CENA 1: Rafael abraça Haroldo,
emocionado.
-Que saudades eu senti, irmão!
Pensei que nunca mais ia te ver na vida! Cheguei a pensar que nem
estivesse mais vivo! - desabafa Rafael, chorando de alegria.
-Eu sinto muito por tudo que
fiz vocês passarem. Prometo que nunca mais vou permitir que as
coisas cheguem ao ponto que chegaram há mais de dois anos. Senti sua
falta, sua piranha! - fala Haroldo.
-Não tá vendo que eu deixei
de ser piranha? Sou homem sério e comprometido agora! - segue Rafael
na brincadeira.
-Oi, sou Marcelo. Seu quase
primo. E namorado do Rafael.
Os dois apertam as mãos e
Riva vai até o filho.
-Vocês me deem licença que
eu vou é apertar meu filho. Tava morta de saudade, já!
Riva e Marcelo se abraçam
cheios de saudade.
-Resolveram voltar antes da
hora por que? - pergunta Marion.
-Ah, mãe... a gente ficou
sabendo pela internet que o Haroldo tinha voltado. Entendemos que
vocês não nos disseram porque não queriam atrapalhar nossa semi
lua-de-mel, mas eu e o Marcelo decidimos voltar de imediato quando
conversamos sobre... - fala Rafael.
-Espero que não tenha
atrapalhado o momento de vocês, irmão... - fala Haroldo.
-Deixe disso, cunhado. A gente
só antecipou um pouquinho nossa volta. Mais uns dias e fecharia um
mês. O Rafa nem poderia ficar mais tempo porque ele precisa começar
a se preparar pro próximo papel que ele foi escalado na novela... -
esclarece Marcelo.
-Então tá tudo certo, não
está? - fala Haroldo.
-Claro que sim, irmão. Você
está mudado... senti tanta saudade! Tenho tanta coisa pra te contar!
- fala Rafael.
-E pode começar pela parte
que você deixou de ser aquela piranha incorrigível pra se tornar
esse viado monogâmico aí... - provoca marotamente Haroldo.
-Ei, que história é essa de
piranha? - incomoda-se Marcelo.
-Amor... todos nós tivemos um
passado antes, não? Eu, antes de te conhecer, não tinha me
apaixonado de verdade por ninguém. Eu saía pra curtir mesmo... -
esclarece Rafael.
-Não vai ficar bravo,
cunhado! Eu duvidava que o Rafa fosse sossegar esse edy dele e ele tá
aí, namorando firme com você... eu peço desculpa se fui
inconveniente, de verdade. - fala Haroldo, arrependido pela
brincadeira.
-Sem problema, Haroldo. Isso
aqui foi só um joguinho de cena. Na maior parte das vezes, eu e o
seu irmão nos damos maravilhosamente bem... - fala Marcelo.
Todos seguem conversando
animadamente com Rafael e Marcelo, que contam sobre sua temporada na
Austrália. CORTA A CENA.
CENA 2: Cláudio e Bruno
conversam após o jantar enquanto Guilherme toma um banho.
-Pelo visto o Guilherme tá
querendo coisa com você hoje, hein? Pra tomar banho depois do
jantar... - fala Bruno.
-E não é? Ele realmente tá
cheio de vontade. Sinceramente eu não sei se vou estar no clima,
Bruno...
-Eu imagino o motivo.
-Não é só isso, Bruno...
antes fosse o caso do Haroldo/Rodrigo. Eu ando pensando nas merdas
que eu fiz sem precisar ter feito.
-Tá falando do Marcelo...
acertei?
-Sim. Ele era meu melhor
amigo. E continuaria sendo se não fosse aquele surto que eu dei com
ele, do nada... movido pelo meu próprio egoísmo.
-Então você finalmente
reconheceu o óbvio, Cláudio... já é um começo...
-Você bem que quis me
alertar, né Bruno?
-Mas não me ouviu... e eu não
queria brigar com você.
-Devia ter ouvido. Você tava
certo. Só que de cabeça quente eu só conseguia ver as coisas pelo
meu ponto de vista. Agora tou pagando o preço por isso.
Cláudio começa a chorar e
Bruno o abraça.
-Não vai adiantar nada essas
lágrimas agora, meu amigo...
-Eu só tou sentindo muito
arrependimento por tudo. Eu simplesmente me vinguei de uma maneira
ridícula do Marcelo. Criei aquele monte de conta falsa pra atingir
aquele que era meu melhor amigo! E sabe o pior de tudo? Foi despeito
e inveja sim! Agora, de cabeça fria, eu percebo sim que tive inveja
e recalque dele. Insultei meu melhor amigo e ele não merecia nada do
que eu disse!
