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sexta-feira, 29 de julho de 2016

CAPÍTULO 65

CENA 1: Os sequestradores chegam ao galpão. Vicente é o primeiro a acordar e percebe que um dos sequestradores segura Lúcio.
-Me devolva meu filho! - ordena Vicente.
-Alá o valentão, coitado! Tá se achando cheio da marra, hein? Vocês sabem onde estão? Viram que caminho a gente tomou? Mas tudo bem... pega o seu bebê chorão aí que não quero que um bebê cague ou mije em cima de mim... - fala o sequestrador que segura o bebê.
Vicente pega o filho no colo.
-Quem vocês são? O que vocês querem? É dinheiro? Eu e minha mulher damos o dinheiro que vocês quiserem, mas não façam nada com nosso filho!
-A gente vai esperar a madame acordar do sono de beleza dela antes de dizer o que a gente quer, valeu? - fala o sequestrador armado.
-Eu já disse e repito quantas vezes vocês quiserem ouvir. Dinheiro não é problema pra nós. Se vocês não quiserem polícia envolvida nisso, a gente entende. - fala Vicente.
O sequestrador armado perde a paciência e dá um soco em Vicente, que é segurado pelo outro sequestrador.
-Qual foi a parte que tu não entendeu, rapá? A gente só fala sobre o que a gente quer depois que a madame dorminhoca acordar! Por que em vez de ficar falando, falando e falando, você não cuida desse bebê chorão aí? Não aguento choro de criança...
Riva se acorda, ainda grogue de ter sido dopada.
-Ah, então a madame resolveu acordar do sono profundo. Dormiu bem, Riva? - fala o sequestrador.
-Como é que você sabe meu nome? Quem são vocês? Onde é que a gente tá? - pergunta Riva, desorientada.
-O espetáculo tá pronto. Vou mandar logo o papo reto: a gente recebeu ordens de pegar o bebê chorão. Cês fiquem tranquilos que a gente não vai matar o mijão. Mas vocês também nunca mais vão ver o filho de vocês. Ele vai sumir no mundo. Ele vale uma grana preta, vocês sabiam? - fala o sequestrador armado.
Vicente e Riva se olham, apavorados. CORTA A CENA.

CENA 2: Márcio insiste com Suzanne para ela falar o que está tramando.
-Anda, Suzanne! Fala de uma vez o que você anda tramando, fala! Eu tenho certeza que não é nada bom.
-Como você é chato, Márcio. Não vai parar de insistir? Que saco! Você não está participando de nada disso, não tem que saber de nada. Até porque, do jeito que você anda frouxo nos últimos tempos, tenho certeza de que não teria estômago pra fazer metade do que eles estão fazendo...
-Eles? Eles quem?
-Não te interessa.
-Você começou a falar... falou demais. Agora termina!
-Tem certeza que quer saber mesmo do que tá acontecendo? Tá seguro disso? Não vai vomitar todo o chão depois? Porque eu não vou querer chamar o serviço de quarto numa hora dessas pra limpar sua sujeira...
-Você é vaidosa, Suzanne... sempre foi. Cedo ou tarde vai acabar me falando do que se trata, cheia de si, orgulhosa de sua própria perspicácia.
-Ah, seu bobo... se eu não tiver essa vaidade, quem é que vai fazer as coisas por mim? Gosto mesmo é do perigo, dessa adrenalina, dessa coisa de fazer o que eu quiser sem sentir um pingo de remorso. Mas você quer saber o que tá acontecendo, não quer?
-Prefiro saber logo qual é a bomba da vez pra ver se posso impedir alguma besteira.
-Acho difícil, Márcio. Você está enredado até o pescoço comigo. Não pode me impedir de fazer nada, senão eu entrego todos os seus podres pro seu filhinho querido... acho que você não quer isso.
-Você é sádica, Suzanne. Faz questão de repetir isso o tempo inteiro. Me diga logo o que está acontecendo... ou melhor: o que você tramou.
-Tenho meus vários contatos, você sabe disso, não sabe? Sabe também que aquele bebê chorão da Riva vale ouro, não sabe? O que planejei foi simples: mandei alguns contatos meus, meio barra pesada, sequestrarem a Riva, o Vicente e o bebê chorão. Numa hora dessas eles devem estar no lugar que eu mandei os homens irem com eles. Não devem fazer a mínima ideia de onde estão, os tontos. Como são cheios da grana, tenho certeza que vão oferecer uma grana alta pra se livrarem do cativeiro. Mas eu dei ordens aos homens para levarem o bebê...
Márcio fica chocado.
-Você é muito mais cruel que eu imaginava, Suzanne. Passou de todos os limites! Será que não percebe a dor que uma mãe e um pai sentem ao serem separados do filho, sem nem saber pra onde esse filho, ainda indefeso, está indo?
-Disso você entende, não é mesmo, Márcio? Afinal de contas, não fez nada pra impedir que eu levasse o nosso filho recém-nascido para um orfanato. Ou por acaso já esqueceu disso? Essa sua indignação seletiva só prova sua hipocrisia, seu bosta!
-Quem parece ter esquecido de alguma coisa aqui é você, sua monstra. Você me deixou sem opção, você impôs que nosso filho fosse deixado no orfanato. Eu quis criar nosso bebê, você disse que eu nunca mais te veria se eu ficasse com ele! Quem é hipócrita aqui, mesmo?
-Agora é fácil você vir me acusar, não é? Mas quando a gente tava no meio de tudo aquilo, você podia ter me impedido. Não impediu porque não quis, porque sempre foi um fraco, sem opinião própria, que só fazia o que eu mandava. Um pau mandado, isso que você sempre foi!
-Você sabe que me ameaçava. Eu, cego de amor, sempre aceitei todas as suas imposições. Mas sabe de uma coisa? Não devia ter aceitado. Você acabou com a minha chance de ser pai dos meus dois filhos!
-Vai fazer o que? Vai chorar? Foi melhor assim pra todos nós. Senão não teríamos chegado onde chegamos.
-Você não teria chegado onde chegou, você quer dizer. Só peço que não mande matar o Lúcio.
-Eu posso não prestar, Márcio... mas não sou assassina. O bebê chorão vai viver... longe daqui, quem sabe até fora do país. Mas vai viver. Você fique de bico calado, porque esse sequestro não pode chegar na mídia, senão os meus planos estão arruinados!
Márcio vai ao banheiro vomitar. CORTA A CENA.

