! Eu me viro com o chefe!
Mateus desliga enfurecido e
Bruno respira aliviado, guardando rapidamente o celular.
-Eu não posso e não vou
enganar o Cláudio. Só preciso de tempo. CORTA A CENA.
CENA 3: O evento já está
avançado e Vicente resolve fazer um convite a Riva.
-Quer dançar comigo, Riva?
Riva fica sem reação. Marion
estimula.
-Ai Riva, pelo amor de Deus!
Para de olhar com essa cara de tonta que cê tá parecendo uma
debutante boba!
-Gente... tudo isso ainda é
novo demais pra mim! Tou cometendo alguma gafe? - preocupa-se Riva.
-Nenhuma, boba. Só aceita
dançar com o Vicente e vai!
Riva aceita e Vicente a tira
para dançar.
-Vocês me deem licença que
vou ao toalete retocar a maquiagem – fala Marion.
-Eu vou contigo, mãe. - fala
Mariana.
-Ei! Vocês vão me deixar
aqui sozinho? - protesta Ivan.
-Nem reclama que cê tá com a
gente aqui, pai! - fala Rafael.
-E eu também, né? - se
intromete Suzanne.
Marcelo revira os olhos e,
buscando disfarçar, tem uma ideia.
-Amor, por que a gente não
vai dançar também? - fala Marcelo pegando na mão de Rafael, que
recua.
-Tá doido, Marcelo? A
imprensa tá toda aqui, vira e mexe vem tirar foto minha e pedir
declaração porque a novela que faço tá se encaminhando pro
final...
Marcelo fica indignado.
-Ah, então é isso. Entendi.
Não pode dar bandeira nenhuma pra não queimar a imagem... muito
bem, Rafael. Só não reclama das consequências disso.
Marcelo, magoado, vai até o
pátio. Rafael se sente impotente diante da situação. Ivan percebe
que o filho está abalado diante da situação.
-Vai atrás do Marcelo, filho.
Tenta resolver essa situação, vocês não merecem se desentender
por tão pouco... - contemporiza Ivan.
-Seu pai tem razão, Rafa. Vai
lá! - se intromete Suzanne.
-Olha aqui Suzanne, você pode
se dar muito bem com minha prima e com minha mãe, mas eu não te dei
essa intimidade. Se coloque no seu lugar pra evitar constrangimento,
ok?
Suzanne fica calada e olha com
raiva para Rafael, que segue o conselho do pai e vai atrás de
Marcelo. Ivan, por sua vez, vai pedir um drink distante dali. Suzanne
olha para os lados e parece tramar algo. Rafael encontra Marcelo
cabisbaixo e chorando no pátio.
-Me desculpa, meu amor...
-Agora sou teu amor de novo,
Rafael? Vai ser sempre assim? Só sou seu amor quando ninguém tá
vendo?
-Mas Marcelo, você sabia
desde o começo o tamanho da responsabilidade que tenho.
-Sabia. Mas não significa que
concordo. Quantas vezes vou ter que me esconder ainda?
Rafael se sente nocauteado
pelas palavras de Marcelo e fica sem resposta.
-Não vai responder nada,
Rafael?
-Eu não sei o que te
responder, amor...
-Então me deixa sozinho aqui,
por favor.
-Isso significa que acabou?
-Não, Rafael. Por incrível
que pareça eu não sei mais viver sem você. Só preciso meditar um
pouco aqui, por favor, meu amor... respeita meu tempo.
Rafael entende que precisa
deixar o namorado sozinho e o deixa ali. Ao retornar para a sala
principal, flagra Suzanne colocando algo na bebida de Vicente e
retorna instantaneamente para onde Marcelo está.
-Marcelo, você não sabe o
que acabei de ver!
Marcelo perde a paciência.
-Rafa, não faz nem um minuto
que te pedi pra ficar um pouco sozinho, para de inventar pretexto!
-Não é pretexto, cara! É
sobre a Suzanne e ela pode estar dando um golpe baixo no Vicente!
Marcelo percebe que Rafael
está falando sério.
-O que essa idiota tá
tramando?
-Eu acho que vi a Suzanne
colocar alguma coisa na bebida do Vicente. Pode ser um boa noite
cinderela, sei lá o que ela pretende com isso...
-A gente precisa dar um jeito
de ele não beber a champagne batizada... - constata Marcelo. CORTA A
CENA.
CENA 4: Cláudio e Bruno
conversam animadamente sobre diversos assuntos quando o celular de
Cláudio toca.
-Não vai olhar quem tá
ligando, Cláudio?
-Não queria, né... o papo tá
ótimo, mas vai que seja importante...
Cláudio vê que se trata de
Rodrigo.
-É Rodrigo... mas ele disse
que não tinha sinal onde ele tá.
-Vai ver ele deu sorte.
Atende! - estimula Bruno.
Cláudio atende.
-Oi, amor! Conseguiu sinal aí
de onde você tá?
-Consegui. Não é incrível?
