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terça-feira, 7 de junho de 2016

CAPÍTULO 20

CENA 1: Mesmo apavorado, Rafael procura manter a calma para não deixar sua avó mais assustada do que ela já está.
-A senhora fique aqui e não se mexa. Eu vou descer e chamar a mãe e a prima.
Valquíria, sofrendo com as fortes pontadas em sua cabeça, olha para o neto.
-Não. Não quero que preocupe as meninas. Fica aqui comigo, meu neto. Cuida de mim... eu tenho medo de médico.
-Vó, a senhora pode estar com um mal estar simples ou com algo grave, mas precisamos te levar num médico pra que ele pelo menos nos tranquilize. Não está em discussão se você tem ou não tem medo aqui. Com saúde não se brinca. Me desculpe, vó, mas eu vou descer sim. Fique quietinha aqui que a senhora vai sair dessa. Confia na gente.
Rafael desce e avisa a todos o que está acontecendo.
-Gente, a vó tá passando mal. Vamos manter a calma.
Marion e Riva se preocupam.
-Como assim passando mal? Minha mãe sempre vendeu saúde! - desespera-se Marion.
-Fala melhor o que tá acontecendo, Rafael... - fala Riva.
-Seguinte, prima: ela tá se retorcendo de dor na cama, com as mãos na cabeça. Mal consegue abrir os olhos, mas tá falando.
Marcelo se preocupa.
-Gente, mal ganho uma bisavó e ela fica doente? Vamos chamar uma ambulância agora!
Ivan fala.
-Sem chance, Marcelo. Do jeito que as emergências andam demorando a atender, é melhor que a gente pegue o carro e leve a dona Valquíria pro hospital, vai ser mais rápido do que chamar pela ambulância.
Marion não concorda.
-E por acaso um carro vai ter preferencial? Pelo amor de Deus, Ivan. Às vezes você não tem muita lógica.
Rafael intervém.
-Chega! Vocês dois não me inventem de discutir agora! Mãe, conhece pisca-alerta? Você usa ele em caso de emergência e é isso que vamos fazer!
-Justamente, filho... - fala Ivan.
Todos sobem para buscar Valquíria que está na cama de seu quarto. Marcelo e Rafael ajudam Valquíria a descer e vão em direção ao carro.
-Mariana, você fica com o seu pai em casa, certo? Senão não vai ter espaço pra mamãe respirar no carro... - fala Marion.
-Tudo bem, mãe. Vão com Deus. - fala Mariana.
Marion, Riva, Marcelo, Rafael e Valquíria entram no carro e chegam rapidamente ao hospital. Riva pensa em ligar para Suzanne.
-Gente do céu, quase esqueci... vou avisar Suzanne, tenho certeza de que ela vai nos acalmar...
Marcelo se incomoda.
-Mãe, a Suzanne aqui hoje não. Por favor. Se quiser avisar, vá ao hotel que ela está.
Riva não quer discutir com o filho naquele momento e decide procurar Suzanne. CORTA A CENA.

CENA 2: Riva chega e Suzanne abre para ela.
-Entra, Riva. Que cara é essa, amiga? Parece que alguém morreu...
-Não morreu ainda, mas pode ser coisa séria.
-O que? Me conta isso direito, amiga... ah, essa aqui é Raquel, minha empregada que voltou de viagem... - fala Suzanne, apontando para sua mãe, que engole a seco a mentira da filha.
-Muito prazer, dona Riva... - fala Raquel, timidamente.
-Prazer, dona... Raquel. Desculpem chegar na hora do jantar aqui pra incomodar, é que preciso de um suporte. Suzanne, minha avó está no hospital. Foi levada pra emergência porque tá sentindo dores na cabeça tão fortes que tava se retorcendo de dor.
Riva começa a chorar e Suzanne a abraça.
-Ei amiga, se acalma, tá? Quem sabe isso não foi só uma enxaqueca que apareceu agora? Fica sossegada, tá? Como é que ela tá agora?
-Tá falando, se comunicando bem. Foi levada pra fazer exames.
-Você não quer que eu vá com você até o hospital? Pra dar uma força pra todo mundo...
-Olha Suzanne, eu vou aceitar sim... apesar de que... deixa pra lá.
-Deixa pra lá? Começou a falar, termina...
-Meu filho não queria você lá... mas eu ainda sou mãe dele e você é minha amiga.
-Seu filho não vai mesmo com minha cara, né? Não sei o que fiz pra ele ter essa implicância comigo... - fala Suzanne, se fazendo de vítima.
-Você vem comigo.
-Tá certo. Só espere eu me trocar que a gente já vai. Raquel, você coloca o meu jantar no micro-ondas que eu esquento quando voltar, tá?
CORTA A CENA.

