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quinta-feira, 23 de junho de 2016

CAPÍTULO 34

CENA 1: Bruno tenta se explicar com Cláudio e justificar sua fala.
-Eu não acredito que você tá me tratando desse jeito na frente de visita, Cláudio... pensei que éramos amigos! Você não percebe que não é bem assim pra ele ficar pro jantar? Eu não fiz comida o suficiente pra três pessoas. Mas não é só isso... você mal conhece esse cara!
-Coloque-se no seu lugar, Bruno! Olha, eu não quero ser grosso nem te falar coisas desnecessárias que vá me arrepender, mas eu conheço o Guilherme há muitos anos, sim senhor!
-Eu não sabia disso. Desculpe. Você nunca me contou nada...
-Pelo visto não foi só você que não explicou tudo sobre o passado, não é mesmo?
-Cláudio, não leva a conversa pra esse lado, sério...
-Desculpa.
-Eu até posso fazer comida de novo, mas vai demorar pra ficar pronta...
-Não tem problema, Bruno. Eu ajudo na cozinha. Pra não dar problema com horário, você se incomoda de dormir aqui essa noite, Guilherme?
Bruno não acredita na proposta de Cláudio a Guilherme. Guilherme se anima.
-Não tem problema eu ficar aqui essa noite? Não quero dar trabalho...
-Não se envergonhe, Guilherme. O sofá da sala é grande... pode ficar, sim...
-Nesse caso eu também ajudo na cozinha. Bruno, o que você fez pro jantar? É pra ir pensando no que combina...
Bruno se incomoda com Guilherme.
-Vá você olhar na panela o que eu fiz. A minha parte eu fiz, escolham vocês o que vai acompanhar no jantar.
Cláudio se impacienta com a grosseria de Bruno com Guilherme.
-Olha aqui, Bruno, até agora eu tou sendo até muito paciente com você, mas não vou admitir que você trate o Guilherme com esse sarcasmo todo. Quer mesmo que esse papo chegue no seu lugar? Acho que não. Então antes que eu seja obrigado a te colocar no seu devido lugar, o melhor que você tem a fazer é ficar calado, tá entendido? E acho bom que você peça desculpas ao Guilherme, que só quis me ajudar hoje. Eu precisei desabafar com alguém, sabia disso? Por sua causa! Ninguém queria me ouvir, o Marcelo lá na Austrália esquecendo dos amigos... pelo menos o Guilherme me ouviu e me apoiou, sem me julgar, teve paciência.
-Eu não acredito que você contou tudo pra ele... - decepciona-se Bruno.
-Pois pode acreditar. Precisei colocar pra fora. Anda... pede desculpas pra ele agora!
-Desculpe, Guilherme... - fala Bruno, com má vontade.
Guilherme parte triunfante com Cláudio para a cozinha. CORTA A CENA.

