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quinta-feira, 9 de junho de 2016

CAPÍTULO 22

CENA 1: Bruno fica preocupado com as desconfianças de Cláudio.
-Como é que você pode suspeitar desse jeito do seu ex namorado, Cláudio? Acho que alguém que te ama, ou que sei lá, que já te amou, não faria uma coisa dessas, sinceramente...
-Você acha tudo isso? Mas você mal conheceu o Rodrigo... aliás, eu mal conheci o Rodrigo pra ser bem sincero...
-Cláudio, escuta o seu coração em vez de alimentar essas paranoias... você não sente lá no fundo que ele não seria capaz de fazer qualquer coisa que te prejudicasse?
-Sinto... mas não tou entendendo honestamente essa sua defesa toda pro Rodrigo. Até parece advogado dele. Me surpreende você defender o cara que é meu ex...
-O fato dele ter te namorado antes de mim não tem a mínima relevância. Depois, não vivo nesse sistema de disputar nada com ninguém. Eu tenho certeza do que sinto por você e sei que é amor. Mas o pouco que conheci do Rodrigo me deu a certeza de que ele tem uma alma boa, dá pra ver na retina...
-E não é? Aquele olhar não me passa nada de ruim...
-Não tou dizendo? Não entendi sinceramente como você conseguiu desconfiar que logo ele estaria te seguindo a troco de nada. Ele não perderia tempo com isso.
-Mas alguém perdeu tempo me seguindo. Só não faço ideia de quem possa ser.
-Você fala nisso numa certeza...
-Foi uma sensação horrível, Bruno, acredite... sufocante, eu diria.
-Mas Cláudio, você mesmo concluiu que podia ter sido uma infeliz coincidência...
-Sim, amor... concluí mas não descarto a possibilidade de que tivesse alguém na minha cola. Aliás, pra que as janelas estão abertas ainda? Vai que o sujeito possa estar nos vigiando...
-Nossa, amor, não viaja! Eu sei que foi uma situação assustadora, mas precisa de tanto?
-Poxa, Bruninho... daqui a pouco a gente já vai dormir. Custa fechar as janelas pra mim?
Bruno se levanta e olha para a rua pelas janelas.
-Tá vendo, amor? Não tem ninguém por perto além das pessoas andando na rua. Posso fechar as janelas agora?
-Por favor. E liga o split pra gente não morrer de calor aqui dentro...
Bruno fecha as janelas e liga o split.
-Pronto. Tá mais calmo agora?
-Desculpa te pedir todas essas precauções, Bruno...
-Sem problema. Eu imagino que você ainda esteja assustado.
-Mas posso melhorar rapidinho, sabia?
-Ah, é? Sabe que eu faço alguma ideia do que você esteja falando?
-Será que sabe? Deixa eu ver... hmm, minha boca tá seca, cê sabe o que ela tá pedindo?
-Deve ser um beijo meu.
-Não sei. Quer tentar?
Bruno beija Cláudio, que segue com a brincadeira.
-Ainda tou precisando de mais...
Os dois seguem se beijando. CORTA A CENA.

CENA 2: Na manhã seguinte, assim que Mateus sai mais cedo de casa, Laura pega seu celular e liga para Valentim.
-Oi, Valentim. Te acordei? Espero que não...
-Mesmo que tivesse acordado, tanto eu quanto a Mara estamos sempre a sua disposição. Mas não me acordou não. Aliás, tava falando nesse momento com a Mara e deixei ela na espera. Quer que eu coloque a ligação em conferência?
-Por favor, Valentim!
-Tá nos ouvindo, Mara? - pergunta Valentim.
-Perfeitamente. Por que nos ligou tão cedo, Laura?
-Então gente... o Mateus deu uma daquelas saídas misteriosas antes do horário de trabalho de novo. Só que não sei se vou atrás dele de novo. Acho melhor não arriscar dessa vez...
-Pois faz muito bem, Laura. Não seria nada bom ele desconfiar que a própria namorada tá seguindo ele, ainda mais se ele realmente estiver envolvido com alguma coisa... - fala Mara.
-Verdade, Mara. O melhor que podemos fazer é coletar informações com o porteiro do prédio que ele vai nesses dias. - continua Valentim.
-Mas isso seria possível quando, gente? Porque ele tá indo pra lá agora... - fala Laura.
-Melhor deixar pra iniciar essa investigação quando ele não estiver mais lá. Depois, com as informações colhidas, nós seguimos com os outros passos da investigação. - fala Valentim.
-Sim, mas vocês vão ainda hoje lá? Vocês tem o endereço que passei anotado, não tem? - pergunta Laura.
-Temos sim, querida. Pode deixar. A gente vai dar um jeito de te ajudar a esclarecer o que está por trás de tudo isso... - fala Mara.
-Só recomendamos que enquanto não se confirma nada, você mantenha a calma e não deixe transparecer que você está desconfiando dele, diante dele. Isso é fundamental pra que todos nós tenhamos a oportunidade de seguir investigando sem maiores transtornos... - prossegue Valentim.
-Tudo bem, gente. Desculpe incomodar vocês tão cedo. Nos falamos no teatro.
Laura desliga. CORTA A CENA

