CENA 1: Marcelo e Rafael
desconfiam de Suzanne ter ido ao pátio logo depois de Vicente e
resolvem ir até lá.
-Cês me deem licença que eu
vou fumar um cigarro também... - fala Rafael.
-E eu vou com ele... - fala
Marcelo.
-Mas filho, você praticamente
nunca fuma! - estranha Ivan.
-Hoje deu vontade. Vou pedir
um cigarro ao Vicente. A gente já volta.
Os dois partem em direção ao
pátio e logo enxergam Suzanne tentando seduzir Vicente.
-Atrapalhamos alguma coisa?
Espero que não... - fala Marcelo.
Suzanne fica claramente brava
e contrariada, mas disfarça.
-Não, meninos... imagina...
só vim pedir uns pegas do cigarro do Vicente... - desconversa
Suzanne.
-Que coincidência, não é?
Engraçado que nunca te vi fumando, Suzanne. Mas aproveitando o
momento, cê podia me dar um cigarro, Vicente? Esqueci do meu em
casa... - fala Rafael.
-Claro, Rafael. - fala
Vicente, pegando um cigarro e entregando a Rafael, que o acende.
-Agora eu vou voltando lá pra
dentro, gente. Já terminei meu cigarro... - fala Vicente,
balbuciando a palavra “obrigado” a Marcelo e Rafael. Suzanne faz
menção de seguir Vicente e Marcelo a segura pelo braço.
-Você fica, Suzanne. Vamos
ter uma conversinha.
Suzanne se faz de
desentendida.
-Mas conversar sobre o que,
meninos? Não faço ideia de que assunto possamos ter em comum...
-Mas nós sabemos muito bem.
Você se acha muito esperta, não é? Mas a gente sabe muito bem que
você fica cercando o Vicente o tempo todo, tentando seduzir ele. Que
bela amiga da minha prima que é você, né não? - desafia Rafael.
-Eu não sei do que vocês
estão falando. Não posso ser amiga do namorado da minha amiga, não?
-Quem não te conhece que te
compre, Suzanne. Você pode até fazer a minha mãe de boba, mas a
nós não faz. - fala Marcelo.
-Vocês assistem séries
demais. Devem achar que tudo tem conspiração... - debocha Suzanne.
-Não nos subestime, garota...
- fala Rafael.
-Garota? Eu tenho quase idade
pra ser mãe de vocês!
-Mas ainda não passa de uma
garota. E muito da previsível. Sério mesmo que você se acha
esperta? Enquanto era só o Vicente a saber você até tava mais
segura... mas não agora, não mais. Então é melhor você ficar bem
pianinha e parar de fazer o que tá tentando fazer, seja lá o que
for que você tenha planejado. Você está sendo observada por nós.
Não nos subestime. Se a gente resolver contar tudo pra minha mãe,
aposto que ela vai acreditar na gente, então você baixe bem essa
sua bola! - fala Marcelo, com firmeza.
-Isso tudo é um grande mal
entendido... - acua-se Suzanne.
-Conta isso pra outro... -
fala Rafael, apagando o cigarro.
Os dois seguem para a mesa.
CORTA A CENA.
CENA 2: Ao constatar que Laura
já dormiu, Mateus vai à sala do apartamento e liga para “chefe”.
-É bom que você tenha um bom
motivo pra ter me ligado numa hora dessas, Mateus. Eu podia estar
dormindo, sabia?
-Mas não tava, tava? Então
não fica de sermão numa hora dessas que o que eu tenho pra falar
com você é bem claro e objetivo.
-Então fale logo, Mateus.
-Seguinte, chefe: eu quero que
você consiga um daqueles seus homens pra sabotar o carro de uma
pessoa.
-E que pessoa seria essa,
posso saber?
-O Rafael.
-Você não aprende nunca, né
Mateus? Quantas vezes eu pedi nas nossas reuniões pra largar essa
invejinha besta de mão? Mas pelo visto parece que não me escuta.
-Você vai ou não vai me
ajudar, chefe? Se eu fosse você eu quebrava esse galho, viu? Afinal
de contas eu sei quem você é e você não gostaria de ter sua
identidade revelada caso não fizesse exatamente o que quero, não é?
