CENA 1: Rafael tenta
tranquilizar o namorado, que começa a tremer e chorar de raiva.
-Por favor, Marcelo... tenta
se acalmar!
-Não me peça calma agora,
Rafael... desculpa, mas não vou conseguir me acalmar! A gente
praticamente se criou junto, se conhece desde pequeno... e ele me
apronta isso! Por despeito? Inveja? Recalque? Eu não quero acreditar
nisso! Dói demais aqui dentro... nunca pensei que alguém ia ter
inveja e recalque de mim, agora vejo aquele que eu chamava de melhor
amigo sendo recalcado e invejoso comigo!
Rafael abraça Marcelo e chora
junto do namorado, mas procura tranquilizá-lo.
-Amor... desesperar agora não
vai resolver nada. Isso tudo é triste demais, eu sei. Sinto sua
tristeza, pode acreditar. Mas isso tudo ainda pode ser esclarecido,
não pode?
-Não sei se pode, Rafael... o
Cláudio tá mostrando uma face cruel e covarde que eu jamais esperei
que viesse dele. Isso pode significar o fim definitivo da nossa
amizade... mas quer saber de uma coisa? É bom que eu esteja com
raiva dele nesse exato momento.
-O que você tá pensando em
fazer, Marcelo?
-Não te parece óbvio? Eu vou
agora na rede social chamar ele na inbox e vou tirar satisfações
com ele. Vou jogar todas as verdades na cara, provar que sei que foi
ele e que você provou que foi ele que sabotou meus vídeos, na maior
desonestidade, pra me atingir!
-Amor... você não vê que tá
reagindo exatamenete do jeito que ele espera, se ele realmente agiu
pra te afetar, pra atingir, pra abalar? Você tá aí, abalado...
-Eu sei, amor... mas é bom
que eu esteja de cabeça quente agora. Confia em mim.
-Tá certo... você venceu,
Marcelo. Mas pega leve nas palavras.
-Pegar leve com alguém que me
aprontou o que ele me fez? Não mesmo...
Marcelo abre sua conta na rede
social e procura pelo perfil de Cláudio e não encontra.
-Não tou acreditando... acho
que esse imbecil já me excluiu!
-Você digitou certo na busca,
Marcelo?
-Claro que sim, Rafael! Ele
não apareceu nas buscas...
-Procura direto na sua lista
de amigos, então. Clica na sua timeline e vai na ferramenta de busca
em amigos... talvez ele apenas tenha excluído o perfil e nada mais.
Se ele tiver excluído o próprio perfil, ele ainda vai aparecer na
sua lista de amigos, se você digitar o nome na busca...
Marcelo segue as instruções
de Rafael e fica perplexo.
-Ele me bloqueou! Não tem nem
rastro dele aqui!
Marcelo se revolta.
-Era previsível que ele fosse
fazer isso, amor...
-Mas não deixa de ser
revoltante. Isso é mais uma prova da covardia dele!
-Vamos dormir, Marcelo... já
tivemos muitas emoções por hoje.
Marcelo deita-se com Rafael,
que o afaga. CORTA A CENA.
CENA 2: Guilherme está
novamente na casa de Cláudio, esperando pela chegada dele, enquanto
Bruno faz sala pra ele.
-Você sabe se Cláudio ainda
demora?
-Nada! Tá bem na hora dele
chegar do trabalho... ele sempre chega cedo.
Bruno mal termina de falar e
Cláudio chega em casa, ficando feliz por ver Guilherme ali.
-Que bom te ver aqui,
Guilherme!
-Você disse que eu podia vir
sempre que quisesse, então eu vim...
-Já está pra escurecer. Se
você quiser ficar pra jantar... aliás, Bruno, você já fez as
compras pro jantar de hoje?
-Não. Quer que eu vá?
-Por favor!
Bruno parte ao mercado e
Guilherme aproveita o momento a sós com Cláudio, que percebe as
intenções de Guilherme e não resiste ao seu charme.
-Você quer um café,
Guilherme.
-Quero. Mas antes do café,
quero sentir o seu gosto...
Os dois se beijam com vontade
e Cláudio não resiste. Guilherme tenta ir além e nesse momento,
Cláudio recua.
-Ei... vai com calma! Se você
quiser ficar aqui essa noite, a gente pode fazer isso mais tarde. Vou
precisar conversar com o Bruno.
