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quarta-feira, 25 de maio de 2016

CAPÍTULO 9

CENA 1: Dominado pela emoção, Marcelo permanece sem nada dizer.
-Fala alguma coisa, eu acabei de dizer que te amo e que quero namorar com você e você não me diz nada? - preocupa-se Rafael.
-Rafael... eu não sei como nem porque, mas... eu também te amo. É como se a gente se conhecesse a vida toda...
-Mas você não disse ainda se quer me namorar...
-Claro que quero!
Os dois se beijam emocionados. Marcelo mostra preocupação.
-Mas Rafa... tem muita coisa que a gente não descobriu um sobre o outro. Muita coisa que eu vejo inclusive e tenho medo que acabe prejudicando nosso relacionamento.
-Como o que? Tipo o fato de eu ser ator?
-Claro que sim, Rafael. Pra mídia inteira você é o Rafael Alves galã da novela, desejado por meninas e mulheres. Pra eles, você gosta de mulheres.
-Mas não posso mudar isso, Marcelo. Não agora, pelo menos.
-Isso me preocupa.
-Por que? Olha, não pense que eu me sinto bem me escondendo de todos...
-Não é só isso. Com o tempo vão te cobrar uma namorada. Tenho medo de você arranjar uma “namorada” pra mostrar pra mídia. Isso me magoaria imensamente, você deve imaginar, sendo escorpiano como eu.
-Claro que imagino. Não sei se no seu lugar eu suportaria. Olha, Marcelo... eu fui totalmente sincero quando disse que já te amo, mas vou entender se você desistir desse namoro.
-Não, Rafael... eu também sei que te amo. Vamos tentar viver esse sentimento juntos. Vamos passar por dificuldades? Claro que sim. Mas ao mesmo tempo eu não quero ficar longe de você. Não me sinto bem me imaginando sem você.
-Eu sinto o mesmo, Marcelo...
Os dois se abraçam fortemente.
-Mas eu insisto, Marcelo. Eu não me sinto bem com a ideia de te esconder da mídia. Minha vontade é gritar meu amor por você pra todo mundo.
-Bem, a gente pode começar falando com nossas mães e nossa família, não?
-Sim. Mas acho que agora tá muito tarde e a gente pode aproveitar esse tempinho juntos aqui no seu quarto, curtindo um ao outro.
-Não precisa pedir duas vezes, Rafael. A gente pode ver nossas coleções de vinis depois, se você quiser.
-Claro que eu vou querer... meu Marcelo!
Os dois se beijam, apaixonados. CORTA A CENA.

CENA 2: O dia amanhece. Cláudio se acorda e rapidamente toma uma ducha, toma um café da manhã e lembra que Rodrigo está dormindo no quarto de hóspedes. Cláudio vai até o quarto e acorda Rodrigo.
-Levanta, cara! Já viu que horas são? Hora de ir embora!
Rodrigo se espreguiça.
-Ah, cara... não dá pra eu ficar um pouco aqui depois que você for pra aula?
-Rodrigo, qual a parte de “nós estamos dando um tempo” você não entendeu? E tem mais, me devolve a cópia das chaves.
-Mas amor, desse jeito parece que a gente não tem mais nada.
-Cara, não força a barra. Se você continuar insistindo em se manter próximo quando tudo o que quero é um tempo, pode ter certeza que isso não vai terminar bem pra nós dois.
-Às vezes você é cruel, Cláudio.
-Cruel, eu? Você devia levantar as mãos pro céu de eu ter te dado uma segunda chance depois que eu flagrei aquela cena deplorável de você de amasso com um cara no seu carro.
-Você insiste em jogar isso na minha cara. Sério, ninguém aqui é criança. Você aceitou porque quis.
-E isso quer dizer exatamente o que? Que você se sente na liberdade de repetir aquilo? Olha aqui, Rodrigo... não vai haver segunda vez. Você sabe como sou. Só deixei passar porque a gente tava no começo do namoro e eu pensava que poderia te conhecer melhor. Mas quer saber de uma coisa? Não mudou muita coisa desde aquela vez: continuo sem saber quem você realmente é.
-Desse jeito você me ofende. Você não faz ideia das coisas que já passei nessa vida, Cláudio.
-Ah, é mesmo? E por acaso eu tenho bola de cristal pra adivinhar tudo o que você passou na vida? Vou continuar sem saber enquanto você não se abrir. Se você não é sincero comigo, como é que eu vou saber de você, da sua história?
-É doloroso pra mim falar sobre meu passado. Renunciei a muita coisa.
-Isso é sempre o que você diz... “muita coisa”, bla bla bla. Troca o disco! Você acha que isso é suficiente pra eu confiar em você?
-Você não confia em mim?
-E você ainda pergunta, Rodrigo? Não tem como. Agora vai embora, você sabe que detesto me atrasar.
Rodrigo olha triste para Cláudio. CORTA A CENA.

