CENA 1: Dominado pela emoção,
Marcelo permanece sem nada dizer.
-Fala alguma coisa, eu acabei
de dizer que te amo e que quero namorar com você e você não me diz
nada? - preocupa-se Rafael.
-Rafael... eu não sei como
nem porque, mas... eu também te amo. É como se a gente se
conhecesse a vida toda...
-Mas você não disse ainda se
quer me namorar...
-Claro que quero!
Os dois se beijam emocionados.
Marcelo mostra preocupação.
-Mas Rafa... tem muita coisa
que a gente não descobriu um sobre o outro. Muita coisa que eu vejo
inclusive e tenho medo que acabe prejudicando nosso relacionamento.
-Como o que? Tipo o fato de eu
ser ator?
-Claro que sim, Rafael. Pra
mídia inteira você é o Rafael Alves galã da novela, desejado por
meninas e mulheres. Pra eles, você gosta de mulheres.
-Mas não posso mudar isso,
Marcelo. Não agora, pelo menos.
-Isso me preocupa.
-Por que? Olha, não pense que
eu me sinto bem me escondendo de todos...
-Não é só isso. Com o tempo
vão te cobrar uma namorada. Tenho medo de você arranjar uma
“namorada” pra mostrar pra mídia. Isso me magoaria imensamente,
você deve imaginar, sendo escorpiano como eu.
-Claro que imagino. Não sei
se no seu lugar eu suportaria. Olha, Marcelo... eu fui totalmente
sincero quando disse que já te amo, mas vou entender se você
desistir desse namoro.
-Não, Rafael... eu também
sei que te amo. Vamos tentar viver esse sentimento juntos. Vamos
passar por dificuldades? Claro que sim. Mas ao mesmo tempo eu não
quero ficar longe de você. Não me sinto bem me imaginando sem você.
-Eu sinto o mesmo, Marcelo...
Os dois se abraçam
fortemente.
-Mas eu insisto, Marcelo. Eu
não me sinto bem com a ideia de te esconder da mídia. Minha vontade
é gritar meu amor por você pra todo mundo.
-Bem, a gente pode começar
falando com nossas mães e nossa família, não?
-Sim. Mas acho que agora tá
muito tarde e a gente pode aproveitar esse tempinho juntos aqui no
seu quarto, curtindo um ao outro.
-Não precisa pedir duas
vezes, Rafael. A gente pode ver nossas coleções de vinis depois, se
você quiser.
-Claro que eu vou querer...
meu Marcelo!
Os dois se beijam,
apaixonados. CORTA A CENA.
CENA 2: O dia amanhece.
Cláudio se acorda e rapidamente toma uma ducha, toma um café da
manhã e lembra que Rodrigo está dormindo no quarto de hóspedes.
Cláudio vai até o quarto e acorda Rodrigo.
-Levanta, cara! Já viu que
horas são? Hora de ir embora!
Rodrigo se espreguiça.
-Ah, cara... não dá pra eu
ficar um pouco aqui depois que você for pra aula?
-Rodrigo, qual a parte de “nós
estamos dando um tempo” você não entendeu? E tem mais, me devolve
a cópia das chaves.
-Mas amor, desse jeito parece
que a gente não tem mais nada.
-Cara, não força a barra. Se
você continuar insistindo em se manter próximo quando tudo o que
quero é um tempo, pode ter certeza que isso não vai terminar bem
pra nós dois.
-Às vezes você é cruel,
Cláudio.
-Cruel, eu? Você devia
levantar as mãos pro céu de eu ter te dado uma segunda chance
depois que eu flagrei aquela cena deplorável de você de amasso com
um cara no seu carro.
-Você insiste em jogar isso
na minha cara. Sério, ninguém aqui é criança. Você aceitou
porque quis.
-E isso quer dizer exatamente
o que? Que você se sente na liberdade de repetir aquilo? Olha aqui,
Rodrigo... não vai haver segunda vez. Você sabe como sou. Só
deixei passar porque a gente tava no começo do namoro e eu pensava
que poderia te conhecer melhor. Mas quer saber de uma coisa? Não
mudou muita coisa desde aquela vez: continuo sem saber quem você
realmente é.
-Desse jeito você me ofende.
Você não faz ideia das coisas que já passei nessa vida, Cláudio.
