CENA 1: Rafael percebe que o
namorado está muito contrariado e busca contornar a situação.
-Veja bem, meu amor... a gente
ainda vai poder passar um mês longe do Brasil...
-É, só que não era um mês
que estava nos nossos planos, era dois meses! Sabe o que me revolta
nisso? Que a gente vai ter menos tempo pra nós dois por causa dessa
merda da sua imagem midiática, mais uma vez!
-Marcelo, a gente já falou
sobre isso. Você não tá sendo egoísta olhando só pro seu lado?
-E você pensou em nós dois,
por acaso? Pensou na gente quando resolveu aceitar o novo papel sem
nem questionar? Não pensou! Não venha me falar que sou eu o egoísta
quando você mesmo só olha pro que gira em torno de você.
-Assim você me ofende,
Marcelo.
-E você acha que eu não
fiquei ofendido? Poxa vida, Rafael! Como é que você espera que eu
reaja diante disso?
-Mas a gente vai pra Austrália
ainda assim...
-“Mas a gente ainda vai,
mimimi”... que seja! Mas você não pensou nisso quando aceitou o
convite, pensou?
-Claro que pensei! Cê pensa
que é fácil pra mim?
-Difícil não deve ser, né?
Afinal de contas, é o trabalho que você ama. Só me pergunto se
você ama mais o seu trabalho do que ama a mim...
Rafael fica perplexo com
Marcelo.
-Eu não acredito que você tá
comparando as duas coisas. Não existe parâmetro possível. É óbvio
que eu te amo mais que tudo, você me ofendeu agora!
Marcelo começa a chorar,
deixando Rafael compadecido. Rafael ampara o namorado.
-Olha, Marcelo... a gente
prometeu que vai fazer isso dar certo. A gente precisa confiar em nós
mesmos! Só aceitei esse papel porque eu sei que essa autora já
cancelou uma novela dela antes porque foi contrariada. Foi uma dor de
cabeça pra emissora...
-Isso tudo é muito novo e
difícil pra mim, Rafael. Você precisa entender que eu não conhecia
nada desse mundo antes... eu não quero que a gente brigue, não
quero perder o que nós temos...
-Nem eu quero perder nós
dois, amor. Confia na gente. Nós vamos encontrar um jeito...
Os dois se abraçam, selando a
paz. CORTA A CENA.
CENA 2: A noite passa e o dia
amanhece. Riva, ao se acordar, percebe que todos tomam café da manhã
juntos na sala.
-Bom dia, queridos! Que bom
ver que você continua animado, Ivan!
-Ah, Riva... cansei de me
maltratar pelo sumiço do Haroldo. Não foi culpa minha e não quero
mais levar isso comigo. Se ele tiver de aparecer um dia, ele aparece.
- sentencia Ivan.
-Muito bem! Mas então,
gente... na verdade eu queria falar um negócio pra vocês. Eu tou
namorando o Vicente.
Marcelo fica extremamente
contente pela mãe e a abraça calorosamente.
-Finalmente, mãe! É a
primeira vez que vejo você se dar uma chance ao amor nessa vida...
-Tá, filho, mas nem se
empolga tanto, viu? Conversei bastante com ele. Pedi pra gente ir
devagar, ele aceitou respeitar meu tempo.
Marion resolve falar.
-Do jeito que o Vicente é
gente boa, não dou dois meses pra você ficar completamente caída
por ele.
-Pode ser, Marion, mas até
lá, prefiro ir com calma.
Todos abraçam Riva e gritam
em coro.
-Tá namorando! Tá namorando!
CORTA A CENA.
CENA 3: Horas depois, Bruno
aproveita que Cláudio está na faculdade e vai até o estúdio da
novela que Mateus participa para falar com ele. Aproveitando um
intervalo nas gravações, Mateus vai ao encontro de Bruno.
-Quantas vezes eu falei pra
você não aparecer aqui, pra não dar bandeira?
-Ai, Mateus! “Seje menas”,
viu? Você só é o coantagonista dessa novelinha, tá? Nenhum
holofote tá voltado pra você, pode ficar tranquilo.
-Fala logo o que cê veio
fazer aqui. Melhor dizendo: me diz se tá indo bem o combinado.
-Acho que tá indo bem, são
as ordens do chefe, não é? Não dá pra contrariar. Mas não vim
aqui pra falar disso.
