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sexta-feira, 3 de junho de 2016

CAPÍTULO 17

CENA 1: Cláudio não acredita nas palavras de Rodrigo.
-Isso só pode ser uma brincadeira, né? Não faz sentido... até outro dia cê tava lutando pra que eu não terminasse com você... óbvio, isso só pode ser uma brincadeira. Vou ali pegar uma cerveja, tá?
Quando Cláudio se levanta, Rodrigo o segura firmemente pelo braço, já com lágrimas nos olhos.
-Não é brincadeira nenhuma, Cláudio. Descobri que não te amo mais. Não sei se um dia realmente te amei. Acho que você não passou de uma ilusão, uma bela ilusão...
Cláudio baqueia e se revolta, começando a gritar.
-Como é que você tem a capacidade de me dizer uma coisa dessa depois de TUDO o que você me fez passar? Eu nunca tinha perdoado uma traição na vida, fiz isso por você! Abri mão do meu orgulho por você! Eu te amo!
Rodrigo respira fundo e, chorando, continua a falar.
-Mas quem não te ama mais sou eu. Não posso mais ser teu namorado desse jeito. A última coisa que eu queria nessa vida era te magoar, mas já te magoei lá atrás. Não quero te fazer passar mais por isso.
Cláudio se descontrola e arremessa a mochila de Rodrigo contra a parede. Rodrigo assiste ao descontrole de Cláudio desconsolado e começa a soluçar de tanto chorar.
-Cláudio, eu juro por Deus e por tudo o que há de mais sagrado nessa vida que eu nunca quis que você passasse por nada disso. Mas não posso mais ficar com você, nem que eu queira...
Cláudio estranha a fala de Rodrigo e se emociona junto dele.
-Mas não entendo. Você acabou de me dizer que não me ama mais e se contradiz...
-Cláudio... eu não posso mais. É melhor que tudo isso doa na gente agora do que alimentar dores que poderiam ser piores pra gente...
Cláudio, ainda chorando, pondera.
-Então está certo. Não tem remédio, remediado está. Não era isso que você me dizia?
-Não fale assim comigo, Cláudio... você não sabe o que eu passei. Você não sabe de nada.
Cláudio se revolta.
-É sempre assim. Eu sou sempre o errado. Eu nunca sei de nada, sou sempre o infantil, o imaturo, o inexperiente. Eu já tou farto desse jogo que você faz comigo, Rodrigo. Como é que eu vou saber alguma coisa sobre você se você nunca me disse nada sobre você mesmo? Se é pra terminar, seja digno e não me aponte o dedo, ok?
-Você tem razão, Cláudio. Eu sinto muito por tudo o que te fiz passar. Posso te pedir só uma coisa? Eu queria um abraço seu. Um abraço de despedida.
Rodrigo tenta abraçar Cláudio, porém ele se esquiva e recolhe a mochila de Rodrigo do chão, jogando-a nos braços de Rodrigo.
-Vai embora. Agora.
Rodrigo coloca a mochila nas costas e parte. Cláudio chora desconsolado. CORTA A CENA.

CENA 2: A noite passa e o dia amanhece. Rafael e Marcelo despertam no quarto de Rafael e ao saírem do quarto, são abordados por Mariana.
-Mano... eu queria te pedir desculpas por ontem...
-Cê quer que eu saia, Mari? - pergunta Marcelo.
-Não, primo... fica. Eu errei com o Rafa ontem. Não entendi as razões dele.
Rafael se emociona.
-Não precisa me pedir desculpa, mana... na sua idade eu pensaria o mesmo.
Os dois se abraçam emocionados. Marcelo volta a falar.
-Eu também demoro às vezes pra entender suas razões, meu amor... mas nós fizemos um pacto, uma promessa de crescermos juntos, não fizemos? Sua luta também é minha.
Os três se abraçam emocionados. Rafael volta a falar.
-As suas lutas também são minhas, amor. Só preciso de tempo. Lá fora já tem dedos apontados demais, o tempo inteiro. Pelo menos aqui dentro da nossa casa a gente tem que evitar esse tipo de postura julgadora.
Mariana se arrepende novamente do que disse no dia anterior.
-Eu sinto muito pelo que eu disse, mano...
-Já disse que tá tudo bem, não disse? A gente vai conseguir encontrar um jeito. A única coisa que não podemos fazer agora é nos desunir... - conclui Rafael.
Os três descem para o café da manhã. CORTA A CENA.