-Com o Bruno? Por que?
-Não é óbvio? Minha casa
pode não ser pequena, mas também não é grande. Você deve ter
percebido naquele outro dia que veio dormir aqui... mesmo eu não
tendo mais nada com o Bruno além da amizade, nós dormimos na mesma
cama... tanto é que você dormiu no sofá.
-Ele sabe que a gente tá
ficando?
-Não sei se sabe com certeza.
Mas conversando com ele, dei a entender isso.
-Você não acha que ele pode
ficar chateado de dormir no sofá?
-Não seja bobo, Guilherme...
o dono dessa casa ainda sou eu. Comprei com meu dinheiro. Depois,
dormir no sofá não vai ser novidade nenhuma pra ele. Foi assim que
tudo começou lá atrás...
-Eu realmente espero que ele
não fique chateado.
-Também espero que ele não
fique, de verdade. Mas se ele ficar, ele tem dois trabalhos: ficar
chateado e deixar de ficar chateado, a responsabilidade é total
dele.
Nesse momento, Bruno chega e
escuta a conversa dos dois.
-Você vai dormir aqui,
Guilherme?
-Vou... tem algum problema?
-Não... nenhum...
Cláudio chama Bruno para
conversar a sós.
-Bruno, vem aqui comigo...
preciso te explicar mais um detalhe...
Bruno acompanha Cláudio à
cozinha.
-Tem um detalhe... não sei se
tinha ficado claro nas nossas conversas de antes, mas eu tou ficando
com o Guilherme...
-Eu já tinha imaginado
isso... mas pera, isso significa que vocês vão dormir no quarto? Eu
durmo onde?
-No sofá... nada que você
não tenha feito antes, lá no começo de tudo...
Bruno fica com a expressão
contrariada.
-Vai ser só por hoje,
Bruno... não fica chateado, tá?
-O que não tem remédio,
remediado está, não é? - fala Bruno, se dando por vencido. CORTA A
CENA.
CENA 3: Mesmo com o horário
já avançado, Suzanne ainda está na mansão dos Bittencourt a dar
dicas para Riva de como se comportar na festa de casamento.
-Suzi, você me dá um
instante? O dia foi puxado hoje... - fala Riva.
-Claro... o que você vai
fazer? - pergunta Suzanne.
-Você já vai saber... - fala
Riva, pegando Vicente pela mão e ele entende o que ela quer
anunciar.
-Marion, Ivan... a gente
precisa dum segundinho da atenção de vocês. - fala Vicente.
Marion e Ivan vão até Riva e
Vicente, enquanto Valquíria e Mariana se olham tentando entender o
que eles conversam.
-Tou ficando é curioso já...
- fala Ivan.
-Não fique, cunhado... na
verdade a gente já vinha pensando nisso antes, foi até bobeira
nossa a gente não ter oficializado o pedido antes. Vocês querem ser
nossos padrinhos de casamento? - fala Riva.
-Claro que a gente aceita,
querida! Ficamos muito honrados pelo convite! - vibra Marion.
Os quatro se abraçam. Suzanne
fica visivelmente incomodada por não ter sido convidada, mas
disfarça. Riva segue a falar.
-Acho que era meio óbvio que
a gente ia convidar vocês... mas a gente precisava oficializar o
convite...
Valquíria percebe o olhar
raivoso de Suzanne e se faz de desentendida.
-Está tudo bem com você,
Suzanne? - pergunta Valquíria.
-Está sim... - fala Suzanne,
olhando para o relógioe e fingindo se espantar com o avançado da
hora.
-Oh! Já está muito tarde.
Queridos, preciso ir. Nos vemos na próxima aula de etiqueta! - fala
Suzanne, partindo rapidamente.
Todos se olham sem entender
nada e seguem falando dos preparativos para o casamento de Riva e
Vicente. CORTA A CENA.
CENA 4: Instantes depois,
Márcio e Raquel percebem que Suzanne chega furiosa ao hotel.
-Vish, Márcio... vou nem me
meter nisso. Alguma coisa deu errado nos planos da minha filha e eu
sinceramente não quero saber o que é.
-Você viu isso, dona Raquel?
Chegou soltando fogo pelas ventas, troteando feito cavalo e batendo a
porta. Sei lá o que houve, mas o que é que a gente tem a ver com
isso? - indigna-se Márcio.
