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quinta-feira, 2 de junho de 2016

CAPÍTULO 16

CENA 1: Rafael percebe que o namorado está muito contrariado e busca contornar a situação.
-Veja bem, meu amor... a gente ainda vai poder passar um mês longe do Brasil...
-É, só que não era um mês que estava nos nossos planos, era dois meses! Sabe o que me revolta nisso? Que a gente vai ter menos tempo pra nós dois por causa dessa merda da sua imagem midiática, mais uma vez!
-Marcelo, a gente já falou sobre isso. Você não tá sendo egoísta olhando só pro seu lado?
-E você pensou em nós dois, por acaso? Pensou na gente quando resolveu aceitar o novo papel sem nem questionar? Não pensou! Não venha me falar que sou eu o egoísta quando você mesmo só olha pro que gira em torno de você.
-Assim você me ofende, Marcelo.
-E você acha que eu não fiquei ofendido? Poxa vida, Rafael! Como é que você espera que eu reaja diante disso?
-Mas a gente vai pra Austrália ainda assim...
-“Mas a gente ainda vai, mimimi”... que seja! Mas você não pensou nisso quando aceitou o convite, pensou?
-Claro que pensei! Cê pensa que é fácil pra mim?
-Difícil não deve ser, né? Afinal de contas, é o trabalho que você ama. Só me pergunto se você ama mais o seu trabalho do que ama a mim...
Rafael fica perplexo com Marcelo.
-Eu não acredito que você tá comparando as duas coisas. Não existe parâmetro possível. É óbvio que eu te amo mais que tudo, você me ofendeu agora!
Marcelo começa a chorar, deixando Rafael compadecido. Rafael ampara o namorado.
-Olha, Marcelo... a gente prometeu que vai fazer isso dar certo. A gente precisa confiar em nós mesmos! Só aceitei esse papel porque eu sei que essa autora já cancelou uma novela dela antes porque foi contrariada. Foi uma dor de cabeça pra emissora...
-Isso tudo é muito novo e difícil pra mim, Rafael. Você precisa entender que eu não conhecia nada desse mundo antes... eu não quero que a gente brigue, não quero perder o que nós temos...
-Nem eu quero perder nós dois, amor. Confia na gente. Nós vamos encontrar um jeito...
Os dois se abraçam, selando a paz. CORTA A CENA.

CENA 2: A noite passa e o dia amanhece. Riva, ao se acordar, percebe que todos tomam café da manhã juntos na sala.
-Bom dia, queridos! Que bom ver que você continua animado, Ivan!
-Ah, Riva... cansei de me maltratar pelo sumiço do Haroldo. Não foi culpa minha e não quero mais levar isso comigo. Se ele tiver de aparecer um dia, ele aparece. - sentencia Ivan.
-Muito bem! Mas então, gente... na verdade eu queria falar um negócio pra vocês. Eu tou namorando o Vicente.
Marcelo fica extremamente contente pela mãe e a abraça calorosamente.
-Finalmente, mãe! É a primeira vez que vejo você se dar uma chance ao amor nessa vida...
-Tá, filho, mas nem se empolga tanto, viu? Conversei bastante com ele. Pedi pra gente ir devagar, ele aceitou respeitar meu tempo.
Marion resolve falar.
-Do jeito que o Vicente é gente boa, não dou dois meses pra você ficar completamente caída por ele.
-Pode ser, Marion, mas até lá, prefiro ir com calma.
Todos abraçam Riva e gritam em coro.
-Tá namorando! Tá namorando! CORTA A CENA.