CENA 3: Horas depois, Riva resolve ligar para Suzanne.
-Fala, sumida! Onde cê anda?
-Menina, nem deu tempo de avisar nada. Meu pai sofreu um AVC e tive de vir correndo pro interior...
-Ele vai ficar bom?
-Vaso ruim não quebra, Riva. O velho vai sair dessa, tá quase cem por cento já.
-Você volta logo, Suzi? Tou precisando de umas dicas de etiqueta pra ontem!
-Volto em breve, amiga. Não sei dizer ao certo quando ainda, tenho que ver se minha mãe vai ficar bem sozinha.
-Mas eles não tem empregados?
-Tem sim, mas eles já estão velhos, sabe como é. Chegaram naquele ponto que não confiam em ninguém... Cê deve imaginar como é a mentalidade dos velhos daqui do interior de São Paulo, não?
-Também sou do interior, sua boba. Só que do Rio, mesmo. Lembro muito bem da minha avó até hoje e imagino que seus pais tenham quase a mesma idade da minha avó.
Suzanne estranha.
-Sua avó ainda é viva?
-Até onde sei, sim. Mas perdi contato com ela há mais de vinte anos.
-Por que, Riva?
-Quando você voltar eu te conto essa história melhor, tá? Só liguei pra saber se tava tudo bem contigo.
-Tá tudo bem sim, Riva. Nos falamos quando eu voltar. Beijo!
Riva desliga. CORTA A CENA.

CENA 4: Depois de muito chorar ao desabafar com Bruno, Cláudio sente que novamente está acontecendo um clima entre eles e tenta se esquivar.
-Desculpa, Bruno... acho que tou fragilizado por tudo ainda.
-Não precisa pedir desculpa, Cláudio. Eu quero o que você quer.
-Mas não é certo, Bruno... ainda nem tem vinte e quatro horas que o Rodrigo terminou comigo.
-Tá certo. Mas você lembra como ele te tratou tantas vezes? E como esse rompimento veio do nada, sem nenhuma explicação decente?
-Olha, Bruno... eu entendo que você se revolte, mas não vai ajudar muito você crucificar o Rodrigo desse jeito. Ele teve seu valor e eu ainda sinto algo forte por ele...
-Não tou pedindo pra você negar o que sente por ele. Mas eu sei que você tá sentindo o que eu sinto agora. E eu quero ficar com você.
Cláudio não resiste e se entrega aos beijos de Bruno. Instantes depois, Cláudio recua e resolve falar.
-Tá certo, Bruno. Nós estamos ficando, mas nada além disso. Preciso de tempo.
-Eu respeito o seu tempo, Cláudio. Também terminei um namoro faz pouco tempo.
-É mesmo? E como ele se chamava? Ou era ela?
-Isso não importa agora, Cláudio. É passado. E no meu presente eu só vejo você na minha frente.
Os dois se beijam novamente.
-Bruno... eu gosto de você. De verdade. Sinto uma coisa linda que vem de dentro de você. Mas vamos com calma. Isso aqui não é contrato assinado nenhum, certo?
-Já disse que concordo, Cláudio. Acho prudente da sua parte.
Os dois seguem conversando. CORTA A CENA.