-Vai lá falar com ela,
querido. Mas abre o olho. Não entra em todas as coisas que ela
disser. Você é um cara bom... eu vejo isso desde que você era um
garoto. Tenta não se deixar envolver por ela de novo...
-Ah, dona Raquel... eu amo sua
filha! Você sabe disso...
-Tá... mas toma cuidado.
Márcio vai até Suzanne.
-Que cena exagerada foi essa
agora, Suzanne?
-Aquela merendeira de bosta e
o galã de quase meia idade... de novo esses merdas...
-O que foi agora? Eles não
fariam nada pra te atingir. Fariam?
-Os imbecis convidaram a
Marion e o Ivan pra serem padrinhos do casamento. Nem pensaram em me
convidar.
-E você esperava o que,
Suzanne? Francamente! Você tem algum relacionamento oficial com um
cara? Não! O teu homem sou eu. E você me esconde! Nem eles iriam
querer me ver por perto, ou tou falando alguma mentira?
-Que seja. Mas assim eu perco
uma oportunidade de estar mais por perto. Uma oportunidade a menos de
tirar vantagem.
-Existem outros meios. Depois
a gente pensa nisso. Essa raiva toda não faz sentido nenhum...
Márcio desconfia que haja
mais coisas por trás da raiva de Suzanne. CORTA A CENA.
CENA 5: O dia amanhece e Bruno
se acorda no sofá da casa de Cláudio, pensativo.
-Por que, meu Deus... por que?
Eu fui fraco! Não podia ter deixado as coisas chegarem ao ponto que
chegaram!
Bruno começa a chorar.
-Agora o Cláudio tá lá...
deve ter transado com o Guilherme. E a culpa é minha... minha!
Bruno relembra os momentos
vividos com Cláudio desde o começo, desde o dia que surgiu na
frente da casa de Cláudio, orientado por “Chefe”.
-Eu desisti ali... naquele
momento! Não podia fazer o que o cara tava mandando... eu amei esse
homem desde a primeira vez que o vi...
Bruno relembra os momentos
felizes que passou junto de Cláudio, como namorado dele.
-E agora tou eu aqui... sem
ter pra onde ir, com mais da metade dos meus sonhos frustrados...
morando de favor na casa do cara que eu amo e tendo de aceitar as
migalhas da amizade dele...
Bruno chora, desconsolado.
-Mas tudo isso é culpa minha.
Eu comecei tudo errado lá atrás... se não tivesse sido fraco e
tivesse lutado contra o “Chefe”... mas não! Eu sou um covarde!
Eu tenho medo! Agora o Cláudio está lá... se entregando a alguém
que ele nem faz ideia de quem realmente é...
Bruno se preocupa em relação
ao futuro. CORTA A CENA.
CENA 6: Horas mais tarde,
Valquíria volta para a mansão dos Bittencourt depois de fazer um
teste de elenco para confirmar sua participação na próxima novela.
Mariana, Riva, Marion, Ivan e Vicente encaram aflitos Valquíria, que
faz uma misteriosa expressão de seriedade, quase de pesar.
-Fala alguma coisa, mãe! Essa
sua cara tá me deixando é nervosa... - fala Marion.
-Não vai me dizer que não
deu certo, vó... - fala Riva, aflita.
Valquíria começa a falar.
-Então, meus queridos e
minhas queridas... tenho uma notícia para dar a todos vocês... eu
estou na novela!
Valquíria finalmente sorri e
todos a abraçam!
-Ora, onde já se viu pregar
uma peça dessas na gente? - fala Marion, aliviada.
-Por um momento pensei que não
tivesse dado certo... - desabafa Riva.
-Vocês deviam estar
preparadas... afinal de contas, depois de quase setenta anos, eu sou
oficialmente uma atriz! - fala Valquíria, não cabendo em si de
felicidade.
-Será que hoje a senhora vai
poder beber? - questiona Vicente.
-Acho melhor não, amor... faz
pouco tempo que a vó começou a se medicar e o médico não deu
ordens para diminuir a dosagem diária do medicamento... - fala Riva.
-Ah, então vamos dar um jeito
de descolar cerveja sem álcool! Faz tanto tempo que tou sem a minha
loira que eu aceito até cerveja sem álcool... - sugere Valquíria.
-Mariana, querida... você
pode ir no mercado ali da esquina comprar as cervejas sem álcool? -
fala Ivan.
