CENA 1: Ivan demonstra alegria
diante da informação.
-Como é que vocês
comprovaram isso? Onde eu posso encontrar meu filho? - anima-se Ivan.
-Mantenha a calma, Ivan.
Confirmamos acidentalmente que ele está vivo, mas não sabemos
quando todo esse mistério vai poder ser resolvido... - esclarece
Valentim.
-Como assim não sabem? Vocês
não são investigadores? Que raio de profissionais vocês são? -
revolta-se Ivan.
-Antes de mais nada somos
amigos seus, certo? As coisas não são tão simples assim. Eu vou
explicar: estávamos saindo do meu consultório e nos deparamos com
Haroldo andando no outro lado da rua. - fala Valentim.
-E como você está cansado de
saber, Ivan, ele nos conhece desde criança. Ele sabia por onde
estava andando. Andava com pressa para evitar ser visto por qualquer
pessoa conhecida. Não podíamos simplesmente entrar no carro e
seguí-lo inconsequentemente. Ele notaria. E ainda não sabemos os
motivos pelos quais ele sumiu nesses últimos dois anos. Vai que tudo
isso resultasse numa tragédia? Você tem ideia da responsabilidade
que temos nas nossas mãos? Além de investigar, é nosso dever
preservar a integridade das pessoas, então não venha você
questionar nossa competência... - fala Mara.
-Vocês pelo menos estavam
certos de que era ele? - questiona Ivan.
-E tinha como não sabermos
quem é ele, Ivan? Conhecemos o Haroldo desde que ele nasceu... -
fala Valentim.
-E o que vocês sugerem que eu
faça com essa informação? Eu queria poder saber onde que meu filho
está, onde ele se esconde, onde ele tá morando. Cheguei a pensar
que ele tivesse fora do país... e ele o tempo todo por perto!
-É muito cedo para ter tantas
conclusões a respeito disso, Ivan. Nesse momento ele está no
Brasil, mas quem garante que esteve por perto o tempo inteiro? Na
verdade, trabalhamos com a suspeita de que ele esteja usando uma
identidade falsa...
-Como assim, Mara? Mas isso
não é falsidade ideológica? - questiona Ivan.
-Ivan, sabemos muito bem que
Haroldo pode não ser uma pessoa má, mas também nunca foi santo.
Ele se envolveu com muita coisa errada... - fala Valentim.
-E por minha culpa... -
lamenta Ivan.
-Pare de se culpar pelas
decisões erradas que seu filho tomou. Mantenha a cautela e a calma.
Precisamos que você mantenha a discrição diante de tudo. De nada
vai adiantar alimentar sua família com esperanças falsas. Se ele
realmente estiver usando uma identidade falsa, sabemos que é para se
proteger. Tem muita coisa ainda pra encaixar nesse quebra-cabeça,
mas você está cansado de saber que trabalhamos antes de mais nada
com presunção de inocência, não o contrário... - esclarece Mara.
-Eu sei disso, meus amigos. Na
verdade gostaria de pedir desculpas se às vezes parece que cobro
demais de vocês. É que já são mais de dois anos sem ver meu
filho... isso é muito difícil para um pai. Outra hora conversamos
melhor, preciso voltar rápido pra casa para não levantar suspeitas
e o taxista ficou me esperando lá em baixo... - fala Ivan,
despedindo-se de Valentim e Mara. CORTA A CENA.
CENA 2: Na manhã do dia
seguinte, Cláudio e Bruno acordam-se cedo e Cláudio resolve fazer
uma faxina na casa antes do café da manhã.
-Gente, essa casa não vê uma
faxina há semanas! Você me ajuda aqui com a parte de baixo do
roupeiro, Bruno?
-Claro. Só espera eu pegar
tudo pra limpar, certo?
Bruno volta instantes depois
com os produtos de limpeza e esbarra com o esfregão numa caixa sob o
roupeiro.
-Cláudio, você não acha
meio anti higiênico manter uma caixa debaixo do roupeiro, acumulando
poeira e servindo de esconderijo pra aranhas e opiliões? - questiona
Bruno.
-Que ideia, Bruno. Não tem
caixa nenhuma debaixo do meu roupeiro...
-Tem sim, você não viu? Vou
passar o esfregão nela e te mostrar.
Bruno pega a caixa e Cláudio
a reconhece.
-Não é possível... - fala
Cláudio, perplexo.
-O que é essa caixa, Cláudio?
-Ela é do Rodrigo. Eu não
faço a mínima ideia do que tem aí dentro... e ela só pode ter ido
parar aí no dia que ele veio aqui terminar tudo comigo...