CENA 3: Laura está arrumando suas coisas para deixar a companhia de teatro e voltar para sua casa, quando resolve falar com Mara e Valentim.
-Então, gente... vocês tem um minutinho pra falar comigo ou estão com pressa?
-Relaxa, Laura. Moramos tão perto daqui que a última coisa que passa pela cabeça da gente é ter pressa... - fala Mara.
-Certo. Olha, eu não sei exatamente qual é o interesse de vocês em me ajudar, mas eu confio em vocês. Nunca me deram motivos pra pensar o contrário.
-E onde você tá querendo chegar com isso, Laura? Se puder ser mais objetiva... - fala Valentim.
-Então, Valentim... eu resolvi que vou aceitar que vocês me ajudem a entender ou descobrir o que tá acontecendo com o Mateus... eu sei que isso pode parecer uma loucura, mas...
-Você bem que tá desconfiando que ele esconde mais do que você possa imaginar, não é mesmo? - fala Mara.
-Exatamente. Eu sei que não devia, porque ele é meu namorado e eu devia confiar nele...
-Você tem razão. Mas será que ele confia em você? - devolve Valentim.
-Até parece que eu dei motivo algum dia pra ele não confiar em mim, Valentim... vocês me conhecem e sabem que sou transparente...
-Sim, mas não se trata de você dar ou não motivos. Dependendo do que ele possa estar metido, talvez ele não confie em ninguém... - continua Valentim.
-Isso me faz pensar em tanta coisa... mas olha, agora preciso ir. Vou aceitar com gosto que vocês me ajudem. Beijo gente, até amanhã!
Laura pega sua mochila e parte. CORTA A CENA.

CENA 4: Suzanne e Riva já estão de volta ao hospital esperando notícias do estado de saúde de Valquíria e Marcelo está claramente contrariado com a presença de Suzanne entre seus familiares.
-Parece que a mãe não vê que essa mulherzinha é falsa. Não tinha que ter chamado essa desvairada aqui. É muita falta de noção essa sujeita que não é nada nossa vir se meter num momento familiar, onde todos nós estamos aflitos.
-Acho que você tá exagerando um pouco, amor... - fala Rafael.
-Exagerando? Você diz isso porque não foi a sua mãe que ignorou completamente o pedido do próprio filho e fez o que ele pediu pra ela não fazer...
-Marcelo, meu amor, minha vida... procura entender a sua mãe, por favor? Ninguém aqui tá raciocinando muito bem. Agora você vai ficar bravo com ela justamente por causa dessa sujeita entrona? Acho que não, né... vai que o que essa mulher quer é justamente criar climão entre nós, que somos uma família? Vai deixar ela conseguir o que quer? Menos, Marcelo... muito menos!
-Você tem razão, Rafa...
O telefone de Suzanne toca.
-Queridos, minha empregada tá ligando. Vou ver o que ela tá querendo me dizer, cês me deem licença...
Suzanne se afasta rapidamente e atende sua mãe.
-Poxa dona Raquel, não podia escolher hora melhor pra me ligar? O que foi agora?
-Eu queria te fazer uma pergunta, minha filha.
-Podia ter esperado eu voltar, não podia?
-Não podia. Tou cansada, quero dormir e não vou te esperar. Filha, você tem vergonha de mim?
-Claro que não, mãe! Que ideia foi essa agora?
-Não é o que parece. Você diz pra qualquer um que sou sua empregada, que não sou nada sua...
-Não posso explicar isso agora. Tenho meus motivos. Mas tire isso da cabeça, não é vergonha... agora preciso desligar, pra não dar na cara de ninguém aqui.
Suzanne desliga antes que Raquel possa responder e Raquel fica pensativa no quarto de hotel. CORTA A CENA.