CENA 2: Ao se prepararem para dormir, Vicente e Riva tentam entrar em contato com Marcelo e Rafael através de chamada de vídeo. Vicente liga o notebook e constata que Rafael está online.
-Riva, acho que vai dar pra gente falar com os meninos... pena que a Marion e Ivan já dormiram...
-Amanhã a gente fala pra eles que falou com os meninos... vamos, faça a chamada. - fala Riva se sentando ao lado de Vicente.
Vicente faz a chamada e Rafael atende prontamente.
-Oi, querido! O Marcelo tá aí? - pergunta Riva.
-Tá, sim. Acabou de sair do banho. Amor, vem cá que a sua mãe tá no vídeo!
Marcelo rapidamente senta-se ao lado de Rafael e fala com Riva e Vicente.
-Que saudade que eu tou de vocês... como vocês estão? - fala Marcelo.
-Bem... a gente vai casar. Mas claro, vamos esperar vocês voltarem pra isso. - anuncia Vicente.
-Viu só, Marcelo? Eu disse que essa história da sua mãe com o Vicente ia acabar em casamento... - fala Rafael.
-Fico muito feliz por vocês... inclusive você tá mais bonita, mãe. Aliás, ontem aconteceu uma coisa incrível com a gente na rua...
-Marcelo, meu filho, eu quero muito saber das novidades de vocês, mas antes a gente tem outra coisa pra contar pra vocês... melhor dizendo, pro Rafael, que é maior interessado nisso... - fala Riva.
-Ah, é sobre minha mãe ter sido confirmada como a protagonista da próxima novela que vou fazer e consequentemente, mãe da minha personagem? Já fiquei sabendo disso. Li na internet e não coube em mim de felicidade. Imagino que ela esteja dormindo agora...
-Sim, ela está, Rafael. Mas é maravilhoso tudo isso, mesmo. Fico feliz por você ter ficado feliz com isso... - fala Vicente.
-Bem, acho que agora a gente pode falar sobre a coisa incrível, não? - pergunta Marcelo.
-Claro que sim, meu filho! Vejo que vocês estão muito felizes! - fala Riva.
-E não é pra menos, prima. Você acredita que a gente tava saindo do shopping, tranquilos de mãos dadas, quando uma fã brasileira parou a gente? Tá, ela não é brasileira, nasceu aqui, mas se criou durante anos no Rio. Ela percebeu que o Marcelo é meu namorado e teve a melhor reação do mundo! Foi uma fofa com a gente! Queria que a reação das pessoas aí no Brasil fosse do mesmo jeito... foi comovente ela dizendo que nós tínhamos um brilho especial juntos... - fala Rafael.
-Foi realmente lindo e emocionante, mãe. Adriana é o nome da garota. Um doce de ser humano... gentil, generosa... sabe aquelas pessoas que você encontra e tem certeza que já conhecia de antes, de tanto que a pessoa te faz sentir como se estivesse em casa ou diante de um grande amigo? Foi bem nessa pegada... Foi bom sentir esse gostinho de liberdade aqui. Mas ao mesmo tempo triste é pensar que é difícil que a gente encontre isso aí no Rio... - divaga Marcelo.
-Isso tudo é maravilhoso, queridos... mas vamos ter esperança, né? Quem sabe a gente vence o ódio dos golpistas por aqui e logo as coisas melhorem... - fala Riva.
-Riva tem razão. Queridos, foi muito bom poder falar com vocês. Queríamos ficar mais tempo conversando, mas estamos mortos de sono e precisamos dormir... - fala Vicente.
-Tudo bem... boa noite, gente. Durmam bem – fala Rafael.
-Fiquem com Deus... - fala Riva, no que Vicente encerra a chamada. CORTA A CENA.
CENA 3: Rodrigo está na sua casa provisória em São Gonçalo, quando um número desconhecido liga pra ele. Desconfiado, resolve atender. Uma voz abafada fala do outro lado da linha.
-Fala, Rodrigo. Você deve estar se perguntando quem eu sou. Sou o chefe. Resolvi ligar diretamente pra você porque eu sei pra onde você foi. Na verdade, fui eu que facilitei o aluguel dessa casa aí em São Gonçalo.
-E o que você quer agora? É alguma instrução sobre como devo agir na estratégia de assalto ao banco?
-Sim e não. Na verdade eu já vinha considerando um plano B para enriquecer mais ainda o meu bolso... e o de vocês, claro. Quando você foi pra São Gonçalo e meus informantes confirmaram, eu pensei em outra alternativa. O assalto do Rio já tá na mão, vai acontecer sem maiores problemas.
-E que alternativa seria essa, chefe? Porque pra você me ligar, parece ser algo grande.
-E você tem toda a razão. Eu sei onde fica o banco perto da casa onde você está morando provisoriamente. Quero que você vá lá sondar o sistema de segurança desse banco. Dependendo da sua avaliação disso, se houverem falhas grandes, eu decido se mando meus homens pra terminar o serviço.
-Ficou maluco, chefe? Desculpa falar com você desse jeito, mas poxa vida! Eu mal saio do Rio, sem nem saber direito o motivo e você já me vem com mais essa? Eu vou precisar de um tempo pra me adaptar aqui, depois a gente pensa nisso... você poderia pelo menos me dar um prazo?
-Eu não gosto de aumentar prazos, Rodrigo. Gosto de obediência e eficiência. Você já me deu muita mão de obra e pouco retorno. O que eu vou fazer com você, me diz?
-Você não tá pensando em me eliminar, tá?
-Não, seu panaca. Fica tranquilo. Só tive que sujar as mãos dos meus homens em casos extremos. Você é só bundão, mesmo... inteligente, porém bundão.
-Não precisa ofender. Me fala logo o que cê tá pensando, estou cansado.
-Deixa pra outra hora, Rodrigo. Vou precisar pensar com calma no rumo que vou dar pra você dentro dessa organização. Você anda muito sem função. Mas bem, você disse que tá cansado. Vá dormir, quando eu tiver novidades eu aviso.
“Chefe” desliga e Rodrigo fica sem entender nada. CORTA A CENA.