Liguei só pra te confirmar que volto amanhã à tarde. Você quer
que eu fique aí na sua casa?
Cláudio fica pensativo e nada
diz. Rodrigo estranha.
-Não vai responder, amor?
-Eu só preciso checar uma
coisa aqui antes, segura aí na linha, Rodrigo.
Cláudio corta o som do
telefone com a mão e se dirige a Bruno.
-Bruno... o Rodrigo volta
amanhã pela tarde e disse que quer passar aqui. Se conheço bem o
meu namorado, isso significa que ele vai ficar pra dormir. Acho bom
você se preparar pro interrogatório...
-Não tem outra saída, não
é? Acredito que eu possa me dar bem com seu namorado... - fala
Bruno.
Cláudio retorna a falar com
Rodrigo.
-Está certo. Pode vir. Vou
preparar seu prato preferido.
Rodrigo estranha o tom de voz
de Cláudio.
-Você tá desconfiado de mim,
amor?
-Não, Rodrigo. Dessa vez não.
-Mas tá falando estranho.
Lacônico. Você tá escondendo alguma coisa de mim?
-Só achei que você vinha
quarta, não amanhã. Em casa a gente conversa, Rodrigo.
-Não vai me responder?
-Já respondi. Em casa nós
conversamos. Preciso dormir, Rodrigo, até amanhã.
Cláudio desliga o telefone.
Bruno percebe que Cláudio não tem confiança em Rodrigo.
-Você não confia nele, né
Cláudio?
-Sinceramente? Nem um pouco.
Ele já me traiu, mas não é só isso... ele esconde muitas coisas
de mim. Não conheço nada sobre o passado dele. Às vezes sinto que
ele é um completo estranho pra mim.
Bruno engole a seco o desabafo
de Cláudio. CORTA A CENA.
CENA 5: Quando Marcelo e
Rafael retornam ao salão do evento, constatam que Ivan, Marion e
Mariana já estão de volta e que Vicente e Riva estão voltando da
dança. Marcelo também percebe o olhar triunfante de Suzanne e logo
após, ao olhar novamente para Vicente, percebe que ele está prestes
a tomar um gole da champagne batizada. Rafael também percebe.
-Precisamos fazer alguma coisa
rápido, Marcelo!
É então que começa a tocar
a canção preferida de Marcelo que, por estar focado, mal percebe.
Rafael, entretanto, o atenta para a canção.
-Amor, essa não é aquela
música da Fleur East que você adora?
Marcelo presta atenção e tem
uma ideia.
-É isso, Rafa! É essa música
que vai tirar o Vicente dessa roubada!
Rafael olha intrigado para o
namorado.
-Não tou entendendo nada,
amor.
-Não faça perguntas, apenas
me veja arrasar!
Marcelo começa a dançar
freneticamente pelo salão ao som da canção. Rafael entende o que o
namorado pretende, mas percebe que Vicente está com o copo nos
lábios, pronto para beber a champagne.
-Rápido, amor!
Tarde demais. Vicente toma um
pequeno gole, porém rejeita a bebida.
-Nossa, isso aqui tá quente!
Antes mesmo que Vicente possa
largar o copo, o braço de Marcelo, dançando de maneira efusiva,
esbarra na mão de Vicente. O copo com a champagne se espatifa no
chão e Marcelo finge que foi um acidente.
-Desculpe, Vicente! Me
desastrei todo aqui!
-Não tem problema, rapaz.
Hoje tá todo mundo meio desastrado... - descontrai Vicente.
Suzanne encara Marcelo com
raiva. Marcelo e Rafael encaram Suzanne triunfantes e Suzanne entende
que eles viram alguma coisa e evitaram que os planos dela dessem
certo. Percebendo-se impotente diante da situação, Suzanne finge
que nada aconteceu. CORTA A CENA.
CENA 6: Laura e Mateus se
preparam para dormir, porém Laura não consegue parar de pensar nas
descobertas que fez sobre o namorado. Cada vez mais desconfiada,
resolve questionar Mateus.
-Mateus, eu queria conversar
um pouco.
-Sobre o que, Lau? Aconteceu
alguma coisa? Foi algo que eu fiz?
-Não aconteceu nada... ainda.
Até onde eu sei você não fez nada... ou fez?
-Que papo é esse, amor? Tá
desconfiada de mim?
-Não. Por que? Eu deveria
estar?
-Cê tá me confundindo,
Laura.
-Então estamos quites,
Mateus. Já faz algum tempo que você me deixa confusa.
-Não lembro de te dar motivos
pra te deixar confusa, amor. Isso são coisas da sua cabeça.
-Você tá insinuando que por
eu ser mulher eu sou descontrolada? É isso mesmo que entendi?
-Não, desculpe, Lau... mas
não sei porque você anda confusa comigo.
-Veja bem, Mateus... não são
propriamente desconfianças, mas quando é que você se abre comigo
de verdade? Já estamos há dois anos juntos e você vive falando as
coisas em meias palavras, fazendo mistério das coisas. Parece que
tudo é diferente com você, até no seu trabalho na televisão.
