CENA 1: Bruno fica preocupado
com as desconfianças de Cláudio.
-Como é que você pode
suspeitar desse jeito do seu ex namorado, Cláudio? Acho que alguém
que te ama, ou que sei lá, que já te amou, não faria uma coisa
dessas, sinceramente...
-Você acha tudo isso? Mas
você mal conheceu o Rodrigo... aliás, eu mal conheci o Rodrigo pra
ser bem sincero...
-Cláudio, escuta o seu
coração em vez de alimentar essas paranoias... você não sente lá
no fundo que ele não seria capaz de fazer qualquer coisa que te
prejudicasse?
-Sinto... mas não tou
entendendo honestamente essa sua defesa toda pro Rodrigo. Até parece
advogado dele. Me surpreende você defender o cara que é meu ex...
-O fato dele ter te namorado
antes de mim não tem a mínima relevância. Depois, não vivo nesse
sistema de disputar nada com ninguém. Eu tenho certeza do que sinto
por você e sei que é amor. Mas o pouco que conheci do Rodrigo me
deu a certeza de que ele tem uma alma boa, dá pra ver na retina...
-E não é? Aquele olhar não
me passa nada de ruim...
-Não tou dizendo? Não
entendi sinceramente como você conseguiu desconfiar que logo ele
estaria te seguindo a troco de nada. Ele não perderia tempo com
isso.
-Mas alguém perdeu tempo me
seguindo. Só não faço ideia de quem possa ser.
-Você fala nisso numa
certeza...
-Foi uma sensação horrível,
Bruno, acredite... sufocante, eu diria.
-Mas Cláudio, você mesmo
concluiu que podia ter sido uma infeliz coincidência...
-Sim, amor... concluí mas não
descarto a possibilidade de que tivesse alguém na minha cola. Aliás,
pra que as janelas estão abertas ainda? Vai que o sujeito possa
estar nos vigiando...
-Nossa, amor, não viaja! Eu
sei que foi uma situação assustadora, mas precisa de tanto?
-Poxa, Bruninho... daqui a
pouco a gente já vai dormir. Custa fechar as janelas pra mim?
Bruno se levanta e olha para a
rua pelas janelas.
-Tá vendo, amor? Não tem
ninguém por perto além das pessoas andando na rua. Posso fechar as
janelas agora?
-Por favor. E liga o split pra
gente não morrer de calor aqui dentro...
Bruno fecha as janelas e liga
o split.
-Pronto. Tá mais calmo agora?
-Desculpa te pedir todas essas
precauções, Bruno...
-Sem problema. Eu imagino que
você ainda esteja assustado.
-Mas posso melhorar rapidinho,
sabia?
-Ah, é? Sabe que eu faço
alguma ideia do que você esteja falando?
-Será que sabe? Deixa eu
ver... hmm, minha boca tá seca, cê sabe o que ela tá pedindo?
-Deve ser um beijo meu.
-Não sei. Quer tentar?
Bruno beija Cláudio, que
segue com a brincadeira.
-Ainda tou precisando de
mais...
Os dois seguem se beijando.
CORTA A CENA.
CENA 2: Na manhã seguinte,
assim que Mateus sai mais cedo de casa, Laura pega seu celular e liga
para Valentim.
-Oi, Valentim. Te acordei?
Espero que não...
-Mesmo que tivesse acordado,
tanto eu quanto a Mara estamos sempre a sua disposição. Mas não me
acordou não. Aliás, tava falando nesse momento com a Mara e deixei
ela na espera. Quer que eu coloque a ligação em conferência?
-Por favor, Valentim!
-Tá nos ouvindo, Mara? -
pergunta Valentim.
-Perfeitamente. Por que nos
ligou tão cedo, Laura?
-Então gente... o Mateus deu
uma daquelas saídas misteriosas antes do horário de trabalho de
novo. Só que não sei se vou atrás dele de novo. Acho melhor não
arriscar dessa vez...
-Pois faz muito bem, Laura.
Não seria nada bom ele desconfiar que a própria namorada tá
seguindo ele, ainda mais se ele realmente estiver envolvido com
alguma coisa... - fala Mara.
-Verdade, Mara. O melhor que
podemos fazer é coletar informações com o porteiro do prédio que
ele vai nesses dias. - continua Valentim.