CENA 3: Horas depois, Bruno aproveita que Cláudio está na faculdade e vai até o estúdio da novela que Mateus participa para falar com ele. Aproveitando um intervalo nas gravações, Mateus vai ao encontro de Bruno.
-Quantas vezes eu falei pra você não aparecer aqui, pra não dar bandeira?
-Ai, Mateus! “Seje menas”, viu? Você só é o coantagonista dessa novelinha, tá? Nenhum holofote tá voltado pra você, pode ficar tranquilo.
-Fala logo o que cê veio fazer aqui. Melhor dizendo: me diz se tá indo bem o combinado.
-Acho que tá indo bem, são as ordens do chefe, não é? Não dá pra contrariar. Mas não vim aqui pra falar disso.
-E veio falar do que? Porque pra você se abalar de Santa Tereza até aqui, coisa pouca não deve ser.
-E realmente não é coisa pouca. Andei pensando muito em nós dois, Mateus... desde domingo vim pensando na gente. Decidi que não quero mais. Decidi que não te quero mais.
Mateus fica surpreso.
-Cê tá terminando comigo? É isso mesmo que eu entendi?
-É isso. Eu não quero mais ficar contigo.
-O que mudou? Até outro dia você fazia tudo por mim...
-Eu mudei, Mateus. Tou cansado de todo esse joguinho de “esconde esconde”.
-Peraí... deixa ver se entendi direito: você vai também contrariar as ordens do chefe? Enlouqueceu, Bruno?
-Não, idiota! Não sou suicida e nem colocaria a vida de todos nós em risco. Vou seguir o combinado, só que sem você sendo meu caso.
-Caso? Pensei que fôssemos namorados, Bruno...
-Cê tem problema, cara? Tá certo que eu também não sou assumido pra quase ninguém, mas quem decidiu que ia ser escondido foi você. Em algum momento você considerou a possibilidade de largar a Laura pra ficar só comigo? Acho que não, né? Então não venha chamar de namoro esse rolo complicado que a gente teve. Sabe, Mateus... eu gosto de você, acredito que você possa ser um bom amigo. Mas cansei. Cansei de te dividir com outra pessoa, pouco me importa se é homem ou mulher...
Mateus desconfia de Bruno.
-Você não tá se apaixonando pelo Cláudio, tá?
-Se estivesse, isso não é da sua conta. Vou fazer o que o chefe mandou.
-Você não me respondeu, Bruno.
-Nem vou. Eu preciso ir, agora. Afinal de contas eu realmente tou precisando de um emprego.
Bruno parte e deixa Mateus furioso. CORTA A CENA.

CENA 4: Durante a tarde, Vicente resolve visitar Riva na casa de Marion, já na condição de seu namorado. Vicente, Riva, Marion, Ivan e Mariana conversam animadamente.
-Coitado... esse daí tá pensando que é fácil vencer a Riva pelo cansaço – descontrai Marion.
-Com uma tia dessas, a prima não precisa de inimiga! - ri Mariana.
Vicente resolve falar de algo que estranhou nos últimos dias.
-Vocês desculpem mudar de assunto, mas queria falar de um negócio que me deixou encafifado. Aliás, antes de falar, queria perguntar pra vocês pra ter certeza.
-Fala, querido! - estimula Riva.
-Aquela amiga de vocês, que dá aula de etiqueta de graça pra Riva... é Suzanne o nome dela, não? Ela tem aparecido esses dias? Deu notícias?
Marion e Riva constatam que Suzanne não deu notícias desde o evento em que Vicente foi dopado.
-Agora você nos pegou. A Suzanne sumiu do mapa. Deve estar resolvendo alguma coisa com a família dela lá no interior de São Paulo... - constata Marion.
-É mesmo? Ela é de lá? - surpreende-se Vicente.
-Sim, ela é de uma família rica do interior de lá. - fala Riva.
-Estranho, isso. Ela fala como uma carioca da gema, vocês não perceberam? - intriga-se Vicente.
-Vai ver ela tem facilidade... - pondera Mariana.
Vicente insiste.
-Vocês não acham esquisito ela ter sumido sem dar nenhuma satisfação? Vejam bem, não quero bancar o advogado do diabo aqui, mas... se eu fosse vocês, abria o olho com essa mulher.
Riva se incomoda.
-Vicente, querido... Suzanne é minha amiga. Acho que você precisa conhecer ela melhor pra saber que ela é uma pessoa do bem. Confia em mim, tá? Se você desconfiar de uma amiga minha, a gente pode ter problemas... - fala Riva.
-Tá bom, amor... não tá mais aqui quem falou.
Todos seguem conversando assuntos diversos. CORTA A CENA.

