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terça-feira, 21 de junho de 2016

CAPÍTULO 32

CENA 1: Todos ficam extremamente contentes por Marion. Ivan começa a falar.
-Você aceitou, certo?
-Claro que aceitei! Não podia recusar o convite quando me disseram que a protagonista será mãe da personagem do Rafa! Nunca imaginei que ia fazer a mãe do meu próprio filho na vida real na televisão!
-Mas você ia aceitar de qualquer jeito, não ia, minha filha? - questiona Valquíria.
-Olha, mãe... eu sinceramente não sei. Já são oito anos sem fazer uma novela inteira, a Mariana ainda era pequena antes de eu cair nesse ostracismo todo...
-Verdade, mãe. Acho que o Rafa tem uma memória mais viva de você sendo parada todos os dias na rua, trabalhando de domingo a domingo, essas coisas...
-Tem sim, filha. Quando você começou a ter uma noção mais real das coisas, eu já não andava tão famosa como antes. Mas sabe, acho que isso foi bom, pude acompanhar melhor o teu crescimento do que o crescimento do seu irmão... eu trabalhava muito. Saía às vezes de casa antes das cinco da manhã pra chegar muitas vezes quando era quase meia-noite. O trabalho todo, apesar de ser muito cansativo, vale muito a pena, porque é algo que amo fazer. Mas pensando bem, foi bom que eu tenha passado esses oito anos afastada da TV... pude me dedicar mais à família. Só lamento que provavelmente o Haroldo não volta antes de eu começar a gravar de novo...
-Eu não teria certeza disso, amor... - fala Ivan.
-Você tá sabendo de alguma coisa, Ivan? - questiona Riva.
-É, pai... cê tá sabendo de algo do meu irmão? - questiona Mariana.
-Não, gente... só tou com uma intuição forte de que ele pode voltar a qualquer momento...
Marion estranha.
-Ivan, você nunca foi dessas coisas. Nunca acreditou em intuição... o que mudou em você do dia pra noite, que eu não consegui acompanhar?
-Marion... depois que a gente passa de uma idade a gente começa a ver a vida com outros olhos. Eu sinto que posso acreditar mais na minha intuição. Mas vamos voltar ao seu assunto, porque não é todo dia que você recebe convite da emissora pra voltar pra TV...
-Verdade. Mas sabe gente, eu acho melhor contar pros meninos só quando eles voltarem pro Brasil... - pondera Marion.
-Marion, cê tá maluca? Primeiro, hoje tem internet em qualquer canto do mundo. Segundo: mesmo sem a internet, eles tem acesso ao sinal internacional da emissora. Acho melhor você ligar pro seu filho e contar antes que ele saiba por um desses meios, mesmo estando lá na Austrália... - pondera Vicente.
-O Vicente tem razão, Marion... - constata Riva.
Todos seguem conversando. CORTA A CENA.

CENA 2: Mateus está navegando pela internet quando se depara com a notícia da confirmação de Marion como a protagonista da novela onde Rafael será filho dela.
-Laura, você não vai acreditar no que eu acabei de ler!
-Olha, se for papo daqueles golpistas de novo, pode esquecer que eu já me estressei o suficiente com reacionários por um bom tempo...
-Não é isso, amor... é sobre a próxima novela das nove... de novo.
-Ai, o que foi agora?
-A Marion foi confirmada como protagonista. Você sabe o que isso significa? Que ela vai ser mãe da personagem do Rafael! Fazendo a mãe do próprio filho na vida real.
-Tá, mas e daí? Essa não é nem de longe a primeira vez que isso acontece. Também não vai ser a última. Regina Duarte já fez a mãe da Gabriela naquela novela do Manoel Carlos, dentre outros exemplos que eu nem preciso citar pra você.
-Mas isso é uma panelinha! Tudo sempre favorecendo aquele tonto do Rafael!
-Mateus, chega! De novo esse papo pra cima de mim não! Quer dizer que com os outros atores e atrizes que atuam com seus pais e filhos na TV pode, não é panelinha? Mas quando tem a ver com o Rafael, a quem você chama de amigo, se torna panelinha?
-Não... não é bem assim. Eu sou amigo do Rafael...
-Será que é mesmo, Mateus? Que belo amigo você se mostra pelas costas dele, hein?
-Não seja dura comigo, Laura. Você mal deixa eu falar!
-Deve ser porque eu fico com o péssimo pressentimento de que sei exatamente onde todo esse seu discursinho vai acabar... olha, Mateus, ninguém está contra você. Será que você não percebe que é você que se coloca contra si mesmo e por isso projeta isso nas pessoas? Poxa vida! A gente tá há tanto tempo junto e você não mudou quase nada!
-Eu só queria ser mais reconhecido pelo meu talento na emissora. Você sabe que eu me esforço.
-Esforço é bom, mas não é tudo nessa vida. Talento é o principal. Olha, amor, você é talentoso, mas será possível que não dá pra ter um pouco de paciência? Nenhum monstro sagrado da TV começou por cima, sabia disso? Cuidado pra sua ambição não te cegar, viu? Não vai querer terminar como o Guilherme de Pádua, vai?
-Ai, que horror, amor! Não acredito que você fez essa comparação!
-Exagerei de propósito, pra ver se você cai na real. Se você quiser comer ainda, eu deixei no forno o seu pedaço da pizza. Agora eu vou dormir. Tira essas coisas da cabeça, tá?
-Vou tentar, Laura... eu juro que vou.
-Tente por você, não por mim ou qualquer pessoa. Você não me deve explicações, precisa resolver isso dentro de você. Eu te amo... não quero ver você se perdendo...
Laura beija a testa de Mateus e vai dormir. CORTA A CENA.

