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terça-feira, 14 de junho de 2016

CAPÍTULO 26

CENA 1: Ivan demonstra alegria diante da informação.
-Como é que vocês comprovaram isso? Onde eu posso encontrar meu filho? - anima-se Ivan.
-Mantenha a calma, Ivan. Confirmamos acidentalmente que ele está vivo, mas não sabemos quando todo esse mistério vai poder ser resolvido... - esclarece Valentim.
-Como assim não sabem? Vocês não são investigadores? Que raio de profissionais vocês são? - revolta-se Ivan.
-Antes de mais nada somos amigos seus, certo? As coisas não são tão simples assim. Eu vou explicar: estávamos saindo do meu consultório e nos deparamos com Haroldo andando no outro lado da rua. - fala Valentim.
-E como você está cansado de saber, Ivan, ele nos conhece desde criança. Ele sabia por onde estava andando. Andava com pressa para evitar ser visto por qualquer pessoa conhecida. Não podíamos simplesmente entrar no carro e seguí-lo inconsequentemente. Ele notaria. E ainda não sabemos os motivos pelos quais ele sumiu nesses últimos dois anos. Vai que tudo isso resultasse numa tragédia? Você tem ideia da responsabilidade que temos nas nossas mãos? Além de investigar, é nosso dever preservar a integridade das pessoas, então não venha você questionar nossa competência... - fala Mara.
-Vocês pelo menos estavam certos de que era ele? - questiona Ivan.
-E tinha como não sabermos quem é ele, Ivan? Conhecemos o Haroldo desde que ele nasceu... - fala Valentim.
-E o que vocês sugerem que eu faça com essa informação? Eu queria poder saber onde que meu filho está, onde ele se esconde, onde ele tá morando. Cheguei a pensar que ele tivesse fora do país... e ele o tempo todo por perto!
-É muito cedo para ter tantas conclusões a respeito disso, Ivan. Nesse momento ele está no Brasil, mas quem garante que esteve por perto o tempo inteiro? Na verdade, trabalhamos com a suspeita de que ele esteja usando uma identidade falsa...
-Como assim, Mara? Mas isso não é falsidade ideológica? - questiona Ivan.
-Ivan, sabemos muito bem que Haroldo pode não ser uma pessoa má, mas também nunca foi santo. Ele se envolveu com muita coisa errada... - fala Valentim.
-E por minha culpa... - lamenta Ivan.
-Pare de se culpar pelas decisões erradas que seu filho tomou. Mantenha a cautela e a calma. Precisamos que você mantenha a discrição diante de tudo. De nada vai adiantar alimentar sua família com esperanças falsas. Se ele realmente estiver usando uma identidade falsa, sabemos que é para se proteger. Tem muita coisa ainda pra encaixar nesse quebra-cabeça, mas você está cansado de saber que trabalhamos antes de mais nada com presunção de inocência, não o contrário... - esclarece Mara.
-Eu sei disso, meus amigos. Na verdade gostaria de pedir desculpas se às vezes parece que cobro demais de vocês. É que já são mais de dois anos sem ver meu filho... isso é muito difícil para um pai. Outra hora conversamos melhor, preciso voltar rápido pra casa para não levantar suspeitas e o taxista ficou me esperando lá em baixo... - fala Ivan, despedindo-se de Valentim e Mara. CORTA A CENA.

