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quinta-feira, 26 de maio de 2016

CAPÍTULO 10

CENA 1: Marcelo encara Suzanne com estranheza.
-Vem cá, moça... como é que você conhece minha mãe?
Suzanne argumenta.
-Vocês ficaram bastante famosos depois de levarem o prêmio máximo na loteria. Prazer em te conhecer também, Marcelo...
Marcelo não gosta do tom de Suzanne, mas finge entrar no jogo dela.
-Oh, desculpe... não quis ser indelicado. É Suzanne seu nome, certo?
-Sim. Não tem problema. Eu vi desde a primeira entrevista de sua mãe e pensei que ela precisava de umas aulas de etiqueta. Por isso estou aqui, pois além de dar dicas de etiqueta, eu posso perfeitamente ensinar as noções fundamentais da gramática da língua portuguesa e inglesa, inclusive.
Riva e Marion se animam. Marion é a primeira a falar.
-Tou a-man-do a ideia! Menina, você não tem noção de como é complicado pra uma pessoa só orientar... você será mais que bem vinda! Só me diga uma coisa... quanto você quer cobrar?
-Absolutamente nada, nos primeiros meses. Sou de uma família rica do interior de São Paulo, nem preciso trabalhar, faço por prazer de ajudar as pessoas.
Riva se encanta.
-Gente, que maravilha! Acho que a gente vai se dar bem... Suzanne, certo?
-Sim, meu nome é Suzanne.
-Gostei de você, menina. Gosto de gente que ajuda sem pedir nada em troca... - divaga Riva.
-Menina? Devo ter a mesma idade que você, Riva...
-Não brinca! Com essa cara de garota? E eu aqui me sentindo acabada prestes a fazer trinta e cinco...
-Nada que um bom tratamento de pele não resolva, boba. Com a bolada que você dispõe agora, não me custa nada indicar um bom tratamento. Você vai ficar no mínimo dez anos mais jovem!
Marcelo não simpatiza com Suzanne.
-Vocês me dêem licença que eu vou pegar uma bebida.
Marcelo se afasta rapidamente da roda de conversa e Rafael percebe que o namorado não gostou de Suzanne.
-Dá pra me explicar o que foi aquilo? Só faltou você xingar aquela mulher, Marcelo...
-E faltou bem pouco pra eu fazer isso, Rafa...
-Ué, por que? Ela pareceu tão prestativa, gentil, até afetuosa...
-Você é realmente escorpiano, Rafael? Porque às vezes parece um pisciano bobo que acredita que o mundo é feito de ursinhos carinhosos... sério, tem alguma coisa estranha naquela mulher. Ela não é o que ela mostra.
-Cê não acha que tá de implicância boba com ela? Ela se dispôs a ajudar sua mãe sem cobrar um centavo por isso!
-Como você é ingênuo, Rafa! Existem outras maneiras de cobrar. Bem, o tempo vai se encarregar de mostrar a verdade, daí você vai ver se eu tenho razão ou não... agora é melhor a gente voltar pra lá...
Os dois retornam com bebidas. CORTA A CENA.