CENA 3: Na manhã do dia seguinte, Bruno percebe no café da manhã que ainda há um clima pesado entre ele e Cláudio.
-Olha, Cláudio... eu sei que fiz burrada, mas precisa desse climão todo aqui?
-Que climão, Bruno? Eu só não quero falar muito. Tem dias que eu curto ficar assim, em silêncio, ouvindo os meus próprios pensamentos...
-Será que é só isso?
-É só isso, sim. Mas se não fosse? Razões pra isso eu teria.
-Eu só queria que você me perdoasse de coração, Cláudio...
-E quem disse que eu não perdoei? Quem tá pensando nisso é você, Bruno.
-Você fica me olhando com essa cara de decepção...
-Não é pra menos. Você esperava que eu ficasse indiferente a tudo o que eu soube? Meio impossível, isso. Só que mesmo te perdoando eu preciso de um tempo pra digerir tudo isso. Já te falei que quem eu não perdoei totalmente foi a mim mesmo, por ter permitido que as coisas chegassem onde chegaram. A responsabilidade não é sua, é minha.
-Mas você acha certo se violentar desse jeito? Se culpar assim?
-Ninguém aqui tá falando em culpa, Bruno. Mas como é que você espera que eu me sinta? Me vejo obrigado a esconder uma verdade dolorosa da minha melhor amiga, tento desabafar com meu melhor amigo e aquele ingrato egoísta não dá a mínima pra mim e meus problemas, ainda tem a capacidade de dizer que tava cansado e precisava dormir...
-Você tá julgando o Marcelo por antecipação. Será que não percebe que ele está em outro continente? Será que ignora que os fusos são completamente diferentes?
-Até você vai defender ele agora? Olha, Bruno, melhor parar por aí, viu? Você não tá em condições de criticar meu ponto de vista sobre meu melhor amigo.
-Depois diz que não tá diferente comigo...
-Bruno... dá um tempo pra mim, valeu? É muita coisa acontecendo ao mesmo tempo. Eu preciso desse silêncio dentro de mim pra colocar as ideias no lugar, então faça o favor de me respeitar, afinal você mora debaixo do meu teto.
-Isso é uma ameaça, Cláudio? Não tou te reconhecendo...
-Entenda como quiser. Quer saber? Eu vou dar é uma volta.
-Mas você não tem faculdade hoje?
-E daí? Quase nunca falto. Hoje não quero saber nem de faculdade nem de trabalho. Vou tirar um tempo pra mim. Depois eu penso como vou resolver essas questões.
-Onde você vai?
-Não te interessa, Bruno.
Cláudio deixa sua casa e Bruno se preocupa com ele. CORTA A CENA.