CENA 3: Riva, mesmo grogue de ter sido sedada, levanta-se até Vicente para proteger Lúcio, mas acaba caindo, ainda tonta.
-Meu filho! Vocês não podem levar meu filho! - fala Riva.
-Se eu fosse você eu ficava pianinha, madame. Você mal se aguenta em pé, devia ficar mais na sua se quiser sair viva daqui. - fala o sequestrador armado, enquanto o outro sequestrador fica de segurança na porta do galpão.
Vicente tenta proteger o filho.
-Vocês não podem levar nosso filho. Não percebem que ele é só um bebê? O que um bebê poderia valer pra vocês, seus canalhas?
-Dinheiro, playboy. Barras de ouro! A nossa liberdade, enfim... - fala o sequestrador.
-Quem é que mandou vocês fazerem isso?
-Não te interessa, playboy. A gente tá sendo bem pago pra fazer esse serviço. Não precisamos do dinheiro de vocês. Precisamos da criança, que é nossa mina de ouro.
Riva se apavora.
-Não façam nada com nosso filho, por favor! Atira em mim, me mata se quiser, mas não façam nada com o nosso Lúcio!
Vicente tenta acalmar Riva.
-Amor... a gente vai dar um jeito. Confia em mim...
-Eu confio, Vicente. Não confio é nesses malucos...
-Oh, que lindo! Já pode parar essa cena de amor meloso, viu? - fala o sequestrador, arrancando Lúcio dos braços de Vicente e entregando ao outro sequestrador.
-Devolve meu filho, seu desgraçado! - fala Vicente, avançando sobre o sequestrador armado. Vicente leva um tiro de raspão e cai sentado.
-O próximo vai ser bem no meio do coração, pra matar. Perdeu, playboy!
Riva se apavora com o ferimento de Vicente e o acode.
-Amor! Cê tá bem?
-Tou sim... foi de raspão. Tá ardendo demais, mas eu vou ficar bem.
Riva olha para os lados e percebe que os sequestradores fugiram com Lúcio.
-Amor, eles fugiram com nosso bebê!
Vicente e Riva se apavoram. CORTA A CENA.