CENA 2: Laura e Cláudio continuam conversando sobre Rodrigo.
-Então basicamente é isso, Lau... o Rodrigo aparentemente tá me traindo de novo.
-Ainda tou surpresa de você dar margem pra uma segunda vez. Mal parece o Cláudio que eu sempre conheci.
-E eu não sei? Se eu acreditasse em superstições, diria que ele fez algum tipo de feitiço pra me prender. Sabe o mais doido disso? Às vezes eu penso que amo ele, mas às vezes sinto ele tão longe que eu não sei se realmente amo ou se só tou me sujeitando a tudo isso pra não ficar sozinho...
-Quer que eu seja sincera?
-É o que sempre espero de você...
-Bem, eu acho que é exatamente isso que tá acontecendo. Pensa comigo: por mais que hoje você seja um cara independente e dono do próprio nariz, acho que ficou uma marca de ter perdido os pais tão cedo de forma tão trágica. Talvez você não consiga suportar a ideia da solidão... só acho que você precisa avaliar melhor se vale a pena se cercar de companhias, mesmo que elas não sejam boas pra você.
-Pior de tudo que você tem razão no que você diz, Lau... só que ao mesmo tempo eu não consigo acreditar que o Rodrigo não seja uma boa pessoa.
-Nem eu estou dizendo o contrário. Mas convenhamos que é estranho demais depois de quase um ano contigo ele nunca ter conhecido nenhum dos seus amigos. Nem a mim, nem a Marcelo, nem a ninguém. A impressão que me passa, sinceramente, é que ele se esconde...
-Pois é isso mesmo que penso, só que de repente eu só tenho dificuldade em entender a natureza dele. Sabe como é, eu sou taurino, sem querer vejo mais o meu lado do que o dos outros.
-Cê deve estar de brincadeira comigo. Você sendo egoísta? Cláudio, é muito mais fácil você colocar os outros como prioridade do que a si mesmo...
-Mas não é disso que tou falando, Laura... tou falando de não conseguir entender o motivo dos outros.
-Meu amigo, tem coisas que a gente não precisa entender. Não tou dizendo que ele esconda algo grave, mas na minha opinião, nada justifica ele se esconder tanto de você. Dá a entender, no mínimo, que ele não confia em você.
-Então eu e ele estamos quites, porque depois de tudo o que já vivi com ele, não consigo sentir uma ponta de confiança nele...
-Não será melhor vocês terminarem de uma vez? Porque pelo que você me contou, ele vai continuar te cercando enquanto você mantiver esse “tempo” que estipulou...
-Não sinto coragem de acabar tudo com ele agora. De alguma forma, sinto que ele precisa de mim.
-Me fale sobre você: você precisa dele?
Cláudio coça a cabeça, pensativo.
-Honestamente eu não sei, Lau...
-Olha, por que você não vai comigo amanhã no ensaio da companhia? Vai que você se anima e volta pro teatro? Isso se você quiser dormir aqui, claro...
-Aceito sim. Acho que vai ser bom ocupar a mente com outras coisas... mas e o Mateus?
-Deixa que com ele eu me entendo, ok?
Os dois seguem conversando. CORTA A CENA.

CENA 3: Horas depois, já perto do final do evento, Riva está claramente embriagda, enquanto Marion, Rafael, Mariana e Marcelo tomam conta dela. Suzanne também toma conta de Riva.
-Cês tão exagerando, gente! Só bebi mais que devia, não tou desmaiando nem fora de mim! - protesta Riva.
-Se vocês estiverem precisando de ajuda, eu posso acompanhar vocês até a casa de vocês! - se oferece Suzanne, incomodando Marcelo. Rafael também percebe que Suzanne é solícita demais. No entanto, tanto Riva quanto Marion e Mariana, parecem achar boa a ideia.
-Vai ser ótimo ter a sua mão pra nos ajudar... - fala Marion.
-Verdade. Gostei de você, Suzanne... - fala Mariana.
Rafael fica desconfortável com aquela situação e Marcelo percebe que o namorado também não gostou muito de Suzanne. Os dois se olham e resolvem falar.
-Mãe... a senhora podia me acompanhar lá fora rapidinho? - pergunta Marcelo a Riva.
-A senhora pode vir também? - pergunta Rafael a Marion.
Marion assente e vai com Riva em direção a Rafael e Marcelo. Suzanne faz menção de acompanhá-los, no que Marcelo é taxativo:
-Você espera aqui com a Mariana. Seremos rápidos.
Os quatro chegam na entrada da festa. Marcelo torna a falar.
-Mãe, vocês estão doidas? Vocês conheceram essa mulher essa noite e já estão convidando uma até então desconhecida para se hospedar na nossa casa? O que é isso? De repente a mansão dos Bittencourt virou a casa da Mãe Joana, casa de caridade? A gente não sabe nada dessa mulher, poxa!
Riva e Marion tentam protestar, mas Rafael começa a falar.
-Marcelo tem razão. No começo achei que fosse implicância boba dele, mas convenhamos que é no mínimo estranho a pessoa nos conhecer hoje e por um motivo besta querer nos acompanhar em casa. Quem aqui nunca passou da medida na bebida? Nem por isso voltamos acompanhados pra casa, chamávamos um táxi e tava tudo bem!
-Mas queridos, ela me parece uma boa pessoa! Se mostrou tão simpática e solícita com Riva... - fala Marion.
-Mesmo assim, tia... cês não acham que é melhor deixar o tempo provar que ela é realmente tudo isso que diz e mostra? Não custa prevenir... - fala Marcelo.
-Acho certo o que você disse, filho. Tenho quase certeza que ela é pessoa boa, mas a gente conheceu ela hoje. Depois, só tou meio altinha, não estou caindo pelos cantos... - fala Riva.
-E mesmo que estivesse, prima... não custa nada chamar um táxi e voltar com segurança pra casa, sem ajuda de terceiros. - sentencia Rafael.
Os quatro voltam. Marion dirige-se a Suzanne.
-Querida, infelizmente você não vai poder nos acompanhar. Meu marido anda deprimido em casa e precisa de cuidados. A gente vai voltar de táxi porque também bebi além da conta. – fala Marion.
-Fico agradecida pela preocupação. Nos ligue! - fala Riva.
Todos se despedem de Suzanne, que abraça efusivamente Marcelo, que aproveita o excesso de liberdade dela e fala ao pé do ouvido:
-A mim você não engana, Suzanne. Não vou te dar desconto, valeu?
Todos deixam a festa, menos Suzanne, que encara todos. CORTA A CENA.

