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sexta-feira, 10 de junho de 2016

CAPÍTULO 23

CENA 1: Marcelo e Rafael desconfiam de Suzanne ter ido ao pátio logo depois de Vicente e resolvem ir até lá.
-Cês me deem licença que eu vou fumar um cigarro também... - fala Rafael.
-E eu vou com ele... - fala Marcelo.
-Mas filho, você praticamente nunca fuma! - estranha Ivan.
-Hoje deu vontade. Vou pedir um cigarro ao Vicente. A gente já volta.
Os dois partem em direção ao pátio e logo enxergam Suzanne tentando seduzir Vicente.
-Atrapalhamos alguma coisa? Espero que não... - fala Marcelo.
Suzanne fica claramente brava e contrariada, mas disfarça.
-Não, meninos... imagina... só vim pedir uns pegas do cigarro do Vicente... - desconversa Suzanne.
-Que coincidência, não é? Engraçado que nunca te vi fumando, Suzanne. Mas aproveitando o momento, cê podia me dar um cigarro, Vicente? Esqueci do meu em casa... - fala Rafael.
-Claro, Rafael. - fala Vicente, pegando um cigarro e entregando a Rafael, que o acende.
-Agora eu vou voltando lá pra dentro, gente. Já terminei meu cigarro... - fala Vicente, balbuciando a palavra “obrigado” a Marcelo e Rafael. Suzanne faz menção de seguir Vicente e Marcelo a segura pelo braço.
-Você fica, Suzanne. Vamos ter uma conversinha.
Suzanne se faz de desentendida.
-Mas conversar sobre o que, meninos? Não faço ideia de que assunto possamos ter em comum...
-Mas nós sabemos muito bem. Você se acha muito esperta, não é? Mas a gente sabe muito bem que você fica cercando o Vicente o tempo todo, tentando seduzir ele. Que bela amiga da minha prima que é você, né não? - desafia Rafael.
-Eu não sei do que vocês estão falando. Não posso ser amiga do namorado da minha amiga, não?
-Quem não te conhece que te compre, Suzanne. Você pode até fazer a minha mãe de boba, mas a nós não faz. - fala Marcelo.
-Vocês assistem séries demais. Devem achar que tudo tem conspiração... - debocha Suzanne.
-Não nos subestime, garota... - fala Rafael.
-Garota? Eu tenho quase idade pra ser mãe de vocês!
-Mas ainda não passa de uma garota. E muito da previsível. Sério mesmo que você se acha esperta? Enquanto era só o Vicente a saber você até tava mais segura... mas não agora, não mais. Então é melhor você ficar bem pianinha e parar de fazer o que tá tentando fazer, seja lá o que for que você tenha planejado. Você está sendo observada por nós. Não nos subestime. Se a gente resolver contar tudo pra minha mãe, aposto que ela vai acreditar na gente, então você baixe bem essa sua bola! - fala Marcelo, com firmeza.
-Isso tudo é um grande mal entendido... - acua-se Suzanne.
-Conta isso pra outro... - fala Rafael, apagando o cigarro.
Os dois seguem para a mesa. CORTA A CENA.