CENA 4: Mateus se encontra com “Chefe” no quarto de hotel que ele usa para se esconder. Aparece apenas a silhueta de “Chefe” e sua voz abafada.
-Me chamou pra saber se eu já passei todas as informações pro Rodrigo e se ele topou, certo?
-Claro, Mateus. Mas não só por isso... mas antes de seguir com o que quero dizer, queria saber se aquele bundão não afinou dessa vez.
-Eu fiz o que você pediu, chefe. Meti medo pra ele não dar pra trás. Funcionou.
-Ótimo. Vou mandar meus homens falarem com ele e eles decidem melhor como vão fazer pra roubar o banco.
-Certo. Mas você disse que tinha mais algo pra me dizer, chefe.
-Tenho mesmo. E é bom você me ouvir quietinho porque você sabe como a coisa funciona aqui: você pode pensar o que quiser, mas não estou pedindo sua opinião, então contenha-se.
-Lá vem bomba... fala então o que você tá tramando.
-Tou pensando em agir mais diretamente com o nosso velho alvo.
-Do que você tá falando? Ah, não vai me dizer que...
-Exatamente. Fiquei sabendo que o pato tá passando por um momento difícil.
-Como é que você soube disso? Nem eu tinha certeza de nada, ainda...
-Você parece achar que eu tou de brincadeira quando digo que tenho meus informantes e eles estão por toda parte. Sei também que tem gente na cola de um dos nossos homens.
-E quem é que é esse homem que estão na cola?
-Se eu te disser eu vou estar quebrando o sigilo que eu mesmo imponho, imbecil.
-Ok... desculpe, chefe.
-Desculpas aceitas. O que importa é que esse é um momento oportuno para ganhar a confiança do pato.
-Iih, chefe... não olha pra mim! Eu não vou fazer isso!
-E quem disse que eu pensei em você? Mateus, não se superestime. Você só é da minha confiança porque eu tive o azar de te conhecer há muitos anos. Se fosse por merecimento, tem muitos dos meus homens que seriam mais dignos da minha confiança do que você.
-Também não precisa esculachar, pô. Você pode ser mais objetivo? Ainda não entendi direito o que você tá tramando.
-Não é pra entender. É só pra saber: novas medidas serão tomadas daqui em diante. Independente do que vier depois, você deve ficar de bico calado, senão já sabe...
-Eu imagino o que você tá tramando... mas não tenho nem coragem de dizer isso.
-Ainda bem que você sabe que quem manda aqui sou eu, não é mesmo? Pode ir pra sua namoradinha corna. Tudo o que eu tinha pra te dizer já foi dito.
-Mas... e o plano?
-Só te chamei pra dizer que tenho novos planos. Não te chamei pra explicar quais são esses novos planos.
-Então tá certo.
-Lembre-se: não importa o que aconteça, a ordem é sempre se manter de bico fechado.
-Tá, tá, tá! Não precisa repetir isso, chefe. Não sou burro.
-Tenho minhas dúvidas. Agora vá. Discretamente pra ninguém te ver.
Mateus vai embora. CORTA A CENA.

CENA 5: Ao deixar uma consulta com Valentim, Victor conversa com Diogo ainda na recepção do local.
-Sabe, amor... eu conversei hoje com o doutor Valentim e ele me estimulou numa ideia que eu andei tendo dia desses.
-E que ideia é essa, Victor?
-Eu quero conhecer o Cláudio. Quem sabe assim, conhecendo ele frente a frente, eu pare de alimentar paranóias e medos desnecessários... ele concordou comigo, disse que pode ser um grande passo no meu tratamento. Concordou com o que foi dito antes na minha terapia.
-Eu nem sabia que você andava pensando nisso, amor... mas acho uma ótima ideia. Vai ser melhor pra todos nós. Quando você quer conhecer ele? Porque assim eu vou ter tempo de avisar ele direitinho, né...
-Ainda não sei. Acho que preciso ainda de um tempo antes de tomar coragem por completo. Você me apoia quando eu tomar essa decisão?
-Claro que apoio, meu amor! Eu estou com muito orgulho de você, de verdade.
-Pare com isso, Diogo... estou fazendo isso não só por mim, mas por nós. Também, porque sinto falta de ter amigos e talvez o Cláudio seja uma boa pessoa...
-Fico feliz por você pensar assim...
Os dois deixam o consultório abraçados. CORTA A CENA.

