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segunda-feira, 13 de junho de 2016

CAPÍTULO 25

CENA 1: Ao chegarem no aeroporto, Marcelo e Rafael são surpreendidos pela presença de todos os amigos ali. Cláudio, Laura, até mesmo Mateus, Bruno, Eva, Renata, Procópio, Mara e Valentim estão lá.
-Gente, não acredito que em pleno sábado todos vocês vieram se despedir da gente! - emociona-se Rafael.
-Viemos dar um abraço de boa sorte nos nossos amigos, né! Depois do susto que vocês passaram ontem, merecem é tudo de bom! - fala Laura.
-E vê se lembra dos amigos e compra alguma coisa pra gente, viu viado? - fala Cláudio, direcionando-se a Marcelo.
-Essas bichas taurinas interesseiras, só pensam em tirar vantagem, nunca vi! - descontrai Marcelo.
-Iiiih, olha quem fala! A escorpiana que se faz se santa mas esconde dentro dessas calças uma puta cheia de fogo que eu sei! - prossegue Cláudio.
Riva e Marion gargalham. Marion começa a falar.
-Meu filho... dessa vez você tá indo pro exterior sem a mãe nem o pai e ainda levando teu namorado. Se cuida, viu? Acho que só agora que eu me dei conta pra valer que você se tornou um homem e não é mais um menininho... - emociona-se Marion.
-E você, Marcelo... meu filho, quem diria? Há meses atrás a gente vivendo naquela pindaíba e agora estamos aqui. Eu rica e você viajando pra fora do país pela primeira vez. Cuida do Rafael também, viu? Mas se cuida também, meu filho... é a primeira vez em dezenove anos, quase vinte, que você vai passar um tempo longe de mim... dá notícias sempre que puder, viu? - fala Riva, também emocionada.
-Gente, sem querer cortar o barato de vocês, mas a última chamada pro embarque acabou de acontecer. Precisamos embarcar. A gente promete que tenta manter contato com vocês, mas o fuso horário da Austrália é bem complicadinho. Amo vocês, até mês que vem! - fala Rafael.
Marcelo e Rafael embarcam no avião. CORTA A CENA.

CENA 2: Já em casa, Marion percebe que Riva está com uma expressão de preocupação.
-O que está havendo, Riva? Do caminho pro aeroporto até aqui em casa você não deu um pio e tá com essa cara de quem viu um fantasma...
-Ai, Marion... eu fico preocupada, sabe? Meu filho, que nunca subiu num avião, tá lá, num voo que vai levar horas e horas. E se acontece alguma coisa? E se aquele avião cair no meio do oceano?
-Deixa disso, querida. Vai dar tudo certo. Depois, não é só o seu filho que está lá. O meu também foi junto, afinal eles são os namorados que foram viajar pra passar um tempo curtindo o romance deles...
-Eu pareço uma caipirona nessas horas, né? Com esses medos bestas...
-E quem disse que também não tenho esses medos, Riva?
-Tem? Mas você é viajada...
-Por incrível que pareça, tenho. Mãe é mãe... só muda de nome e endereço.
-No nosso caso nem muda de endereço! - descontrai Riva.
-Boba. Essas preocupações são normais. É coisa de mãe.
-Eu não devia ficar tão aflita, sei disso... meu filho é um homem muito seguro de si. Não ia se meter em nada que não tivesse certeza de que não é cem por cento seguro.
-Tá vendo? Sabe Riva, admiro que você consiga ver o Marcelo como o homem que ele é desde sempre. Eu só fui perceber completamente que o Rafael se tornou um homem hoje... depois de quase vinte anos.
-Não é? Acho louco que os dois tenham nascido no mesmo dia. Mas sabe o que acontece, Marion? Eu era uma garota quando tive o Marcelo. De certa forma eu cresci junto dele. Não completamente... não sei se você entende.
-Claro que entendo, Riva.
-Mas mesmo assim nem sempre vejo ele como o homem forte que ele é. É como você disse... a gente é mãe, a gente sofre com a ausência dos filhos.
-Nessas horas a gente precisa lembrar que cria eles pra vida, né... sei que não é fácil, mas um dia eles alçam seus voos...
-Nesse caso, é literalmente um voo... - descontrai Riva.
-Boba! Você tá aprendendo rápido a usar as palavras corretamente...
As duas se abraçam. CORTA A CENA.