-Como assim, amor?
-Discutimos por alguns
minutos. Você sabe como sou quando tenho raiva... eu jogo as coisas
em cima das pessoas. E joguei a mochila do Rodrigo em cima dele... a
mochila estava como sempre pesada. Na hora não me dei conta porque
tava de cabeça quente, mas escutei um estouro quando joguei a
mochila nele. A caixa devia estar dentro da mochila, que tava mal
fechada... e caiu ali.
-Mas o que tem de tão
misterioso nessa caixa, Cláudio?
-A gente vai descobrir isso
mais tarde.
-Mas como? Daqui a pouco a
gente precisa tomar o café da manhã, senão você se atrasa pra
faculdade...
-Sim, amor... por isso que eu
disse mais tarde. Quando eu chegar do trabalho a gente vê como é
que dá pra abrir essa caixa.
-Você realmente acha
necessário?
-Acho. Eu sabia dessa caixa
quando o Rodrigo ainda era meu namorado. Uma vez tentei abrir, mas
quase fui flagrado por ele. Tenho quase certeza de que aí dentro tem
os segredos que ele nunca me contou.
-E por que você ainda tem
interesse nisso? Ele não é mais o seu namorado... o seu namorado
agora sou eu...
-Eu sei, Bruno. Eu te amo. Mas
é que tem muita coisa mal contada nessa história. Já parou pra
pensar que ele pode até estar correndo perigo?
-Sendo assim, não é melhor
entregar essa caixa pra ele?
-Se ele tivesse interesse
nela, já teria vindo aqui buscar, não é?
-Verdade.
-Mas a gente precisa terminar
essa faxina antes que não dê tempo de eu comer. Cê coloca essa
caixa na minha escrivaninha, por favor?
-Claro, amor... CORTA A CENA.
CENA 3: Ainda durante o café
da manhã, Riva, Marion, Mariana, Ivan e Valquíria estão à mesa
quando a campainha toca.
-Mas quem é que pode ser uma
hora dessas pra praticamente madrugar? - questiona Ivan.
-Espero que pelo menos hoje
não seja a Suzanne. Ela é uma querida, mas né, não dá pra
abusar... - divaga Marion.
-Deixa que eu abro a porta,
tá? - fala Riva, levantando-se e indo à porta. É Vicente.
-Oi querido! Eu sabia que você
vinha me ver hoje, mas tão cedo assim? - anima-se Riva?
-Espero não ter acordado
vocês... - fala Vicente.
-De jeito nenhum, amor. Entra.
Tem bolo de fubá que eu sei que você ama!
Vicente cumprimenta a todos.
-Bem, na verdade é até
melhor que todos estejam aqui, porque eu andei pensando nos últimos
dias e decidi uma coisa... - fala Vicente.
-Iiih... pelo que eu conheço
do Vicente, ele vai fazer um pedido... aliás, um pedido não, mas O
pedido! - afirma Marion.
-Vocês podem parar de
enrolação que eu tou ficando morta de curiosidade? - fala Riva.
-Vou tentar ser o mais
objetivo possível. Riva, meu amor, eu sei que é loucura falar isso
porque faz pouco tempo que estamos juntos, mas eu nunca tive tanta
certeza do que quero. Eu quero me casar com você. Você aceita se
casar comigo?
Riva fica paralisada e
emocionada.
-Fala alguma coisa, boba! Um
homem desses te pede em casamento e você fica muda? - fala Marion.
-Não é? Olha essa
oportunidade, prima! - fala Mariana.
-Eu... aceito. Claro que eu
aceito! Eu sei que parece cedo, mas eu sei que te amo. Sei que apesar
dos meus traumas, você me desarma. Você tem paciência comigo,
respeita meu tempo, meus limites. Eu quero sim casar com você,
Vicente. Se tiver essa coisa de “amor da vida”, acho que é o
você o amor da minha vida. Eu aceito hoje, aceito amanhã, aceito
enquanto viver!
Os dois se beijam,
emocionados.
-Então posso marcar a data? -
pergunta Vicente.
-Vamos com calma. Mal aceitei
e você já quer me levar pro altar? Também quero, mas precisamos
organizar as coisas direito.
Todos comemoram o futuro
casamento de Riva e Vicente. CORTA A CENA.
CENA 4: Cláudio está se
arrumando para ir à universidade e Bruno o ajuda.
-Sabe, Bruno... eu já estou
há meses curioso pra saber o que afinal de contas tem nessa bendita
caixa.
-Eu imagino, mas fico aqui
pensando: será que vale a pena remexer nessas coisas? Porque elas
nem são suas...