CENA 4: O celular de Marcelo toca.
-Alô? Oi, mãe! Que demora é essa? Faz quase uma hora que vocês saíram pra comprar os meus remédios!
-Filho... senta que a mãe precisa te contar o que aconteceu.
-Ai, mãe... tá me assustando... fala!
-Nós fomos sequestrados.
Marcelo se apavora.
-O que? Pelo amor de Deus, mãe! Esses caras querem que a gente pague resgate?
-Eles já foram embora. O Vicente deixou o celular em casa. Localizem a gente pelo gps porque o Vicente precisa de um médico, ele levou um tiro de raspão!
-Meu Deus do céu! Ele tá bem?
-Tá, mas a gente não sabe onde tá. Localizem onde a gente tá pelo gps e mandem um médico e a polícia pra cá, pelo amor de Deus!
-Tá certo, mãe. A gente vai correr atrás disso agora!
-Não venham até aqui. A gente não sabe se eles estão por perto. Deixem a polícia resolver isso!
Marcelo desliga e olha desesperado para Rafael, que se assusta.
-O que tá acontecendo, amor?
-Sequestraram a mãe, o Vicente e o Lúcio! A gente precisa achar eles pelo gps do celular do Vicente que tá aqui em casa!
Os dois correm ao quarto de Riva e Vicente. CORTA A CENA.

CENA 5: Instantes depois, a polícia e uma ambulância chegam ao galpão onde Riva e Vicente estão. Um policial aborda Riva, que começa a falar.
-Eles levaram o nosso bebê! Façam alguma coisa, por favor!
-Primeiramente, se acalme, dona... nós vamos mandar nossos homens efetuarem buscas pela região. Não devem ter ido longe. Se tranquilize. - fala o policial.
Os médicos socorrem Vicente.
-Não me levem pro hospital, por favor! Eu preciso achar meu filho! - implora Vicente.
-Felizmente esse foi um tiro de raspão. Vamos poder fazer a assepsia do ferimento e colocar um curativo. De qualquer maneira, você deve tomar um anti inflamatório para evitar que o ferimento infeccione por uma semana. - fala a médica que verifica o ferimento de Vicente.
A médica efetua a assepsia do ferimento de Vicente e faz um curativo. A imprensa chega e Riva lamenta.
-Poxa vida! Eu devia ter pedido pro Marcelo não falar pra ninguém da imprensa!
-Amor, talvez seja melhor assim. A mídia pode ser nossa aliada pra gente achar o nosso filho... - contemporiza Vicente.
CORTA A CENA.

CENA 6: Marion e Valquíria estão apreensivas.
-Isso é loucura! Como é que vocês aceitam o pedido da Riva e insistem ficar aqui em casa, parados, enquanto o Vicente tá ferido? - indigna-se Marion.
-E o meu bisneto, um bebêzinho, passando por tudo isso? A gente devia ter ido junto da polícia! - protesta Valquíria.
Rafael tenta contemporizar enquanto Marcelo chora, apreensivo.
-Gente, pelo amor de Deus! Vamos raciocinar? Aquela zona é uma zona de risco! Só a imprensa chega lá com alguma segurança! A gente ia se colocar em risco, toda a nossa família em risco? Se dependesse só da nossa vontade, é claro que a gente ia pra lá, mas aquilo é um galpão abandonado numa área tomada por policiais corruptos!
-Por esse lado... você tem razão, filho... - considera Ivan.
-Gente, vocês querem parar de discutir? Tá entrando o plantão na TV, deve ser sobre isso! - fala Mariana.
Chega ao fim o sequestro de Riva Oliveira e Vicente Fernandes. A socialite, sobrinha da atriz Marion Bittencourt, não sofreu ferimentos, embora esteja traumatizada pelo ocorrido. Vicente Fernandes levou um tiro de raspão, mas passa bem e não deve ser levado a um hospital. Mais informações ao decorrer de nossa programação.
-Pelo menos eles estão a salvo... - fala Marcelo, aliviado.
-Vocês não acharam estranho ninguém ter falado no Lúcio? - observa Mariana.
-Ai, filha... vira essa boca pra lá! Não falaram porque os alvos eram os dois! O pior já passou... - fala Marion.
Todos se abraçam, aliviados.
-Daqui a pouco eles devem estar estourando aqui em casa... graças a Deus! - finaliza Rafael.
CORTA A CENA.