-Mas amor, disso você não
pode falar porque nunca quis trabalhar na TV, apesar de todos os
convites de vários autores e diretores.
-Que seja, Mateus. Esse não é
o ponto. O ponto é que eu sinto falta de você se abrir mais comigo,
falar o que acontece no seu dia, essas coisas...
-Vou tentar melhorar pra você,
amor...
-Você promete?
-Prometo.
Os dois se beijam suavemente e
se deitam para dormir. Laura tenta ser otimista em relação ao
namorado, mas segue cada vez mais desconfiada. CORTA A CENA.
CENA 7: O evento já se
aproxima do final e Vicente está completamente fora de si,
aparentando estar dopado. Ao ver um garçom, ri da cara dele. Riva,
Marion, Ivan, Rafael, Marcelo e Mariana observam Vicente apreensivos.
-Cês viram o que tinha em
cima da cabeça do cara? Andorinhas! E na roupa dele? Aquele monte de
bicho verde!
Vicente ri sem parar e Marion
toma uma decisão.
-No estado que ele está ele
não sabe nem dizer o próprio endereço, quanto mais conseguiria
dirigir um carro. Ele vai pra nossa casa hoje.
Suzanne está furiosa, mas
disfarça.
-Como é que pode isso? Vocês
nem conhecem esse sujeito direito e vão colocar dentro da casa de
vocês?
Marcelo encara Suzanne com uma
expressão debochada.
-Que ironia, não é? Acho que
você não é a pessoa mais indicada pra falar de estranhos entrando
na casa dos outros.
Riva percebe que Suzanne e
Marcelo estão a ponto de brigar.
-Parem com isso, será
possível, meu filho? Ela não falou por mal, só se preocupou com a
gente...
-Preocupação bem seletiva,
não é mesmo? - complementa Rafael.
Marion se impacienta.
-Chega de climão aqui! Vamos
levar Vicente no meu carro. Meninos, vocês pagam as nossas comandas?
-Sim, podem ir pro
estacionamento que a gente vai logo atrás... - fala Marcelo.
-Eu faço companhia aos
meninos. - fala Suzanne, fingindo boa vontade.
Ivan, Marion, Mariana e Riva
acompanham Vicente e cuidam para que ele não seja fotografado
enquanto vão ao estacionamento. Marcelo confronta Suzanne.
-É uma pena que nada tenha
saído como você planejou, não é, “Suzizinha”?
Suzanne se faz de
desentendida.
-Não sei do que você tá
falando, Marcelo...
Rafael se impacienta.
-Claro que sabe. Eu vi você
tentando dar um boa noite cinderela pro Vicente. Qual era sua
intenção nisso? Forjar uma situação pra ficar famosa? Mentir que
tinha sido abusada por um ator famoso?
-Você não pode ter visto
nada disso, Rafael, simplesmente porque não fiz nada. Você tá
sendo influenciado pela implicância do Marcelo comigo. Depois, vocês
não tem provas. Vai ser a palavra de vocês contra a minha.
-Agora a sua máscara tá
caindo, golpista! - enfurece-se Marcelo.
-Máscara caindo? Não viaja
viado, só tou me defendendo.
-Quem não te conhece que te
compre... - fala Rafael, enojado.
-E tem mais uma coisa,
Suzanne: hoje você vai pra sua casa. Chega de você por hoje. Pega
um táxi, vá pro raio que te parta. Mas suma da nossa frente! -
sentencia Marcelo. CORTA A CENA.
CENA 8: Todos já estão de
volta à mansão de Marion. Marcelo se prepara pra dormir quando
Rafael vai até seu quarto.
-Você veio todo o caminho sem
trocar uma palavra comigo, amor...
-Você deu motivos para isso,
Rafael. Você me magoou muito hoje.
-Eu sinto muito, Marcelo...
mas estou de mãos atadas. Não tenho pra onde correr, a imagem que a
mídia sustenta de mim é o que garante o sustento dessa casa.
-É, mas agora não é mais a
única fonte de renda. Se você não gosta de sustentar essa imagem,
por que continua?
-Porque amo ser ator. Gosto de
fazer as pessoas sonharem. Não fui eu que decidi as regras desse
jogo. Isso tudo já existia muito antes da gente nascer...
-E você acha justo isso com
nós dois? Você realmente acha que eu vivi tudo o que vivi pra
chegar hoje, com quase vinte anos na cara e me esconder como se fosse
um criminoso?
-A gente vai dar um jeito
nisso.
-Como, Rafael, como?
-Daqui duas semanas a novela
que sou protagonista acaba, vou entrar em férias. Eu tava pensando
que nós podíamos viajar pra longe, pra poder viver nosso amor longe
dos holofotes...
-Cê tá falando sério?
-Sim. Era uma surpresa, mas
resolvi falar agora. Eu comprei duas passagens pra Austrália.
Marcelo se surpreende. FIM DO
CAPÍTULO 14.
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