-E se tiverem a ver comigo? E
se tiverem alguma justificativa pro Rodrigo ter terminado comigo
assim, do nada?
-Do jeito que você fala,
parece que ainda sente falta dele... que não sou bom o suficiente
pra você... - enciuma-se Bruno.
-Não é isso, mor... desculpa
se te fiz pensar isso. O Rodrigo é uma página virada na minha vida.
Ele nunca me mostrou quem ele realmente é... tudo o que sei é o
nome dele e mais nada. É meio natural que eu tenha curiosidade sobre
o que ele escondeu naquela maldita caixa... bem, querido... eu
preciso ir agora, senão perco o ônibus. Nos vemos na hora do
almoço. Depois a gente vê como consegue abrir essa caixa...
Cláudio se despede de Bruno
com um selinho e Bruno volta para o quarto e fica a olhar para a
escrivaninha, onde está a caixa. Pensativo, começa a falar consigo
mesmo.
-E se tiver algo sobre mim
nessa caixa? O Cláudio jamais entenderia... duvidaria do meu amor.
Ia pensar que sou um traidor...
Bruno tenta abrir a caixa, sem
sucesso.
-Meu Deus... o que é que eu
faço? Não posso deixar o Cláudio abrir essa caixa sem saber o que
tem dentro dela antes...
Bruno se desespera.
-Preciso manter a calma pra
poder encontrar um jeito de reverter essa situação...
CORTA A CENA.
CENA 5: Horas mais tarde, já
pela noite, Cláudio e Bruno terminam o jantar e Bruno percebe que
alguém está chamando Cláudio por vídeo.
-Amor, tem alguém fazendo
chamada de vídeo pra você. Não vai ver quem é?
-Deve ser o Marcelo, aquele
tratante que disse que não ia passar nem um dia sem falar comigo e
me deixou dias sem notícias só porque tá lá na Austrália...
-Deixa de ser ignorante, amor.
Já parou pra pensar na diferença dos fusos?
-Quem quer não arranja
desculpa... mas enfim, é ele mesmo, vou atender.
Cláudio atende a chamada.
-Fala, viado! Demorou horrores
pra fazer essa ligação, hein?
-Ai vinhado, são as
correrias, né. Melbourne é gigante! Isso sem falar que a diferença
dos fusos é gigante, né... aqui o pessoal já tá saindo pra
trabalhar, acredita?
-Gente coisa é outra chique,
digo... gente chique é outra coisa, né? - ri Cláudio.
-Chique nada, Cláudio. Como
em qualquer lugar do mundo, as pessoas vão tocando suas vidas, suas
rotinas... como qualquer um.
-Mas me conta, Marcelo: como
tá sendo passar esse tempo aí com o boy? Aliás, cadê o Rafa?
-Tá derrotado, coitado.
Enfiou na cabeça que ia jogar Sonic de cabo a rabo ontem antes de
dormir. Foi madrugada adentro, agora tá lá, semimorto na cama! - ri
Marcelo.
-Vocês sempre nessa mania de
jogar videogame... não mudam nunca! Mas me diz uma coisa, mulher...
e na cama, como é que o boy performa?
-Mulheeeer... tira as crianças
da sala, viu? O babado é certo. Pensa num viado que não perde o
fôlego nunca. Às vezes tou eu lá cansado e ele tá querendo mais.
Se a bicha Poly visse o que a gente faz, ia ficar jogada no chão,
certeza!
-Falando na bicha Poly, você
não teve mais notícias do Elias?
-Até tive. Parece que a gay
volta pro Brasil daqui uns seis meses ou um pouco mais. Era pra ter
vindo antes, mas a Madame Deslize tá fazendo um sucesso absurdo lá
na Europa, táááá meu bem?
-Bicha poderosa é outra
coisa, viu viado? Saudade do Elias. Mas você aposta quanto que
quando ele voltar pro Brasil ele vai direto pra São Paulo? Nem vai
lembrar das amigas cariocas...
-Ai vinhado, dá um desconto
pra bicha, poxa. Ele é de lá, né...
-Sim, mas bem que ele podia
considerar fazer uma tour brasileira com a Madame...
-Ah, meu filho... isso, só no
dia que esse preconceito imbecil deixar os artistas em paz... mas
viu, vou ter que desligar. O Rafa tá se acordando e ele fica uma
arara se não tiver café passado na hora que ele acorda.
-Até parece alguém que eu
conheço...
-Né não? Até nisso a gente
combina. Enfim, viado. Espero que esteja tudo bem por aí. Manda um
beijo pro Bruno. Tchau.
