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sábado, 30 de julho de 2016

CAPÍTULO 66

CENA 1: Vicente tenta tranquilizar a todos.
-Se vocês estão apavorados, imagina a gente? Tá sendo a pior experiência das nossas vidas. Mas não vai adiantar a gente desesperar agora. Precisamos ter calma, fé e confiar que a polícia vai encontrar o nosso menino. Fé é importante, mas no final das contas, não é Deus quem resolve... são os homens. Precisamos acreditar que tudo isso vai acabar bem.
-A sua força e resignação são admiráveis, Vicente. No seu lugar, eu estaria destroçado... porque já vivi a dor de ter um filho desparecido, por mais de dois anos... - fala Ivan.
-Mas a Riva, coitada... ela tá que não consegue falar! Quanta maldade, meu Deus! Um bebê de colo, levado pelos sequestradores! Não dá pra acreditar... - lamenta Marion.
-Filha... cê não tá ajudando falando essas coisas... não é porque o Vicente tá com essa calma aparente que ele não esteja destruído por dentro... pensa antes de falar, Marion! - repreende Valquíria.
-Ei... não vão brigar por causa disso. Eu entendi a boa intenção da Marion. Agradeço pela preocupação de vocês. Mas infelizmente nesse momento a gente tá de mãos atadas... esperando pelas notícias, que podem ou não chegar.
-Queria poder fazer algo pra ajudar... de verdade. Mas receio que não possamos fazer nada... - lamenta Ivan.
-Vocês já estão sendo maravilhosos de dar esse apoio... vamos confiar que tudo vai dar certo... - finaliza Vicente.
CORTA A CENA.

CENA 2: Na manhã do dia seguinte, Raquel vê pela TV a notícia de que o bebê de Riva e Vicente continua desaparecido após o sequestro da noite anterior. Desconfiada, Raquel resolve ligar para Valentim.
-Oi, Valentim... espero não ter te acordado.
-Não acordou, Raquel. Estou quase indo abrir o consultório, já. Precisando falar sobre alguma coisa?
-Sim.
-Pode falar...
-Você deve estar sabendo do sequestro que a Riva e o Vicente sofreram. Levaram o filho recém-nascido deles. Eu tenho uma leve desconfiança de quem pode ter mandado que esse crime fosse cometido.
-Pois me diga quem é o suspeito que eu avalio a situação.
-Eu desconfio da Suzanne.
-O que? Da sua filha? Tudo bem que ela é uma psicopata, mas ela não é inconsequente. Você acha que ela teria motivos para isso?
-Valentim... pensa comigo. Ela passou a vida inteira aplicando pequenos golpes em várias pessoas, mas nunca voltou para continuar a enganar nenhuma delas. Ela tem uma cisma com a Riva. Márcio já me contou por cima. Essa cisma persiste por mais de vinte anos, desde que ela era uma garota.
-E você faz alguma ideia do motivo que leva a Suzanne a ter essa cisma com a Riva? Porque honestamente isso não se encaixa com o perfil de golpista da Suzanne. O negócio dela é faturar dinheiro através de golpes. Até ano passado, a Riva era pobre... percebe como isso não se encaixa?
-De qualquer forma, Valentim... acho que você deveria dar uma atenção especial a isso.
-Vou levar em consideração. Preciso desligar agora. Nos vemos mais tarde.
CORTA A CENA.

CENA 3: Haroldo e Laura, depois de uma noitada em uma boate, andam pela rua ao amanhecer, levemente embriagados.
-Nossa, Laura, me diverti horrores essa noite!
-O que? Você que não parava de fazer palhaçada na pista! Não conseguia parar de rir!
-Tá vendo como eu não sei dançar? Mesmo assim eu danço.
-Bobo! É dessa cara de pau que eu falo, que é necessária pra fazer teatro. Você é mais desinibido que imagina...
-E você não se cansa de ser essa linda, não? Tá sempre olhando pra mim desse jeito generoso...
-Deixe de ser modesto, Haroldo. Você é um cara incrível. Deveria tratar a si mesmo com mais generosidade... você merece fazer isso por si mesmo.
-Acredite, Laura... eu não sou tão bom quanto pareço ser.
-Engraçado... não é nada disso que eu vejo nos seus olhos.
-Olhos podem enganar. Eu não sou uma boa companhia.
-Como você é bobo, Haroldo. Acha mesmo que vou cair nesse papo? Você é bom, sim! Não me importa o seu passado. Eu sei que você tinha uma identidade falsa e que nesse tempo namorou com meu melhor amigo. Mas também sei que você não fez isso porque quis... eu sinto.
-Laura... você tem curiosidade por coisas que podem ser perigosas. Não sou uma boa companhia justamente por causa disso. Acredite: é melhor manter uma distância segura de mim.
-Você quer essa distância?
-Não quero... mas é preciso.
-E se eu decidir não me afastar? Você não pode me impedir...
-Você é uma força da natureza, Laura...
-Sou? Não sei... mas sei que essa noite ainda não acabou. Foda-se que já amanheceu. Eu quero ir pra praia, você vem comigo?
Haroldo não resiste e segue Laura. CORTA A CENA.