CENA 3: Raquel está deitada em sua cama e em sua mente começam a revirar-se lembranças da infância de Suzanne. Nas primeiras imagens do flashback, surge Suzanne, ainda uma criança de cinco anos, torturando lagartixas até que elas morram. Nas lembranças seguintes aparece Suzanne já com dez anos, dissecando filhotes de gatos, cães e outros pequenos animais.
-Filha, o que significa esse monte de bicho morto e você abrindo eles desse jeito?
-Vou ser médica, mamãe. Estou estudando!
-Isso é errado, Suzanne! Você matou esses bichos. Não pensou no sofrimento deles?
-Eles sofrem? Antes eles do que eu...
Raquel segue a lembrar da adolescência de Suzanne, quando ela fingia dormir e durante a madrugada, Raquel percebia que a filha fugia pela janela e no dia seguinte fingia acordar-se em sua cama como se nada tivesse acontecido. Raquel tenta apagar as memórias e voltar a si.
-Chega de remoer tudo isso... a Suzanne me assusta...
Raquel segue pensativa.
-Será que minha filha não tem coração? Desde pequena sempre deu alteração...
Raquel é interrompida por Suzanne.
-Falando sozinha, mãe?
-Tava pensando alto umas coisas. Onde é que você vai tão cedo arrumada desse jeito?
-Vou na casa da Riva, dar aulas de etiqueta e passar o dia lá. Até mais tarde, mãe.
Raquel segue pensativa enquanto Suzanne parte. CORTA A CENA.

CENA 4: Valquíria acorda-se disposta e toma café da manhã com Riva e Marion.
-Queridas, onde estão as crianças?
-Saíram cedo, mamãe. Mariana foi pra escola e Rafael tá trabalhando dobrado porque tá gravando as últimas cenas da novela que vai acabar logo... Marcelo tem ido acompanhar ele nesses dias.... - esclarece Marion.
-Tou vendo que a senhora tá com uma cara bem melhor. Dormiu bem, vó? - pergunta Riva.
-Como um anjo. Parece que não tenho nada na cabeça. Esses remédios funcionam mesmo...
-Que bom... - alivia-se Marion.
-Mas e o Ivan? Por que não tá aqui? - pergunta Valquíria.
-Tem dias que ele acorda mais tarde. Daqui a pouco ele deve descer... - fala Marion.
-Impressão minha ou a senhora tá meio triste, vó? - percebe Riva.
-Triste não é a palavra. Acho que pensativa. Sabe meninas, eu errei demais com vocês no passado. Queria mais uma vez pedir pra que vocês me perdoassem por tudo.
Marion tenta contemporizar.
-Deixa disso, mamãe... já passou. A gente lembra muito bem de tudo. Aliás, eu até queria te pedir desculpa pela forma que a gente fugiu de lá...
-Deixa disso digo eu, Marion. Eu sufocava vocês numa vida medíocre. Eu mereci de certa forma ser deixada pra trás daquele jeito. Depois, se vocês não tivessem fugido, você jamais teria se tornado uma grande atriz da TV brasileira. Ainda me culpo por ter prendido vocês...
Riva intervém.
-Nada de ficar remoendo essas coisas, vó... pra que relembrar tudo isso? É passado, a gente não pode voltar no tempo pra mudar o que já foi, mas pode fazer do hoje um bom momento prum futuro melhor, não é?
-Eu sei, Riva. Mas queria me redimir com vocês.
-Mamãe, a senhora se redime com a gente ficando boa do aneurisma e não se fala mais nisso, ok? Dá uma conferida nesse cookie de chocolate com banana que está divino e sei que a senhora vai gostar...
As três seguem conversando. CORTA A CENA.