CENA 2: Na manhã do dia seguinte, Cláudio e Bruno acordam-se cedo e Cláudio resolve fazer uma faxina na casa antes do café da manhã.
-Gente, essa casa não vê uma faxina há semanas! Você me ajuda aqui com a parte de baixo do roupeiro, Bruno?
-Claro. Só espera eu pegar tudo pra limpar, certo?
Bruno volta instantes depois com os produtos de limpeza e esbarra com o esfregão numa caixa sob o roupeiro.
-Cláudio, você não acha meio anti higiênico manter uma caixa debaixo do roupeiro, acumulando poeira e servindo de esconderijo pra aranhas e opiliões? - questiona Bruno.
-Que ideia, Bruno. Não tem caixa nenhuma debaixo do meu roupeiro...
-Tem sim, você não viu? Vou passar o esfregão nela e te mostrar.
Bruno pega a caixa e Cláudio a reconhece.
-Não é possível... - fala Cláudio, perplexo.
-O que é essa caixa, Cláudio?
-Ela é do Rodrigo. Eu não faço a mínima ideia do que tem aí dentro... e ela só pode ter ido parar aí no dia que ele veio aqui terminar tudo comigo...
-Como assim, amor?
-Discutimos por alguns minutos. Você sabe como sou quando tenho raiva... eu jogo as coisas em cima das pessoas. E joguei a mochila do Rodrigo em cima dele... a mochila estava como sempre pesada. Na hora não me dei conta porque tava de cabeça quente, mas escutei um estouro quando joguei a mochila nele. A caixa devia estar dentro da mochila, que tava mal fechada... e caiu ali.
-Mas o que tem de tão misterioso nessa caixa, Cláudio?
-A gente vai descobrir isso mais tarde.
-Mas como? Daqui a pouco a gente precisa tomar o café da manhã, senão você se atrasa pra faculdade...
-Sim, amor... por isso que eu disse mais tarde. Quando eu chegar do trabalho a gente vê como é que dá pra abrir essa caixa.
-Você realmente acha necessário?
-Acho. Eu sabia dessa caixa quando o Rodrigo ainda era meu namorado. Uma vez tentei abrir, mas quase fui flagrado por ele. Tenho quase certeza de que aí dentro tem os segredos que ele nunca me contou.
-E por que você ainda tem interesse nisso? Ele não é mais o seu namorado... o seu namorado agora sou eu...
-Eu sei, Bruno. Eu te amo. Mas é que tem muita coisa mal contada nessa história. Já parou pra pensar que ele pode até estar correndo perigo?
-Sendo assim, não é melhor entregar essa caixa pra ele?
-Se ele tivesse interesse nela, já teria vindo aqui buscar, não é?
-Verdade.
-Mas a gente precisa terminar essa faxina antes que não dê tempo de eu comer. Cê coloca essa caixa na minha escrivaninha, por favor?
-Claro, amor... CORTA A CENA.

CENA 3: Ainda durante o café da manhã, Riva, Marion, Mariana, Ivan e Valquíria estão à mesa quando a campainha toca.
-Mas quem é que pode ser uma hora dessas pra praticamente madrugar? - questiona Ivan.
-Espero que pelo menos hoje não seja a Suzanne. Ela é uma querida, mas né, não dá pra abusar... - divaga Marion.
-Deixa que eu abro a porta, tá? - fala Riva, levantando-se e indo à porta. É Vicente.
-Oi querido! Eu sabia que você vinha me ver hoje, mas tão cedo assim? - anima-se Riva?
-Espero não ter acordado vocês... - fala Vicente.
-De jeito nenhum, amor. Entra. Tem bolo de fubá que eu sei que você ama!
Vicente cumprimenta a todos.
-Bem, na verdade é até melhor que todos estejam aqui, porque eu andei pensando nos últimos dias e decidi uma coisa... - fala Vicente.
-Iiih... pelo que eu conheço do Vicente, ele vai fazer um pedido... aliás, um pedido não, mas O pedido! - afirma Marion.
-Vocês podem parar de enrolação que eu tou ficando morta de curiosidade? - fala Riva.
-Vou tentar ser o mais objetivo possível. Riva, meu amor, eu sei que é loucura falar isso porque faz pouco tempo que estamos juntos, mas eu nunca tive tanta certeza do que quero. Eu quero me casar com você. Você aceita se casar comigo?
Riva fica paralisada e emocionada.
-Fala alguma coisa, boba! Um homem desses te pede em casamento e você fica muda? - fala Marion.
-Não é? Olha essa oportunidade, prima! - fala Mariana.
-Eu... aceito. Claro que eu aceito! Eu sei que parece cedo, mas eu sei que te amo. Sei que apesar dos meus traumas, você me desarma. Você tem paciência comigo, respeita meu tempo, meus limites. Eu quero sim casar com você, Vicente. Se tiver essa coisa de “amor da vida”, acho que é o você o amor da minha vida. Eu aceito hoje, aceito amanhã, aceito enquanto viver!
Os dois se beijam, emocionados.
-Então posso marcar a data? - pergunta Vicente.
-Vamos com calma. Mal aceitei e você já quer me levar pro altar? Também quero, mas precisamos organizar as coisas direito.
Todos comemoram o futuro casamento de Riva e Vicente. CORTA A CENA.