CENA 5: Horas depois, já durante a madrugada, Riva, Marion, Rafael e Marcelo acompanham Valquíria, já medicada e sem dores, ao consultório do médico.
-Fala, doutor! O que é que eu tenho? - fala Valquíria, preocupada.
Riva e Marion se olham preocupadas. O médico começa a falar.
-Dona Valquíria, antes de falar o que a senhora tem, quero deixar claro que nesse momento não é necessária cirurgia nenhuma. Vou receitar uns medicamentos para que possamos verificar nos próximos meses a evolução do quadro e aí sim a gente vai poder definir se será preciso uma intervenção cirúrgica ou não.
Valquíria se impacienta.
-Olha aqui seu doutor, eu já não gosto de hospital, será que dá pra falar menos difícil e dizer logo o que eu tenho?
-Mamãe! Não seja indelicada com o médico! - repreende Marion.
O médico torna a falar.
-Você tem um aneurisma. Por isso você sentiu essa dor, que é um pouco mais aguda do que uma enxaqueca. Felizmente é um quadro inicial de aneurisma, ainda possível de ser revertido sem a necessidade de se fazer uma cirurgia. Mesmo assim, vou te passar a receita de três medicamentos e recomendo que a senhora evite alimentos gordurosos durante o tratamento.
O médico segue passando as orientações. CORTA A CENA.

CENA 6: No dia seguinte, já durante a tarde, Vicente está com Riva, Marion, Mariana e Ivan na mansão dos Bittencourt e Suzanne conversa com eles. Vicente tenta se manter fisicamente distante de Suzanne, que não para de falar.
-Ainda bem que a dona Valquíria tá melhor depois de tomar os remédios, né? Se Deus quiser ela recebe alta amanhã e não vai precisar fazer nenhuma cirurgia. Deve ser bem horrível ter que abrir a cabeça e...
Vicente interrompe a fala de Suzanne.
-Olha lá o que você vai falar. Você deveria ter mais elegância, não acha? Afinal, é tão rica...
Riva percebe o desagrado do namorado e procura contemporizar.
-Amor... ela só tá querendo ajudar. Deixa ela...
-Obrigada, Riva. Fica bravinho comigo não, viu Vicente? Às vezes eu só quero dar um apoio.
-Sei... mas podia falar um pouco menos... - continua Vicente.
-Chega! Vicente, a Suzanne só tá querendo ajudar, eu já disse!
-Desculpe, Riva... só acho que palavras não ajudam a sua avó. Medicamentos e tratamento, sim.
-Gente... vamos mudar de assunto, por favor? Que climão bem desnecessário, esse... - incomoda-se Marion.
Todos seguem conversando sobre diversos assuntos e Vicente nota que Suzanne não para de olhar para ele com cobiça e se sente incomodado. Vicente se esquiva dos olhares de Suzanne e procura disfarçar seu incômodo diante de Riva.
-Amiga, você não quer ficar pro jantar? Vamos fazer risoto de camarão hoje, que é o prato preferido da minha avó... - fala Riva.
-Ai, que tudo! Sabia que é meu prato preferido também? - fala Suzanne.
-Então você vai conhecer os dotes culinários da merendeira hoje... - brinca Marion.
Vicente revira os olhos. CORTA A CENA.