-E veio falar do que? Porque
pra você se abalar de Santa Tereza até aqui, coisa pouca não deve
ser.
-E realmente não é coisa
pouca. Andei pensando muito em nós dois, Mateus... desde domingo vim
pensando na gente. Decidi que não quero mais. Decidi que não te
quero mais.
Mateus fica surpreso.
-Cê tá terminando comigo? É
isso mesmo que eu entendi?
-É isso. Eu não quero mais
ficar contigo.
-O que mudou? Até outro dia
você fazia tudo por mim...
-Eu mudei, Mateus. Tou cansado
de todo esse joguinho de “esconde esconde”.
-Peraí... deixa ver se
entendi direito: você vai também contrariar as ordens do chefe?
Enlouqueceu, Bruno?
-Não, idiota! Não sou
suicida e nem colocaria a vida de todos nós em risco. Vou seguir o
combinado, só que sem você sendo meu caso.
-Caso? Pensei que fôssemos
namorados, Bruno...
-Cê tem problema, cara? Tá
certo que eu também não sou assumido pra quase ninguém, mas quem
decidiu que ia ser escondido foi você. Em algum momento você
considerou a possibilidade de largar a Laura pra ficar só comigo?
Acho que não, né? Então não venha chamar de namoro esse rolo
complicado que a gente teve. Sabe, Mateus... eu gosto de você,
acredito que você possa ser um bom amigo. Mas cansei. Cansei de te
dividir com outra pessoa, pouco me importa se é homem ou mulher...
Mateus desconfia de Bruno.
-Você não tá se apaixonando
pelo Cláudio, tá?
-Se estivesse, isso não é da
sua conta. Vou fazer o que o chefe mandou.
-Você não me respondeu,
Bruno.
-Nem vou. Eu preciso ir,
agora. Afinal de contas eu realmente tou precisando de um emprego.
Bruno parte e deixa Mateus
furioso. CORTA A CENA.
CENA 4: Durante a tarde,
Vicente resolve visitar Riva na casa de Marion, já na condição de
seu namorado. Vicente, Riva, Marion, Ivan e Mariana conversam
animadamente.
-Coitado... esse daí tá
pensando que é fácil vencer a Riva pelo cansaço – descontrai
Marion.
-Com uma tia dessas, a prima
não precisa de inimiga! - ri Mariana.
Vicente resolve falar de algo
que estranhou nos últimos dias.
-Vocês desculpem mudar de
assunto, mas queria falar de um negócio que me deixou encafifado.
Aliás, antes de falar, queria perguntar pra vocês pra ter certeza.
-Fala, querido! - estimula
Riva.
-Aquela amiga de vocês, que
dá aula de etiqueta de graça pra Riva... é Suzanne o nome dela,
não? Ela tem aparecido esses dias? Deu notícias?
Marion e Riva constatam que
Suzanne não deu notícias desde o evento em que Vicente foi dopado.
-Agora você nos pegou. A
Suzanne sumiu do mapa. Deve estar resolvendo alguma coisa com a
família dela lá no interior de São Paulo... - constata Marion.
-É mesmo? Ela é de lá? -
surpreende-se Vicente.
-Sim, ela é de uma família
rica do interior de lá. - fala Riva.
-Estranho, isso. Ela fala como
uma carioca da gema, vocês não perceberam? - intriga-se Vicente.
-Vai ver ela tem facilidade...
- pondera Mariana.
Vicente insiste.
-Vocês não acham esquisito
ela ter sumido sem dar nenhuma satisfação? Vejam bem, não quero
bancar o advogado do diabo aqui, mas... se eu fosse vocês, abria o
olho com essa mulher.
Riva se incomoda.
-Vicente, querido... Suzanne é
minha amiga. Acho que você precisa conhecer ela melhor pra saber que
ela é uma pessoa do bem. Confia em mim, tá? Se você desconfiar de
uma amiga minha, a gente pode ter problemas... - fala Riva.
-Tá bom, amor... não tá
mais aqui quem falou.
Todos seguem conversando
assuntos diversos. CORTA A CENA.
CENA 5: Mateus aproveita um
novo intervalo nas gravações para ir até seu camarim e ligar para
o “Chefe”, que atende prontamente.