-Claro que posso, pai!
Todos comemoram o começo da
carreira de atriz de Valquíria. CORTA A CENA.
CENA 7: Mateus acompanha Laura
e o pessoal nos ensaios do grupo de teatro quando seu celular toca.
Vendo o número desconhecido a lhe ligar, conclui que é “Chefe”
quem liga.
-Fala, chefe... precisando me
dizer alguma coisa?
-Sim, Mateus. Na verdade, como
você já está careca de saber, muitas coisas estão em curso de
mudança com a dispensa do Rodrigo da nossa organização.
-“Nossa”? Você quer dizer
“sua”, não?
-Não me corrija. Você e os
demais fazem parte dela. Ela também é de vocês, só que quem manda
nela sou eu.
-Que seja. Pode me falar pelo
menos o motivo dessa divagação toda sobre as mudanças que a
dispensa do Rodrigo tá causando?
-Sim. Melhor ir direto ao
ponto, mesmo porque não tenho tempo e não posso despertar nenhuma
suspeita: você não apenas vai assumir a posição maior de
estratégia e inteligência dentro da organização. Você também
vai acumular a função de cobrador das dívidas das pessoas que
estiverem nos devendo grana.
-Mas isso não era função do
Almir?
-Almir foi preso num assalto a
banco. Desobedeceu minhas ordens e resolveu participar ativamente do
serviço que os homens dele deveriam ter feito. Acabou preso. E você
sabe como é... se ele abrir a boca, já era. Ele está pra ser
julgado e pode ser condenado a mais de dois anos de prisão, senão
mais. Vou precisar de alguém da minha confiança nesse meio tempo.
-Não tenho outra saída, ou
tenho?
-Claro que não tem. As duas
opções que você tem são: obedecer ou obedecer. Senão você já
sabe...
-Não precisa repetir, chefe.
Eu sei bem que a sua loucura não tem limites.
-Mas também sustenta vocês.
Não fale assim comigo, você é meu subordinado.
-Tá, tá... vamos pular essa
parte. Quando é que eu começo?
-Hoje mesmo. Lembra do caso
daquela mãe que recorreu a nós porque precisava de uma grana pra
pagar a cirurgia do filho? Ela ainda está nos devendo. Vá na casa
dela hoje, eu vou te passar o endereço por sms. Agora preciso
desligar. Boa sorte no seu primeiro dia.
“Chefe” desliga e Mateus
fica aflito. CORTA A CENA.
CENA 8: Márcio acorda
Suzanne.
-Você tá pelo menos mais
calma hoje, amor?
-Tou... não tenho pra onde
correr. O jeito é jogar com as peças que disponho nesse tabuleiro.
-Talvez você devesse ver as
pessoas como seres humanos, não como peças de um jogo...
-Que seja. Mas vou precisar
encontrar um jeito de garantir que essa grana toda não me escape
simplesmente. Não depois de todo esforço...
-Suzi, minha querida... você
já parou pra pensar que existem outras maneiras de conseguir essa
grana que você quer?
-Você fala como não quisesse
essa grana também, Márcio. Tá querendo se enganar ou resolveu ser
tomado por um súbito prazer em se sentir bom depois dos quarenta?
Você nem chegou lá ainda...
-Você às vezes me parece
fria demais. Olha, a gente precisa encontrar um jeito de fazer tudo
sem que ninguém saia prejudicado nisso, entende?
-Não tou te reconhecendo,
Márcio. Você não era cheio de cuidados assim, antes... mas você
tem razão. Cautela nunca é demais... o que você sugere?
-Bem, pra começo de
história...
Márcio passa orientações a
Suzanne, que o ouve atentamente. CORTA A CENA.
CENA 9: Valentim chama Laura
para conversar ao fim de seu ensaio.
-Precisando falar sobre alguma
novidade nas investigações? Porque olha, depois que eu soube que
Mateus teve um caso com o ex do Cláudio, nada mais me surpreende.
-Será mesmo que não vai te
surpreender, Laura? Tenho minhas dúvidas...
-Desse jeito eu tou começando
a ficar preocupada, até meio assustada, Valentim... o que você
descobriu?
-Descobrir eu não descobri
nada ainda. Mas existe uma possibilidade real e concreta de que o
Mateus esteja envolvido num esquema de agiotagem.
Laura fica chocada. FIM DO
CAPÍTULO 38.
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