CENA 7: Marcelo chega à casa de Cláudio, que o atende alegremente.
-Que bom te ver aqui, Marcelo! Achei que tinha esquecido dos amigos pobres! - brinca Cláudio.
-Até parece, viado! Meu coração sempre vai estar em Santa Tereza. Nasci e me criei aqui...
-Entra, querido. Você não sabe da maior. Tou de namorado novo!
-Como é que é? A senhora é destruidora de corações mesmo, viu viado! - brinca Marcelo.
-Outra hora te conto melhor os bafões todos. No final das contas foi o Rodrigo que terminou comigo sem dar muita satisfação...
-Ah, o famoso Rodrigo... aquele que nunca ninguém conheceu.
-Não é? Acho que no fim das contas foi até melhor assim. Não tenho talento pra viver me escondendo e acobertando o medo dos outros. Venha conhecer Bruno, ele é um gatíssimo! Mas segura esse edy, viu? Afinal ele já tem dono!
-Se enxerga, mona! Tou praticamente casado com o Rafa, tá lesa, bicha?
Os dois riem e Marcelo entra. Cláudio o apresenta a Bruno.
-Prazer, Bruno. Sou Marcelo, melhor amigo dessa bicha dramática.
-Dramático, eu? Olha que eu faço aloka aqui e fico vermelha de raiva!
-Como se uma bicha ruiva precisasse ficar com raiva pra ficar vermelha! - ri Marcelo.
-Falou a bicha morena. Viado, a senhora também é ruiva. Mas então, Bruno, o que achou do meu melhor amigo? - fala Cláudio.
-Tenho que achar alguma coisa? Ai, você me coloca em cada uma, amor... - descontrai Bruno.
-Iiiih, Bruno! Não tá sabendo que o Cláudio foi alguma espécie de torturador na vida passada? Esse daí ama um interrogatório! - descontrai Marcelo.
Os três seguem conversando animadamente. CORTA A CENA.

CENA 8: Victor conversa com Diogo.
-Olha, amor... eu queria te pedir desculpa por ontem... eu sei que não entendi muito o seu lado.
-Não precisa disso, Victor. Eu te entendo. Sei que não é fácil conviver com tanto medo e insegurança. Não te julgo... só precisei esfriar a cabeça, mas já passou.
-Mesmo assim fiquei pensando em tudo, Diogo. Por isso sinto que devo me desculpar.
-Nesse caso eu aceito suas desculpas, amor... mas vamos esquecer esse assunto, ok?
-Na verdade eu não queria que esse assunto ficasse esquecido. Fiquei pensando sobre outra parte do que você disse e talvez eu tenha encontrado uma alternativa pra descobrir o que tá sem se encaixar nessa história toda. É sobre o Rodrigo.
-Qual é a sua ideia?
-Ainda tou pensando. Mas você disse que tem quase certeza de que esse não é o nome do cara, certo? Já te passou pela cabeça que pode ter sido ele a ameaçar você e o Cláudio pra te manter longe?
-Duvido, amor. Posso não conhecer o cara profundamente, mas não sou de me enganar fácil com o caráter das pessoas. Ele não me parece alguém que faria nada de ruim contra ninguém.
-Pode ser, mas você precisa entender o que tá por trás disso.
-Será que preciso, Victor? Essa história toda já me custou noites de sono perdidas e muito sofrimento. Não sei se é uma boa ideia reviver tudo isso agora, logo agora que a gente tá se acertando cada vez mais...
-Mas Diogo, pensa comigo: tem muita ponta solta nessa história. Muita coisa mal contada. Você foi acuado, teve sua família ameaçada. Seu ex foi ameaçado no meio da porra toda... pra mim é claro que há uma pessoa obsessiva pelo Cláudio por trás disso, mas quem? Ainda acho que pode ser esse Rodrigo.
-E o que você sugere, Victor? Convenhamos que tanto eu quanto você, nesse momento, estamos de mãos atadas.
-Investigue ele, amor.
-Mas como?
-Não sei... mas a gente pode ir pensando nisso.
-Não é uma má ideia... mas me pergunto se tudo isso vai ter algum resultado. Depois, eu acho melhor que eu continue aqui, cuidando de você, lutando pra que você supere suas crises emocionais...
-A gente vai descobrir um jeito, Diogo...
Os dois seguem conversando. CORTA A CENA.

CENA 9: Depois do jantar na mansão dos Bittencourt, Vicente se oferece para lavar a louça.
-Deixa que eu lavo a louça de todo mundo, tá? - fala Vicente, recolhendo todos os pratos e talheres.
-Eu te ajudo! - prontifica-se Suzanne. Vicente não se agrada, mas não a impede de ir junto à cozinha.
-Sabe Vicente, eu queria desfazer essa má impressão que deixei em você.
-Não precisa se preocupar, Suzanne. Seja você mesma apenas... assim vai ser melhor pra todos nós.
-Então eu vou fazer o que acho certo... - fala Suzanne. Vicente fica sem entender.
Suzanne se aproxima e tenta beijá-lo, sendo antes detida por Vicente.
-O que é isso, garota? Ficou maluca?
FIM DO CAPÍTULO 20.

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