CENA 1: Ao chegarem no
aeroporto, Marcelo e Rafael são surpreendidos pela presença de
todos os amigos ali. Cláudio, Laura, até mesmo Mateus, Bruno, Eva,
Renata, Procópio, Mara e Valentim estão lá.
-Gente, não acredito que em
pleno sábado todos vocês vieram se despedir da gente! - emociona-se
Rafael.
-Viemos dar um abraço de boa
sorte nos nossos amigos, né! Depois do susto que vocês passaram
ontem, merecem é tudo de bom! - fala Laura.
-E vê se lembra dos amigos e
compra alguma coisa pra gente, viu viado? - fala Cláudio,
direcionando-se a Marcelo.
-Essas bichas taurinas
interesseiras, só pensam em tirar vantagem, nunca vi! - descontrai
Marcelo.
-Iiiih, olha quem fala! A
escorpiana que se faz se santa mas esconde dentro dessas calças uma
puta cheia de fogo que eu sei! - prossegue Cláudio.
Riva e Marion gargalham.
Marion começa a falar.
-Meu filho... dessa vez você
tá indo pro exterior sem a mãe nem o pai e ainda levando teu
namorado. Se cuida, viu? Acho que só agora que eu me dei conta pra
valer que você se tornou um homem e não é mais um menininho... -
emociona-se Marion.
-E você, Marcelo... meu
filho, quem diria? Há meses atrás a gente vivendo naquela pindaíba
e agora estamos aqui. Eu rica e você viajando pra fora do país pela
primeira vez. Cuida do Rafael também, viu? Mas se cuida também, meu
filho... é a primeira vez em dezenove anos, quase vinte, que você
vai passar um tempo longe de mim... dá notícias sempre que puder,
viu? - fala Riva, também emocionada.
-Gente, sem querer cortar o
barato de vocês, mas a última chamada pro embarque acabou de
acontecer. Precisamos embarcar. A gente promete que tenta manter
contato com vocês, mas o fuso horário da Austrália é bem
complicadinho. Amo vocês, até mês que vem! - fala Rafael.
Marcelo e Rafael embarcam no
avião. CORTA A CENA.
CENA 2: Já em casa, Marion
percebe que Riva está com uma expressão de preocupação.
-O que está havendo, Riva? Do
caminho pro aeroporto até aqui em casa você não deu um pio e tá
com essa cara de quem viu um fantasma...
-Ai, Marion... eu fico
preocupada, sabe? Meu filho, que nunca subiu num avião, tá lá, num
voo que vai levar horas e horas. E se acontece alguma coisa? E se
aquele avião cair no meio do oceano?
-Deixa disso, querida. Vai dar
tudo certo. Depois, não é só o seu filho que está lá. O meu
também foi junto, afinal eles são os namorados que foram viajar pra
passar um tempo curtindo o romance deles...
-Eu pareço uma caipirona
nessas horas, né? Com esses medos bestas...
-E quem disse que também não
tenho esses medos, Riva?
-Tem? Mas você é viajada...
-Por incrível que pareça,
tenho. Mãe é mãe... só muda de nome e endereço.
-No nosso caso nem muda de
endereço! - descontrai Riva.
-Boba. Essas preocupações
são normais. É coisa de mãe.
-Eu não devia ficar tão
aflita, sei disso... meu filho é um homem muito seguro de si. Não
ia se meter em nada que não tivesse certeza de que não é cem por
cento seguro.
-Tá vendo? Sabe Riva, admiro
que você consiga ver o Marcelo como o homem que ele é desde sempre.
Eu só fui perceber completamente que o Rafael se tornou um homem
hoje... depois de quase vinte anos.
-Não é? Acho louco que os
dois tenham nascido no mesmo dia. Mas sabe o que acontece, Marion? Eu
era uma garota quando tive o Marcelo. De certa forma eu cresci junto
dele. Não completamente... não sei se você entende.
-Claro que entendo, Riva.
-Mas mesmo assim nem sempre
vejo ele como o homem forte que ele é. É como você disse... a
gente é mãe, a gente sofre com a ausência dos filhos.
-Nessas horas a gente precisa
lembrar que cria eles pra vida, né... sei que não é fácil, mas um
dia eles alçam seus voos...
-Nesse caso, é literalmente
um voo... - descontrai Riva.
-Boba! Você tá aprendendo
rápido a usar as palavras corretamente...