CENA 4: Cláudio está se arrumando para ir à universidade e Bruno o ajuda.
-Sabe, Bruno... eu já estou há meses curioso pra saber o que afinal de contas tem nessa bendita caixa.
-Eu imagino, mas fico aqui pensando: será que vale a pena remexer nessas coisas? Porque elas nem são suas...
-E se tiverem a ver comigo? E se tiverem alguma justificativa pro Rodrigo ter terminado comigo assim, do nada?
-Do jeito que você fala, parece que ainda sente falta dele... que não sou bom o suficiente pra você... - enciuma-se Bruno.
-Não é isso, mor... desculpa se te fiz pensar isso. O Rodrigo é uma página virada na minha vida. Ele nunca me mostrou quem ele realmente é... tudo o que sei é o nome dele e mais nada. É meio natural que eu tenha curiosidade sobre o que ele escondeu naquela maldita caixa... bem, querido... eu preciso ir agora, senão perco o ônibus. Nos vemos na hora do almoço. Depois a gente vê como consegue abrir essa caixa...
Cláudio se despede de Bruno com um selinho e Bruno volta para o quarto e fica a olhar para a escrivaninha, onde está a caixa. Pensativo, começa a falar consigo mesmo.
-E se tiver algo sobre mim nessa caixa? O Cláudio jamais entenderia... duvidaria do meu amor. Ia pensar que sou um traidor...
Bruno tenta abrir a caixa, sem sucesso.
-Meu Deus... o que é que eu faço? Não posso deixar o Cláudio abrir essa caixa sem saber o que tem dentro dela antes...
Bruno se desespera.
-Preciso manter a calma pra poder encontrar um jeito de reverter essa situação...
CORTA A CENA.

CENA 5: Horas mais tarde, já pela noite, Cláudio e Bruno terminam o jantar e Bruno percebe que alguém está chamando Cláudio por vídeo.
-Amor, tem alguém fazendo chamada de vídeo pra você. Não vai ver quem é?
-Deve ser o Marcelo, aquele tratante que disse que não ia passar nem um dia sem falar comigo e me deixou dias sem notícias só porque tá lá na Austrália...
-Deixa de ser ignorante, amor. Já parou pra pensar na diferença dos fusos?
-Quem quer não arranja desculpa... mas enfim, é ele mesmo, vou atender.
Cláudio atende a chamada.
-Fala, viado! Demorou horrores pra fazer essa ligação, hein?
-Ai vinhado, são as correrias, né. Melbourne é gigante! Isso sem falar que a diferença dos fusos é gigante, né... aqui o pessoal já tá saindo pra trabalhar, acredita?
-Gente coisa é outra chique, digo... gente chique é outra coisa, né? - ri Cláudio.
-Chique nada, Cláudio. Como em qualquer lugar do mundo, as pessoas vão tocando suas vidas, suas rotinas... como qualquer um.
-Mas me conta, Marcelo: como tá sendo passar esse tempo aí com o boy? Aliás, cadê o Rafa?
-Tá derrotado, coitado. Enfiou na cabeça que ia jogar Sonic de cabo a rabo ontem antes de dormir. Foi madrugada adentro, agora tá lá, semimorto na cama! - ri Marcelo.
-Vocês sempre nessa mania de jogar videogame... não mudam nunca! Mas me diz uma coisa, mulher... e na cama, como é que o boy performa?
-Mulheeeer... tira as crianças da sala, viu? O babado é certo. Pensa num viado que não perde o fôlego nunca. Às vezes tou eu lá cansado e ele tá querendo mais. Se a bicha Poly visse o que a gente faz, ia ficar jogada no chão, certeza!
-Falando na bicha Poly, você não teve mais notícias do Elias?
-Até tive. Parece que a gay volta pro Brasil daqui uns seis meses ou um pouco mais. Era pra ter vindo antes, mas a Madame Deslize tá fazendo um sucesso absurdo lá na Europa, táááá meu bem?
-Bicha poderosa é outra coisa, viu viado? Saudade do Elias. Mas você aposta quanto que quando ele voltar pro Brasil ele vai direto pra São Paulo? Nem vai lembrar das amigas cariocas...
-Ai vinhado, dá um desconto pra bicha, poxa. Ele é de lá, né...
-Sim, mas bem que ele podia considerar fazer uma tour brasileira com a Madame...
-Ah, meu filho... isso, só no dia que esse preconceito imbecil deixar os artistas em paz... mas viu, vou ter que desligar. O Rafa tá se acordando e ele fica uma arara se não tiver café passado na hora que ele acorda.
-Até parece alguém que eu conheço...
-Né não? Até nisso a gente combina. Enfim, viado. Espero que esteja tudo bem por aí. Manda um beijo pro Bruno. Tchau.
Marcelo encerra a chamada de vídeo. CORTA A CENA.

