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quinta-feira, 14 de julho de 2016

CAPÍTULO 52

CENA 1: Todos acompanham, emocionados, a cerimônia de casamento de Vicente e Riva. Suzanne olha com deboche para os dois e Valquíria percebe.
-Sabe, Suzanne... você me parece uma caixinha de surpresas... - fala Valquíria.
-Não estou entendendo, dona Valquíria.
-Não se faça de desentendida. À minha filha e à minha neta você até pode enganar, mas não a mim. Pelo menos tenha a decência de se conter e dominar essa sua cara de deboche, daqui a pouco todo mundo percebe. E não se esqueça que estou com os olhos bem abertos sobre você.
-Isso é uma ameaça, dona Valquíria?
-Eu não sou da sua laia. Não sou do tipo que faz ameaças ou manda recado. Meu papo é direto com você: experimente fazer algum mal pras minhas meninas, experimente! Você não sabe do que sou capaz.
-E você acha que tenho medo de uma velha com doença na cabeça?
-Não me subestime, garota. E fale baixo... você não quer que a sua máscara de boa moça caia agora, quer?
Suzanne encara Valquíria com raiva.
A cerimônia de casamento chega ao final e Riva e Vicente se beijam. Aos poucos, todos vão deixando a igreja e se preparam para ir direto à mansão dos Bittencourt, onde será realizada a festa do casamento, no salão de festas.
-Foi mesmo uma cerimônia emocionante, não foi, Suzanne? - fala Marion.
-Foi sim, querida. Quase chorei com a beleza de tudo... - fala Suzanne.
-Engraçado. Não vejo na sua cara nenhum rastro de emoção... - provoca Marcelo.
-Você não dá sossego mesmo pra mim, não é, garoto? Não sei o que te fiz... - vitimiza-se Suzanne.
-Não se faça de sonsa, Suzanne. Você nem devia estar aqui...
Rafael tenta conter o namorado.
-Marcelo, menos... por favor. A imprensa toda está aqui. Contenha-se, por respeito ao momento da sua mãe! - alerta Rafael.
-Ouça seu namorado, querido. Quanto a eu estar aqui, bem querido... eu fui convidada. Apenas aceitei o convite. E não esqueça que eu ajudei a organizar a festa que estamos indo agora.
-Convites são feitos por cortesia e gentileza. Declinar de convites não é deselegante, sabia, Suzanne? - fala Marcelo.
-Chega, vocês dois! As pessoas já estão começando a olhar... - preocupa-se Marion.
-Minha mãe tem razão. Por que a gente não vai cada um pro seu carro e parte logo pra essa bendita festa? Muitos já foram, inclusive os noivos... - complementa Rafael.
-Vamos. Olha, Marcelo... eu espero sinceramente que você pare com essa implicância besta comigo... - fala Suzanne.
-Se você conseguir parar de dar motivos pra mim, quem sabe eu consiga. Vamos, amor... não vamos nos atrasar pra festa da minha mãe... - fala Marcelo.
Rafael e Marcelo partem para o carro. CORTA A CENA.

CENA 2: Todos já estão na festa em comemoração ao casamento de Riva e Vicente. Quando a imprensa se aproxima, Suzanne instantaneamente aparece e se abraça aos dois.
-Parabéns, meus amados! Vocês merecem tudo de mais luminoso e reluzente nessa vida! - fala Suzanne, forçando uma intimidade e deixando Vicente incomodado e Riva constrangida.
O fotógrafo que está ali resolve tirar uma foto dos três.
-E você, moça? Quem é? Como se chama? Parece ser muito amiga dos noivos.
-Amiga? Amicíssima, diria que sou a melhor amiga dos pombinhos! Me chamo Suzanne. Pode fotografar!
Riva e Vicente ficam perplexos com atitude de Suzanne, mas ficam paralisados diante de sua ousadia. O fotógrafo tira uma foto e a imprensa se aproxima cada vez mais dos três. Vicente se impacienta.
-Que papelão é esse Suzanne? Eu não sou seu amigo... - fala Vicente, ao pé do ouvido de Suzanne.
Riva percebe que precisa controlar a situação
-Vocês dois sosseguem, que tá enchendo de fotógrafo aqui... - pede Riva.
Mais fotógrafos e repórteres se aproximam e pedem declarações aos três, sobre o casamento e sobre a festa. Suzanne segue se dizendo íntima do casal e dando declarações que interrompem constantemente a fala de Vicente e de Riva. Os dois ficam impacientes com a situação. Riva se irrita cada vez mais com Suzanne, mas disfarça. CORTA A CENA.