-Você está sendo muito
maduro ao reconhecer todas essas coisas, Cláudio.
-Eu agradeço pela
generosidade com que você me olha, Bruno... mas de que adianta essa
maturidade agora? Quando eu precisava dela, ela não estava aqui.
Falhei... e falhei de uma forma grave. Feri meu melhor amigo. Queria
poder consertar as coisas, mas sinceramente eu não sei mais se o
Marcelo entenderia.
-Se ele não entender, ele tá
no direito dele, Cláudio. Você precisa conviver com isso. Você
precisa aprender a assumir a responsabilidades pelas suas próprias
atitudes. Toda vez que você culpa alguém ou algum fator externo
pelos problemas que você mesmo cria, está apenas arranjando uma
desculpa pra não crescer, não amadurecer, não evoluir.
-Sabe o mais dolorido disso
tudo, Bruno? Saber que você está coberto de razão. Eu deveria ter
te ouvido antes de tomar a decisão de cometer aquela burrada que foi
sabotar os vídeos do Marcelo. Os estragos que fiz poderiam ter sido
menores.
-Não tem como voltar atrás.
Mas você pode retirar essa sabotagem, não? Digo... retirando as
negativadas dadas pelas contas falsas que você criou dos vídeos
dele...
-Quer saber? É exatamente
isso que eu vou fazer... pelo menos rompo esse ciclo de negatividade
desnecessária... - fala Cláudio, decidido.
Os dois se dirigem ao
computador. CORTA A CENA.
CENA 3: Raquel está absorta
em suas pesquisas em seu computador.
-Mas que porcaria! Será que
não tem um livro decente em pdf sobre psicopatas?
Raquel segue procurando.
-Não adianta... quase todas
as buscas resultam em “Mentes Perigosas”. Já ouvi tantas
críticas negativas a esse livro, além das acusações que a autora
recebeu de plágio, que nem sei se devo ler. Mas enquanto não acho
outra opção melhor... baixo esse mesmo em pdf.
Raquel insiste em buscar mais.
-Não é possível que eu seja
tão burra ou que nessa internet toda não tenha mais várias
opções... será que altero as palavras chave? Gente, como é que eu
não pensei nisso antes? Posso até ler o livro da plagiadora antes,
mas com certeza eu vou ler muito mais! Preciso entender como funciona
o passo a passo da mente de um psicopata. Preciso entender o universo
da minha filha...
Raquel encontra mais quatro
opções de livros em pdf e fica satisfeita.
-Agora sim! Pelo menos assim
vou conseguir me manter melhor informada do que com aquele livreco
cheio de plágio...
Raquel se espreguiça.
-Mas tou morta de cansada.
Poxa vida! Justo agora que eu tava tão diposta a devorar esses
livros? Melhor eu ir dormir e descansar.
Raquel desliga o seu
computador e parte para sua cama. CORTA A CENA.
CENA 4: No dia seguinte, pela
manhã, Cláudio acorda Bruno no sofá.
-Vem, Bruno! O café já tá
pronto...
-Cadê Guilherme?
-Dormindo ainda. Eu também
deveria estar dormindo... ele não me deu muito descanso, se é que
você me entende...
-Tá, Cláudio... entendi.
Poupe-me dos detalhes sórdidos... - descontrai Bruno, tomando um
gole do café, já à mesa.
-Ai, viado! Você lembrou de
colocar uma pitada de sal e canela no café! Está divino, do jeito
que eu tomava na casa dos meus pais, do jeitinho que minha mãe
fazia! Arrasou, mulher!
-Eu experimentei depois que
você me falou das maravilhas do café feito desse jeito. Devia ter
adotado isso antes pra vida, mas você sabe como sou... meio avoado
de vez em quando.
-De vez em quando? - provoca
marotamente Bruno.
-Atrapalho muito a conversa
animada de vocês? - surpreende Guilherme, aparentemente nervoso.
-Ei... o que é isso,
Guilherme? Antes de soltar as patas na gente, pelo menos toma o café,
seu grosso! - reclama Cláudio.
-Deixa isso pra lá, gente...
eu te entendo, Guilherme. Tem dias que eu me acordo e sou um demônio
antes do café, não quero papo com ninguém... - fala Bruno.