CENA 6: Horas mais tarde, Mara retorna ao barzinho onde teve uma pista sobre Haroldo e fala novamente com o garçom.
-Olá... é Juliano o seu nome, estou certa?
-Sim. Você é a investigadora Mara que veio aqui dia desses, não é?
-Justamente. Queria saber se você poderia me passar mais informações sobre aquele homem da foto, que você disse que já frequentou aqui algumas vezes...
-Sim. O que você deseja saber?
-Se você lembra o nome dele.
-Olha... eu não lembro ao certo... sei que começa com R, mas não sei te dizer.
-Estranho...
-Estranho por que?
-Porque o nome desse cara que eu estou à procura é Haroldo.
-Não, Mara... não foi com esse nome que esse cara se apresentou aqui, disso eu tenho certeza.
-Ele está usando uma identidade falsa, provavelmente. Isso complica um pouco a situação dele.
O garçom se assusta.
-Você tá me dizendo que ele pode ser um criminoso?
-Não ainda... se tranquilize, rapaz. É mais possível que ele esteja sendo vítima de criminosos perigosos... olha, eu preciso ir. Se precisar de mais informações, volto a te procurar...
Mara deixa o barzinho intrigada.
-Tem algo de podre nessa história... - fala consigo mesma. CORTA A CENA.

CENA 7: Raquel está novamente no quarto de hotel onde está morando com Suzanne e resolve chamar a filha pra uma conversa.
-Filha, você teria cinco minutos pra conversar comigo?
Márcio resolve se retirar.
-Acho que vou pegar alguma coisa pra comer pra não atrapalhar vocês...
-Não, Márcio... fica. Não tem nada que você não possa ouvir, querido... - fala Raquel.
-Ih, mãe... se for pra sermão, me poupe... - fala Suzanne.
-Na verdade eu queria perguntar pra você umas coisas. Por que você insiste em arrancar dinheiro da Riva? Não é a primeira vez que você faz isso...
-Porque dinheiro nunca é demais e meu forte nunca foi gostar de trabalhar, ué.
-Mas precisa passar por cima das pessoas, filha?
-As pessoas pedem pra ser enganadas e agora sou eu a culpada da burrice e ingenuidade delas? Ah, mãe... dá um tempo!
-Não dou tempo nenhum! Você não percebe que você brinca com a boa fé das pessoas?
-E daí? O mundo é dos vivos.
-Você me envergonha, Suzanne!
-Se eu fosse a senhora, eu ficava bem quietinha porque quem tá te dando moradia agora sou eu!
-Você é cruel, minha filha.
Raquel sai enojada. CORTA A CENA.

CENA 8: Rodrigo está lendo um livro em seu apartamento quando uma mensagem no seu celular apita.
-Deus do céu, o chefe não cansa de me repassar essas merdas?
Rodrigo abre a mensagem de má vontade e se espanta com o que lê.
“Rodrigo... mudança de planos: você vai acompanhar o trabalho dos homens à distância, fale com o Augusto pra ele analisar as falhas de segurança do banco, aquele ali é bom observador. Estou transferindo essa tarefa porque você precisa deixar a cidade urgentemente. Não me faça perguntas, apenas obedeça. Pelo seu bem e pelo bem da organização, você deve deixar a cidade imediatamente, sem questionamentos.
Chefe.”
Rodrigo fica frustrado e assustado, indo ao quarto e começando a arrumar suas coisas.
-Era só o que me faltava. Não bastam esses anos me escondendo, ainda tenho que fazer o que esse infeliz manda! Logo agora!
Rodrigo chora por ter de deixar a cidade. CORTA A CENA.

CENA 9: Cláudio está caminhando na beira da praia, pensando na vida e nos últimos acontecimentos. Sofre ao relembrar que não tem como contar toda a verdade à Laura sem que ela sofra imensamente por isso.
-Não é justo, meu Deus! Não é justo fazer isso com a minha melhor amiga...
Cláudio caminha por mais alguns instantes e resolve sentar-se na areia, à beira-mar.
-Se essas águas pudessem me ouvir... entenderiam que não tenho opção...
Cláudio começa a chorar e se encolhe. De repente, alguém se aproxima sem que ele perceba. Cláudio só percebe a presença da pessoa quando sua mão lhe toca o ombro. Cláudio se vira, em lágrimas, para ver quem é.
-Guilherme? O que você tá fazendo aqui?
Cláudio fica sem reação diante de Guilherme. FIM DO CAPÍTULO 32.

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