CENA 5: Em nova consulta, Victor relata mais acontecimentos de sua vida a Valentim.
-Até onde lembro, comecei a sentir que algo estava errado comigo num dia que tava dentro do trem, a caminho do trabalho. Chovia muito naquela manhã. De repente aquela chuva toda, aquele céu cinzento e aquele trem fechado me deram um desespero, uma tristeza tão grande! Ali mesmo em pleno trem tive uma crise de choro. Quando chegou minha vez de descer, não desci. O trem foi e voltou algumas vezes até alguém me tirar dali. Eu não conseguia falar, só conseguia chorar e tremer.
-Entendo, Victor. Mas você sabe me dizer se aconteceu algo nos dias que antecederam essa crise?
-Nada demais. Eu tinha mandado embora um carinha com quem eu ficava, mas nem apaixonado por ele eu era de verdade. A única coisa que teve foi o aniversário de cinco anos de morte dos meus pais umas duas semanas antes daquele dia que eu tive a crise. Mas já tinha tocado a minha vida com tranquilidade desde então. Vivi o luto que qualquer pessoa vive quando perde entes queridos, mas segui em frente.
-Você sente muita falta dos seus pais?
-Acho que de um jeito saudável. Sinto mais falta da minha mãe, ela tinha histórias ótimas. Mas aprendi direitinho a me virar sozinho, do jeito que eles me ensinaram.
-Você se considera uma pessoa depressiva?
-Às vezes sim, às vezes não, por que?
-Só a título de curiosidade, mesmo, por enquanto. Mas me explica uma coisa: de onde vem essa sua insegurança com relacionamentos afetivos? Você já foi traído em algum momento?
-Não que eu saiba. Na verdade eu às vezes sinto um medo gigante de ficar sozinho. Tem dias que a ideia de ficar sozinho me apavora. Não gosto da minha própria companhia, não sou meu amigo. Ficar sozinho me faz ter pensamentos de morte...
-E você já tentou se matar?
-Algumas vezes. Mas nunca cheguei a concluir nada. Um lado meu deseja morrer, mas quando chega a hora eu descubro que aqui dentro tem um fio de amor à vida, sabe?
-Se você tem um fio de amor à vida, então tem um fio de amor a si mesmo. Sem esse fio, não seria capaz de amar ninguém, muito menos a Diogo.
-E o que você acha que eu tenho, doutor Valentim?
-Veja bem, Victor: não sou psicólogo. Não posso lidar com suposições e lhe garantir nada. Essa nossa consulta foi para traçar mais os exames que você deve fazer nos próximos dias.
-E quais são?
-Estão todos anotados aqui.
Valentim destaca uma folha e entrega a Victor.
-Você vai fazer todos esses exames de graça. Na próxima consulta me venha com eles, certo?
Victor se despede de Valentim. CORTA A CENA.

CENA 6: Renata vai à casa de seus pais desabafar sobre os últimos acontecimentos em relação a Eva e Adelaide a repreende.
-Ninguém mandou você escolher essa vida de pecado, Renata! Arque agora com as consequências. E levante as mãos pro céu por eu ainda abrir a porta da minha casa ungida pra uma degenerada como você!
Renata se revolta com as palavras da mãe.
-Quem você pensa que é pra me apontar o dedo, dona Adelaide? Mulher seca, nunca conseguiu parir um filho dessa barriga e ainda rejeita a filha que escolheu porque quis ser mãe! Nessas horas sinto vergonha de ser sua filha, sua homofóbica!
Adelaide dá um tapa em Renata e Cleiton se revolta.
-Nunca mais levante a mão para a nossa filha!
Adelaide se revolta.
-Quer dizer que você concorda com o comportamento da Renata?
-Eu não tenho que concordar ou deixar de concordar. A vida é dela, as regras são dela. Ela não tem que pedir permissão pra gente pra ser quem ela é. Nós adotamos a nossa filha para amar incondicionalmente, não pra transformar a pobrezinha numa extensão nossa.
-Engraçado que você não era todo liberal assim quando a gente se casou. Muito me surpreende você, Cleiton, sempre defensor da moral e dos bons costumes, concordar com nossa filha.
-As pessoas mudam conforme vivem, sabia Adelaide? O que me decepciona é ver você ter se tornado tão quadrada com o tempo. Em nada lembra a jovem doce que eu me apaixonei.
Renata percebe que o clima entre os pais está pesado.
-Eu sinto muito por causar brigas entre vocês...
Cleiton contemporiza.
-Não tem que sentir culpa nenhuma, filha. Você está vivendo sua vida como sente que deve. Sua mãe que ainda não entendeu isso...
-Eu sei, pai. Mas acho melhor eu ir embora. Outra hora eu vejo vocês e trago mais dinheiro, certo?
Renata deixa a casa dos pais triste. CORTA A CENA.

