CENA 1: Marcelo encara Suzanne
com estranheza.
-Vem cá, moça... como é que
você conhece minha mãe?
Suzanne argumenta.
-Vocês ficaram bastante
famosos depois de levarem o prêmio máximo na loteria. Prazer em te
conhecer também, Marcelo...
Marcelo não gosta do tom de
Suzanne, mas finge entrar no jogo dela.
-Oh, desculpe... não quis ser
indelicado. É Suzanne seu nome, certo?
-Sim. Não tem problema. Eu vi
desde a primeira entrevista de sua mãe e pensei que ela precisava de
umas aulas de etiqueta. Por isso estou aqui, pois além de dar dicas
de etiqueta, eu posso perfeitamente ensinar as noções fundamentais
da gramática da língua portuguesa e inglesa, inclusive.
Riva e Marion se animam.
Marion é a primeira a falar.
-Tou a-man-do a ideia! Menina,
você não tem noção de como é complicado pra uma pessoa só
orientar... você será mais que bem vinda! Só me diga uma coisa...
quanto você quer cobrar?
-Absolutamente nada, nos
primeiros meses. Sou de uma família rica do interior de São Paulo,
nem preciso trabalhar, faço por prazer de ajudar as pessoas.
Riva se encanta.
-Gente, que maravilha! Acho
que a gente vai se dar bem... Suzanne, certo?
-Sim, meu nome é Suzanne.
-Gostei de você, menina.
Gosto de gente que ajuda sem pedir nada em troca... - divaga Riva.
-Menina? Devo ter a mesma
idade que você, Riva...
-Não brinca! Com essa cara de
garota? E eu aqui me sentindo acabada prestes a fazer trinta e
cinco...
-Nada que um bom tratamento de
pele não resolva, boba. Com a bolada que você dispõe agora, não
me custa nada indicar um bom tratamento. Você vai ficar no mínimo
dez anos mais jovem!
Marcelo não simpatiza com
Suzanne.
-Vocês me dêem licença que
eu vou pegar uma bebida.
Marcelo se afasta rapidamente
da roda de conversa e Rafael percebe que o namorado não gostou de
Suzanne.
-Dá pra me explicar o que foi
aquilo? Só faltou você xingar aquela mulher, Marcelo...
-E faltou bem pouco pra eu
fazer isso, Rafa...
-Ué, por que? Ela pareceu tão
prestativa, gentil, até afetuosa...
-Você é realmente
escorpiano, Rafael? Porque às vezes parece um pisciano bobo que
acredita que o mundo é feito de ursinhos carinhosos... sério, tem
alguma coisa estranha naquela mulher. Ela não é o que ela mostra.
-Cê não acha que tá de
implicância boba com ela? Ela se dispôs a ajudar sua mãe sem
cobrar um centavo por isso!
-Como você é ingênuo, Rafa!
Existem outras maneiras de cobrar. Bem, o tempo vai se encarregar de
mostrar a verdade, daí você vai ver se eu tenho razão ou não...
agora é melhor a gente voltar pra lá...
Os dois retornam com bebidas.
CORTA A CENA.
CENA 2: Laura e Cláudio
continuam conversando sobre Rodrigo.
-Então basicamente é isso,
Lau... o Rodrigo aparentemente tá me traindo de novo.
-Ainda tou surpresa de você
dar margem pra uma segunda vez. Mal parece o Cláudio que eu sempre
conheci.
-E eu não sei? Se eu
acreditasse em superstições, diria que ele fez algum tipo de
feitiço pra me prender. Sabe o mais doido disso? Às vezes eu penso
que amo ele, mas às vezes sinto ele tão longe que eu não sei se
realmente amo ou se só tou me sujeitando a tudo isso pra não ficar
sozinho...
-Quer que eu seja sincera?
-É o que sempre espero de
você...
-Bem, eu acho que é
exatamente isso que tá acontecendo. Pensa comigo: por mais que hoje
você seja um cara independente e dono do próprio nariz, acho que
ficou uma marca de ter perdido os pais tão cedo de forma tão
trágica. Talvez você não consiga suportar a ideia da solidão...
só acho que você precisa avaliar melhor se vale a pena se cercar de
companhias, mesmo que elas não sejam boas pra você.