CENA 3: Instantes depois, com a festa mais avançada e com a presença da imprensa já reduzida, Marcelo e Rafael vão conversar com Riva, que está sentada à mesa enquanto Vicente fuma no pátio da mansão.
-Mãe... como é que você teve estômago e paciência pra aturar aquela cena absurda e interminável que a Suzanne armou com vocês diante dos fotógrafos e repórteres? - questiona Marcelo.
-Eu vi aquilo tudo e fiquei perplexo com a audácia da Suzanne. Que ela é sua amiga e da minha mãe a gente sabe, mas daí a se dizer amiga íntima do Vicente, só porque ele é famoso, foi demais pra mim... - completa Rafael.
-Eu sinceramente perdi a paciência. Na verdade eu fiquei furiosa! Olha meninos, eu gosto da Suzanne, mas que tipo de liberdade o meu marido deu a ela pra ela chegar daquele jeito e tentar roubar a cena de um casamento que nem dela é? A vontade que eu tive, várias vezes, foi de meter a minha mão na cara dela. Só me segurei porque sou fina. - desabafa Riva.
-Eu entenderia se você tivesse feito um barraco, mãe... até eu, que vi a cena de longe, fiquei constrangido e tive vontade de tomar satisfação com a doida... - fala Marcelo.
-Ah, meu filho... você sabe que vontade não me faltou. Mas agora as coisas são diferentes do que eram no começo do ano. Não posso mais me dar à liberdade e ao luxo de fazer o que meu sangue quente pede. Hoje somos pessoas relativamente famosas e estamos cercados de pessoas queridas nossas que são mais que famosas.
-Verdade, mãe... por mais que não fosse nossa intenção, o fato é que pertencemos à alta sociedade carioca... - constata Marcelo.
-É, mas bem que aquela mulherzinha poderia ser colocada no seu devido lugar. Ah, se não tivesse a imprensa aqui hoje... - divaga Rafael.
-Mas tem, meus queridos. A Suzanne sabia disso. Sabe o que eu acho mais maluco nisso tudo? Fico com a impressão que ela sabia de tudo isso e agiu de caso pensado... - constata Riva.
-Sabe o que é que tá acontecendo, mãe? Depois de meses e meses, você tá começando a finalmente abrir os olhos sobre quem se esconde por trás de tanta suposta simpatia e gentileza. - fala Marcelo.
-Marcelo tem razão. Sabe, Riva... eu posso só ter dezenove anos ainda, mas já conheci tudo quanto foi tipo de gente nessa vida. Nos bastidores da TV nem se fala... rola inveja, disputa interna, é um querendo puxar o tapete do outro pra conseguir o destaque que julga merecer... e se tem uma coisa que aprendi faz algum tempo é que não se deve confiar em quem sorri demais, quem agrada demais, quem é feliz e solícito o tempo todo. Essa perfeição toda é fachada, não existe. Como diria Zélia Duncan: “perfeição demais me agita os instintos”. E em mim, desperta desconfiança. Desculpa falar tudo isso, prima... mas acho melhor dizer logo o que penso... - fala Rafael.
-Eu agradeço por vocês estarem sempre por perto pra me tranquilizar. Mas aproveitem que a festa também é de vocês, não é só minha! - fala Riva.
Vicente volta à mesa e Marcelo e Rafael seguem pelo salão. CORTA A CENA.

CENA 4: Instantes depois, ainda com a presença de alguns representantes da imprensa, Haroldo é visto pelos fotógrafos e repórteres e as atenções se voltam totalmente para ele. Rafael e Marcelo percebem que estão mais livres dos olhos da imprensa.
-Rafa... cê tá pensando o que eu tou pensando?
-Hmm... deixa ver se estou em boa sintonia contigo... o pessoal da imprensa tá todo em cima do meu irmão agora e...
-...e a gente podia ir pro pátio, pra você fumar seu cigarro, como quem não quer nada... afinal de contas...
-...não tem ninguém da imprensa no nosso pátio. Vem, Marcelo... vem comigo.
Os dois deixam disfarçadamente o salão e se dirigem ao pátio da mansão. Marcelo resolve falar.
-Mas você podia deixar esse cigarro pra depois, né amor? Não é a todo momento que a imprensa te deixa em paz e você pode ser meu namorado...
-Tá certo. O meu vício maior é em você. O outro pode esperar.
Os dois se beijam e se amam ardentemente enquanto ninguém vê. CORTA A CENA.