-Fala, Mateus! Novidades sobre
o plano?
-Até o momento tudo indo como
planejado. Bruno tá ganhando a confiança do Cláudio. Mas não
liguei pra falar disso. Na realidade eu tou preocupado com o que o
Bruno tá pensando em fazer pra colocar o plano que você idealizou
em prática.
-Preocupado por que? Meu
querido, pouco me importam os meios, desde que o objetivo seja
alcançado.
-É mesmo, chefe? E se eu te
disser que o Bruno terminou tudo comigo?
-E daí? Não tenho nada a ver
com esse caso de vocês dois. Problema seu.
-Pode não ser um problema só
meu... eu desconfio que o Bruno esteja se apaixonando pelo Cláudio.
“Chefe” se descontrola.
-Não pode ser! O meu Cláudio
não! Será uma maldição? Outro dos meus homens se apaixonando pelo
meu Cláudio? Eu ainda mato todo mundo nessa porra!
Mateus, percebendo que “Chefe”
se descontrolou, o chama à realidade.
-Não é hora pra ter ataque
histérico, chefe. Você é o cabeça disso tudo. Não pode pensar
com o coração, tem que pensar com a razão.
-Cê tá certo, Mateus. É por
isso que você é meu único homem de confiança no meio desses
pamonhas.
-Ainda bem que você tem um
pingo de juízo. Não vale a pena colocar a vida de todo mundo em
risco por causa de uma merdinha do passado, não é?
-Só que é essa merdinha do
passado que tá dando dinheiro pra vocês, esqueceu? Mas pode deixar,
Mateus. Eu vou redefinir algumas peças desse jogo de xadrez. Mas o
jogo continua.
-O que você pretende?
-Ainda tou decidindo. Logo
você vai saber.
“Chefe” desliga. CORTA A
CENA.
CENA 6: Eva e Renata estão a
caminho da companhia de teatro quando, ao chegarem na frente da
companhia de teatro, Renata pede pra conversar com Eva.
-Amor... acho que a gente
precisa conversar.
-Quantas vezes eu tenho que te
pedir pra não me chamar de amor na rua? As pessoas podem perceber
alguma coisa e minha carreira pode estar arruinada! - repreende Eva.
Renata fica brava.
-É exatamente sobre isso. Tá
vendo como você me trata? Você me esconde. Tem vergonha de mim.
-Eu não tenho vergonha de
você, Renata. Só não posso lutar sozinha contra esse sistema
midiático.
-Sempre arranjando essa
desculpa. Se você realmente tivesse amor à arte, entenderia o valor
do teatro também. Mas você me esconde sim, tudo isso porque você
quer atuar na TV.
-E o que você sugere?
-Não sugiro, Eva. Eu exijo.
Ou você assume que é minha namorada quando me levar nos eventos em
que a imprensa estiver ou está tudo acabado entre nós. Pra não
dizer que sou injusta, vou dar um tempo pra você pensar. Duas
semanas tá bom pra você?
-Você tá me pressionando, me
colocando contra a parede, me deixando sem saída.
-E o que você faz comigo?
Você também me deixa sem saída. Até hoje eu fiquei calada, mas
não quero mais me anular desse jeito. Ou é do meu jeito ou acabou
tudo. Você que escolhe.
Renata entra intempestivamente
na companhia de teatro e Eva a segue, tentando falar com ela. Renata
a ignora. Laura percebe o clima pesado entre as duas.
-Ei, Renata! Brigando de novo
com a Eva?
-Eu juro que não queria que
fosse assim, Laura. Mas a Eva me deixa sem saída. Eu dei um ultimato
a ela: ou ela me assume como namorada quando for nos eventos e me
levar junto, ou acabou o nosso namoro...
-Embora eu considere uma
atitude extrema, eu te apoio. Ela precisa se decidir, mesmo. Se ela
tem amor por você e à arte, ela deveria pelo menos considerar que
teatro é tão ou mais importante que a televisão.
Eva tenta se aproximar das
duas, mas Renata se esquiva. CORTA A CENA.
CENA 7: Victor e Diogo são
chamados para entrar no consultório de Valentim, psiquiatra
recomendado a Diogo.
-Boa tarde, doutor Valentim.
Peço desculpas por entrar junto com meu namorado, mas hoje tou
fazendo isso pra que ele se sinta mais seguro.