-Pior de tudo que você tem
razão no que você diz, Lau... só que ao mesmo tempo eu não
consigo acreditar que o Rodrigo não seja uma boa pessoa.
-Nem eu estou dizendo o
contrário. Mas convenhamos que é estranho demais depois de quase um
ano contigo ele nunca ter conhecido nenhum dos seus amigos. Nem a
mim, nem a Marcelo, nem a ninguém. A impressão que me passa,
sinceramente, é que ele se esconde...
-Pois é isso mesmo que penso,
só que de repente eu só tenho dificuldade em entender a natureza
dele. Sabe como é, eu sou taurino, sem querer vejo mais o meu lado
do que o dos outros.
-Cê deve estar de brincadeira
comigo. Você sendo egoísta? Cláudio, é muito mais fácil você
colocar os outros como prioridade do que a si mesmo...
-Mas não é disso que tou
falando, Laura... tou falando de não conseguir entender o motivo dos
outros.
-Meu amigo, tem coisas que a
gente não precisa entender. Não tou dizendo que ele esconda algo
grave, mas na minha opinião, nada justifica ele se esconder tanto de
você. Dá a entender, no mínimo, que ele não confia em você.
-Então eu e ele estamos
quites, porque depois de tudo o que já vivi com ele, não consigo
sentir uma ponta de confiança nele...
-Não será melhor vocês
terminarem de uma vez? Porque pelo que você me contou, ele vai
continuar te cercando enquanto você mantiver esse “tempo” que
estipulou...
-Não sinto coragem de acabar
tudo com ele agora. De alguma forma, sinto que ele precisa de mim.
-Me fale sobre você: você
precisa dele?
Cláudio coça a cabeça,
pensativo.
-Honestamente eu não sei,
Lau...
-Olha, por que você não vai
comigo amanhã no ensaio da companhia? Vai que você se anima e volta
pro teatro? Isso se você quiser dormir aqui, claro...
-Aceito sim. Acho que vai ser
bom ocupar a mente com outras coisas... mas e o Mateus?
-Deixa que com ele eu me
entendo, ok?
Os dois seguem conversando.
CORTA A CENA.
CENA 3: Horas depois, já
perto do final do evento, Riva está claramente embriagda, enquanto
Marion, Rafael, Mariana e Marcelo tomam conta dela. Suzanne também
toma conta de Riva.
-Cês tão exagerando, gente!
Só bebi mais que devia, não tou desmaiando nem fora de mim! -
protesta Riva.
-Se vocês estiverem
precisando de ajuda, eu posso acompanhar vocês até a casa de vocês!
- se oferece Suzanne, incomodando Marcelo. Rafael também percebe que
Suzanne é solícita demais. No entanto, tanto Riva quanto Marion e
Mariana, parecem achar boa a ideia.
-Vai ser ótimo ter a sua mão
pra nos ajudar... - fala Marion.
-Verdade. Gostei de você,
Suzanne... - fala Mariana.
Rafael fica desconfortável
com aquela situação e Marcelo percebe que o namorado também não
gostou muito de Suzanne. Os dois se olham e resolvem falar.
-Mãe... a senhora podia me
acompanhar lá fora rapidinho? - pergunta Marcelo a Riva.
-A senhora pode vir também? -
pergunta Rafael a Marion.
Marion assente e vai com Riva
em direção a Rafael e Marcelo. Suzanne faz menção de
acompanhá-los, no que Marcelo é taxativo:
-Você espera aqui com a
Mariana. Seremos rápidos.
Os quatro chegam na entrada da
festa. Marcelo torna a falar.
-Mãe, vocês estão doidas?
Vocês conheceram essa mulher essa noite e já estão convidando uma
até então desconhecida para se hospedar na nossa casa? O que é
isso? De repente a mansão dos Bittencourt virou a casa da Mãe
Joana, casa de caridade? A gente não sabe nada dessa mulher, poxa!
Riva e Marion tentam
protestar, mas Rafael começa a falar.