-Desculpa, gente... é que às
vezes eu fico assim, me sentindo sozinho, inseguro, pouco, pequeno
diante da vida. Daí vejo vocês aí, conversando e se divertindo,
sem mim... fico pensando que posso morrer a qualquer momento e que
ninguém vai sentir minha falta. - fala Guilherme, começando a
tremer e a chorar ao mesmo tempo, demonstrando estar numa crise
nervosa. Bruno se assusta.
-Você tá legal, cara? -
preocupa-se Bruno.
Cláudio percebe que Guilherme
está em uma espécie de crise.
-Fala pra gente o que você tá
sentindo, Guilherme! Você está suando frio!
-Eu vou ficar bem... só
preciso respirar um pouco. - fala Guilherme.
Bruno e Cláudio seguem
tentando tranquilizar Guilherme. CORTA A CENA.
CENA 5: Depois do café da
manhã, Rafael vai conversar com Haroldo no quintal de casa.
-Milagre te ver acordar cedo
desse jeito, Haroldo! A vida inteira você só acordava depois do
meio dia...
-Ah, Rafa... muita coisa mudou
nesses últimos dois anos. Meus hábitos também.
-Sei.
-Mas me conta mais sobre a
vida, querido. Confesso que ainda tou chocado que você deixou de ser
aquela piranha pra ficar só com o Marcelo. Vocês fazem um casal
bonito. Acho que é pra vida toda.
-Não vamos forçar a barra
também, Haroldo... quero muito que dê certo. Penso até em casar
com Marcelo. Mas daí até dizer que vai ser pra vida inteira... há
uma distância considerável. Planejo viver com Marcelo até onde
puder existir amor...
-Você faz o certo, irmão...
-Mas me fala, Haroldo... como
foram esses dois anos longe da gente?
-Difíceis...
-Isso eu sei, você já disse.
Queria saber mais.
-Desculpa, Rafael. Não quero
te desapontar, nem te deixar com a impressão que tou fugindo das
suas perguntas... mas não me sinto preparado pra falar sobre muita
coisa ainda.
-Tudo bem, mano... não tá
mais aqui quem perguntou.
-Na hora certa eu falo as
coisas, confia em mim.
-Tá certo. Eu vou sair pra
dar uma volta com o Marcelo. Você quer vir com a gente?
-Fica pra próxima, mano.
Ainda tou mais na vibe de matar as saudades da nossa casa.
-Tá certo, Haroldo. A gente
se vê de tarde. Beijo, mano.
Rafael volta pra dentro de
casa. CORTA A CENA.
CENA 6: Renata dormiu na casa
de Eva e elas estão tomando café da manhã, enquanto Regina e
Geraldo assistem TV.
-Eu não engoli a sua postura
no evento de ontem à noite, Eva. Pensei que você teria outra
postura. Mas recuou... de novo!
-Ai, Renata! Nem vem! A
imprensa nem me viu lá!
-É justamente disso que tou
falando.
-Pelo menos não te apresentei
como amiga, como das outras vezes.
-Você continuou me
escondendo, Eva. Achei que já tínhamos conversado o suficiente
sobre isso.
Regina e Geraldo percebem que
elas estão prestes a discutir e resolvem intervir. Regina é a
primeira a falar.
-Vocês querem fazer o favor
de pararem com isso antes que isso acabe virando uma briga?
-Desculpe, dona Regina. Gosto
muito da senhora e do seu Geraldo, mas tem horas que cansa a covardia
da Eva, francamente.
-Sabe de uma coisa, Eva? A
Renata tá coberta de razão. Você não tem mais idade pra ficar
nesse esconde-esconde todo. Pra ser mais claro e pra ver se você
entende o mérito da questão de uma vez por todas, vou falar com
todas as palavras: você vai ter que escolher. Escolher entre a sua
carreira e a Renata. Não tem mais pra onde correr, filha. Chegou a
hora de fazer algo, tomar uma atitude definitiva em relação a isso!
- sentencia Geraldo.
-Poxa, pai, poxa, mãe! Eu não
sei se consigo lidar com tanta pressão! - protesta Eva.
-E você tá pensando na
Renata? Na pressão a que ela é submetida toda vez que você esconde
ela da mídia? - questiona Regina.
-Obrigada, gente... acho que
vocês falando, fica mais fácil pra Eva entender... - agradece
Renata.
Todos seguem conversando e
tentando encontrar uma solução. CORTA A CENA.
CENA 7: No começo da tarde,
Vicente e Riva voltam do médico e todos encaram eles, na
expectativa.