CENA 4: Na manhã do dia seguinte, Eva e Renata chegam cedo à casa de Adelaide e Cleiton.
-Elas chegaram, Adelaide... eu fico muito orgulhoso da sua atitude! - fala Cleiton, abrindo para as duas, que a abraçam carinhosamente. Adelaide vai logo atrás e abraça fortemente a filha. Eva se surpreende.
-Vem, Eva. Vem pra esse abraço também! - convida Adelaide.
Eva abraça Adelaide e todos entram.
-Eu quis fazer esse mimo pra vocês, meninas. Perguntei pra Renata tudo o que você gostava, Eva... quando ela me contou que vocês... bem, vocês...
Cleiton olha aflito para Adelaide e percebe que ela se esforça, mas ainda tem dificuldade de falar certas coisas. Resolve então completar a fala da mulher.
-Que vocês voltaram, não foi isso que você quis dizer, Adelaide?
-Isso, meu amor... bem, vocês me perdoem pela minha falta de jeito, meninas... ainda vou precisar de um tempo pra me habituar a tudo isso... - desculpa-se Adelaide.
-Mãe... só de você estar nos recebendo, de ter tido o cuidado de saber direitinho cada coisa que a gente gosta de comer no café da manhã, já tá valendo todo o seu esforço. O passado a gente deixa pra trás... hoje a Eva também tá dando um grande passo, que é me assumir sem medo em público. - emociona-se Renata.
Todos seguem conversando alegremente no café da manhã. CORTA A CENA.

CENA 5: Em meio às suas investigações das pessoas que cercam ou cercaram a vida de “Chefe”, Valentim, em seu consultório, intensifica suas buscas ao encontrar em seu computador dados sobre uma empresa que entrou em concordata com a morte de seu fundador.
-Então chegamos a essa empresa... “Altamir Ruas – Transportes e Soluções de Casa e Ambientes”... gente, que nome gigante!
Valentim verifica as contas da empresa e percebe que os números não batem com o necessário para investir nos materiais e mão de obra.
-Jesus amado... esses valores eram claramente superfaturados. Cobravam caríssimo por um serviço que poderia ser bem mais barato, justificando na qualidade. Só que tem algo de muito errado nisso...
Valentim segue buscando mais dados e se depara com mais informações, surpreso.
-Tráfico de armas? Gente, não é possível! Será que essa empresa era uma fachada pra acobertar alguma facção?
Valentim segue a buscar informações sobre o fundador.
-Altamir Soares Ruas... nascido em 3 de setembro de 1951 e falecido em 12 de janeiro de 2011... morreu jovem. Ah... morreu num acidente que foi investigado e se confirmou sabotagem no carro. Logo, Altamir foi assassinado... tinha inimigos. Talvez disputa interna de poder. A empresa entrou em concordata apenas quatro meses depois... claro. Algum bandidinho despreparado deve ter assumido a bronca, não deu conta e deu no que deu... será que tem alguma informação sobre a família desse cara? Vejamos... casado com Jeanine Rodrigues Ruas, nascida Jeanine Barros Rodrigues, em 31 de janeiro de 1970... desaparecida em 9 de outubro de 1997, nunca mais deu notícias e deixou o filho ainda pequeno, Guilherme Rodrigues Ruas, para ser criado pelo pai. Por Deus! Esse rapaz ficou sem ninguém há cinco anos! Como será que vive? Foco, Valentim, foco! Essa empresa do falecido pai do Guilherme tem o nome registrado ainda... estando há cinco anos em concordata... tá esquisito.
Valentim segue pesquisando.
-Doações anônimas de dinheiro. Sendo que a empresa não está funcionando ativamente no que funcionava antes da concordata... tem caroço dos grandes nesse angu! Se for uma facção, pode muito bem ser a organização desse tal de “Chefe”. Claro! Essa facção deve estar doando o dinheiro que mantém a empresa. Só me pergunto quem estaria por trás desse investimento e qual é o interesse em manter o CNPJ da empresa intacto... quanto mais a gente entra nisso, mais confusa essa história fica. Tem mais gente envolvida nisso do que parecia num primeiro momento. Talvez o chefe seja mais de uma pessoa... - conclui Valentim. CORTA A CENA.