CENA 2: Ao constatar que Laura já dormiu, Mateus vai à sala do apartamento e liga para “chefe”.
-É bom que você tenha um bom motivo pra ter me ligado numa hora dessas, Mateus. Eu podia estar dormindo, sabia?
-Mas não tava, tava? Então não fica de sermão numa hora dessas que o que eu tenho pra falar com você é bem claro e objetivo.
-Então fale logo, Mateus.
-Seguinte, chefe: eu quero que você consiga um daqueles seus homens pra sabotar o carro de uma pessoa.
-E que pessoa seria essa, posso saber?
-O Rafael.
-Você não aprende nunca, né Mateus? Quantas vezes eu pedi nas nossas reuniões pra largar essa invejinha besta de mão? Mas pelo visto parece que não me escuta.
-Você vai ou não vai me ajudar, chefe? Se eu fosse você eu quebrava esse galho, viu? Afinal de contas eu sei quem você é e você não gostaria de ter sua identidade revelada caso não fizesse exatamente o que quero, não é?
-Eu poderia mandar matar você, isso sim! Quem é o chefe aqui, Mateus? Não me afronte!
-Desculpe. Mas fala aí: você vai ou não vai fazer esse favor pra mim?
-Você tá bem ciente de que isso envolve dinheiro, né?
-Claro que eu sei, chefe. Pensei nisso antes de te ligar. Pode descontar da minha parte esse mês.
-O que você quer exatamente que eu mande meus homens fazerem?
-Eu não entendo nada de mecânica, mas sei que seus homens entendem. Eu quero que o Rafael fique sem freios e sofra um acidente. Algo assim, inesperado... que ninguém desconfie que seja sabotagem. Assim pelo menos ele sai de circulação por um tempo. Não é pra matar. É pra ele sair do meu caminho e eu pegar o papel que era pra ser dele na próxima novela...
-Você tem consciência que isso não vai sair nem um pouco barato, né?
-Tenho. E aí, vai quebrar esse galho pra mim ou não vai?
-Eu vou pensar. Amanhã eu te dou uma resposta.
-Por que não pode me responder isso de uma vez, chefe?
-Porque você está pedindo pra eu fazer um serviço extra, completamente fora dos meus planos de ação. Não posso te responder isso agora. Até amanhã, passar bem!
“Chefe” desliga e Mateus fica apreensivo. CORTA A CENA.

CENA 3: Na manhã seguinte, Suzanne acorda-se na mansão dos Bittencourt por ter dormido lá e encontra Riva na cozinha sozinha.
-Pulou da cama, Riva? Achei que você ia estar cansadíssima de tanto que dançou ontem...
-Quase não preguei o olho, Suzanne... fiquei pensando em tudo, sobre como tudo aconteceu rápido nos últimos tempos, o prêmio, ter vindo pra cá... de repente me cai um homem perfeito do céu... às vezes fico pensando o que ele viu em mim pra se apaixonar...
-Pare com isso, amiga! Você é linda, será que não percebe?
-Mas ainda sou uma grossa. Eu notei os olhares das pessoas ontem. Alguns pareciam que ficavam me olhando com cara de pena, sei lá... parecia que me achavam ridícula. Fico com medo do Vicente perceber que sou uma grossa e ridícula e me deixar...
-Besteira, tudo isso... ninguém estava te julgando. A alta sociedade ainda está se acostumando à sua presença, Riva, é só isso...
-Espero que seja... mas tenho medo de perder o que tenho conquistado...
Riva começa a chorar.
-Deixa disso, amiga. Dá cá um abraço.
Suzanne abraça Riva e revela um olhar triunfante de quem planeja algo. CORTA A CENA.

CENA 4: Mateus se acorda e percebe que Laura ainda dorme. Decide ligar para “chefe”.
-Espero não ter te acordado.
-Dessa vez me acordou, Mateus... mas fazer o que. Eu te prometi dar uma resposta hoje.
-Ainda bem que disso você lembra, chefe. Eu preciso dar um jeito de tirar esse imbecil do Rafael do meu caminho.
-Antes de te dar a resposta queria saber: você tem certeza de que é isso mesmo que você quer fazer?
-Claro que eu tenho, como não teria?
-Porque, digamos que eu passe o serviço pros meus homens: de nada vai adiantar eu dizer pra eles que não é pra matar e sim pra dar um susto. Eles não podem prever isso também. A gente não tem como adivinhar o que pode acontecer com um carro sem freio.
-Eu sei disso, mas o que é que tem?
-Você tem noção de que o Rafael pode morrer nisso? E se ele morrer, talvez queiram abrir um inquérito pra investigar tudo, já pensou?
-E daí? Seus homens não são competentes? Não sabem fazer um serviço sem deixar rastro, impressão digital?
-Claro que sabem...
-Então? Às vezes você fica realmente paranoico com essas coisas, chefe...
-Tá certo. Eu vou mandar meus homens fazerem o que tem que ser feito no carro do seu desafeto. Mas esteja bem ciente de que ele pode sair morto disso.
-Tou nem aí. O que importa é que eu ganhe destaque na próxima novela...
-E vê se depois dessa, você não me arranja mais pedido nenhum por um bom tempo, tá me ouvindo Mateus? Não posso desviar meus homens dos meus planos com tanta frequência assim. Também não posso esquecer do que devo fazer.
-Tá certo, chefe. Deu de sermão? Quando o serviço vai ser feito?
-Hoje mesmo, não é isso que você queria pra ele nem começar a fazer a preparação pra outra novela lá? É o que você vai ter.
-Ótimo. Agora preciso desligar antes que Laura acorde.
Mateus desliga. CORTA A CENA.