As duas se abraçam. CORTA A
CENA.
CENA 3: Horas mais tarde, Ivan
aparece no consultório de Valentim, onde ele está com Mara.
-Surpresa ver você aqui hoje,
Ivan... está buscando alguma novidade sobre o paradeiro do Haroldo?
- fala Mara.
-Justamente, Mara. Queria
saber se você e o Valentim tem alguma novidade sobre isso...
-Olha, Ivan... a gente sabe o
tanto que você sofreu nesses dois anos procurando pistas do seu
filho. Que ele não tá morto, a gente tem quase certeza, senão já
teria aparecido alguma coisa aqui pra nós. Mas ainda não é
possível afirmar com certeza de que ele está vivo. E se ele estiver
vivo, de qualquer forma fica complicado, mesmo pra nós que somos
investigadores, descobrirmos o paradeiro dele ou mesmo o que levou
ele a sumir sem deixar vestígios... - fala Valentim.
-Sem vestígios uma pinoia!
Ele deixou aquela carta pra mim, vocês leram! - fala Ivan.
-Sim, mas no que essa carta
vai poder contribuir para nossas investigações, Ivan? Em nada. Não
seja injusto com o Valentim e comigo... - fala Mara.
-Só queria saber pra onde que
meu filho foi... se ele está por perto, se está em outro país. Só
queria uma certeza de que ele está realmente vivo e bem. Parece que
lá em casa só eu me lembro do Haroldo. O Rafael e a Mariana quase
nunca falam do irmão que sumiu...
-Não seja injusto, Ivan. As
pessoas precisam tocar suas vidas. O fato de eles pouco ou nada
falarem sobre o sumiço do Haroldo não quer dizer em momento nenhum
que eles não sintam falta, que não desejem ter o irmão de volta,
nem que seja por notícias... - complementa Valentim.
-Eu preciso ir, queridos.
Qualquer novidade vocês me mantenham informado, sim? - fala Ivan.
-Certo. Mas se soubermos de
algo, por favor, mantenha a discrição. - alerta Mara. CORTA A CENA.
CENA 4: Raquel está sozinha
no quarto de hotel assistindo TV quando uma reportagem sobre
psicopatas lhe chama a atenção.
“Geralmente dotados de
uma inteligência acima da média, os psicopatas dificilmente se
tornam assassinos ou maníacos, como é frequentemente romanceado. Na
realidade, são pessoas que não possuem sentimentos, mas sabem
fingir muito bem. São os verdadeiros atores da vida. Manipulam as
pessoas através de seus pontos fracos, pois são excelentes
observadores e conseguem reproduzir o que observam, de forma que
conseguem assim manipular as pessoas pelo apelo emocional.
Frequentemente inventam histórias dramáticas para cativar os alvos
de seus golpes. As pessoas comuns são alvos fáceis de psicopatas,
porque dificilmente desconfiarão de alguém cheio de carisma. E os
psicopatas sabem como ninguém como ser carismáticos e cativar a
todos facilmente. Mas se engana quem pensa que obrigatoriamente
psicopatas serão facilmente identificados, muito pelo contrário:
eles estão por toda parte. Principalmente em grandes empresas,
hospitais e atuando como políticos. Quando desmascarados em suas
mentiras ou contradições, em momento algum demonstram ansiedade ou
arrependimento. No máximo demonstrarão ciência de suas atitudes,
mas o psicopata, por não ter sentimentos, não sabe o que é culpa
nem empatia. Na verdade, o psicopata sente prazer em ver o sofrimento
alheio, pois para ele é algo desconhecido, um objeto fascinante a
ser observado”.
Raquel fica pensativa com o
que acaba de ver na TV.
-Será que a minha filha é
isso daí? Não pode ser...
CORTA A CENA.
CENA 5: Horas depois, Cláudio
está em casa para almoçar enquanto Bruno prepara o almoço.
-Mor, cê me alcança o meu
caderno de receitas? Me esqueci de um ingrediente aqui... - fala
Bruno.
-Onde é que tá esse caderno?
-Na minha mochila. Pega lá
pra mim, Cláudio?
-Claro, tou indo lá...
Cláudio vasculha a mochila de
Bruno para encontrar seu caderno e acaba encontrando um celular.
-O que significa isso? Ele
disse que não tinha celular...