CENA 4: O dia amanhece. Cláudio acorda na casa de Laura.
-Bom dia, amiga!
-Bom dia, amigo.
-Cadê Mateus, já foi?
-Sim. Caiu da cama praticamente. Hoje é dia que ele vai pras gravações cedíssimo.
-Beleza. Ai Lau, ainda acho que devia ir à aula hoje.
-Pare com isso, Cláudio! Você quase nunca falta e vai ser bom pra você rever o pessoal da companhia de teatro... vai por mim.
-Tá certo...
Meia hora depois, eles chegam à companhia de teatro, sendo calorosamente recebidos por todos, principalmente por Eva e Renata.
-Querido! Sentimos saudades! - vibra Eva.
-Também senti. Mas vem cá, você não está focada nas participações que anda arranjando na TV, Eva?
-Não consigo ficar sem o teatro, você sabe disso.
-Também senti falta...
-Ei, por que você não volta a ensaiar com a gente? - convida Renata.
-Eu adoraria, mas ando tão cheio de coisas pra fazer...
-Cheio de coisa? Leiam como faculdade e ficar atrás do namorado misterioso que vive dando toco nele... - brinca Laura.
Cláudio não gosta da brincadeira.
-Não precisava falar desse jeito, poxa!
-Iiih... tá, não tá mais aqui quem falou, então.
-Mas me contem, meninas, como anda o namoro de vocês?
-Ah, isso é outro problema... - fala Renata, querendo desabafar.
-Problema nenhum! A Renata que é exagerada... - desconversa Eva.
-Não sei vocês, meninas, mas eu tou em cima da hora pro primeiro exercício do dia... - fala Laura.
Cláudio assiste o exercício dos atores, encantado por estar novamente ali. CORTA A CENA.