CENA 5: Mateus aproveita um novo intervalo nas gravações para ir até seu camarim e ligar para o “Chefe”, que atende prontamente.
-Fala, Mateus! Novidades sobre o plano?
-Até o momento tudo indo como planejado. Bruno tá ganhando a confiança do Cláudio. Mas não liguei pra falar disso. Na realidade eu tou preocupado com o que o Bruno tá pensando em fazer pra colocar o plano que você idealizou em prática.
-Preocupado por que? Meu querido, pouco me importam os meios, desde que o objetivo seja alcançado.
-É mesmo, chefe? E se eu te disser que o Bruno terminou tudo comigo?
-E daí? Não tenho nada a ver com esse caso de vocês dois. Problema seu.
-Pode não ser um problema só meu... eu desconfio que o Bruno esteja se apaixonando pelo Cláudio.
“Chefe” se descontrola.
-Não pode ser! O meu Cláudio não! Será uma maldição? Outro dos meus homens se apaixonando pelo meu Cláudio? Eu ainda mato todo mundo nessa porra!
Mateus, percebendo que “Chefe” se descontrolou, o chama à realidade.
-Não é hora pra ter ataque histérico, chefe. Você é o cabeça disso tudo. Não pode pensar com o coração, tem que pensar com a razão.
-Cê tá certo, Mateus. É por isso que você é meu único homem de confiança no meio desses pamonhas.
-Ainda bem que você tem um pingo de juízo. Não vale a pena colocar a vida de todo mundo em risco por causa de uma merdinha do passado, não é?
-Só que é essa merdinha do passado que tá dando dinheiro pra vocês, esqueceu? Mas pode deixar, Mateus. Eu vou redefinir algumas peças desse jogo de xadrez. Mas o jogo continua.
-O que você pretende?
-Ainda tou decidindo. Logo você vai saber.
“Chefe” desliga. CORTA A CENA.

CENA 6: Eva e Renata estão a caminho da companhia de teatro quando, ao chegarem na frente da companhia de teatro, Renata pede pra conversar com Eva.
-Amor... acho que a gente precisa conversar.
-Quantas vezes eu tenho que te pedir pra não me chamar de amor na rua? As pessoas podem perceber alguma coisa e minha carreira pode estar arruinada! - repreende Eva.
Renata fica brava.
-É exatamente sobre isso. Tá vendo como você me trata? Você me esconde. Tem vergonha de mim.
-Eu não tenho vergonha de você, Renata. Só não posso lutar sozinha contra esse sistema midiático.
-Sempre arranjando essa desculpa. Se você realmente tivesse amor à arte, entenderia o valor do teatro também. Mas você me esconde sim, tudo isso porque você quer atuar na TV.
-E o que você sugere?
-Não sugiro, Eva. Eu exijo. Ou você assume que é minha namorada quando me levar nos eventos em que a imprensa estiver ou está tudo acabado entre nós. Pra não dizer que sou injusta, vou dar um tempo pra você pensar. Duas semanas tá bom pra você?
-Você tá me pressionando, me colocando contra a parede, me deixando sem saída.
-E o que você faz comigo? Você também me deixa sem saída. Até hoje eu fiquei calada, mas não quero mais me anular desse jeito. Ou é do meu jeito ou acabou tudo. Você que escolhe.
Renata entra intempestivamente na companhia de teatro e Eva a segue, tentando falar com ela. Renata a ignora. Laura percebe o clima pesado entre as duas.
-Ei, Renata! Brigando de novo com a Eva?
-Eu juro que não queria que fosse assim, Laura. Mas a Eva me deixa sem saída. Eu dei um ultimato a ela: ou ela me assume como namorada quando for nos eventos e me levar junto, ou acabou o nosso namoro...
-Embora eu considere uma atitude extrema, eu te apoio. Ela precisa se decidir, mesmo. Se ela tem amor por você e à arte, ela deveria pelo menos considerar que teatro é tão ou mais importante que a televisão.
Eva tenta se aproximar das duas, mas Renata se esquiva. CORTA A CENA.