Cláudio engole a seco e pega
o caderno, juntamente do celular. Ao chegar na cozinha, Cláudio
entrega o caderno a Bruno e o encara com ar de quem confronta. Bruno
estranha.
-Que cara é essa, amor?
Aconteceu alguma coisa?
-Aconteceu? Não sei. Mas
talvez ainda aconteça...
-Não tou entendendo isso,
Cláudio. O que foi que eu fiz?
-Nada, por enquanto...
-Seja mais objetivo, amor...
tou ficando preocupado.
Cláudio pega o celular de
Bruno e mostra a ele.
-Dá pra me explicar o que é
isso? Você jurou que não tinha celular quando apareceu nessa
casa...
-Eu... na verdade não tenho.
- fala Bruno, espantado.
-E esse celular é de quem? É
roubado?
-Não acredito que você pensa
isso de mim...
-E de quem é esse celular,
então?
-É meu, Cláudio. Só que ele
quase nunca funciona, então é como se eu não tivesse. Ele tem um
problema no chip que faz com que fique fora de serviço quase o tempo
inteiro. Antes de vir morar aqui eu usava ele mais como despertador.
-Sei... o que você acha de eu
testar ligando pro meu celular?
-Pode tentar, mas ele pode
funcionar perfeitamente agora e cinco minutos depois deixar de
funcionar...
-Tudo bem. Você nunca me deu
motivos pra desconfiar de você. Vou dar esse voto de confiança. Vem
cá... hoje é folga no meu trabalho, por que a gente não sai pra
comprar um celular decente pra você? - propõe Cláudio.
-Mas estou desempregado, não
tenho como pagar.
-Eu pago, meu amor. Deixa eu
fazer isso por você. Não vou cobrar depois. Vamos depois do almoço,
tá?
Os dois se abraçam e Bruno
respira aliviado. CORTA A CENA.
CENA 6: Diogo está fazendo
compras quando, ao sair do supermercado, esbarra com um transeunte,
que é Rodrigo.
-Desculpe, moço. Estava
distraído... - fala Rodrigo.
-Pera! Eu te conheço. A gente
estudou junto, eu tenho certeza. Foi no segundo e no terceiro ano do
ensino médio.
-Você deve estar me
confundindo com alguém, Diogo.
-Tá vendo? Sabe até meu
nome! Eu sabia que era você! Como é seu nome mesmo, só pra me
esclarecer uma dúvida aqui?
-É Rodrigo, por que?
-Só queria ver até onde você
ia levar isso. Eu não lembro qual é seu verdadeiro nome, mas sei
que você não se chama Rodrigo. E sei que você namorou o meu ex.
-O Cláudio?
-Ele mesmo.
-Se pudesse evitar falar nisso
eu agradeceria, Diogo. Eu fui obrigado a terminar tudo com ele.
Diogo se espanta.
-Como é que é, Rodrigo?
-Falei mais do que devia. Não
devia ter te falado nada.
-Começou, termina, cara. Não
gosto de meias palavras.
-Olha aqui Diogo... tem anos
que a gente não se via, eu sei de tudo isso, que a gente se dava bem
no colégio e tudo mais, mas vai por mim... é melhor pra todos nós
que você não saiba de muita coisa.
-Eu imagino porque... Rodrigo,
é esse seu nome agora, né?
-Como imagina? Aposto que você
tá só jogando um verde.
-Pois se engana. Cara, eu
passei pelo mesmo.
-Como é que é? - espanta-se
Rodrigo.
-Eu nunca traí o Cláudio. Eu
fui obrigado a inventar essa história pra salvar as nossas peles...
também não posso te dizer mais que isso. Quem garante que a pessoa
que nos ameaçou não é você?
-Tou perplexo, Diogo. De
verdade. Mas pode se tranquilizar que não fui eu que fiz essa merda
toda. Eu fui obrigado a terminar com o Cláudio contra a minha
vontade... você deve imaginar o motivo.
-E você sabe quem tá por
trás disso?
-Pior que não. Me envolvi
numas merdas ainda garoto. Essa pessoa que me dá ordens sabe quem eu
sou, mas eu não sei quem ela é... se é homem ou mulher.
-Que loucura... bem, eu
preciso ir antes que meu namorado pense que estou demorando demais.
Espero que a gente ainda se encontre numa melhor, cara...
Diogo segue andando. CORTA A
CENA.