-Eu poderia mandar matar você,
isso sim! Quem é o chefe aqui, Mateus? Não me afronte!
-Desculpe. Mas fala aí: você
vai ou não vai fazer esse favor pra mim?
-Você tá bem ciente de que
isso envolve dinheiro, né?
-Claro que eu sei, chefe.
Pensei nisso antes de te ligar. Pode descontar da minha parte esse
mês.
-O que você quer exatamente
que eu mande meus homens fazerem?
-Eu não entendo nada de
mecânica, mas sei que seus homens entendem. Eu quero que o Rafael
fique sem freios e sofra um acidente. Algo assim, inesperado... que
ninguém desconfie que seja sabotagem. Assim pelo menos ele sai de
circulação por um tempo. Não é pra matar. É pra ele sair do meu
caminho e eu pegar o papel que era pra ser dele na próxima novela...
-Você tem consciência que
isso não vai sair nem um pouco barato, né?
-Tenho. E aí, vai quebrar
esse galho pra mim ou não vai?
-Eu vou pensar. Amanhã eu te
dou uma resposta.
-Por que não pode me
responder isso de uma vez, chefe?
-Porque você está pedindo
pra eu fazer um serviço extra, completamente fora dos meus planos de
ação. Não posso te responder isso agora. Até amanhã, passar bem!
“Chefe” desliga e Mateus
fica apreensivo. CORTA A CENA.
CENA 3: Na manhã seguinte,
Suzanne acorda-se na mansão dos Bittencourt por ter dormido lá e
encontra Riva na cozinha sozinha.
-Pulou da cama, Riva? Achei
que você ia estar cansadíssima de tanto que dançou ontem...
-Quase não preguei o olho,
Suzanne... fiquei pensando em tudo, sobre como tudo aconteceu rápido
nos últimos tempos, o prêmio, ter vindo pra cá... de repente me
cai um homem perfeito do céu... às vezes fico pensando o que ele
viu em mim pra se apaixonar...
-Pare com isso, amiga! Você é
linda, será que não percebe?
-Mas ainda sou uma grossa. Eu
notei os olhares das pessoas ontem. Alguns pareciam que ficavam me
olhando com cara de pena, sei lá... parecia que me achavam ridícula.
Fico com medo do Vicente perceber que sou uma grossa e ridícula e me
deixar...
-Besteira, tudo isso...
ninguém estava te julgando. A alta sociedade ainda está se
acostumando à sua presença, Riva, é só isso...
-Espero que seja... mas tenho
medo de perder o que tenho conquistado...
Riva começa a chorar.
-Deixa disso, amiga. Dá cá
um abraço.
Suzanne abraça Riva e revela
um olhar triunfante de quem planeja algo. CORTA A CENA.
CENA 4: Mateus se acorda e
percebe que Laura ainda dorme. Decide ligar para “chefe”.
-Espero não ter te acordado.
-Dessa vez me acordou,
Mateus... mas fazer o que. Eu te prometi dar uma resposta hoje.
-Ainda bem que disso você
lembra, chefe. Eu preciso dar um jeito de tirar esse imbecil do
Rafael do meu caminho.
-Antes de te dar a resposta
queria saber: você tem certeza de que é isso mesmo que você quer
fazer?
-Claro que eu tenho, como não
teria?
-Porque, digamos que eu passe
o serviço pros meus homens: de nada vai adiantar eu dizer pra eles
que não é pra matar e sim pra dar um susto. Eles não podem prever
isso também. A gente não tem como adivinhar o que pode acontecer
com um carro sem freio.
-Eu sei disso, mas o que é
que tem?
-Você tem noção de que o
Rafael pode morrer nisso? E se ele morrer, talvez queiram abrir um
inquérito pra investigar tudo, já pensou?
-E daí? Seus homens não são
competentes? Não sabem fazer um serviço sem deixar rastro,
impressão digital?
-Claro que sabem...
-Então? Às vezes você fica
realmente paranoico com essas coisas, chefe...
-Tá certo. Eu vou mandar meus
homens fazerem o que tem que ser feito no carro do seu desafeto. Mas
esteja bem ciente de que ele pode sair morto disso.
-Tou nem aí. O que importa é
que eu ganhe destaque na próxima novela...