-Fala, mãe... você tá ou
não tá grávida? - questiona Marcelo.
-Essa danada não quis abrir o
exame antes da gente chegar em casa, pode isso? - fala Vicente, na
expectativa.
-Pra que tanto mistério? -
questiona Suzanne, incomodando Marion.
-Cada um sabe como faz,
Suzanne. Não é o tipo de coisa que se questiona... - fala Marion.
-Tá, gente... já estamos
aqui, não estamos? Eu vou abrir o exame agora... - fala Riva,
abrindo o envelope. Ela e Vicente olham o resultado e todos encaram
eles, na expectativa.
-Fala de uma vez, prima! Tou
morto de curiosidade! - fala Rafael.
Riva faz uma expressão de
aparente pesar...
-É... parece que não é
dessa vez que a nossa família... vai parar de crescer! Estou
grávida, gravidíssima! - vibra Riva.
Todos abraçam Riva. Suzanne
tenta se aproximar e Valquíria passa em sua frente para abraçar a
neta. Suzanne entende o recado.
-Estou muito feliz por você,
Riva e Vicente. Mas se vocês me dão licença, eu preciso ir. Vocês
sabem como é, tenho negócios a tratar... - fala Suzanne, indo
embora rapidamente.
-Quer dizer que eu não vou
mais ser filho único, dona Riva? Depois de quase vinte anos vou
ganhar um irmãozinho ou uma irmãzinha... confesso que nunca
imaginei que esse dia fosse chegar, mas tou tão feliz por você mãe!
- fala Marcelo, abraçando Riva.
-E nomes, vocês já pensaram?
- questiona Haroldo.
-Ah, Haroldo... a gente mal
descobriu que a Riva tá grávida e você faz uma pergunta difícil
dessas? A gente precisa saber o sexo antes e isso vai levar algum
tempo. - fala Vicente.
Todos seguem conversando.
CORTA A CENA.
CENA 8: Suzanne chega ao hotel
com expressão contrariada. Márcio nota e comenta com Raquel.
-Aposta quanto que deu zebra
com alguma coisa que a Suzanne queria, dona Raquel?
-Nem aposto mais nada. Vai lá
ver o que a sua mulher tá de cara amarrada... - fala Raquel.
Márcio vai até Suzanne.
-Que cara de quem acabou de
sair de um velório é essa, Suzanne?
-A Riva, aquela merendeira...
tá grávida, acredita? Grávida!
-Tá, mas o que é que isso
tem demais? Ela não vai casar com o Vicente, que é pai do bebê?
-Vai. Mas acho que você não
entendeu direito a coisa. Uma pessoa a mais nessa família é menos
dinheiro que eu posso arrancar, entendeu?
-Olha aqui, Suzanne, se você
tá pensando que eu vou fazer algum serviço sujo pra acabar com essa
gravidez, pode esquecer! Tá cansada de saber que eu só abandonei a
Riva pra proteger ela, senão você tinha feito ela abortar o
Marcelo.
-Me arrependo de não ter
feito esse serviço.
-Às vezes você me assusta,
Suzanne.
-Por favor, Márcio! Você
sabe onde conseguir aquelas ervas que são abortivas. Faça isso por
mim, amor! Vai ser pelo nosso patrimônio!
-Eu não devia aceitar fazer
isso, Suzanne... é errado!
-Se você não fizer, você
nunca mais me vê e acabou essa vidinha de luxo aqui, tá me ouvindo?
-Você me deixa sempre de mãos
atadas, Suzanne... eu vou conseguir as ervas. Você faz o resto.
Márcio vira para o lado,
contrariado e apreensivo. CORTA A CENA.
CENA 9: Na mansão dos
Bittencourt, todos conversam animadamente sobre as expectativas de
ter um novo membro na família.
-Agora vejam vocês... eu vou
ganhar mais um bisneto! - fala Valquíria.
-E eu vou perder o posto de
bisneto único. Perdi a exclusividade, não sou mais a diferentona! -
brinca Marcelo.
De repente, a campainha toca.
-Quem pode ser no meio da
tarde, gente? A Suzanne não avisou nada, né? - fala Rafael.
-Eu vou atender a porta,
gente... - fala Haroldo, indo até a porta. Ao chegar à porta e
abrir, ele fica perplexo. É Cláudio.
-Quer dizer que o Rodrigo
então nunca existiu? - fala Cláudio, entrando na casa.
-Rodrigo? Que história é
essa? - todos perguntam. FIM DO CAPÍTULO 43.
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