-Mas isso seria possível
quando, gente? Porque ele tá indo pra lá agora... - fala Laura.
-Melhor deixar pra iniciar
essa investigação quando ele não estiver mais lá. Depois, com as
informações colhidas, nós seguimos com os outros passos da
investigação. - fala Valentim.
-Sim, mas vocês vão ainda
hoje lá? Vocês tem o endereço que passei anotado, não tem? -
pergunta Laura.
-Temos sim, querida. Pode
deixar. A gente vai dar um jeito de te ajudar a esclarecer o que está
por trás de tudo isso... - fala Mara.
-Só recomendamos que enquanto
não se confirma nada, você mantenha a calma e não deixe
transparecer que você está desconfiando dele, diante dele. Isso é
fundamental pra que todos nós tenhamos a oportunidade de seguir
investigando sem maiores transtornos... - prossegue Valentim.
-Tudo bem, gente. Desculpe
incomodar vocês tão cedo. Nos falamos no teatro.
Laura desliga. CORTA A CENA
CENA 3: Raquel está deitada
em sua cama e em sua mente começam a revirar-se lembranças da
infância de Suzanne. Nas primeiras imagens do flashback, surge
Suzanne, ainda uma criança de cinco anos, torturando lagartixas até
que elas morram. Nas lembranças seguintes aparece Suzanne já com
dez anos, dissecando filhotes de gatos, cães e outros pequenos
animais.
-Filha, o que significa esse
monte de bicho morto e você abrindo eles desse jeito?
-Vou ser médica, mamãe.
Estou estudando!
-Isso é errado, Suzanne! Você
matou esses bichos. Não pensou no sofrimento deles?
-Eles sofrem? Antes eles do
que eu...
Raquel segue a lembrar da
adolescência de Suzanne, quando ela fingia dormir e durante a
madrugada, Raquel percebia que a filha fugia pela janela e no dia
seguinte fingia acordar-se em sua cama como se nada tivesse
acontecido. Raquel tenta apagar as memórias e voltar a si.
-Chega de remoer tudo isso...
a Suzanne me assusta...
Raquel segue pensativa.
-Será que minha filha não
tem coração? Desde pequena sempre deu alteração...
Raquel é interrompida por
Suzanne.
-Falando sozinha, mãe?
-Tava pensando alto umas
coisas. Onde é que você vai tão cedo arrumada desse jeito?
-Vou na casa da Riva, dar
aulas de etiqueta e passar o dia lá. Até mais tarde, mãe.
Raquel segue pensativa
enquanto Suzanne parte. CORTA A CENA.
CENA 4: Valquíria acorda-se
disposta e toma café da manhã com Riva e Marion.
-Queridas, onde estão as
crianças?
-Saíram cedo, mamãe. Mariana
foi pra escola e Rafael tá trabalhando dobrado porque tá gravando
as últimas cenas da novela que vai acabar logo... Marcelo tem ido
acompanhar ele nesses dias.... - esclarece Marion.
-Tou vendo que a senhora tá
com uma cara bem melhor. Dormiu bem, vó? - pergunta Riva.
-Como um anjo. Parece que não
tenho nada na cabeça. Esses remédios funcionam mesmo...
-Que bom... - alivia-se
Marion.
-Mas e o Ivan? Por que não tá
aqui? - pergunta Valquíria.
-Tem dias que ele acorda mais
tarde. Daqui a pouco ele deve descer... - fala Marion.
-Impressão minha ou a senhora
tá meio triste, vó? - percebe Riva.
-Triste não é a palavra.
Acho que pensativa. Sabe meninas, eu errei demais com vocês no
passado. Queria mais uma vez pedir pra que vocês me perdoassem por
tudo.
Marion tenta contemporizar.
-Deixa disso, mamãe... já
passou. A gente lembra muito bem de tudo. Aliás, eu até queria te
pedir desculpa pela forma que a gente fugiu de lá...
-Deixa disso digo eu, Marion.
Eu sufocava vocês numa vida medíocre. Eu mereci de certa forma ser
deixada pra trás daquele jeito. Depois, se vocês não tivessem
fugido, você jamais teria se tornado uma grande atriz da TV
brasileira. Ainda me culpo por ter prendido vocês...
Riva intervém.
-Nada de ficar remoendo essas
coisas, vó... pra que relembrar tudo isso? É passado, a gente não
pode voltar no tempo pra mudar o que já foi, mas pode fazer do hoje
um bom momento prum futuro melhor, não é?