-E vê se depois dessa, você
não me arranja mais pedido nenhum por um bom tempo, tá me ouvindo
Mateus? Não posso desviar meus homens dos meus planos com tanta
frequência assim. Também não posso esquecer do que devo fazer.
-Tá certo, chefe. Deu de
sermão? Quando o serviço vai ser feito?
-Hoje mesmo, não é isso que
você queria pra ele nem começar a fazer a preparação pra outra
novela lá? É o que você vai ter.
-Ótimo. Agora preciso
desligar antes que Laura acorde.
Mateus desliga. CORTA A CENA.
CENA 5: Cláudio toma o café
da manhã preparado por Bruno e percebe que o namorado está com uma
expressão diferente.
-Aconteceu alguma coisa, amor?
De repente notei que cê tá com uma cara de... sei lá, parece
preocupação...
-Nada não, Cláudio. Devo ter
dormido pouco.
-Cê quer voltar a dormir
quando eu já tiver ido? De repente essa procura por um emprego
esteja te exaurindo...
-Pode ser isso mesmo, amor...
vem cá, não é daqui dois minutos que passa seu ônibus na parada?
-Ih, Bruno, é mesmo! Quase
que me atraso pra aula! Até mais tarde, amor.
Cláudio beija Bruno
apressadamente e parte para a faculdade.
Bruno tenta continuar a tomar
o café da manhã, mas é interrompido pelos pensamentos e pelo
sentimento de culpa.
-Eu queria ter força pra
bater de frente com tudo isso e falar logo a verdade de uma vez pro
Cláudio. Não é certo enganar alguém, ainda mais alguém que
amo... não queria estar envolvido até o pescoço nessa sujeira
toda... meu Deus, o que é que eu faço pra sair disso?
Bruno chora, preocupado com o
futuro. CORTA A CENA.
CENA 6: Mara e Valentim
observam na fachada do hotel onde “chefe” se esconde um homem
saindo de lá.
-Deve ser ele, Mara. Bate com
a descrição que Laura nos deu. Estatura de mediana a baixa, roupas
escuras, boné preto e óculos escuros... - conclui Valentim.
-Vamos seguir esse homem pra
ver onde ele vai... - complementa Mara.
Os dois descem do carro e
seguem “chefe” a uma distância segura. Ainda assim, “chefe”
percebe-se seguido e entra numa loja de atacado.
-Droga, Valentim! Eu sempre
digo que a gente precisa manter uma distância maior! Certeza de que
ele nos percebeu! E agora?
-E agora a gente entra nessa
loja.
-Cê tá bem louco, né
Valentim? Tem centenas de pessoas nessa loja agora.
-E daí, Mara? O disfarce do
cara é bem fácil de encontrar.
-Às vezes a sua ingenuidade
me surpreende, Valentim. Você é investigador ou um tonto?
-Nem comece com esses insultos
agora, Mara. Estamos numa investigação séria.
-Pois não parece. Você não
raciocinou que dentro dessa loja tem provadores? O sujeito com
certeza já trocou de roupa e tirou o disfarce. Tem mais de cem
pessoas aqui dentro. Admita, Valentim: pelo menos agora, nós
perdemos esse cara de vista...
-Sim, nós perdemos ele. Mas
você há de convir comigo que essa investigação tá só
começando... tem muito chão pela frente.
Os dois seguem até o carro.
-Pode até ter muito chão
pela frente, mas se você acha que esse sujeito vai facilitar nossas
vidas, tá bem enganado, Valentim. Ele sacou que tá sendo seguido. É
certo que a partir de agora ele vai redobrar os cuidados que já
tinha...
-Ainda assim nós vamos
conseguir, Mara.
-É, só não sei quando...
Os dois seguem discutindo.
CORTA A CENA.
CENA 7: Raquel insiste em
conversar com Suzanne.
-Será que você pode dar um
pouco de atenção pra sua mãe, Suzanne?
-Ai, o que foi agora, dona
Raquel? Tá se sentindo carente? Cê devia chamar um garoto de
programa, viu?
Raquel dá um tapa em
Suzanne.
-Nunca mais diga isso pra mim,
tá me ouvindo? Nunca mais!
-Ui, ficou ofendidinha? Não
devia, sabia? Sexo é bom. Faz bem pra pele, ia te deixar menos
ranzinza...