CENA 3: Horas mais tarde, Ivan aparece no consultório de Valentim, onde ele está com Mara.
-Surpresa ver você aqui hoje, Ivan... está buscando alguma novidade sobre o paradeiro do Haroldo? - fala Mara.
-Justamente, Mara. Queria saber se você e o Valentim tem alguma novidade sobre isso...
-Olha, Ivan... a gente sabe o tanto que você sofreu nesses dois anos procurando pistas do seu filho. Que ele não tá morto, a gente tem quase certeza, senão já teria aparecido alguma coisa aqui pra nós. Mas ainda não é possível afirmar com certeza de que ele está vivo. E se ele estiver vivo, de qualquer forma fica complicado, mesmo pra nós que somos investigadores, descobrirmos o paradeiro dele ou mesmo o que levou ele a sumir sem deixar vestígios... - fala Valentim.
-Sem vestígios uma pinoia! Ele deixou aquela carta pra mim, vocês leram! - fala Ivan.
-Sim, mas no que essa carta vai poder contribuir para nossas investigações, Ivan? Em nada. Não seja injusto com o Valentim e comigo... - fala Mara.
-Só queria saber pra onde que meu filho foi... se ele está por perto, se está em outro país. Só queria uma certeza de que ele está realmente vivo e bem. Parece que lá em casa só eu me lembro do Haroldo. O Rafael e a Mariana quase nunca falam do irmão que sumiu...
-Não seja injusto, Ivan. As pessoas precisam tocar suas vidas. O fato de eles pouco ou nada falarem sobre o sumiço do Haroldo não quer dizer em momento nenhum que eles não sintam falta, que não desejem ter o irmão de volta, nem que seja por notícias... - complementa Valentim.
-Eu preciso ir, queridos. Qualquer novidade vocês me mantenham informado, sim? - fala Ivan.
-Certo. Mas se soubermos de algo, por favor, mantenha a discrição. - alerta Mara. CORTA A CENA.

CENA 4: Raquel está sozinha no quarto de hotel assistindo TV quando uma reportagem sobre psicopatas lhe chama a atenção.
Geralmente dotados de uma inteligência acima da média, os psicopatas dificilmente se tornam assassinos ou maníacos, como é frequentemente romanceado. Na realidade, são pessoas que não possuem sentimentos, mas sabem fingir muito bem. São os verdadeiros atores da vida. Manipulam as pessoas através de seus pontos fracos, pois são excelentes observadores e conseguem reproduzir o que observam, de forma que conseguem assim manipular as pessoas pelo apelo emocional. Frequentemente inventam histórias dramáticas para cativar os alvos de seus golpes. As pessoas comuns são alvos fáceis de psicopatas, porque dificilmente desconfiarão de alguém cheio de carisma. E os psicopatas sabem como ninguém como ser carismáticos e cativar a todos facilmente. Mas se engana quem pensa que obrigatoriamente psicopatas serão facilmente identificados, muito pelo contrário: eles estão por toda parte. Principalmente em grandes empresas, hospitais e atuando como políticos. Quando desmascarados em suas mentiras ou contradições, em momento algum demonstram ansiedade ou arrependimento. No máximo demonstrarão ciência de suas atitudes, mas o psicopata, por não ter sentimentos, não sabe o que é culpa nem empatia. Na verdade, o psicopata sente prazer em ver o sofrimento alheio, pois para ele é algo desconhecido, um objeto fascinante a ser observado”.
Raquel fica pensativa com o que acaba de ver na TV.
-Será que a minha filha é isso daí? Não pode ser...
CORTA A CENA.