CENA 4: Horas mais tarde, Raquel está no consultório de Valentim, na companhia dele e de Mara.
-E então... alguma novidade sobre minhas suspeitas?
-Olha, Raquel... nós estamos considerando essas suas suspeitas, no entanto nossas buscas estão mais concentradas nos retratos falados que acabamos receber da delegada, dos sequestradores... - fala Mara.
-Entendo seu empenho em auxiliar. Mas talvez nesse momento, Raquel, não seja oportuno levantar essas suspeitas em relação à Suzanne – prossegue Valentim.
-Eu sei, gente... tudo isso é sério. Mas tenho certeza que minha filha tem participação no sequestro da criança.
-Se tem, ela disfarçou muito bem, Raquel. Nada aponta para ela, absolutamente nada. Sequer uma suspeita... - fala Valentim.
-Vocês precisam me ouvir! - protesta Raquel.
-Querida... por favor, contenha-se. A gente entende que você tem seus motivos, mas o momento é delicado e não podemos nos dar ao luxo de trabalhar com suposições. Estamos correndo contra o tempo e o tempo vale ouro pra gente. Precisamos antes de mais nada localizar o filho da Riva, antes que algo pior aconteça com o bebê. Você compreende a gravidade disso, não compreende? Então não leve a mal se não estamos podendo te ouvir agora. Não depende da gente. Estamos seguindo apenas a ordem natural das investigações... - fala Mara.
Raquel fica inconformada. CORTA A CENA.

CENA 5: A imprensa chega à mansão dos Bittencourt e Vicente e Riva começam a falar.
-Estamos aqui hoje para fazer um apelo. Um apelo aos sequestradores que levaram nosso filho. Vocês devem ter família... mãe, pai, ou mesmo filhos. Se coloquem no lugar da gente e imaginem como seria horrível ter um filho ou um familiar sequestrado... - fala Riva, chorando.
Vicente consola Riva.
-Fazemos esse apelo também às autoridades, para que intensifiquem as buscas ao nosso Lúcio. Ele é só um bebê de colo. Precisa de cuidados, pois ainda é um incapaz. Esse apelo é para que as autoridades, que também tem família, lembrem disso. Precisamos saber que nosso menino está bem. - fala Vicente.
O repórter que entrevista os dois se volta para a câmera e começa a falar.
-Como vocês podem ver, a família Bittencourt está arrasada por esse trágico acontecimento. Endossamos o apelo de Vicente Fernandes e Riva Oliveira, para que esse caso seja resolvido rapidamente e da melhor forma. - fala o repórter, solicitando ao câmera que pare a filmagem.
-Então é isso, pessoal. Já filmamos o suficiente. Desejamos muita sorte a vocês e que esse apelo possa chegar às autoridades e aos sequestradores. Toda a sorte do mundo para vocês! - fala o repórter.
A imprensa deixa a mansão.
-Agora é esperar, Riva... esperar que tudo termine bem... - fala Marion.
-Precisamos manter o pensamento firme e acreditar que meu irmãozinho logo vai ser achado... - fala Marcelo, abalado.
CORTA A CENA.