CENA 7: “Chefe” liga para Mateus enquanto ele está de saída do estúdio.
-Fala, chefe. Quais são as novidades?
-Andei pensando cá com meus botões e só vejo uma alternativa pro caso do Bruno lá na casa do Cláudio.
-E qual é a brilhante ideia de agora?
-Simples: já que Bruno tá ficando afeiçoado ao Cláudio, o melhor é não impedir que eles fiquem juntos.
Mateus se revolta.
-Você tá louco? E eu nisso?
-Meu querido, estou cagando pra você. Supera isso.
-Mas e você? Não é você que desejava assumir o controle da situação?
-E quem disse que não tou no controle, cara? Enquanto as coisas acontecem exatamente do jeito que eu quero, significa que vocês continuam dançando a minha dança, feito marionetes manipuladas, caso você ainda não tenha percebido a lógica disso tudo.
-A última coisa que você tem é lógica, chefe. Agora me deixa ir que o táxi tá me esperando.
Mateus desliga o telefone enfurecido. CORTA A CENA.

CENA 8: Bruno prepara o jantar para ele e Cláudio e Cláudio elogia seus dotes culinários.
-Rapaz, como você cozinha bem! Essa lasanha está divina!
-Fiz com amor, Cláudio...
Cláudio ruboriza.
-E realmente funcionou. Está uma delícia!
-Cláudio... sei bem do que a gente conversou mais cedo e quero deixar claro que tou fazendo o que posso pra te respeitar, mas...
-Mas o que?
-Eu descobri que te amo. Muito.
Cláudio fica sem resposta.
-Fala alguma coisa, Cláudio!
-Eu não sei o que sinto por você. Pode ser amor sim, mas é muito cedo pra poder dizer.
-Deixa eu tentar?
-Ora, Bruno! Mas nós já estamos ficando. A gente já tá tentando.
-Eu quero que você deixe eu tentar te fazer me amar... namora comigo, Cláudio?
Cláudio se emociona, mas pensa e pondera.
-Olha, Bruno... eu não posso aceitar namorar com você agora. Não desse jeito. Respeita meu tempo, eu te peço que respeite esse tempo...
Bruno aceita as condições de Cláudio.
-Tudo bem, Cláudio. Eu só quero muito que a gente dê certo.
Os dois se abraçam. CORTA A CENA.

CENA 9: Riva está experimentando roupas e Marion estranha.
-O que deu em você, Riva? Resolveu se admirar na frente do espelho?
-Ah, Marion... me deu vontade de ver como é que eu fico com todas as roupas que tenho agora...
-Sei... não é porque você tá pensando em alguém?
-Ih, Marion... não sei de onde você tirou essa ideia...
-Pra cima de mim com essas evasivas, Riva? Você tá namorando o Vicente, é natural que queira se sentir bonita pra ele...
-Mas Marion, eu penso em ficar bonita pra mim. Pra fazer bonito nos eventos, não tem nada a ver com macho. Me virei muito bem por vinte anos sem precisar de homem nenhum.
-Acho que você tá resistindo demais, Riva. Tá na cara que ele é o homem da sua vida e você sabe disso. Você sente!
-Pode até ser, Marion. Mas até outro dia eu nem conhecia o cara, poxa! Cê não acha que eu ia parecer uma desesperada me jogando em cima do primeiro que aparece?
-A única pessoa que pensou isso aqui foi você, boba.
Riva se cansa da conversa.
-Ai, Marion. Vamos descer. Tou morta de fome e vou fazer uma macarronada, que tal?
-Perfeito.
As duas estão na cozinha quando a campainha toca.
-Onde estão os meninos? Bem que um deles podiam abrir pra gente.
-Sem chance, Riva. Rafael e Marcelo estão trancados no quarto fazendo você sabe o que... Mariana deve ter dormido e Ivan também. Vou abrir ali pra você não perder o ponto da comida.
Marion abre a porta e se depara com Valquíria.
-Mamãe? - fala Marion, atônita. FIM DO CAPÍTULO 17.

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