-Eu sei, Riva. Mas queria me
redimir com vocês.
-Mamãe, a senhora se redime
com a gente ficando boa do aneurisma e não se fala mais nisso, ok?
Dá uma conferida nesse cookie de chocolate com banana que está
divino e sei que a senhora vai gostar...
As três seguem conversando.
CORTA A CENA.
CENA 5: Durante a tarde,
Suzanne está na mansão dos Bittencourt conversando com Riva,
Marion, Valquíria, Mariana, Ivan e Vicente, que está claramente
desagradado da presença de Suzanne ali, mas procura se conter.
-Ah, meninas... quase esqueci
de falar! Essa noite vai ter outro evento naquele mesmo lugar que
teve aquela vez. Mais uma vez vai ter gente da alta sociedade e a
organizadora da festa me pediu que eu transmitisse o convite a
vocês... - fala Suzanne.
-Você está com os convites
aí? - pergunta Marion.
-Claro! - fala Suzanne,
pegando de sua bolsa os convites.
-Então com esses convites a
gente entra sem fila, é isso? - pergunta Riva.
-Exatamente.
Marion examina o que está
escrito no convite.
-Bem, pelo menos dessa vez não
é a rigor, dá pra ir com uma roupinha mais básica...
-Mas eu não penso em fazer
feio não, viu gente? Vou querer as dicas de vocês duas pra me
vestir com elegância... - fala Riva.
As três sobem e Ivan percebe
que Vicente mal suporta a presença de Suzanne, mas nada diz. CORTA A
CENA.
CENA 6: Já pela noite, Rafael
e Marcelo estão arrumando suas malas, organizando o que vão levar
para a Austrália.
-Amor, por que a gente não
deixa pra fazer essas malas amanhã? - questiona Rafael.
-E correr o risco de deixar
pra última hora? Não mesmo! Olha o tanto de coisa que a gente tem e
considera indispensável levar...
-A começar pelos discos que
não podemos deixar de ouvir... tem razão, Marcelo...
-Vai por mim. Depois a gente
não precisa terminar de organizar tudo agora. Ainda tem esse evento
pra gente ir e amanhã ainda tem o último dia de gravação da sua
novela. Você quer apostar comigo que vai ser puxadíssimo amanhã?
Você melhor que eu sabe que último dia de gravação é o mais
demorado, capaz da gente ir embora de lá quase de madrugada.
-Né? Pelo menos organizando
tudo antes a gente não corre o risco de esquecer de nada e nem de se
atrasar pro voo quando chegar o dia da gente sair de férias...
-Otimista você, hein Rafa?
Até parece que você não sabe que voos atrasam...
-Em todo caso é melhor deixar
tudo esquematizado, não foi você mesmo que disse?
-Seu bobo! Tá dando muito na
cara que tou ansioso com essa nossa viagem, né?
-É pra eu ser sincero ou pra
eu falar o que você quer ouvir? Porque dependendo da resposta eu
posso levar uma bofetada na cara...
-É ou não é bobo esse meu
namorado? Fala o que você acha e fim!
-Tá muito na cara. Cê tá
praticamente feito uma criança puxando os pais!
Os dois riem.
-Mas você tem que entender
né... nunca entrei num avião, quanto mais pra sair do país... essa
vida de rico ainda é tão nova pra mim... eu diria impressionante.
Nunca imaginei na vida que um dia eu estivesse aqui, nadando em
dinheiro e com... cê não vai me achar brega se eu disser?
-Você é o brega mais lindo
que existe...
-E eu achando que eu era
brega...
-Bobo!
-Eu nunca imaginei que ia
encontrar o homem da minha vida aqui...
Os dois se beijam
apaixonadamente. Marcelo em seguida olha pro relógio.
-Vinhaaado, a gente precisa se
apressar pra tomar um banho e se arrumar senão nossas mães nos
matam se a gente se atrasar pro bendito evento!
Os dois se apressam. CORTA A
CENA.
CENA 7: Eva está tristonha e
seus pais, Geraldo e Regina, percebem.
-O que foi que te deixou desse
jeito, Evinha? - pergunta Regina.
-Tou notando que tem dias que
cê tá com essa cara de quem tá triste com alguma coisa... quer
desabafar com a gente, filha? - estimula Geraldo.