CENA 6: Laura demonstra preocupação pelo que está acontecendo com os Bittencourt.
-Ai, Mateus... que horror tudo isso que tá acontecendo com a mãe do Marcelo... que esse bebê seja logo encontrado e que esteja bem.
-Nem me fala, Laura... nunca imaginei que nossa insegurança na cidade estivesse a esse ponto. Às vezes sinto saudade de Salvador, mas não deve estar muito diferente por lá...
-Verdade. Mas tou me sentindo culpada, Mateus... enquanto toda essa barbárie acontecia, eu e o Haroldo estávamos curtindo a noite na boate, sem fazer a mínima ideia do que tava acontecendo...
-Deixa disso, Lau... vocês não podiam adivinhar o que tava acontecendo. Tinham marcado de sair antes de acontecer tudo isso.
-Mesmo assim... me sinto esquisita com tudo isso. Enquanto a gente se divertia feito dois adolescentes, o mundo tava desabando na cabeça da família dele...
-O Haroldo já passou por muita coisa nessa vida, Laura. Merece esse descanso.
-Você parece saber muita coisa dele, Mateus...
-E sei, mas acredite quando digo que é melhor eu não dizer muita coisa.
-Vocês parecem que estão de combinação, não é possível. Ainda hoje ele me disse que não é uma boa companhia pra mim, que eu devo me afastar.
-Ele tem suas razões. Mas é um cara do bem, nisso você pode confiar.
-Eu sei, querido... eu sinto. Mas algo de muito escabroso deve estar nesse background, pra ele ser tão escondido.
-Laura... sério. Não se mete nisso. Vai ser melhor pra todos nós...
-Às vezes parece que vocês compartilham desses segredos...
-Laura, por favor... não insiste. Vai ser melhor pra nós.
-Já vi que você não vai me dizer nada, mesmo. Pensei que depois de todo esse tempo você tivesse um pouquinho mais de confiança em mim.
-Não se trata de confiança, minha amiga... só quero te proteger.
-Mas proteger do que, Mateus? Você não pode me dizer as coisas pela metade e esperar que eu não tenha dúvidas e questionamentos, entende?
-Você precisa confiar em mim. Confiar no Haroldo também.
-Se eu estou sendo ingênua, eu não sei... mas de alguma forma, eu confio em vocês.
-Ótimo. Tem gente barra pesada que é melhor que você nunca conheça.
Laura fica intrigada. CORTA A CENA.

CENA 7: Suzanne é encurralada por Márcio, que a agarra pelo pescoço.
-O que é isso, cara? Você não mata nem uma mosca!
-Suzanne, chega! Você passou de todos os limites! Você tem que parar essa porra desse sequestro! Lúcio é só um bebê! Eu não vou permitir que ele tenha o mesmo fim do nosso filho. Não vou mesmo!
-Vai fazer o que, imbecil? Me matar? Você não pensa em nada, mesmo, por isso sempre dependeu das minhas ideias pra conseguir a pouca bosta que conseguiu nessa vida. Grande ideia essa sua! Me ameaça pra me pressionar, daí me mata e a coisa fica como? Só eu posso fazer alguma coisa por esse bebê babão!
-Você sabe muito bem que eu não te mataria. Mas você vai ligar agora pros sequestradores. Agora!
-Me obrigue!
-Vai ser desse jeito? Ótimo! Eu ligo agora pra sua mãe e conto que você mandou que o filho da Riva fosse sequestrado. Vai pagar pra ver? Tou com o celular na mão, já.
-Você não teria coragem, tem alta consideração pela dona Raquel, como se ela fosse sua mãe e não minha. Não iria querer causar essa dor no coraçãozinho dela, iria?
-Como você é fria, Suzanne. Mas se engana: eu estou ao lado dela. A verdade pode ser dura, mas deve ser dita.
Márcio começa a discar para Raquel e Suzanne dá um tapa em sua mão, fazendo o celular cair.
-Tá! Eu ligo pros caras! O que você quer que eu mande eles fazer?
-Mande eles devolverem o Lúcio.
-Ficou doido? Assim eles vão ser pegos e eu acabo caindo junto! Você cai comigo, logo na sequência.
-Dá o teu jeito, Suzanne. Você começou tudo isso, você termina. Ou então eu pego o celular do chão e você já sabe...
Suzanne liga para os sequestradores. CORTA A CENA.

CENA 8: Marcelo e Rafael estão no quarto de Riva e Vicente, procurando a certidão de nascimento de Lúcio, quando o celular de Riva toca.
-Alô, quem fala? - fala Marcelo, que atendeu o celular.
-Poderia falar com dona Riva Oliveira? Aqui é da delegacia de polícia.
-Claro! Sou o filho dela, estou levando o celular até ela.
Marcelo e Rafael descem rapidamente.
-Mãe... estão ligando da delegacia pra você. Acho que querem te falar sobre alguma coisa... - fala Marcelo, entregando o celular à Riva.
-Sim?
-Dona Riva... o filho de vocês foi deixado na entrada da nossa DP. Está sob os cuidados de duas enfermeiras e está bem. Vocês podem vir buscar o filho de vocês.
Riva deixa o celular cair e vibra.
-Encontraram o Lúcio! - exclama, emocionada. FIM DO CAPÍTULO 66.

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