CENA 3: Marcelo e Rafael acordam mais cedo e encontram Riva e Marion tomando café da manhã.
-Bom dia, mãe... - fala Marcelo.
-Bom dia, mãe... - fala Rafael.
-Bom dia! - respondem Riva e Marion ao mesmo tempo.
Rafael percebe que Mariana não está ali.
-Cadê a mana?
-Tá dormindo ainda. Hoje ela não tem os dois primeiros tempos da aula... - esclarece Marion.
Riva lança um olhar a Marcelo, que percebe que ela entendeu o que eles querem dizer. Marcelo toma coragem e leva Rafael pela mão até a mesa.
-Gente... precisamos contar algo sério pra vocês... - fala Marcelo.
-Eu e Marcelo nos apaixonamos. Nem a gente sabe como isso aconteceu tão rápido, mas a gente viu que se ama. E resolvemos ficar juntos... - continua Rafael.
Riva fica feliz.
-Que maravilha! Mal te conheci, Rafael... mas sinto que você é boa gente!
Marion fica com expressão pensativa e nada diz. Rafael estranha.
-Mãe... cê não vai dizer nada? Já te apresentei dois namorados antes...
Marion respira fundo.
-Queridos... não me entendam mal. Vocês devem saber que eu sou a última pessoa nesse mundo a julgar...
-Falo com conhecimento de causa, Marcelo... ela tá dizendo a verdade. Libriana ao cubo! - interrompe Rafael.
-Tá, filho... deixa eu continuar. Bem, o que me preocupa é que moramos juntos. Me preocupa porque vira e mexe tem paparazzo a mando da imprensa marrom pra fazer fofoca da vida dos famosos. Vejam bem, não escolhi essa imagem midiática que decidiram pro Rafael, mas sei que a desconstrução dela pode custar a carreira dele na TV. Depois, não é porque eu e a Riva nos reconciliamos e ela ficou rica que vou explorar minha sobrinha... precisamos manter em mente que nosso sustento deve vir do nosso trabalho.
-Mas Marion... pensa comigo: não é porque passamos vinte anos afastadas que cê vai ter reservas comigo. Cê sabe que se precisar da minha ajuda eu vou ajudar. Vou ajudar sempre que precisar e vou fazer isso com gosto... - pondera Riva.
-Mas tenho meu orgulho, Riva! Depois, quando é pra defender os meus eu viro uma lavadeira!
-Eu conheço bem essa lavadeira! - descontrai Riva.
Todos riem.
-Mas olha, tia Marion... te entendo. A gente vai ver no que isso vai dar. Também fico pensando como vai ser ficar se escondendo depois de ter me assumido há anos. Não vai ser fácil, mas de qualquer jeito, seria pior a gente negar o que tá sentindo um pelo outro... - fala Marcelo.
-Bem, seja o que Deus quiser. Espero que vocês consigam amadurecer juntos. - fala Marion.
-Ai gente, vamo mudar de assunto! Já que a Marion falou da lavadeira que existe dentro dela, vocês não tem ideia de como ela pode ser barraqueira, viu? - descontrai Riva.
-O que? Que calúnia! Como se você fosse FI-NÍS-SI-MA, né Riva? - continua Marion.
Todos seguem se divertindo com a conversa. CORTA A CENA.