CENA 5: Horas depois, Cláudio está em casa para almoçar enquanto Bruno prepara o almoço.
-Mor, cê me alcança o meu caderno de receitas? Me esqueci de um ingrediente aqui... - fala Bruno.
-Onde é que tá esse caderno?
-Na minha mochila. Pega lá pra mim, Cláudio?
-Claro, tou indo lá...
Cláudio vasculha a mochila de Bruno para encontrar seu caderno e acaba encontrando um celular.
-O que significa isso? Ele disse que não tinha celular...
Cláudio engole a seco e pega o caderno, juntamente do celular. Ao chegar na cozinha, Cláudio entrega o caderno a Bruno e o encara com ar de quem confronta. Bruno estranha.
-Que cara é essa, amor? Aconteceu alguma coisa?
-Aconteceu? Não sei. Mas talvez ainda aconteça...
-Não tou entendendo isso, Cláudio. O que foi que eu fiz?
-Nada, por enquanto...
-Seja mais objetivo, amor... tou ficando preocupado.
Cláudio pega o celular de Bruno e mostra a ele.
-Dá pra me explicar o que é isso? Você jurou que não tinha celular quando apareceu nessa casa...
-Eu... na verdade não tenho. - fala Bruno, espantado.
-E esse celular é de quem? É roubado?
-Não acredito que você pensa isso de mim...
-E de quem é esse celular, então?
-É meu, Cláudio. Só que ele quase nunca funciona, então é como se eu não tivesse. Ele tem um problema no chip que faz com que fique fora de serviço quase o tempo inteiro. Antes de vir morar aqui eu usava ele mais como despertador.
-Sei... o que você acha de eu testar ligando pro meu celular?
-Pode tentar, mas ele pode funcionar perfeitamente agora e cinco minutos depois deixar de funcionar...
-Tudo bem. Você nunca me deu motivos pra desconfiar de você. Vou dar esse voto de confiança. Vem cá... hoje é folga no meu trabalho, por que a gente não sai pra comprar um celular decente pra você? - propõe Cláudio.
-Mas estou desempregado, não tenho como pagar.
-Eu pago, meu amor. Deixa eu fazer isso por você. Não vou cobrar depois. Vamos depois do almoço, tá?
Os dois se abraçam e Bruno respira aliviado. CORTA A CENA.

CENA 6: Diogo está fazendo compras quando, ao sair do supermercado, esbarra com um transeunte, que é Rodrigo.
-Desculpe, moço. Estava distraído... - fala Rodrigo.
-Pera! Eu te conheço. A gente estudou junto, eu tenho certeza. Foi no segundo e no terceiro ano do ensino médio.
-Você deve estar me confundindo com alguém, Diogo.
-Tá vendo? Sabe até meu nome! Eu sabia que era você! Como é seu nome mesmo, só pra me esclarecer uma dúvida aqui?
-É Rodrigo, por que?
-Só queria ver até onde você ia levar isso. Eu não lembro qual é seu verdadeiro nome, mas sei que você não se chama Rodrigo. E sei que você namorou o meu ex.
-O Cláudio?
-Ele mesmo.
-Se pudesse evitar falar nisso eu agradeceria, Diogo. Eu fui obrigado a terminar tudo com ele.
Diogo se espanta.
-Como é que é, Rodrigo?
-Falei mais do que devia. Não devia ter te falado nada.
-Começou, termina, cara. Não gosto de meias palavras.
-Olha aqui Diogo... tem anos que a gente não se via, eu sei de tudo isso, que a gente se dava bem no colégio e tudo mais, mas vai por mim... é melhor pra todos nós que você não saiba de muita coisa.
-Eu imagino porque... Rodrigo, é esse seu nome agora, né?
-Como imagina? Aposto que você tá só jogando um verde.
-Pois se engana. Cara, eu passei pelo mesmo.
-Como é que é? - espanta-se Rodrigo.
-Eu nunca traí o Cláudio. Eu fui obrigado a inventar essa história pra salvar as nossas peles... também não posso te dizer mais que isso. Quem garante que a pessoa que nos ameaçou não é você?
-Tou perplexo, Diogo. De verdade. Mas pode se tranquilizar que não fui eu que fiz essa merda toda. Eu fui obrigado a terminar com o Cláudio contra a minha vontade... você deve imaginar o motivo.
-E você sabe quem tá por trás disso?
-Pior que não. Me envolvi numas merdas ainda garoto. Essa pessoa que me dá ordens sabe quem eu sou, mas eu não sei quem ela é... se é homem ou mulher.
-Que loucura... bem, eu preciso ir antes que meu namorado pense que estou demorando demais. Espero que a gente ainda se encontre numa melhor, cara...
Diogo segue andando. CORTA A CENA.