CENA 5: Ivan se levanta bem disposto e surpreende Marion, Riva, Rafael, Marcelo e Mariana, que tomam café da manhã.
-Bom dia, amor! O que te deu pra levantar cedo e com essa cara boa hoje? - anima-se Marion.
-Me dei conta de que não adianta me maltratar a vida toda pelo sumiço do Haroldo. Já tem dois anos que ele não dá notícias... acho que é como se eu estivesse saindo de uma espécie de luto...
-Fico feliz em ouvir isso, pai... - fala Rafael.
-Ainda bem que você viu isso, pai. Todos nós sofremos quando ele desapareceu e nunca mais nos deu notícias. Mas tivemos de seguir a vida... - fala Mariana.
Ivan abraça os filhos e Marion.
-Obrigado por não desistirem de mim... - agradece Ivan.
-Mas não pense você que vai se livrar do analista. Se for necessário, até no psiquiatra você vai. O que não vou permitir é que você caia de novo, de jeito nenhum! Até porque você precisa ainda superar seu vício de jogar... - fala Marion.
-Falamos sobre isso depois. Me contem como foi o evento de ontem, tou curioso pra saber tudo.
-Foi ótimo! Diz a Marion que não cometi gafe nenhuma! - vibra Riva.
-Minha mãe só precisa de mais um empurrão pra mostrar que é fina como essas madames da alta sociedade... - derrete-se Marcelo.
-Correção, Marcelo: sua mãe é uma dama da sociedade agora. Afinal de contas, é da nossa família e agora tá milionária, ainda por cima... - fala Marion.
-E todo mundo elogiou o vestido dela. Tava um deslumbre, mesmo! - fala Mariana.
-Vestido que foi escolhido por mim, por sinal! - gaba-se Marion.
-É, mas teve também uma tal de Suzanne querendo se oferecer pra vir aqui em casa ajudar minha mãe só porque ela tava um pouco bêbada no fim da festa... vê se pode? - fala Marcelo.
-Cê não gostou dela mesmo, né filho? - fala Riva.
-Nem um pouco. Mas você insiste que ela é gente boa... vamos ver...
Todos seguem conversando. CORTA A CENA.

CENA 6: Horas depois, Cláudio está em sua casa e resolve ligar para Rodrigo.
-Oi Rodrigo... a gente precisa conversar. Tem como vir aqui hoje?
-Agora mesmo, se você quiser... - responde Rodrigo.
-Então está certo. Tou te esperando.
Poucos minutos se passam e Rodrigo chega. Cláudio o recebe com um sorriso tímido.
-Oi, amor... o que você quer conversar comigo?
-Andei pensando melhor em nós dois...
-Chegou a alguma conclusão?
-Sim. Acho que esse tempo que eu pedi pra nós já foi suficiente.
-Você quer acabar comigo?
-Não, Rodrigo. Eu gosto de você. Não quero terminar com você. Só que você precisa me prometer uma coisa...
-O que?
-Não me esconda mais nada. Essa é a minha condição.
-Mas Claudinho, você precisa entender que eu viajo muito a trabalho. Não é culpa minha... se você pensa que por isso eu tou escondendo alguma coisa, não posso fazer nada.
-Tenho meus motivos pra desconfiar. Só quero que a gente jogue limpo daqui em diante. Pode ser?
-Claro que sim, amor. Eu te amo, Cláudio. Posso voltar pra essa casa?
-Hoje mesmo, se você quiser.
Os dois se beijam e se abraçam. Cláudio olha para o vazio, pensativo. CORTA A CENA.

CENA 7: Ao chegarem em casa, Marcelo e Rafael são surpreendidos pela presença de Suzanne conversando animadamente com Marion, Riva, Ivan e Mariana. Rafael e Marcelo não escondem o desconforto.
-Oi gente! Vocês não avisaram que... - fala Rafael, sendo interrompido por Marion.
-Desculpem, queridos. Acabou que a gente não quis incomodar um com as gravações da novela e o outro com os estudos. Acabou que tanto eu quanto a Riva esquecemos de avisar que a Suzanne começava hoje as aulas de etiqueta da Riva...
-Incomodo? - fala Suzanne, olhando diretamente para Marcelo.
-Não... imagina, “querida”. É um prazer inenarrável receber uma pessoa tão “fina” na nossa casa. Agora me dê licença que eu preciso me atualizar nas minhas leituras. - fala Marcelo, irônico, indo em direção à escada, sendo seguido por Rafael. Riva sente que o filho não gostou nem um pouco da presença de Suzanne na casa.
-Querida, cê me dá cinco minutinhos? Preciso ir ao toalete. - fala Riva, se retirando.
Riva vai atrás de Marcelo e Rafael.
-O que foi aquilo, Marcelo? Custava pelo menos disfarçar melhor que não gostou de ver a Suzanne aqui? Ela não tem culpa de não te agradar.
Rafael sente que o namorado vai falar mais do que deve e tenta contemporizar.
-Sabe o que é, prima? O Marcelo só tá achando estranho vocês terem conhecido essa mulher ontem e já receberem aqui em casa como se fosse íntima. Não é, Marcelo?
-Isso, mãe. Só peço pra que você a trate da forma que ela merece ser tratada: como a pessoa encarregada de te ensinar noções de etiqueta. Combinado?
-Deixa de bobeira, filho. Suzi é gente boa...
Marcelo se espanta.
-“Suzi”? O que é isso? Já tá íntima desse jeito? Toma cuidado, mãe...
-Mais tarde a gente conversa melhor, filho...
Riva desce e volta à sala. CORTA A CENA.