CENA 5: No dia seguinte, no início da tarde, Haroldo resolve ir à casa de Cláudio, que o recebe com surpresa.
-Confesso que a última pessoa que eu esperava ver hoje era você.
-Eu sei quando não tem ensaio na companhia de teatro, esqueceu?
-Pois é. Agora tudo faz sentido. Você é filho de um dos patrocinadores da casa... mas por favor, entre.
Haroldo entra e Guilherme não gosta de vê-lo ali.
-Posso saber o que esse falsário tá fazendo aqui? - fala Guilherme, visivelmente irritado. Cláudio fica chocado com a postura do namorado.
-Isso é jeito de falar, Guilherme? Peça desculpas ao Ro... ao Haroldo, agora!
-E eu vou pedir desculpa pra um sujeitinho que até outro dia mentia ser quem não era pra você, Cláudio? Me poupe! - continua Guilherme. Cláudio se impacienta.
-Ele veio me visitar! Não a você. A casa é minha! Recebo quem eu quiser. No mais, ele já foi meu namorado...
-É, mas o seu namorado agora sou eu e eu não quero esse cara vindo aqui!
-Você é meu namorado, não é meu dono. Nunca fui propriedade de ninguém, muito menos de você! Faça um favor a mim e a você mesmo: volte pra sua casa! Hoje eu não quero mais te ver!
-Mas... meu amor, eu não quero brigar...
-É sempre tudo assim: “eu não quero”... você não se cansa de ser controlador? Vá pra sua casa refletir nas merdas que você disse hoje. Pegue suas coisas e saia.
Guilherme olha com raiva para Haroldo. CORTA A CENA.

CENA 6: Valentim, Mara e Raquel estão reunidos no consultório de Valentim.
-Então, Raquel... essas são todas as informações que você tem a passar sobre a sua filha? - pergunta Mara.
-Sim... infelizmente isso é tudo o que tenho a dizer... - lamenta Raquel.
-Não se lamente... - fala Valentim.
-Tudo isso já será de grande ajuda para nós pelo menos iniciar nossas investigações. Como não se trata de nada oficial ainda, essas informações pelo menos nos norteiam. O passado de sua filha Suzanne diz muito sobre como deve ser nossa linha de investigação. Ela apresenta, como já disse o Valentim, os traços de comportamento clássicos de uma psicopata “comum”. Desde matar pequenos animais e torturá-los quando criança a contar mentiras e aplicar pequenos golpes desde a juventude. - fala Mara.
-Mas ainda fico na dúvida. Como é que nós vamos chegar em alguma coisa se minha filha nunca teve sequer uma passagem na polícia?
-Raquel... sua filha não teve, mas o companheiro dela, o Márcio, teve. Chegou a ficar preso por um ano, não foi? - questiona Valentim.
-Foi. Mas vocês sugerem que eu já diga a ele que sou investigadora? Não acho prudente. O Márcio sempre foi um bom rapaz... sinto como se fosse mãe dele. Porém, ele sempre foi cego de amor pela Suzanne... - fala Raquel.
-Não, você não vai dizer nada a ele ainda. Mas talvez para chegar ao passado de sua filha, seja melhor investigar primeiro a ficha criminal do Márcio... - pondera Mara.
-Ele não corre o risco de ser preso de novo, corre? - assusta-se Raquel.
-Não. Ele já pagou pelos crimes cometidos. Quanto a isso fique tranquila – fala Valentim.
-A questão aqui, Raquel, é que se nós analisarmos as ocorrências dessas queixas prestadas contra o Márcio, nós podemos entender melhor o background dos crimes que ele cometeu, provavelmente a mando de Suzanne, sua filha. Chegando nesse ponto do passado dele, chegamos automaticamente no passado dela. - esclarece Raquel.
-Mas isso ainda não é prova cabal de nada contra minha filha, gente. Ela vai continuar a arranjar comparsas e a aplicar golpes, desse jeito... - preocupa-se Raquel.
-É aí que você entra, Raquel. Você não disse que tem uma boa relação, quase que como se fosse de mãe e filho com o Márcio? Então... aproveite-se disso para aos poucos tentar convencê-lo a romper com sua filha, entende? - fala Valentim.
-Isso não vai ser uma tarefa fácil, gente... desde garoto o Márcio é louco pela minha filha... faz praticamente tudo o que ela manda sem questionar. Não vai ser fácil porque nem mesmo depois que ele passou pela prisão ele deixou de ter esse amor, essa devoção pela Suzanne. - fala Raquel.
-Fácil nosso trabalho nunca vai ser, querida. Nós precisamos nos acostumar a observar e a ler as nuances das pessoas... é como se tivéssemos de aprender a manipular, só que pelo lado do bem, a serviço da justiça... - esclarece Mara.
Os três seguem debruçados sobre os papeis impressos das buscas que estão fazendo ao investigar a ficha criminal de Márcio no computador de Valentim. CORTA A CENA.