-Ai... eu não sei se vocês
vão entender. Sabe, eu sei que vocês sempre me apoiaram, desde que
me assumi lésbica e tudo mais... mas não tá sendo fácil. A Renata
fica me metendo pressão pra eu assumir ela publicamente, sendo que
isso pode significar o fim da minha carreira na televisão...
-Mas filha... você precisa
entender que na vida a gente tem que fazer algumas escolhas. Você
ama a Renata, certo? - pergunta Regina.
-Amo! Amo mais que tudo!
-Será que ama mesmo? Ou será
que ama mais a ideia de ser famosa e de ter os holofotes pra você? -
questiona Regina.
-Por favor, mãe... cê tá
cansada de saber que não é pelos holofotes. Tenho amor à arte.
-Mas teatro é tão arte
quanto estar na TV, isso se não for mais... - complementa Geraldo.
-Vocês não vão entrar nesse
mérito, vão? Não acho que um seja mais arte que o outro, só
queria que minha arte tivesse um alcance maior... só isso.
-Mas minha filha, você
precisa decidir o que fazer. Eu não acho que a Renata esteja errada.
Ela não é obrigada a se sentir bem sendo escondida de todo mundo o
tempo todo, ainda mais com tudo o que ela passou na casa dela desde
que se assumiu... - pondera Regina.
-É isso mesmo, vocês vão
ficar contra mim? - revolta-se Eva.
-Não estamos contra você,
minha filha. Estamos apenas ao lado do que é justo. Você já parou
pra pensar no quanto faz a Renata sofrer, mesmo que seja sem querer?
- fala Geraldo.
-Eu não sei o que fazer...
vocês me ajudam? - pede Eva.
-A gente pode tentar. Mas a
escolha, minha filha... sempre será sua. - finaliza Regina. CORTA A
CENA.
CENA 8: Na mansão dos
Bittencourt, todos se arrumam para ir ao evento que Suzanne anunciou
mais cedo.
-Mamãe, a senhora tem certeza
que tá se sentindo bem pra ir nesse evento com a gente? -
preocupa-se Marion com Valquíria.
-Relaxa, filha. Já prometi
que não vou beber nada alcoólico... nem posso, né! Os medicamentos
não me permitem. Fique despreocupada. Estou bem.
-Amor, cê tem certeza que não
tou muito maltrapilho com essa camisa? - pergunta Marcelo a Rafael.
-Deixa disso, Marcelo. Cê tá
lindo. Parece a roupa que você tava usando no dia que te conheci...
-Então, Rafa... é a mesma
roupa.
Todos riem.
-Vem cá, Riva... que horas
precisamos estar lá, mesmo? - questiona Vicente.
-Daqui meia hora.
-Sem problemas, assim... dá
tempo de chegarmos sem atraso... - constata Marion.
-Vamos, então? - fala Ivan.
Todos partem para o evento.
CORTA A CENA.
CENA 9: Ao chegarem no evento,
Suzanne os recebe na entrada.
-Chegaram pontualmente,
queridos! Venham comigo que já deixei uma mesa reservada para todos
nós...
-Uma mesa pra esse tanto de
gente? Não estamos num restaurante, Suzanne – alfineta Vicente.
Marcelo tenta contornar a situação antes que Riva perceba o clima
esquisito.
-Vai ver ela conversou com a
dona da festa, não é? - fala Marcelo.
-Isso mesmo. Ela disse que não
havia problema em juntar algumas mesas para que todos pudessem se
sentar próximos. - fala Suzanne.
-Esta festa está um
deslumbre! - exclama Riva.
-E está mesmo. Venham comigo,
queridos. A mesa é logo ali. - indica Suzanne.
Todos se sentam à mesa e
fazem alguns pedidos aos garçons que circulam pelo ambiente.
-Riva, cê me acompanha no
toalete? Preciso retocar a maquiagem... - fala Marion.
Riva acompanha Marion.
-Eu já volto, gente. Vou no
pátio, fumar um cigarro... - fala Vicente.
Vicente está fumando seu
cigarro tranquilamente quando Suzanne surge.
-E aí, Vicente... bonita essa
noite, esse evento, né? Só não são mais lindos que você...
Vicente percebe a malícia de
Suzanne. FIM DO CAPÍTULO 22.
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