CENA 4: UMA SEMANA DEPOIS. Cláudio está em casa e novamente Rodrigo está lá.
-Cara, eu já te avisei que não era pra forçar a barra.
-Poxa, amor... só quis fazer um jantar pra você!
-Sei. Mas que fique claro que eu não quero você dormindo aqui hoje, tá entendendo?
-Como assim? Não vai me dizer que tá esperando alguém...
Cláudio não acredita nas palavras de Rodrigo.
-Eu não acredito que você tá dizendo isso. Qual foi, virou o jogo agora? Se você pensa que fazendo psicologia reversa comigo vai funcionar, meu querido... cê tá perdendo seu tempo de uma maneira que nem te conto...
-Tá... não toco mais nesse assunto. A comida vai ficar pronta daqui a pouco, quer que eu coloque os pratos e talheres na mesa?
-Não precisa, Rodrigo. Deixa que eu arrumo.
O celular de Rodrigo toca.
-Só um pouco, Cláudio... já venho aqui te ajudar.
Rodrigo pega o celular e se dirige ao corredor para atender. Cláudio, movido pela curiosidade, tenta ouvir. Rodrigo acaba indo para o quarto de Cláudio e ele decide caminhar lentamente até o banheiro sem ser visto. Rodrigo atende o celular. Cláudio tem dificuldade em ouvir o que é falado.
‒Sim! – Rodrigo riu. – É claro que posso.
Cláudio se esforça para escutar claramente e, principalmente, para não entender nada errado. Rodrigo segue falando ao telefone.
‒Tenho estado...
Cláudio escuta algo parecido com “estático”.
-...você.
Cláudio está parado, curvado próximo à janela. Fixa o olhar em alguma coisa, incapaz de desviar sua atenção na intenção de se concentrar no que ouve, técnica aprendida no teatro.
-Ah, beijar você... – Rodrigo mexe no armário e faz algum barulho, cortando a comunicação indireta com Cláudio. – É claro que posso. Hoje mesmo!
Mesmo sem ouvir direito o que Rodrigo diz, Cláudio julga ter entendido. CORTA A CENA.

CENA 5: Marion auxilia Riva a se arrumar.
-Não, Riva... tira esse colar! Tá muito chamativo. Que tal esse aqui que além de mais discreto, casa perfeitamente com o modelito?
-Tá bem. Mas você não acha que vai ficar muito sem graça desse jeito?
-Vai por mim... menos é mais. Depois, você não quer ir pro seu primeiro grande evento social vestida de árvore de natal, né?
-Ai, não é pra tanto, Marion...
-Claro que é, Riva. Pra ser elegante é preciso ser discreta, tanto nas roupas quanto nas palavras, no gestual...
-Ai, tou nervosa...
-Imagino o quanto. Quando eu comecei a frequentar a alta sociedade, ficava apavorada, com medo de cometer alguma gafe. Se isso te consola, a gente se acostuma rápido com o que é bom...
-Espero mesmo... Vem cá, não era pros meninos terem chegado já?
-Ai, querida... desculpa, esqueci de avisar que o Rafa ligou avisando que eles foram jantar fora pra chegarem só pra se arrumarem pro evento... Marcelo ficou sem bateria no celular, por isso não te avisou.
-E o Ivan, nada, né? Quando é que ele vai sair daquela cama?
-Só Deus sabe, Riva... CORTA A CENA.

CENA 6: O celular de Laura toca e ela atende.
-Alô? Oi, fala Claudinho...
-Eu posso dar uma passada na sua casa? Acabei de descobrir umas coisas e preciso desabafar. Não quero incomodar o Marcelo porque ele tá em início de namoro e indo a um evento com a dona Riva...
-Beleza, pode vir. Te espero pra que horas? Quer que eu compre alguma coisa pra gente comer?
-Não precisa, acabei de jantar e despachei o Rodrigo daqui. Me espera que eu chego pelas dez horas...
-Ótimo. Até logo, amigo.
Laura desliga e vai até a cozinha, onde Mateus prepara o jantar.
-Olha só, Mateus... o Cláudio vem aí...
-O que? Justo hoje?
-Não tem discussão. Ele vem, eu decidi e você vai ficar quietinho, senão já sabe...
Mateus assente com a cabeça, claramente contrariado. CORTA A CENA.