CENA 5: Durante a tarde, Suzanne está na mansão dos Bittencourt conversando com Riva, Marion, Valquíria, Mariana, Ivan e Vicente, que está claramente desagradado da presença de Suzanne ali, mas procura se conter.
-Ah, meninas... quase esqueci de falar! Essa noite vai ter outro evento naquele mesmo lugar que teve aquela vez. Mais uma vez vai ter gente da alta sociedade e a organizadora da festa me pediu que eu transmitisse o convite a vocês... - fala Suzanne.
-Você está com os convites aí? - pergunta Marion.
-Claro! - fala Suzanne, pegando de sua bolsa os convites.
-Então com esses convites a gente entra sem fila, é isso? - pergunta Riva.
-Exatamente.
Marion examina o que está escrito no convite.
-Bem, pelo menos dessa vez não é a rigor, dá pra ir com uma roupinha mais básica...
-Mas eu não penso em fazer feio não, viu gente? Vou querer as dicas de vocês duas pra me vestir com elegância... - fala Riva.
As três sobem e Ivan percebe que Vicente mal suporta a presença de Suzanne, mas nada diz. CORTA A CENA.

CENA 6: Já pela noite, Rafael e Marcelo estão arrumando suas malas, organizando o que vão levar para a Austrália.
-Amor, por que a gente não deixa pra fazer essas malas amanhã? - questiona Rafael.
-E correr o risco de deixar pra última hora? Não mesmo! Olha o tanto de coisa que a gente tem e considera indispensável levar...
-A começar pelos discos que não podemos deixar de ouvir... tem razão, Marcelo...
-Vai por mim. Depois a gente não precisa terminar de organizar tudo agora. Ainda tem esse evento pra gente ir e amanhã ainda tem o último dia de gravação da sua novela. Você quer apostar comigo que vai ser puxadíssimo amanhã? Você melhor que eu sabe que último dia de gravação é o mais demorado, capaz da gente ir embora de lá quase de madrugada.
-Né? Pelo menos organizando tudo antes a gente não corre o risco de esquecer de nada e nem de se atrasar pro voo quando chegar o dia da gente sair de férias...
-Otimista você, hein Rafa? Até parece que você não sabe que voos atrasam...
-Em todo caso é melhor deixar tudo esquematizado, não foi você mesmo que disse?
-Seu bobo! Tá dando muito na cara que tou ansioso com essa nossa viagem, né?
-É pra eu ser sincero ou pra eu falar o que você quer ouvir? Porque dependendo da resposta eu posso levar uma bofetada na cara...
-É ou não é bobo esse meu namorado? Fala o que você acha e fim!
-Tá muito na cara. Cê tá praticamente feito uma criança puxando os pais!
Os dois riem.
-Mas você tem que entender né... nunca entrei num avião, quanto mais pra sair do país... essa vida de rico ainda é tão nova pra mim... eu diria impressionante. Nunca imaginei na vida que um dia eu estivesse aqui, nadando em dinheiro e com... cê não vai me achar brega se eu disser?
-Você é o brega mais lindo que existe...
-E eu achando que eu era brega...
-Bobo!
-Eu nunca imaginei que ia encontrar o homem da minha vida aqui...
Os dois se beijam apaixonadamente. Marcelo em seguida olha pro relógio.
-Vinhaaado, a gente precisa se apressar pra tomar um banho e se arrumar senão nossas mães nos matam se a gente se atrasar pro bendito evento!
Os dois se apressam. CORTA A CENA.