CENA 7: Marcelo e Rafael
chegam à Austrália e Marcelo se impressiona com Melbourne.
-Caramba, amor! Nunca imaginei
que esse lugar pudesse ser tão lindo!
-Você não viu nada ainda.
Nos próximos dias a gente vai aproveitando mais tudo o que esse país
tem a nos oferecer.
-Se eu pudesse ia turistar
feito um doido agora mesmo. Mas tou exausto!
-E eu então, Marcelo? Tá
achando que é só você que se cansa?
-Claro que não, seu bobo, mas
quem tem psoríase e fica todo atacado quando ansioso, sou eu...
-Vamos pro hotel, você vai
ver como os hoteis daqui são incrivelmente luxuosos e ao mesmo tempo
baratos.
-Como se a gente precisasse
economizar, né Rafa! Esses vão ser os melhores dias ao seu lado,
meu amor...
-Disso não tenho nenhuma
dúvida.
Os dois se beijam. CORTA A
CENA.
CENA 8: Cláudio e Bruno
chegam em casa.
-Nossa, eu falei que não
precisava de tudo isso, amor! Esse celular é lindo!
-Quis te fazer esse agrado,
Bruno... desde que você veio morar nessa casa faz praticamente tudo
dentro dela, já que o emprego tá tão difícil de se achar nos dias
de hoje...
-Mas tem tanta coisa aqui que
nem tou acostumado a usar. Acesso a internet e tudo mais... pra que
se a gente já compartilha o PC?
-Deixa de ser bobo, Bruno...
você pode não usar muito hoje, mas vai que uma hora precise? A
gente nunca sabe...
-Tá certo, Cláudio. O que
você acha da gente comer panqueca de camarão hoje?
-Excelente ideia. Mas pera, a
gente tem camarão aqui?
-Tem sim, comprei anteontem
porque o que você tinha comprado semana passada já tinha ido todo.
-Ótimo. E pra sobremesa, você
deixa eu decidir e fazer hoje ou o grande chef Bruno acha que vai
cair pedaço da minha mão se eu colocar a mão na massa?
-Bobo. Claro que pode. Aliás,
sabe o que eu tava pensando?
-Vish... já tá querendo
dizer o que eu devo fazer né? Isso que eu queria ter a ideia hoje...
mas vamos, fala aí o que você pensa pra sobremesa que eu vou pensar
no seu caso...
-Tava pensando naquele pudim
de limão que só você consegue fazer sem dar ruim...
-Você deu sorte porque era
exatamente o que eu tava pensando!
Bruno se sente observado e vai
fechar as janelas.
-O que te deu, amor?
-De repente me senti
observado, Cláudio. Mas acho que foi coisa da minha cabeça.
-Espero que seja. Mas na
dúvida, não custa fechar as cortinas também, assim os “paparazzi”
não enchem o saco da gente... - brinca Cláudio.
Do lado de fora da casa,
“Chefe” tenta observar a rotina de Cláudio e Bruno sem que eles
percebam. CORTA A CENA.
CENA 9: Ivan recebe uma
ligação de Valentim.
-Fala, Valentim. Precisando
falar comigo?
-Sim. Eu e Mara precisamos
conversar com você. Eu sei que já é meio tarde e que vocês devem
estar quase jantando, mas se você puder vir aqui, nós
agradeceríamos... - fala Valentim.
-Imagino o motivo. Esperem por
mim.
Ivan se arruma rapidamente e
ninguém entende nada quando ele deixa apressadamente a mansão.
Ivan chega em poucos instantes
na casa de Valentim, onde Mara também está.
-Demorei, gente? - pergunta
Ivan.
-De forma alguma, Ivan. Você
foi até mais rápido do que imaginamos... - fala Mara.
-Você aceita um drink, Ivan?
- pergunta Valentim.
-Até aceito. Mas gostaria que
vocês fossem objetivos. Faz tempo que vocês não me chamam para uma
conversa séria. Alguma novidade nas investigações?
-Sim e não. Na verdade,
estamos pensando numa forma de te dizer isso sem que você alimente
falsas esperanças... - fala Valentim, servindo o drink.
-Pois falem de uma vez que eu
vejo o que faço com a informação, certo? Não gosto de ficar nessa
aflição... - fala Ivan.
-O fato é que você está
certo: Haroldo está vivo. - fala Mara.
Ivan fica atônito. FIM DO
CAPÍTULO 25.
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