-Marcelo tem razão. No começo
achei que fosse implicância boba dele, mas convenhamos que é no
mínimo estranho a pessoa nos conhecer hoje e por um motivo besta
querer nos acompanhar em casa. Quem aqui nunca passou da medida na
bebida? Nem por isso voltamos acompanhados pra casa, chamávamos um
táxi e tava tudo bem!
-Mas queridos, ela me parece
uma boa pessoa! Se mostrou tão simpática e solícita com Riva... -
fala Marion.
-Mesmo assim, tia... cês não
acham que é melhor deixar o tempo provar que ela é realmente tudo
isso que diz e mostra? Não custa prevenir... - fala Marcelo.
-Acho certo o que você disse,
filho. Tenho quase certeza que ela é pessoa boa, mas a gente
conheceu ela hoje. Depois, só tou meio altinha, não estou caindo
pelos cantos... - fala Riva.
-E mesmo que estivesse,
prima... não custa nada chamar um táxi e voltar com segurança pra
casa, sem ajuda de terceiros. - sentencia Rafael.
Os quatro voltam. Marion
dirige-se a Suzanne.
-Querida, infelizmente você
não vai poder nos acompanhar. Meu marido anda deprimido em casa e
precisa de cuidados. A gente vai voltar de táxi porque também bebi
além da conta. – fala Marion.
-Fico agradecida pela
preocupação. Nos ligue! - fala Riva.
Todos se despedem de Suzanne,
que abraça efusivamente Marcelo, que aproveita o excesso de
liberdade dela e fala ao pé do ouvido:
-A mim você não engana,
Suzanne. Não vou te dar desconto, valeu?
Todos deixam a festa, menos
Suzanne, que encara todos. CORTA A CENA.
CENA 4: O dia amanhece.
Cláudio acorda na casa de Laura.
-Bom dia, amiga!
-Bom dia, amigo.
-Cadê Mateus, já foi?
-Sim. Caiu da cama
praticamente. Hoje é dia que ele vai pras gravações cedíssimo.
-Beleza. Ai Lau, ainda acho
que devia ir à aula hoje.
-Pare com isso, Cláudio! Você
quase nunca falta e vai ser bom pra você rever o pessoal da
companhia de teatro... vai por mim.
-Tá certo...
Meia hora depois, eles chegam
à companhia de teatro, sendo calorosamente recebidos por todos,
principalmente por Eva e Renata.
-Querido! Sentimos saudades! -
vibra Eva.
-Também senti. Mas vem cá,
você não está focada nas participações que anda arranjando na
TV, Eva?
-Não consigo ficar sem o
teatro, você sabe disso.
-Também senti falta...
-Ei, por que você não volta
a ensaiar com a gente? - convida Renata.
-Eu adoraria, mas ando tão
cheio de coisas pra fazer...
-Cheio de coisa? Leiam como
faculdade e ficar atrás do namorado misterioso que vive dando toco
nele... - brinca Laura.
Cláudio não gosta da
brincadeira.
-Não precisava falar desse
jeito, poxa!
-Iiih... tá, não tá mais
aqui quem falou, então.
-Mas me contem, meninas, como
anda o namoro de vocês?
-Ah, isso é outro problema...
- fala Renata, querendo desabafar.
-Problema nenhum! A Renata que
é exagerada... - desconversa Eva.
-Não sei vocês, meninas, mas
eu tou em cima da hora pro primeiro exercício do dia... - fala
Laura.
Cláudio assiste o exercício
dos atores, encantado por estar novamente ali. CORTA A CENA.
CENA 5: Ivan se levanta bem
disposto e surpreende Marion, Riva, Rafael, Marcelo e Mariana, que
tomam café da manhã.
-Bom dia, amor! O que te deu
pra levantar cedo e com essa cara boa hoje? - anima-se Marion.
-Me dei conta de que não
adianta me maltratar a vida toda pelo sumiço do Haroldo. Já tem
dois anos que ele não dá notícias... acho que é como se eu
estivesse saindo de uma espécie de luto...
-Fico feliz em ouvir isso,
pai... - fala Rafael.
-Ainda bem que você viu isso,
pai. Todos nós sofremos quando ele desapareceu e nunca mais nos deu
notícias. Mas tivemos de seguir a vida... - fala Mariana.
Ivan abraça os filhos e
Marion.