-Ah, é mesmo? E por acaso eu
tenho bola de cristal pra adivinhar tudo o que você passou na vida?
Vou continuar sem saber enquanto você não se abrir. Se você não é
sincero comigo, como é que eu vou saber de você, da sua história?
-É doloroso pra mim falar
sobre meu passado. Renunciei a muita coisa.
-Isso é sempre o que você
diz... “muita coisa”, bla bla bla. Troca o disco! Você acha que
isso é suficiente pra eu confiar em você?
-Você não confia em mim?
-E você ainda pergunta,
Rodrigo? Não tem como. Agora vai embora, você sabe que detesto me
atrasar.
Rodrigo olha triste para
Cláudio. CORTA A CENA.
CENA 3: Marcelo e Rafael
acordam mais cedo e encontram Riva e Marion tomando café da manhã.
-Bom dia, mãe... - fala
Marcelo.
-Bom dia, mãe... - fala
Rafael.
-Bom dia! - respondem Riva e
Marion ao mesmo tempo.
Rafael percebe que Mariana não
está ali.
-Cadê a mana?
-Tá dormindo ainda. Hoje ela
não tem os dois primeiros tempos da aula... - esclarece Marion.
Riva lança um olhar a
Marcelo, que percebe que ela entendeu o que eles querem dizer.
Marcelo toma coragem e leva Rafael pela mão até a mesa.
-Gente... precisamos contar
algo sério pra vocês... - fala Marcelo.
-Eu e Marcelo nos apaixonamos.
Nem a gente sabe como isso aconteceu tão rápido, mas a gente viu
que se ama. E resolvemos ficar juntos... - continua Rafael.
Riva fica feliz.
-Que maravilha! Mal te
conheci, Rafael... mas sinto que você é boa gente!
Marion fica com expressão
pensativa e nada diz. Rafael estranha.
-Mãe... cê não vai dizer
nada? Já te apresentei dois namorados antes...
Marion respira fundo.
-Queridos... não me entendam
mal. Vocês devem saber que eu sou a última pessoa nesse mundo a
julgar...
-Falo com conhecimento de
causa, Marcelo... ela tá dizendo a verdade. Libriana ao cubo! -
interrompe Rafael.
-Tá, filho... deixa eu
continuar. Bem, o que me preocupa é que moramos juntos. Me preocupa
porque vira e mexe tem paparazzo a mando da imprensa marrom pra fazer
fofoca da vida dos famosos. Vejam bem, não escolhi essa imagem
midiática que decidiram pro Rafael, mas sei que a desconstrução
dela pode custar a carreira dele na TV. Depois, não é porque eu e a
Riva nos reconciliamos e ela ficou rica que vou explorar minha
sobrinha... precisamos manter em mente que nosso sustento deve vir do
nosso trabalho.
-Mas Marion... pensa comigo:
não é porque passamos vinte anos afastadas que cê vai ter reservas
comigo. Cê sabe que se precisar da minha ajuda eu vou ajudar. Vou
ajudar sempre que precisar e vou fazer isso com gosto... - pondera
Riva.
-Mas tenho meu orgulho, Riva!
Depois, quando é pra defender os meus eu viro uma lavadeira!
-Eu conheço bem essa
lavadeira! - descontrai Riva.
Todos riem.
-Mas olha, tia Marion... te
entendo. A gente vai ver no que isso vai dar. Também fico pensando
como vai ser ficar se escondendo depois de ter me assumido há anos.
Não vai ser fácil, mas de qualquer jeito, seria pior a gente negar
o que tá sentindo um pelo outro... - fala Marcelo.
-Bem, seja o que Deus quiser.
Espero que vocês consigam amadurecer juntos. - fala Marion.
-Ai gente, vamo mudar de
assunto! Já que a Marion falou da lavadeira que existe dentro dela,
vocês não tem ideia de como ela pode ser barraqueira, viu? -
descontrai Riva.
-O que? Que calúnia! Como se
você fosse FI-NÍS-SI-MA, né Riva? - continua Marion.
Todos seguem se divertindo com
a conversa. CORTA A CENA.
CENA 4: UMA SEMANA DEPOIS.
Cláudio está em casa e novamente Rodrigo está lá.