-Está certo. Você deve ser o
Diogo, certo? O nome do paciente é Victor, certo?
Victor assente com a cabeça.
-Vou pedir para que você,
Diogo, apenas acompanhe em silêncio essa primeira consulta. Quero
estabelecer com Victor um diálogo aberto para que ele fale com
sinceridade e sem interrupções sobre o que se passa na cabeça e
nos sentimentos dele, tudo bem?
-Tudo certo, doutor Valentim.
Fiquem à vontade.
-Victor, você sabe me dizer
quando começaram essas mudanças bruscar de humor?
-Acho que eu tinha uns 15
anos, doutor. Mas a tristeza vinha dentro de mim de antes. Não sei o
motivo. Nunca me faltou nada, mas sempre fui meio triste.
-Certo... então você acha
que essas alterações vieram compensar?
-Nunca pensei por esse lado,
mas pode ser. Só não entendo como eu posso ir do céu ao inferno
tão rapidamente...
Victor segue conversando com
Valentim. CORTA A CENA.
CENA 8: Está anoitecendo.
Rodrigo está em um ônibus a caminho da casa de Cláudio quando seu
celular toca e ele constata que é um dos agiotas que trabalham com
ele.
-Fala, rapaz! O que manda?
-Ordens do chefe, de novo.
-Mas o que foi agora, caramba?
Toda semana tem uma ordem nova? Assim fica difícil, cara...
-Rodrigo, você e eu sabemos
que não dá pra questionar as ordens dele.
-E o que ele decidiu agora?
-Que você deve terminar o
namoro com o Cláudio imediatamente, sem quesionar. Apenas termine
com o Cláudio.
Rodrigo se revolta por saber
que não tem forças para enfrentar o “Chefe”.
-Esse cara nos manipula como
se fôssemos peças de um tabuleiro.
-Ele pode, Rodrigo. Nós todos
estamos na mão dele, você sabe disso.
-Diga a ele que pelo menos
preciso pensar no que dizer ao Cláudio. Isso não é justo! Estou
indo pra casa dele agora e pretendia ficar lá para dormir.
-É, mas até onde sei, você
não pode mais fazer isso.
-E o que eu posso fazer ainda?
-Você vai até a casa dele,
mas vai terminar tudo com ele.
Rodrigo desliga o celular,
furioso. CORTA A CENA.
CENA 9: Rafael já está em
casa recebendo o auxílio de Marcelo para repassar o texto dos
capítulos que recebeu, quando Mariana chega para conversar com ele.
-Marcelo, cê me dá licença?
Preciso ter um papo com meu irmão.
Marcelo concorda e deixa o
quarto. Rafael encara Mariana sem entender nada.
-O que foi agora, Mari?
-O que foi pergunto eu, Rafa.
Como é que você pode simplesmente encurtar o tempo que ia passar
sozinho com o Marcelo por causa da porcaria da extravagância daquela
autora?
-Mas mana, vai ser a minha
primeira novela das nove, tenta entender! Depois, as novelas dela são
sucesso garantido, pensa!
-Mas você podia ter recusado,
mano.
-É fácil pra você falar,
você nunca quis ser atriz...
-Pode até ser fácil. Mas
custava você recusar? Duvido que o diretor não tivesse um plano
B...
-Mana, por favor, não me
critica! Faço isso por amor!
-Assim não tem como te
defender...
Mariana deixa o quarto do
irmão, decepcionada. CORTA A CENA.
CENA 10: Rodrigo chega à casa
de Cláudio com uma expressão tensa.
-Amor, você pode vir ao
quarto comigo? Precisamos conversar.
Cláudio sente que o assunto é
sério.
-Bruno, eu vou ali no quarto
conversar rapidinho com o Rodrigo, tá? A gente já volta.
Os dois seguem ao quarto de
Cláudio.
-Então, o que você precisa
conversar comigo, Rodrigo?
-É uma coisa séria. Eu não
tava sabendo como te dizer isso antes, então achei melhor pedir pra
falar a sós contigo, sem ninguém ouvindo...
-Tá me assustando. Aconteceu
algo de grave?
-Não. Mas eu quero terminar o
nosso namoro.
Cláudio, perplexo, não
entende absolutamente nada. FIM DO CAPÍTULO 16.
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