CENA 7: Eva e Renata estão na casa de Eva, conversando com os pais dela após o jantar. Renata está pensativa e Regina nota.
-O que tá acontecendo, Renata? Tou notando sua cara meio jururu...
-Nada não, mãe... - desconversa Eva.
Renata se revolta.
-Pare de fingir que não é nada, Eva! Dona Regina, o que tá acontecendo é que a Eva continua naquela mania de sempre me esconder de tudo e de todos e isso me deixa chateada!
-Querida... eu queria poder dar um jeito de fazer com que essa minha filha não fosse tão cabeça dura. Ainda mais sabendo de tudo o que você já passou nessa vida... - compadece-se Regina.
-Ah, mãe! É sempre assim, né? Eu sou a errada e a Renata sempre tem razão...
Geraldo contemporiza.
-Ninguém aqui é criança, meninas. Sua mãe está apenas sendo justa. Ou você acha justo esconder quem você ama?
Eva se sente impotente diante da situação.
-Mas e a minha carreira? Imagina o que iam falar se descobrissem...
Regina interrompe.
-O problema é que você se importa demais com a imagem que querem fazer de você...
Todos seguem conversando. CORTA A CENA.

CENA 8: Cláudio chega à casa de Laura e é recebido com um abraço forte.
-Que saudade que eu tava de você, meu amigo...
-Nossa, nem me fala! Parece que faz uma vida que não te vejo!
Mateus encara os dois com cara de desaprovação, mas não diz uma única palavra.
-Entra, Cláudio... acabei de passar um café pra nós... Mateus, dá oi pro Cláudio!
Cláudio estende a mão para Mateus, que tenta dominar seu instinto de animosidade e aperta a mão dele de volta.
-Vocês me dêem licença, mas eu preciso repassar o texto dos capítulos que vou gravar essa semena.
Laura entende que Mateus está arranjando uma desculpa para não ter de olhar na cara de Cláudio, mas considera que a melhor saída é aquela do que forçar Mateus a demonstrar uma simpatia não tem por Cláudio.
-Vai lá, amor... vou ficar aqui tricotando com o Claudinho...
Mateus vai ao quarto.
-Mas me conta, amigo... por que você resolveu vir aqui hoje?
-Ah, Lau... o Rodrigo, né... não sei mais o que faço, o que penso, como trato ele. Cada vez mais percebo que não faço ideia de quem ele realmente é. Não sei se isso é bom, ruim ou se tou perdendo meu tempo com ele.
-Ok... primeiro me explica o que tá acontecendo pra gente ver o que pode ser concluído disso tudo...
-Muita coisa, Lau, você não faz ideia.
-Comece pelo começo, então. Vai querer o café como?
-Sem açúcar nem adoçante, como sempre.
-Ótimo. Mas vai falando que eu tou te ouvindo...
-Ai, amiga... pra começo de história ele nunca fala do passado dele. Quando pergunto alguma coisa, ele sempre diz que eu não sei das coisas que ele passou. Mas me diz como eu vou adivinhar o passado dele se ele nunca conta?
-É, Claudinho... nesse caso é difícil. Ninguém tem bola de cristal nem visões do passado aqui...
-Justamente. Isso sem falar que a gente mal tinha começado nosso relacionamento e eu peguei ele com outro.
Laura fica perplexa.
-Não tou te reconhecendo. Pelo mesmo motivo você deu um pé na bunda do Diogo, mesmo amando ele!
-Pra você ver... tem dias que nem eu me reconheço...
Os dois seguem conversando. CORTA A CENA.

CENA 9: Riva, Marion, Marcelo, Rafael e Mariana estão no evento de apresentação de Riva à alta sociedade. Todos conversam sobre assuntos amenos, quando uma mulher se aproxima.
-Seu vestido é lindo, Riva! - fala a mulher, próxima a Riva.
-Quem é você? - intriga-se Riva.
-Sou Suzanne, consultora de etiqueta. Você tem muito potencial para ser uma dama.
Riva se anima com o que Suzanne diz. FIM DO CAPÍTULO 9.

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