CENA 7: Marcelo e Rafael chegam à Austrália e Marcelo se impressiona com Melbourne.
-Caramba, amor! Nunca imaginei que esse lugar pudesse ser tão lindo!
-Você não viu nada ainda. Nos próximos dias a gente vai aproveitando mais tudo o que esse país tem a nos oferecer.
-Se eu pudesse ia turistar feito um doido agora mesmo. Mas tou exausto!
-E eu então, Marcelo? Tá achando que é só você que se cansa?
-Claro que não, seu bobo, mas quem tem psoríase e fica todo atacado quando ansioso, sou eu...
-Vamos pro hotel, você vai ver como os hoteis daqui são incrivelmente luxuosos e ao mesmo tempo baratos.
-Como se a gente precisasse economizar, né Rafa! Esses vão ser os melhores dias ao seu lado, meu amor...
-Disso não tenho nenhuma dúvida.
Os dois se beijam. CORTA A CENA.

CENA 8: Cláudio e Bruno chegam em casa.
-Nossa, eu falei que não precisava de tudo isso, amor! Esse celular é lindo!
-Quis te fazer esse agrado, Bruno... desde que você veio morar nessa casa faz praticamente tudo dentro dela, já que o emprego tá tão difícil de se achar nos dias de hoje...
-Mas tem tanta coisa aqui que nem tou acostumado a usar. Acesso a internet e tudo mais... pra que se a gente já compartilha o PC?
-Deixa de ser bobo, Bruno... você pode não usar muito hoje, mas vai que uma hora precise? A gente nunca sabe...
-Tá certo, Cláudio. O que você acha da gente comer panqueca de camarão hoje?
-Excelente ideia. Mas pera, a gente tem camarão aqui?
-Tem sim, comprei anteontem porque o que você tinha comprado semana passada já tinha ido todo.
-Ótimo. E pra sobremesa, você deixa eu decidir e fazer hoje ou o grande chef Bruno acha que vai cair pedaço da minha mão se eu colocar a mão na massa?
-Bobo. Claro que pode. Aliás, sabe o que eu tava pensando?
-Vish... já tá querendo dizer o que eu devo fazer né? Isso que eu queria ter a ideia hoje... mas vamos, fala aí o que você pensa pra sobremesa que eu vou pensar no seu caso...
-Tava pensando naquele pudim de limão que só você consegue fazer sem dar ruim...
-Você deu sorte porque era exatamente o que eu tava pensando!
Bruno se sente observado e vai fechar as janelas.
-O que te deu, amor?
-De repente me senti observado, Cláudio. Mas acho que foi coisa da minha cabeça.
-Espero que seja. Mas na dúvida, não custa fechar as cortinas também, assim os “paparazzi” não enchem o saco da gente... - brinca Cláudio.
Do lado de fora da casa, “Chefe” tenta observar a rotina de Cláudio e Bruno sem que eles percebam. CORTA A CENA.

CENA 9: Ivan recebe uma ligação de Valentim.
-Fala, Valentim. Precisando falar comigo?
-Sim. Eu e Mara precisamos conversar com você. Eu sei que já é meio tarde e que vocês devem estar quase jantando, mas se você puder vir aqui, nós agradeceríamos... - fala Valentim.
-Imagino o motivo. Esperem por mim.
Ivan se arruma rapidamente e ninguém entende nada quando ele deixa apressadamente a mansão.
Ivan chega em poucos instantes na casa de Valentim, onde Mara também está.
-Demorei, gente? - pergunta Ivan.
-De forma alguma, Ivan. Você foi até mais rápido do que imaginamos... - fala Mara.
-Você aceita um drink, Ivan? - pergunta Valentim.
-Até aceito. Mas gostaria que vocês fossem objetivos. Faz tempo que vocês não me chamam para uma conversa séria. Alguma novidade nas investigações?
-Sim e não. Na verdade, estamos pensando numa forma de te dizer isso sem que você alimente falsas esperanças... - fala Valentim, servindo o drink.
-Pois falem de uma vez que eu vejo o que faço com a informação, certo? Não gosto de ficar nessa aflição... - fala Ivan.
-O fato é que você está certo: Haroldo está vivo. - fala Mara.
Ivan fica atônito. FIM DO CAPÍTULO 25.

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