CENA 5: Cláudio toma o café da manhã preparado por Bruno e percebe que o namorado está com uma expressão diferente.
-Aconteceu alguma coisa, amor? De repente notei que cê tá com uma cara de... sei lá, parece preocupação...
-Nada não, Cláudio. Devo ter dormido pouco.
-Cê quer voltar a dormir quando eu já tiver ido? De repente essa procura por um emprego esteja te exaurindo...
-Pode ser isso mesmo, amor... vem cá, não é daqui dois minutos que passa seu ônibus na parada?
-Ih, Bruno, é mesmo! Quase que me atraso pra aula! Até mais tarde, amor.
Cláudio beija Bruno apressadamente e parte para a faculdade.
Bruno tenta continuar a tomar o café da manhã, mas é interrompido pelos pensamentos e pelo sentimento de culpa.
-Eu queria ter força pra bater de frente com tudo isso e falar logo a verdade de uma vez pro Cláudio. Não é certo enganar alguém, ainda mais alguém que amo... não queria estar envolvido até o pescoço nessa sujeira toda... meu Deus, o que é que eu faço pra sair disso?
Bruno chora, preocupado com o futuro. CORTA A CENA.

CENA 6: Mara e Valentim observam na fachada do hotel onde “chefe” se esconde um homem saindo de lá.
-Deve ser ele, Mara. Bate com a descrição que Laura nos deu. Estatura de mediana a baixa, roupas escuras, boné preto e óculos escuros... - conclui Valentim.
-Vamos seguir esse homem pra ver onde ele vai... - complementa Mara.
Os dois descem do carro e seguem “chefe” a uma distância segura. Ainda assim, “chefe” percebe-se seguido e entra numa loja de atacado.
-Droga, Valentim! Eu sempre digo que a gente precisa manter uma distância maior! Certeza de que ele nos percebeu! E agora?
-E agora a gente entra nessa loja.
-Cê tá bem louco, né Valentim? Tem centenas de pessoas nessa loja agora.
-E daí, Mara? O disfarce do cara é bem fácil de encontrar.
-Às vezes a sua ingenuidade me surpreende, Valentim. Você é investigador ou um tonto?
-Nem comece com esses insultos agora, Mara. Estamos numa investigação séria.
-Pois não parece. Você não raciocinou que dentro dessa loja tem provadores? O sujeito com certeza já trocou de roupa e tirou o disfarce. Tem mais de cem pessoas aqui dentro. Admita, Valentim: pelo menos agora, nós perdemos esse cara de vista...
-Sim, nós perdemos ele. Mas você há de convir comigo que essa investigação tá só começando... tem muito chão pela frente.
Os dois seguem até o carro.
-Pode até ter muito chão pela frente, mas se você acha que esse sujeito vai facilitar nossas vidas, tá bem enganado, Valentim. Ele sacou que tá sendo seguido. É certo que a partir de agora ele vai redobrar os cuidados que já tinha...
-Ainda assim nós vamos conseguir, Mara.
-É, só não sei quando...
Os dois seguem discutindo. CORTA A CENA.