CENA 7: Eva está tristonha e seus pais, Geraldo e Regina, percebem.
-O que foi que te deixou desse jeito, Evinha? - pergunta Regina.
-Tou notando que tem dias que cê tá com essa cara de quem tá triste com alguma coisa... quer desabafar com a gente, filha? - estimula Geraldo.
-Ai... eu não sei se vocês vão entender. Sabe, eu sei que vocês sempre me apoiaram, desde que me assumi lésbica e tudo mais... mas não tá sendo fácil. A Renata fica me metendo pressão pra eu assumir ela publicamente, sendo que isso pode significar o fim da minha carreira na televisão...
-Mas filha... você precisa entender que na vida a gente tem que fazer algumas escolhas. Você ama a Renata, certo? - pergunta Regina.
-Amo! Amo mais que tudo!
-Será que ama mesmo? Ou será que ama mais a ideia de ser famosa e de ter os holofotes pra você? - questiona Regina.
-Por favor, mãe... cê tá cansada de saber que não é pelos holofotes. Tenho amor à arte.
-Mas teatro é tão arte quanto estar na TV, isso se não for mais... - complementa Geraldo.
-Vocês não vão entrar nesse mérito, vão? Não acho que um seja mais arte que o outro, só queria que minha arte tivesse um alcance maior... só isso.
-Mas minha filha, você precisa decidir o que fazer. Eu não acho que a Renata esteja errada. Ela não é obrigada a se sentir bem sendo escondida de todo mundo o tempo todo, ainda mais com tudo o que ela passou na casa dela desde que se assumiu... - pondera Regina.
-É isso mesmo, vocês vão ficar contra mim? - revolta-se Eva.
-Não estamos contra você, minha filha. Estamos apenas ao lado do que é justo. Você já parou pra pensar no quanto faz a Renata sofrer, mesmo que seja sem querer? - fala Geraldo.
-Eu não sei o que fazer... vocês me ajudam? - pede Eva.
-A gente pode tentar. Mas a escolha, minha filha... sempre será sua. - finaliza Regina. CORTA A CENA.

CENA 8: Na mansão dos Bittencourt, todos se arrumam para ir ao evento que Suzanne anunciou mais cedo.
-Mamãe, a senhora tem certeza que tá se sentindo bem pra ir nesse evento com a gente? - preocupa-se Marion com Valquíria.
-Relaxa, filha. Já prometi que não vou beber nada alcoólico... nem posso, né! Os medicamentos não me permitem. Fique despreocupada. Estou bem.
-Amor, cê tem certeza que não tou muito maltrapilho com essa camisa? - pergunta Marcelo a Rafael.
-Deixa disso, Marcelo. Cê tá lindo. Parece a roupa que você tava usando no dia que te conheci...
-Então, Rafa... é a mesma roupa.
Todos riem.
-Vem cá, Riva... que horas precisamos estar lá, mesmo? - questiona Vicente.
-Daqui meia hora.
-Sem problemas, assim... dá tempo de chegarmos sem atraso... - constata Marion.
-Vamos, então? - fala Ivan.
Todos partem para o evento. CORTA A CENA.

CENA 9: Ao chegarem no evento, Suzanne os recebe na entrada.
-Chegaram pontualmente, queridos! Venham comigo que já deixei uma mesa reservada para todos nós...
-Uma mesa pra esse tanto de gente? Não estamos num restaurante, Suzanne – alfineta Vicente. Marcelo tenta contornar a situação antes que Riva perceba o clima esquisito.
-Vai ver ela conversou com a dona da festa, não é? - fala Marcelo.
-Isso mesmo. Ela disse que não havia problema em juntar algumas mesas para que todos pudessem se sentar próximos. - fala Suzanne.
-Esta festa está um deslumbre! - exclama Riva.
-E está mesmo. Venham comigo, queridos. A mesa é logo ali. - indica Suzanne.
Todos se sentam à mesa e fazem alguns pedidos aos garçons que circulam pelo ambiente.
-Riva, cê me acompanha no toalete? Preciso retocar a maquiagem... - fala Marion.
Riva acompanha Marion.
-Eu já volto, gente. Vou no pátio, fumar um cigarro... - fala Vicente.
Vicente está fumando seu cigarro tranquilamente quando Suzanne surge.
-E aí, Vicente... bonita essa noite, esse evento, né? Só não são mais lindos que você...
Vicente percebe a malícia de Suzanne. FIM DO CAPÍTULO 22.

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