CENA 7: Riva e Vicente chegam à delegacia de polícia para prestar depoimento. A delegada de plantão começa a fazer as perguntas.
-Vocês poderiam detalhar como foi esse sequestro relâmpago? - questiona a delegada.
Riva está sem condições de falar e Vicente, percebendo isso, começa a falar.
-Desculpe, delegada. Minha esposa está sem condições de falar. Deixa que eu falo... pra começo de história, não foi um sequestro relâmpago. Não roubaram nosso carro, porque eles já tinham um carro esperando por eles na entrada do galpão. A intenção deles, desde o início, era capturar nosso bebê.
Riva e Vicente choram ao relembrar tudo.
-Certo. E você saberia descrever fisicamente os sequestradores?
-Evidente que sim. O que estava armado é alto, meio acima do peso, branco e de cabelos castanho claros. O outro, que ficou de “segurança” enquanto o sequestro acontecia, é mais baixo e mais magro, também branco e com uma pinta na bochecha direita.
-Ótimo. Você saberia detalhar mais? Podemos fazer um retrato falado deles.
-Claro que posso. Mas já antecipo que eles estavam a mando de alguém. Não quiseram nos dizer quem foi o mandante do sequestro.
-Mesmo assim, senhor Vicente... é importante saber quem são eles, talvez eles sejam foragidos.
Vicente dá a descrição detalhada dos sequestradores. CORTA A CENA.

CENA 8: Raquel, já no apartamento, estranha o fato de Márcio e Suzanne estarem trancados no quarto há tanto tempo. Márcio vai à cozinha tomar água e Raquel percebe sua expressão.
-Que cara é essa, Márcio? Andou passando mal?
-Sim, dona Raquel... acho que comi alguma coisa estragada. Você sabe se tem sal de frutas aqui?
-Claro que tem... na minha bolsa.
Raquel alcança o sal de frutas para Márcio tomar.
-Vou tentar descansar agora. Muito obrigado pelo sal de frutas, dona Raquel...
Raquel estranha expressão de assombro no rosto de Márcio, que volta ao quarto com Suzanne, confrontando-a.
-Viu como seus planos não são tão perfeitos assim, Suzanne? A porra toda já saiu na TV. Se a polícia chega nos caras que você mandou fazer esse serviço sujo, antes de eles fazerem com o bebê o que você mandou, você cai junto deles, sua imbecil.
-Você bem que tá feliz por isso, né? O tempo todo torcendo contra.
-Não se trata de torcer contra, Suzanne, será que você não percebe? Será que não tem dimensão do quão hediondo foi tudo isso? Lúcio é um bebê de colo! Afastado dos pais! Você não tem coração!
-Ah, claro... e você tem, né? Onde é que tava seu coração quando você não fez nada pra impedir que eu entregasse nosso filho pro orfanato? Eu não fiz nosso filho com o dedo, não! Onde é que tava o seu coração quando você não protestou nem fez objeção quando eu te mandei roubar a Riva e deixar ela sozinha, buchuda do ruivinho?
-Não tenta virar o jogo, Suzanne. Você sabe que essa merda vai estourar a qualquer hora e eu não vou precisar fazer nada. Você não vai conseguir tirar o Lúcio da Riva e do Vicente.
-Isso quem decide sou eu. Eu trabalho com todas as possibilidades. Não tenho apenas o plano B... tenho o alfabeto inteiro de planos alternativos. Eu vou dar um jeito de livrar minha cara de qualquer possível acusação.
-Como você sempre fez, por sinal. Isso custou anos da minha liberdade.
-Cala a boca, Márcio. Você tá ficando chato e repetitivo. Deveria levantar as mãos pro céu, porque se não fosse por mim, nem um teto pra morar você teria agora.
Suzanne encara Márcio, triunfante. CORTA A CENA.

CENA 9: Já de madrugada, Riva e Vicente voltam para a casa. Riva ainda não consegue falar.
-Gente, tentem não fazer perguntas à Riva... ela ainda tá muito traumatizada e não tá em condições de falar... - alerta Vicente.
Marcelo abraça a mãe.
-Deixa que eu cuido da minha mãe, Vicente... - fala Marcelo.
Rafael percebe a ausência de Lúcio.
-Gente, cadê o Lúcio? Acho que vocês esqueceram ele no carro... - fala Rafael.
-Gente... não sei nem como começar a dizer. Não esquecemos do nosso filho no carro. O alvo dos sequestradores não era eu, nem a Riva. Eles foram instruídos a levar o Lúcio.
Todos se apavoram. FIM DO CAPÍTULO 65.

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