CENA 7: Raquel insiste em conversar com Suzanne.
-Será que você pode dar um pouco de atenção pra sua mãe, Suzanne?
-Ai, o que foi agora, dona Raquel? Tá se sentindo carente? Cê devia chamar um garoto de programa, viu?
Raquel dá um tapa em Suzanne.
-Nunca mais diga isso pra mim, tá me ouvindo? Nunca mais!
-Ui, ficou ofendidinha? Não devia, sabia? Sexo é bom. Faz bem pra pele, ia te deixar menos ranzinza...
-Se você soubesse o quão insuportável você fica falando essas coisas, minha filha... mas deixa pra lá. Tava boa a noite de ontem pelo menos?
-Podia ter sido melhor. Dois viadinhos se meteram onde não deviam. Não consegui fazer o que queria.
-E o que você queria fazer?
-Eu nem devia ter te dito isso, falei demais mãe... a senhora me desculpe dizer, mas não é da sua conta.
-Você me confunde, Suzanne... uma hora me trata bem, no momento seguinte me distribui patada. Eu não sei quem você é.
-Ninguém sabe quem eu sou. E eu me sinto bem assim.
-Eu não conheço sequer o seu caráter, filha. Melhor dizendo... duvido que exista algum aí dentro.
Suzanne se faz de ofendida.
-Como é que a senhora pode falar algo assim de mim? Eu sou sua filha, dona Raquel!
-Uma filha que me esconde dos amigos da alta sociedade. O que você quer que eu pense?
-Eu não sei.
-Pois como é que eu vou saber, então? Você se esconde, é evasiva. Essa falta de comunicação entre nós dá margem pra eu pensar um monte de besteira.
-Mas pode ficar tranquila, viu dona Raquel? Não sou uma assassina e nem está nos meus planos matar ninguém.
-Isso deve ser interpretado como algo bom, filha?
-Entenda como quiser, mãe... você faz muitas perguntas. Me deixe descansar agora, por favor...
Raquel deixa Suzanne sozinha e fica pensativa. CORTA A CENA.

CENA 8: Com a noite já muito avançada, Marcelo aguarda o fim das gravações das últimas cenas do último capítulo da novela na qual Rafael é protagonista. Seu celular toca.
-Fala mãe!
-Filho, já são quase meia noite! Vocês não vem pra casa, não?
-Mãe, o Rafa não terminou de gravar as últimas cenas da novela ainda. Esqueceu que tudo isso vai ao ar semana que vem? A equipe definiu que o último dia de trabalho ia ser hoje...
-Eu sei, mas fico preocupada, com um aperto no peito.
-Deixa disso, mãe! Você deveria escutar mais a tia Marion, viu? Ela vive dizendo que gravar final de novela é essa loucura toda. Eu só tou esperando o Rafa terminar tudo aqui e a gente vai pra casa, tá?
-Tá certo filho. Espero vocês. Beijo.
-Beijo, mãe.
Marcelo desliga a ligação de Riva e Rafael se aproxima dele.
-Pronto, amor! Gravada a última cena do último capítulo. Estou oficialmente de férias!
-Finalmente! A mãe acabou de me ligar preocupada com nossa demora.
-Pelo visto não escuta nem metade do que a minha mãe diz... mas faz parte. Amor, na verdade a equipe convidou a gente pra ir beber um chope pra comemorar o fim das gravações, ali onde eu costumo lanchar. Vem com a gente?
-Venho, mas nada de você beber porque quem dirige é você!
Os dois se juntam à equipe e comemoram o fim das gravações da novela. CORTA A CENA.

CENA 9: Rafael e Marcelo. já estão a caminho de casa, no carro de Rafael, a conversar.
-Que dia bem longo, meu Deus! Será que eu consigo ainda ter disposição pra terminar de arrumar aquele monte de malas? - fala Rafael.
-Vai ter que ter, nosso voo sai amanhã de tarde e eu quero poder dormir horrores antes da gente ir pro aeroporto.
-Ai, eu também, Marcelo... mas qualquer coisa a gente dorme no avião, a viagem será longa de qualquer jeito...
Rafael percebe que um ciclista não viu o sinal fechado para ele e tenta frear, mas não consegue, desviando do ciclista e quase batendo em outro carro.
-Viado, cuidado! Eu que bebo e você que esquece de colocar o pé no freio? - fala Marcelo, assustado.
-O carro está sem freio! - apavora-se Rafael.
-Tira o pé do acelerador, pelo amor de Deus, Rafael! A gente vai bater!
Rafael tenta conduzir o carro a um local seguro, mas bate numa caminhonete.
FIM DO CAPÍTULO 23.

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