-Obrigado por não desistirem
de mim... - agradece Ivan.
-Mas não pense você que vai
se livrar do analista. Se for necessário, até no psiquiatra você
vai. O que não vou permitir é que você caia de novo, de jeito
nenhum! Até porque você precisa ainda superar seu vício de
jogar... - fala Marion.
-Falamos sobre isso depois. Me
contem como foi o evento de ontem, tou curioso pra saber tudo.
-Foi ótimo! Diz a Marion que
não cometi gafe nenhuma! - vibra Riva.
-Minha mãe só precisa de
mais um empurrão pra mostrar que é fina como essas madames da alta
sociedade... - derrete-se Marcelo.
-Correção, Marcelo: sua mãe
é uma dama da sociedade agora. Afinal de contas, é da nossa família
e agora tá milionária, ainda por cima... - fala Marion.
-E todo mundo elogiou o
vestido dela. Tava um deslumbre, mesmo! - fala Mariana.
-Vestido que foi escolhido por
mim, por sinal! - gaba-se Marion.
-É, mas teve também uma tal
de Suzanne querendo se oferecer pra vir aqui em casa ajudar minha mãe
só porque ela tava um pouco bêbada no fim da festa... vê se pode?
- fala Marcelo.
-Cê não gostou dela mesmo,
né filho? - fala Riva.
-Nem um pouco. Mas você
insiste que ela é gente boa... vamos ver...
Todos seguem conversando.
CORTA A CENA.
CENA 6: Horas depois, Cláudio
está em sua casa e resolve ligar para Rodrigo.
-Oi Rodrigo... a gente precisa
conversar. Tem como vir aqui hoje?
-Agora mesmo, se você
quiser... - responde Rodrigo.
-Então está certo. Tou te
esperando.
Poucos minutos se passam e
Rodrigo chega. Cláudio o recebe com um sorriso tímido.
-Oi, amor... o que você quer
conversar comigo?
-Andei pensando melhor em nós
dois...
-Chegou a alguma conclusão?
-Sim. Acho que esse tempo que
eu pedi pra nós já foi suficiente.
-Você quer acabar comigo?
-Não, Rodrigo. Eu gosto de
você. Não quero terminar com você. Só que você precisa me
prometer uma coisa...
-O que?
-Não me esconda mais nada.
Essa é a minha condição.
-Mas Claudinho, você precisa
entender que eu viajo muito a trabalho. Não é culpa minha... se
você pensa que por isso eu tou escondendo alguma coisa, não posso
fazer nada.
-Tenho meus motivos pra
desconfiar. Só quero que a gente jogue limpo daqui em diante. Pode
ser?
-Claro que sim, amor. Eu te
amo, Cláudio. Posso voltar pra essa casa?
-Hoje mesmo, se você quiser.
Os dois se beijam e se
abraçam. Cláudio olha para o vazio, pensativo. CORTA A CENA.
CENA 7: Ao chegarem em casa,
Marcelo e Rafael são surpreendidos pela presença de Suzanne
conversando animadamente com Marion, Riva, Ivan e Mariana. Rafael e
Marcelo não escondem o desconforto.
-Oi gente! Vocês não
avisaram que... - fala Rafael, sendo interrompido por Marion.
-Desculpem, queridos. Acabou
que a gente não quis incomodar um com as gravações da novela e o
outro com os estudos. Acabou que tanto eu quanto a Riva esquecemos de
avisar que a Suzanne começava hoje as aulas de etiqueta da Riva...
-Incomodo? - fala Suzanne,
olhando diretamente para Marcelo.
-Não... imagina, “querida”.
É um prazer inenarrável receber uma pessoa tão “fina” na nossa
casa. Agora me dê licença que eu preciso me atualizar nas minhas
leituras. - fala Marcelo, irônico, indo em direção à escada,
sendo seguido por Rafael. Riva sente que o filho não gostou nem um
pouco da presença de Suzanne na casa.
-Querida, cê me dá cinco
minutinhos? Preciso ir ao toalete. - fala Riva, se retirando.
Riva vai atrás de Marcelo e
Rafael.
-O que foi aquilo, Marcelo?
Custava pelo menos disfarçar melhor que não gostou de ver a Suzanne
aqui? Ela não tem culpa de não te agradar.