CENA 8: Mateus e Laura estão jantando. Laura olha admirada para o namorado.
-Vish, o que foi que te deu, Lau? Tá me olhando com essa cara praticamente desde que eu cheguei...
-Tou orgulhosa de você, amor...
-Por que?
-Porque pela primeira vez em, sei lá, seis anos, você segurou a onda e não insultou o Cláudio. Isso mostra que você tá amadurecendo e que valoriza nosso relacionamento. O principal é que você respeita meus amigos...
-Ah... deixa disso, amor! Eu cansei de ficar remando contra a maré. Não quero brigar com você a troco de nada...
Os dois se beijam. CORTA A CENA.

CENA 9: Após o jantar, o celular de Rodrigo toca e ele vai atender no quarto.
-De novo não! - fala Cláudio, consigo mesmo.
Era outra ligação misteriosa e Cláudio novamente passa a pensar que está sendo traído. Poucos minutos depois, Rodrigo volta e encontra Cláudio pensativo no sofá da sala.
-Amor, cê tá bem? – pergunta Rodrigo.
Cláudio finge não ouvir e vai ao quarto. Rodrigo o puxa pelo braço e o encara.
-O que você tem?
Cláudio não responde. Sua respiração ofega e suas mãos tremem. Rodrigo insiste.
-Meu amor, cê tá se sentindo mal? O que está sentindo?
Cláudio encara Rodrigo. Respira fundo, abre a boca para falar, mas é interrompido. O telefone de Rodrigo toca novamente.
-Não vai atender? – Cláudio provoca.
-Não. Não deve ser nada importante.
-Ou apenas não quer atender perto de mim?
-Vai começar, Cláudio?
-Começar? Isso já está acabando.
-O que cê quer dizer com isso? Vai, garoto. Diga.
Os olhos de Cláudio rejeitam os de Rodrigo, que o provoca.
-Eu sabia. Covarde. É isso o que cê sempre foi, Cláudio. Um covarde. Sempre se escondendo atrás de medos e inseguranças. No final, ainda se faz de vítima. O que foi dessa vez? Tá com ciúmes do vizinho? Do padeiro?
-CALE-SE, RODRIGO! – Cláudio berra, começando a chorar.
-Não é verdade? Diga que é mentira, cara. Diga!
-É claro que é mentira! Tudo isso é uma mentira!
Rodrigo segura o maxilar de Cláudio e encosta seu rosto no do namorado.
-Você é a mentira aqui, seu merdinha. Uma ilusão. Uma criança mimada que quer brincar de gente grande, mas continua com esses medos infantis, com essas ilusões infantis. Você não passa de um moleque, Cláudio! Não sabe nada da vida e quer cagar regra pra cima de quem já viu de quase tudo nessa vida!
Rodrigo está furioso e não percebe que está machucando Cláudio.
-Me solta, Rodrigo! Tá me machucando!
-Você se faz de bonzinho, mas no fundo espera que todos sintam peninha de você porque você perdeu seus pais cedo. Não passa de um chantagista emocional velado! Vive com exigências do tipo “ou é do meu jeito ou não é de jeito nenhum”. Você não sabe nada da vida, fedelho!
Rodrigo solta Cláudio, que desaba no chão chorando. FIM DO CAPÍTULO 10.

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