CENA 6: Guilherme se acorda e Cláudio lhe traz uma xícara de café.
-Parece que você adivinhou, Cláudio. A primeira coisa que faço quando me acordo é tomar uma xícara de café pra não perder a paciência.
Guilherme toma rapidamente o café.
-Muito obrigado. Sou praticamente incomunicável sem café, viro gente depois de tomar o meu café matinal. Cadê Bruno?
-Foi fazer as compras do dia pra casa. Ele é um ótimo amigo, apesar de ter mentido pra mim... não consigo sentir raiva dele, sabe?
-Sei. Ele me parece uma pessoa do bem, mesmo. Você não tem aula hoje?
-Não... só amanhã. É até melhor, quem sabe assim eu consiga falar com o tratante do Marcelo, aquele ingrato. Ainda não engoli essa história dele não ter um tempo pra ouvir o desabafo daquele que ele chama de melhor amigo. Só porque tá lá na Austrália numa espécie de lua-de-mel com o Rafael... eu só queria desabafar sobre essa situação de esconder algo grave da Laura.
-Ah, Cláudio... convenhamos! Pra que se desgastar por gente que não tá te dando a mínima? O cara tá lá vivendo a vida dele, o sonho da lua-de-mel ao lado do quase maridinho dele, normal que esqueça dos amigos.
-Você acha normal esquecer dos amigos?
-Normal eu não acho, na verdade eu acho péssimo, mas entendo ele. Talvez ele esteja dando mais importância pro macho dele em vez dos amigos... talvez você tenha sido mais amigo dele do que ele de você...
-Ai, Guilherme... eu não tinha parado pra pensar assim. Confesso que isso me deixa meio atordoado. Ainda mais sabendo que a Laura tá sendo enganada... ou foi, não importa.
-A Laura é outra. Aposta quanto comigo que ela ia se voltar contra você no momento que você contasse toda a verdade pra ela?
-Você acha?
-Tenho certeza. As pessoas emburrecem por amor...
Cláudio e Guilherme seguem conversando. CORTA A CENA.

CENA 7: Mara retorna ao prédio onde Haroldo morou e faz perguntas ao porteiro.
-Bom dia, senhor Júlio. Você se incomodaria de me ajudar mais um pouco se puder?
-De maneira alguma, investigadora! Em que posso te ser útil?
-É o seguinte: você saberia me passar mais informações sobre o morador do 302 que deixou o apartamento há poucos dias? Qualquer informação adicional que o senhor tiver vai me ser preciosa, de verdade.
-Olha, dona Mara, eu nem sei o nome dele. Ele pagava um dinheiro extra pra gente não se meter na vida dele. Mas ele conversou comigo no dia que foi embora. Foi tudo muito rápido. Do nada ele surgiu com as malas na mão dizendo que precisava sair da cidade. Perguntei pra ele porque e ele disse que eu era intrometido demais, mas me respondeu que era a trabalho.
-Interessante. Quer dizer que ele saiu da cidade, então? Você não teria a mínima ideia de onde ele pode ter ido?
-Ele não disse, investigadora. Ele pode ter ido pra qualquer cidade aqui do Rio... ele pode até ter saído do estado. Como eu disse pra senhora... foi tudo muito rápido, não tinham nem cinco minutos que ele apareceu aqui na portaria com as malas dizendo que precisava ir embora e já tinha um... não é táxi, um... uber, é esse o nome... enfim, tinha um uber esperando ele pra embarcar. Ele colocou as malas no porta-malas desse uber e foi embora. Isso é tudo o que eu sei. Desculpe não poder te ajudar mais que isso, dona Mara...
-Que isso, seu Júlio! O senhor já me foi muito útil por hoje, pode acreditar. Essas informações podem não ser exatamente o que eu queria nem tão claras, mas certamente ajudaram bastante a encaixar pelo menos duas ou três pecinhas desse quebra-cabeça. Eu preciso ir. Se você souber de qualquer coisa, já sabe onde me procurar. Você guardou meu cartão, certo?
-Guardei, sim senhora.
-Perfeito. Até mais ver, seu Júlio. - fala Mara, partindo. CORTA A CENA.

CENA 8: Raquel recapitula antigas atitudes de sua filha e fica aflita. Começa a divagar consigo mesma.
-Deus que me perdoe... mas não tou vendo mais nada possível diante dos meus olhos, senão isso...
Raquel lembra quando Suzanne, ainda criança, dissecava um gato e o pendurava morto no varal do quintal de sua casa.
-Tudo isso tá se encaixando com o que o Valentim diz... ela só pode ser psicopata. Deus do céu... como é que eu vou lidar com isso?
Raquel sofre por ter certeza da psicopatia da filha. CORTA A CENA.

CENA 9: Depois de muitas tentativas, Cláudio finalmente conversa com Marcelo por chamada de vídeo e consegue desabafar detalhadamente tudo o que aconteceu.
-Enfim, Marcelo... foi isso que aconteceu. Tou me sentindo muito mal.
-Viado do céu... eu sinceramente não sei como te ajudar diante disso. Que barra pesada, gente!
-Claro que você não sabe como me ajudar nisso, né seu tratante? Tá muito ocupado estendendo tapete vermelho pro teu macho!
-Você só pode estar de brincadeira comigo, Claudinho. Que isso, viada? Sou eu!
-Eu tou com cara de deboche por um acaso? Você esqueceu dos amigos, esqueceu de mim! - brada Cláudio, deixando Marcelo perplexo. FIM DO CAPÍTULO 34.

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