Rafael sente que o namorado
vai falar mais do que deve e tenta contemporizar.
-Sabe o que é, prima? O
Marcelo só tá achando estranho vocês terem conhecido essa mulher
ontem e já receberem aqui em casa como se fosse íntima. Não é,
Marcelo?
-Isso, mãe. Só peço pra que
você a trate da forma que ela merece ser tratada: como a pessoa
encarregada de te ensinar noções de etiqueta. Combinado?
-Deixa de bobeira, filho. Suzi
é gente boa...
Marcelo se espanta.
-“Suzi”? O que é isso? Já
tá íntima desse jeito? Toma cuidado, mãe...
-Mais tarde a gente conversa
melhor, filho...
Riva desce e volta à sala.
CORTA A CENA.
CENA 8: Mateus e Laura estão
jantando. Laura olha admirada para o namorado.
-Vish, o que foi que te deu,
Lau? Tá me olhando com essa cara praticamente desde que eu
cheguei...
-Tou orgulhosa de você,
amor...
-Por que?
-Porque pela primeira vez em,
sei lá, seis anos, você segurou a onda e não insultou o Cláudio.
Isso mostra que você tá amadurecendo e que valoriza nosso
relacionamento. O principal é que você respeita meus amigos...
-Ah... deixa disso, amor! Eu
cansei de ficar remando contra a maré. Não quero brigar com você a
troco de nada...
Os dois se beijam. CORTA A
CENA.
CENA 9: Após o jantar, o
celular de Rodrigo toca e ele vai atender no quarto.
-De novo não! - fala Cláudio,
consigo mesmo.
Era outra ligação misteriosa
e Cláudio novamente passa a pensar que está sendo traído. Poucos
minutos depois, Rodrigo volta e encontra Cláudio pensativo no sofá
da sala.
-Amor, cê tá bem? –
pergunta Rodrigo.
Cláudio
finge não ouvir e vai ao quarto. Rodrigo o puxa pelo braço e o
encara.
-O
que você tem?
Cláudio
não responde. Sua respiração ofega e suas mãos tremem. Rodrigo
insiste.
-Meu
amor, cê tá se sentindo mal? O que está sentindo?
Cláudio
encara Rodrigo. Respira fundo, abre a boca para falar, mas é
interrompido. O telefone de Rodrigo toca novamente.
-Não
vai atender? – Cláudio provoca.
-Não.
Não deve ser nada importante.
-Ou
apenas não quer atender perto de mim?
-Vai
começar, Cláudio?
-Começar?
Isso já está acabando.
-O
que cê quer dizer com isso? Vai, garoto. Diga.
Os
olhos de Cláudio rejeitam os de Rodrigo, que o provoca.
-Eu
sabia. Covarde. É isso o que cê sempre foi, Cláudio. Um covarde.
Sempre se escondendo atrás de medos e inseguranças. No final, ainda
se faz de vítima. O que foi dessa vez? Tá com ciúmes do vizinho?
Do padeiro?
-CALE-SE,
RODRIGO! – Cláudio berra, começando a chorar.
-Não
é verdade? Diga que é mentira, cara. Diga!
-É
claro que é mentira! Tudo isso é uma mentira!
Rodrigo
segura o maxilar de Cláudio e encosta seu rosto no do namorado.
-Você é a mentira aqui, seu
merdinha. Uma ilusão. Uma criança mimada que quer brincar de gente
grande, mas continua com esses medos infantis, com essas ilusões
infantis. Você não passa de um moleque, Cláudio! Não sabe nada da
vida e quer cagar regra pra cima de quem já viu de quase tudo nessa
vida!
Rodrigo está furioso e não
percebe que está machucando Cláudio.
-Me solta, Rodrigo! Tá me
machucando!
-Você se faz de bonzinho, mas
no fundo espera que todos sintam peninha de você porque você perdeu
seus pais cedo. Não passa de um chantagista emocional velado! Vive
com exigências do tipo “ou é do meu jeito ou não é de jeito
nenhum”. Você não sabe nada da vida, fedelho!
Rodrigo solta Cláudio, que
desaba no chão chorando. FIM DO CAPÍTULO 10.
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