Marcelo encerra a chamada de
vídeo. CORTA A CENA.
CENA 6: Mateus se encontra com
Rodrigo antes de chegar em casa.
-Não entendi porque você me
chamou numa hora dessas aqui. Eu podia estar em casa pronto pra
dormir, sabia?
-Nem venha com essa, Rodrigo.
Você nunca dorme cedo. Mas hoje eu vim repassar ordens do chefe.
-Ah, o famoso chefe. O chefe
que manipula as nossas vidas e tá pouco se fodendo pra como a gente
vai conseguir as loucuras dele...
-Mas estamos na mão dele, não
é? Então temos que fazer o que ele manda.
-O que essa poderosa entidade
quer dessa vez, posso saber?
-Ele quer que você coordene
um ataque a um comitê político.
-O que? Ele enlouqueceu? Nosso
trabalho sempre foi agiotagem, esse cara ficou maluco?
-Convicções políticas dele.
Ele não quer os comunistas por perto. Ele pediu pra você coordenar
esse ataque mais pra dar um susto nos comunistas. Não é para
machucar nenhum deles.
-Isso tudo é insano. Eu não
tenho culpa se ele é um capitalista selvagem e reacionário...
-Mas precisa obedecer as
ordens dele, você sabe muito bem disso.
-Mas dessa vez eu não vou
obedecer, sinto muito.
-Ficou maluco, Rodrigo?
-Não, Mateus. Eu sei que
corremos risco se eu não fizer o que ele tá mandando.
-Então por que não vai
fazer?
-Será que você não percebe
que esse cara pode estar testando a gente? Será que você não
percebe a gravidade que isso pode ter, Mateus?
-Não cabe a mim questionar
essas coisas, Rodrigo. Cabe a mim ser o mensageiro.
-Pois diga a ele que isso eu
não vou fazer. Diga ao chefe que eu aceito fazer qualquer coisa,
menos isso. Não vou negar trabalho. Mas esse, nem pensar.
-Espero que você não se
arrependa disso, Rodrigo.
-Não vou me arrepender. Agora
me deixa ir, quero ir pra minha casa...
Rodrigo sai com pressa. CORTA
A CENA.
CENA 7: Mateus chega em casa e
Laura conversa com ele.
-Tá sabendo da última,
Mateus? A mãe do Rafael me contou que vai ser aberto um inquérito
pra investigar quem sabotou o carro dele...
Mateus se espanta.
-Mentira! Mas como assim? Não
foi só um acidente?
-Não. O resultado da perícia
saiu hoje mais cedo. Acabei ouvindo uma conversa da Marion com o
pessoal lá no teatro e ela me contou. O inquérito já deve ter sido
aberto, inclusive.
Mateus se levanta, atônito.
-Não vai comer? Fiz um
risoto...
-Não, Laura... passei o dia
meio indisposto. Deixa na geladeira que eu como amanhã pela manhã.
Mateus vai tomar banho e se
desespera com a abertura do inquérito. CORTA A CENA.
CENA 8: Valquíria nota que
Marion a observa insistentemente.
-Tá querendo falar comigo,
filha?
-Tou sim, mãe... sinto que eu
te devo um pedido de desculpa. Não tivemos muito tempo de conversar
desde que a senhora passou mal. Eu sei que a senhora errou pra
caramba, mas fui muito injusta.
-Para com isso, Marion... você
e Riva tinham motivos de sobra pra não querer minha presença nessa
casa.
-Não importa mais. Eu só
quero dizer que do fundo do meu coração eu perdoo a senhora. E que
quero que nossa relação seja a melhor possível.
As duas se abraçam
emocionadas.
CENA 9: No dia seguinte,
Vicente chega com suas malas para morar na mansão dos Bittencourt.
-Onde eu coloco minhas roupas
quando desfizer as malas? - questiona Vicente a Riva.
-No closet, seu bobo. Se
esqueceu que o meu closet é imenso? Ai... mal posso acreditar que
você veio morar aqui com a gente. É como se a gente já estivesse
casado.
-Eu não quis mais esperar nem
um dia...
Os dois se beijam
apaixonadamente. CORTA A CENA.
CENA 10: Suzanne atende a
porta do quarto de hotel e abre para Márcio.
-E então, Suzanne. Não vai
me dar boas vindas?
-Você sumiu por muito tempo,
cara... não faz mais isso, viu?
-Não fico mais um dia longe
de você... - fala Márcio, agarrando Suzanne e a beijando
apaixonadamente. FIM DO CAPÍTULO 26.
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