-Se você soubesse o quão
insuportável você fica falando essas coisas, minha filha... mas
deixa pra lá. Tava boa a noite de ontem pelo menos?
-Podia ter sido melhor. Dois
viadinhos se meteram onde não deviam. Não consegui fazer o que
queria.
-E o que você queria fazer?
-Eu nem devia ter te dito
isso, falei demais mãe... a senhora me desculpe dizer, mas não é
da sua conta.
-Você me confunde, Suzanne...
uma hora me trata bem, no momento seguinte me distribui patada. Eu
não sei quem você é.
-Ninguém sabe quem eu sou. E
eu me sinto bem assim.
-Eu não conheço sequer o seu
caráter, filha. Melhor dizendo... duvido que exista algum aí
dentro.
Suzanne se faz de ofendida.
-Como é que a senhora pode
falar algo assim de mim? Eu sou sua filha, dona Raquel!
-Uma filha que me esconde dos
amigos da alta sociedade. O que você quer que eu pense?
-Eu não sei.
-Pois como é que eu vou
saber, então? Você se esconde, é evasiva. Essa falta de
comunicação entre nós dá margem pra eu pensar um monte de
besteira.
-Mas pode ficar tranquila, viu
dona Raquel? Não sou uma assassina e nem está nos meus planos matar
ninguém.
-Isso deve ser interpretado
como algo bom, filha?
-Entenda como quiser, mãe...
você faz muitas perguntas. Me deixe descansar agora, por favor...
Raquel deixa Suzanne sozinha e
fica pensativa. CORTA A CENA.
CENA 8: Com a noite já muito
avançada, Marcelo aguarda o fim das gravações das últimas cenas
do último capítulo da novela na qual Rafael é protagonista. Seu
celular toca.
-Fala mãe!
-Filho, já são quase meia
noite! Vocês não vem pra casa, não?
-Mãe, o Rafa não terminou de
gravar as últimas cenas da novela ainda. Esqueceu que tudo isso vai
ao ar semana que vem? A equipe definiu que o último dia de trabalho
ia ser hoje...
-Eu sei, mas fico preocupada,
com um aperto no peito.
-Deixa disso, mãe! Você
deveria escutar mais a tia Marion, viu? Ela vive dizendo que gravar
final de novela é essa loucura toda. Eu só tou esperando o Rafa
terminar tudo aqui e a gente vai pra casa, tá?
-Tá certo filho. Espero
vocês. Beijo.
-Beijo, mãe.
Marcelo desliga a ligação de
Riva e Rafael se aproxima dele.
-Pronto, amor! Gravada a
última cena do último capítulo. Estou oficialmente de férias!
-Finalmente! A mãe acabou de
me ligar preocupada com nossa demora.
-Pelo visto não escuta nem
metade do que a minha mãe diz... mas faz parte. Amor, na verdade a
equipe convidou a gente pra ir beber um chope pra comemorar o fim das
gravações, ali onde eu costumo lanchar. Vem com a gente?
-Venho, mas nada de você
beber porque quem dirige é você!
Os dois se juntam à equipe e
comemoram o fim das gravações da novela. CORTA A CENA.
CENA 9: Rafael e Marcelo. já
estão a caminho de casa, no carro de Rafael, a conversar.
-Que dia bem longo, meu Deus!
Será que eu consigo ainda ter disposição pra terminar de arrumar
aquele monte de malas? - fala Rafael.
-Vai ter que ter, nosso voo
sai amanhã de tarde e eu quero poder dormir horrores antes da gente
ir pro aeroporto.
-Ai, eu também, Marcelo...
mas qualquer coisa a gente dorme no avião, a viagem será longa de
qualquer jeito...
Rafael percebe que um ciclista
não viu o sinal fechado para ele e tenta frear, mas não consegue,
desviando do ciclista e quase batendo em outro carro.
-Viado, cuidado! Eu que bebo e
você que esquece de colocar o pé no freio? - fala Marcelo,
assustado.
-O carro está sem freio! -
apavora-se Rafael.
-Tira o pé do acelerador,
pelo amor de Deus, Rafael! A gente vai bater!
Rafael tenta conduzir o carro
a um local seguro, mas bate numa caminhonete.
FIM DO CAPÍTULO 23.
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