CENA 7: Victor e Diogo são chamados para entrar no consultório de Valentim, psiquiatra recomendado a Diogo.
-Boa tarde, doutor Valentim. Peço desculpas por entrar junto com meu namorado, mas hoje tou fazendo isso pra que ele se sinta mais seguro.
-Está certo. Você deve ser o Diogo, certo? O nome do paciente é Victor, certo?
Victor assente com a cabeça.
-Vou pedir para que você, Diogo, apenas acompanhe em silêncio essa primeira consulta. Quero estabelecer com Victor um diálogo aberto para que ele fale com sinceridade e sem interrupções sobre o que se passa na cabeça e nos sentimentos dele, tudo bem?
-Tudo certo, doutor Valentim. Fiquem à vontade.
-Victor, você sabe me dizer quando começaram essas mudanças bruscar de humor?
-Acho que eu tinha uns 15 anos, doutor. Mas a tristeza vinha dentro de mim de antes. Não sei o motivo. Nunca me faltou nada, mas sempre fui meio triste.
-Certo... então você acha que essas alterações vieram compensar?
-Nunca pensei por esse lado, mas pode ser. Só não entendo como eu posso ir do céu ao inferno tão rapidamente...
Victor segue conversando com Valentim. CORTA A CENA.

CENA 8: Está anoitecendo. Rodrigo está em um ônibus a caminho da casa de Cláudio quando seu celular toca e ele constata que é um dos agiotas que trabalham com ele.
-Fala, rapaz! O que manda?
-Ordens do chefe, de novo.
-Mas o que foi agora, caramba? Toda semana tem uma ordem nova? Assim fica difícil, cara...
-Rodrigo, você e eu sabemos que não dá pra questionar as ordens dele.
-E o que ele decidiu agora?
-Que você deve terminar o namoro com o Cláudio imediatamente, sem quesionar. Apenas termine com o Cláudio.
Rodrigo se revolta por saber que não tem forças para enfrentar o “Chefe”.
-Esse cara nos manipula como se fôssemos peças de um tabuleiro.
-Ele pode, Rodrigo. Nós todos estamos na mão dele, você sabe disso.
-Diga a ele que pelo menos preciso pensar no que dizer ao Cláudio. Isso não é justo! Estou indo pra casa dele agora e pretendia ficar lá para dormir.
-É, mas até onde sei, você não pode mais fazer isso.
-E o que eu posso fazer ainda?
-Você vai até a casa dele, mas vai terminar tudo com ele.
Rodrigo desliga o celular, furioso. CORTA A CENA.

CENA 9: Rafael já está em casa recebendo o auxílio de Marcelo para repassar o texto dos capítulos que recebeu, quando Mariana chega para conversar com ele.
-Marcelo, cê me dá licença? Preciso ter um papo com meu irmão.
Marcelo concorda e deixa o quarto. Rafael encara Mariana sem entender nada.
-O que foi agora, Mari?
-O que foi pergunto eu, Rafa. Como é que você pode simplesmente encurtar o tempo que ia passar sozinho com o Marcelo por causa da porcaria da extravagância daquela autora?
-Mas mana, vai ser a minha primeira novela das nove, tenta entender! Depois, as novelas dela são sucesso garantido, pensa!
-Mas você podia ter recusado, mano.
-É fácil pra você falar, você nunca quis ser atriz...
-Pode até ser fácil. Mas custava você recusar? Duvido que o diretor não tivesse um plano B...
-Mana, por favor, não me critica! Faço isso por amor!
-Assim não tem como te defender...
Mariana deixa o quarto do irmão, decepcionada. CORTA A CENA.

CENA 10: Rodrigo chega à casa de Cláudio com uma expressão tensa.
-Amor, você pode vir ao quarto comigo? Precisamos conversar.
Cláudio sente que o assunto é sério.
-Bruno, eu vou ali no quarto conversar rapidinho com o Rodrigo, tá? A gente já volta.
Os dois seguem ao quarto de Cláudio.
-Então, o que você precisa conversar comigo, Rodrigo?
-É uma coisa séria. Eu não tava sabendo como te dizer isso antes, então achei melhor pedir pra falar a sós contigo, sem ninguém ouvindo...
-Tá me assustando. Aconteceu algo de grave?
-Não. Mas eu quero terminar o nosso namoro.
Cláudio, perplexo, não entende absolutamente nada. FIM DO CAPÍTULO 16.

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