-Cara, eu já te avisei que
não era pra forçar a barra.
-Poxa, amor... só quis fazer
um jantar pra você!
-Sei. Mas que fique claro que
eu não quero você dormindo aqui hoje, tá entendendo?
-Como assim? Não vai me dizer
que tá esperando alguém...
Cláudio não acredita nas
palavras de Rodrigo.
-Eu não acredito que você tá
dizendo isso. Qual foi, virou o jogo agora? Se você pensa que
fazendo psicologia reversa comigo vai funcionar, meu querido... cê
tá perdendo seu tempo de uma maneira que nem te conto...
-Tá... não toco mais nesse
assunto. A comida vai ficar pronta daqui a pouco, quer que eu coloque
os pratos e talheres na mesa?
-Não precisa, Rodrigo. Deixa
que eu arrumo.
O celular de Rodrigo toca.
-Só um pouco, Cláudio... já
venho aqui te ajudar.
Rodrigo pega o celular e se
dirige ao corredor para atender. Cláudio, movido pela curiosidade,
tenta ouvir. Rodrigo acaba indo para o quarto de Cláudio e ele
decide caminhar lentamente até o banheiro sem ser visto. Rodrigo
atende o celular. Cláudio tem dificuldade em ouvir o que é falado.
‒Sim!
– Rodrigo riu. – É claro que posso.
Cláudio
se esforça para escutar claramente e, principalmente, para não
entender nada errado. Rodrigo segue falando ao telefone.
‒Tenho
estado...
Cláudio
escuta algo parecido com “estático”.
-...você.
Cláudio
está parado, curvado próximo à janela. Fixa o olhar em alguma
coisa, incapaz de desviar sua atenção na intenção de se
concentrar no que ouve, técnica aprendida no teatro.
-Ah,
beijar você... – Rodrigo mexe no armário e faz algum barulho,
cortando a comunicação indireta com Cláudio. – É claro que
posso. Hoje mesmo!
Mesmo sem ouvir direito o que
Rodrigo diz, Cláudio julga ter entendido. CORTA A CENA.
CENA 5: Marion auxilia Riva a
se arrumar.
-Não, Riva... tira esse
colar! Tá muito chamativo. Que tal esse aqui que além de mais
discreto, casa perfeitamente com o modelito?
-Tá bem. Mas você não acha
que vai ficar muito sem graça desse jeito?
-Vai por mim... menos é mais.
Depois, você não quer ir pro seu primeiro grande evento social
vestida de árvore de natal, né?
-Ai, não é pra tanto,
Marion...
-Claro que é, Riva. Pra ser
elegante é preciso ser discreta, tanto nas roupas quanto nas
palavras, no gestual...
-Ai, tou nervosa...
-Imagino o quanto. Quando eu
comecei a frequentar a alta sociedade, ficava apavorada, com medo de
cometer alguma gafe. Se isso te consola, a gente se acostuma rápido
com o que é bom...
-Espero mesmo... Vem cá, não
era pros meninos terem chegado já?
-Ai, querida... desculpa,
esqueci de avisar que o Rafa ligou avisando que eles foram jantar
fora pra chegarem só pra se arrumarem pro evento... Marcelo ficou
sem bateria no celular, por isso não te avisou.
-E o Ivan, nada, né? Quando é
que ele vai sair daquela cama?
-Só Deus sabe, Riva... CORTA
A CENA.
CENA 6: O celular de Laura
toca e ela atende.
-Alô? Oi, fala Claudinho...
-Eu posso dar uma passada na
sua casa? Acabei de descobrir umas coisas e preciso desabafar. Não
quero incomodar o Marcelo porque ele tá em início de namoro e indo
a um evento com a dona Riva...
-Beleza, pode vir. Te espero
pra que horas? Quer que eu compre alguma coisa pra gente comer?
-Não precisa, acabei de
jantar e despachei o Rodrigo daqui. Me espera que eu chego pelas dez
horas...
-Ótimo. Até logo, amigo.
Laura desliga e vai até a
cozinha, onde Mateus prepara o jantar.
-Olha só, Mateus... o Cláudio
vem aí...
-O que? Justo hoje?
-Não tem discussão. Ele vem,
eu decidi e você vai ficar quietinho, senão já sabe...