CENA 6: Mateus se encontra com Rodrigo antes de chegar em casa.
-Não entendi porque você me chamou numa hora dessas aqui. Eu podia estar em casa pronto pra dormir, sabia?
-Nem venha com essa, Rodrigo. Você nunca dorme cedo. Mas hoje eu vim repassar ordens do chefe.
-Ah, o famoso chefe. O chefe que manipula as nossas vidas e tá pouco se fodendo pra como a gente vai conseguir as loucuras dele...
-Mas estamos na mão dele, não é? Então temos que fazer o que ele manda.
-O que essa poderosa entidade quer dessa vez, posso saber?
-Ele quer que você coordene um ataque a um comitê político.
-O que? Ele enlouqueceu? Nosso trabalho sempre foi agiotagem, esse cara ficou maluco?
-Convicções políticas dele. Ele não quer os comunistas por perto. Ele pediu pra você coordenar esse ataque mais pra dar um susto nos comunistas. Não é para machucar nenhum deles.
-Isso tudo é insano. Eu não tenho culpa se ele é um capitalista selvagem e reacionário...
-Mas precisa obedecer as ordens dele, você sabe muito bem disso.
-Mas dessa vez eu não vou obedecer, sinto muito.
-Ficou maluco, Rodrigo?
-Não, Mateus. Eu sei que corremos risco se eu não fizer o que ele tá mandando.
-Então por que não vai fazer?
-Será que você não percebe que esse cara pode estar testando a gente? Será que você não percebe a gravidade que isso pode ter, Mateus?
-Não cabe a mim questionar essas coisas, Rodrigo. Cabe a mim ser o mensageiro.
-Pois diga a ele que isso eu não vou fazer. Diga ao chefe que eu aceito fazer qualquer coisa, menos isso. Não vou negar trabalho. Mas esse, nem pensar.
-Espero que você não se arrependa disso, Rodrigo.
-Não vou me arrepender. Agora me deixa ir, quero ir pra minha casa...
Rodrigo sai com pressa. CORTA A CENA.

CENA 7: Mateus chega em casa e Laura conversa com ele.
-Tá sabendo da última, Mateus? A mãe do Rafael me contou que vai ser aberto um inquérito pra investigar quem sabotou o carro dele...
Mateus se espanta.
-Mentira! Mas como assim? Não foi só um acidente?
-Não. O resultado da perícia saiu hoje mais cedo. Acabei ouvindo uma conversa da Marion com o pessoal lá no teatro e ela me contou. O inquérito já deve ter sido aberto, inclusive.
Mateus se levanta, atônito.
-Não vai comer? Fiz um risoto...
-Não, Laura... passei o dia meio indisposto. Deixa na geladeira que eu como amanhã pela manhã.
Mateus vai tomar banho e se desespera com a abertura do inquérito. CORTA A CENA.

CENA 8: Valquíria nota que Marion a observa insistentemente.
-Tá querendo falar comigo, filha?
-Tou sim, mãe... sinto que eu te devo um pedido de desculpa. Não tivemos muito tempo de conversar desde que a senhora passou mal. Eu sei que a senhora errou pra caramba, mas fui muito injusta.
-Para com isso, Marion... você e Riva tinham motivos de sobra pra não querer minha presença nessa casa.
-Não importa mais. Eu só quero dizer que do fundo do meu coração eu perdoo a senhora. E que quero que nossa relação seja a melhor possível.
As duas se abraçam emocionadas.

CENA 9: No dia seguinte, Vicente chega com suas malas para morar na mansão dos Bittencourt.
-Onde eu coloco minhas roupas quando desfizer as malas? - questiona Vicente a Riva.
-No closet, seu bobo. Se esqueceu que o meu closet é imenso? Ai... mal posso acreditar que você veio morar aqui com a gente. É como se a gente já estivesse casado.
-Eu não quis mais esperar nem um dia...
Os dois se beijam apaixonadamente. CORTA A CENA.

CENA 10: Suzanne atende a porta do quarto de hotel e abre para Márcio.
-E então, Suzanne. Não vai me dar boas vindas?
-Você sumiu por muito tempo, cara... não faz mais isso, viu?
-Não fico mais um dia longe de você... - fala Márcio, agarrando Suzanne e a beijando apaixonadamente. FIM DO CAPÍTULO 26.

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