CENA 7: Cláudio e Haroldo tem conversa difícil.
-Eu não tenho motivos pra mentir pra você numa altura dessas, Haroldo. Senti muita, mas muita raiva de você quando eu soube que Rodrigo nunca existiu. Tive vontade de tanta coisa, de te cobrir de porrada e até mesmo fazer coisa pior. Mas aos poucos o sangue foi esfriando...
-Olha, Cláudio... eu espero que você entenda que a minha intenção nunca foi mentir pra você. Tudo isso foi fugindo do meu controle. Eu fugi da minha família pra proteger a mim e a eles e não podia mais ser o Haroldo. Não era só eu que estava em risco.
-Você já me explicou isso, mas eu sinceramente não entendo. Quais eram esses riscos tão imensos que simplesmente te impediam de dizer quem realmente era? Mas sabe... pelo menos agora tudo faz sentido. Você não queria que nenhum dos meus amigos te conhecesse porque algum deles poderia relacionar as coisas. Da sua maneira torta, bem torta, você me protegeu.
-Eu fico feliz que você tenha entendido isso finalmente. Pensei que nunca entenderia. Eu não perdia a paciência contigo a toa. Eu sei que aquela vez eu peguei pesado quando te agarrei pelo rosto. Me arrependo disso... mas eu tava farto, sobrecarregado. Por um lado a obrigação de manter tudo secreto e do outro lado tinha você me pressionando a dizer coisas que eu nunca poderia dizer...
-E pelo visto continua sem poder. Você tem medo. Deve ser algo muito grave.
-E é, disso você pode ter certeza.
-Posso saber pelo menos o que tinha naquela caixa? Nunca consegui abrir essa maldita caixa, que você deixou cair aqui quando terminou comigo.
-O que tinha naquela caixa faz parte do que eu não posso te revelar. Me desculpe... eu gostaria que me devolvesse, se puder. O melhor que tenho a fazer é destruir essa caixa, queimar, fazer tudo o que tem dentro dela virar cinzas...
-Não se preocupe, Haroldo... eu já fiz isso por você. Já tem algum tempo. Amigos, então?
-Pra sempre! Eu senti sua falta, seu ruivinho atrevido!
Os dois se abraçam.
-Fica pro jantar! Bruno vai fazer aquele risoto de siri que você adora!
-Desculpe, Cláudio... já preciso voltar pra casa. Fica pra uma outra oportunidade.
Os dois se despedem e selam a amizade. CORTA A CENA.

CENA 8: Horas depois, Mateus está no banho e Laura resolve olhar o celular dele e vê um número residencial nas chamadas recentes. Movida por sua intuição, resolve discar de seu celular para aquele número e quem atende do outro lado da linha é “Chefe”, que permanece em silêncio.
-Alô, quem fala aí do outro lado? Desculpe ligar uma hora dessas, mas recebi uma ligação horas atrás desse número e perdi a chamada.
“Chefe”, entretanto, permanece calado e se ouve apenas sua respiração ofegante do outro lado.
-Por favor, você pode me dizer quem é? Eu realmente não conheço esse número nem tenho ele na minha agenda... - continua Laura.
-Você é curiosa demais, moça. Devia aprender a não ir atrás de certas coisas... - diz “Chefe”.
-Olha aqui, se você pensa que vai me intimidar com esse tipo raso de ameaça, tá é muito do enganado. Não sou de me intimidar por um covarde que nem diz quem é!
-Mas eu sei quem você é. E é bom você parar de ir atrás do que não é da sua conta. Você sabe... acidentes acontecem.
-Dá pra pelo menos falar quem você é, seu imbecil? Se você pensa que...
Mateus sai do banho e entende que Laura foi atrás de “Chefe” e arranca o celular de sua mão, desligando imediatamente.
-Por que você fez isso, Mateus?
-Acredite, é pela sua segurança...
Laura encara Mateus, intrigada. CORTA A CENA.

CENA 9: Valentim está prestes a fechar seu consultório e é surpreendido pela chegada de Victor e Diogo.
-Se atrasaram hoje? Bem que notei que o horário do Victor ficou vago...
-Desculpe. Não pudemos vir antes... o fato é que gostaria de levar um papo contigo antes do Victor se consultar com você... - fala Diogo.
Valentim entende o recado e pede para Diogo entrar.
-Valentim, eu preciso te contar detalhadamente algumas coisas.
Valentim se intriga. FIM DO CAPÍTULO 52.

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