Mateus assente com a cabeça,
claramente contrariado. CORTA A CENA.
CENA 7: Eva e Renata estão na
casa de Eva, conversando com os pais dela após o jantar. Renata está
pensativa e Regina nota.
-O que tá acontecendo,
Renata? Tou notando sua cara meio jururu...
-Nada não, mãe... -
desconversa Eva.
Renata se revolta.
-Pare de fingir que não é
nada, Eva! Dona Regina, o que tá acontecendo é que a Eva continua
naquela mania de sempre me esconder de tudo e de todos e isso me
deixa chateada!
-Querida... eu queria poder
dar um jeito de fazer com que essa minha filha não fosse tão cabeça
dura. Ainda mais sabendo de tudo o que você já passou nessa vida...
- compadece-se Regina.
-Ah, mãe! É sempre assim,
né? Eu sou a errada e a Renata sempre tem razão...
Geraldo contemporiza.
-Ninguém aqui é criança,
meninas. Sua mãe está apenas sendo justa. Ou você acha justo
esconder quem você ama?
Eva se sente impotente diante
da situação.
-Mas e a minha carreira?
Imagina o que iam falar se descobrissem...
Regina interrompe.
-O problema é que você se
importa demais com a imagem que querem fazer de você...
Todos seguem conversando.
CORTA A CENA.
CENA 8: Cláudio chega à casa
de Laura e é recebido com um abraço forte.
-Que saudade que eu tava de
você, meu amigo...
-Nossa, nem me fala! Parece
que faz uma vida que não te vejo!
Mateus encara os dois com cara
de desaprovação, mas não diz uma única palavra.
-Entra, Cláudio... acabei de
passar um café pra nós... Mateus, dá oi pro Cláudio!
Cláudio estende a mão para
Mateus, que tenta dominar seu instinto de animosidade e aperta a mão
dele de volta.
-Vocês me dêem licença, mas
eu preciso repassar o texto dos capítulos que vou gravar essa
semena.
Laura entende que Mateus está
arranjando uma desculpa para não ter de olhar na cara de Cláudio,
mas considera que a melhor saída é aquela do que forçar Mateus a
demonstrar uma simpatia não tem por Cláudio.
-Vai lá, amor... vou ficar
aqui tricotando com o Claudinho...
Mateus vai ao quarto.
-Mas me conta, amigo... por
que você resolveu vir aqui hoje?
-Ah, Lau... o Rodrigo, né...
não sei mais o que faço, o que penso, como trato ele. Cada vez mais
percebo que não faço ideia de quem ele realmente é. Não sei se
isso é bom, ruim ou se tou perdendo meu tempo com ele.
-Ok... primeiro me explica o
que tá acontecendo pra gente ver o que pode ser concluído disso
tudo...
-Muita coisa, Lau, você não
faz ideia.
-Comece pelo começo, então.
Vai querer o café como?
-Sem açúcar nem adoçante,
como sempre.
-Ótimo. Mas vai falando que
eu tou te ouvindo...
-Ai, amiga... pra começo de
história ele nunca fala do passado dele. Quando pergunto alguma
coisa, ele sempre diz que eu não sei das coisas que ele passou. Mas
me diz como eu vou adivinhar o passado dele se ele nunca conta?
-É, Claudinho... nesse caso é
difícil. Ninguém tem bola de cristal nem visões do passado aqui...
-Justamente. Isso sem falar
que a gente mal tinha começado nosso relacionamento e eu peguei ele
com outro.
Laura fica perplexa.
-Não tou te reconhecendo.
Pelo mesmo motivo você deu um pé na bunda do Diogo, mesmo amando
ele!
-Pra você ver... tem dias que
nem eu me reconheço...
Os dois seguem conversando.
CORTA A CENA.
CENA 9: Riva, Marion, Marcelo,
Rafael e Mariana estão no evento de apresentação de Riva à alta
sociedade. Todos conversam sobre assuntos amenos, quando uma mulher
se aproxima.
-Seu vestido é lindo, Riva! -
fala a mulher, próxima a Riva.
-Quem é você? - intriga-se
Riva.
-Sou Suzanne, consultora de
etiqueta. Você tem muito potencial para ser uma dama.
Riva se anima com o que
Suzanne diz. FIM DO CAPÍTULO 9.
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