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segunda-feira, 1 de agosto de 2016

CAPÍTULO 67

CENA 1: Vicente encara incrédulo a mulher.
-É sério isso, amor? Onde que encontraram ele?
-Eu não entendi nem um pouco direito. A delegada ligou dizendo que o nosso Lúcio foi deixado na porta da DP.
-Será que pegaram os caras que fizeram isso, mãe? - questiona Marcelo.
-Ah, filho, cê acha que me ocorreu de perguntar uma coisa dessas? Seu irmão está bem, está em segurança! Vamo ou não vamo buscar ele? - apressa-se Riva.
-Claro, vamos! - prontifica-se Marcelo.
-Filho... você fica. Sua pele ainda tá cheia de feridas. Nem adianta discutir. Você fica aqui que o seu marido cuida de você.
Instantes depois, Riva e Vicente chegam à delegacia de polícia.
-Delegada, por favor... onde está o nosso filho? - pergunta Vicente.
-Se acalmem, ele já está vindo. Ficou aos cuidados das enfermeiras que chamamos.
As enfermeiras trazem Lúcio e Riva, emocionada, pega o filho no colo novamente.
-Muito obrigada, por tudo o que vocês fizeram! - fala Riva.
-E os sequestradores? Quero olhar bem pra cara dos dois! - fala Vicente.
-Senhor Vicente... infelizmente não temos notícias sobre o paradeiro dos sequestradores que fizeram isso... - fala a delegada.
Vicente se indigna.
-Como assim? Como é que o nosso filho foi resgatado, então? Por extraterrestres? Zumbis? Pelo saci-pererê? - impacienta-se Vicente.
-Se acalme, senhor Vicente. O seu filho foi deixado na entrada da nossa delegacia. Não há testemunhas oculares do momento em que a criança foi deixada. Só foi notada a presença do bebê quando ele começou a chorar. Ele estava em uma caixa pequena, revestida de um cobertor, por dentro.
-Mas ele está bem, não está? - questiona Riva, passando a mão na testa do filho.
-Sim, senhora Riva. Como você pode conferir, ele está ótimo. Não apresentou febre ou nenhuma outra alteração. Tomamos o cuidado de deixá-lo alimentado também... - prossegue a delegada.
-Mas como é que ninguém viu quem foram esses bandidos que deixaram nosso filho aqui? - questiona Vicente.
-Foi tudo muito rápido. Desconfiamos que os homens que sequestraram vocês sequer tenham passagem pela polícia, pois pelo que foi pesquisado em todo nosso banco de dados, os retratos falados não correspondem a nenhum dos apenados e foragidos em nosso cadastro atualizado. É possível inclusive que eles não tenham agido sozinhos, mas como delegada, não posso afirmar nada baseada em suposições. O caso será devidamente relatado para investigadores, para que assim o inquérito tenha prosseguimento e cheguemos à uma conclusão a respeito do que houve. Por ora, o melhor que vocês tem a fazer é aproveitar que estão de volta com o filho de vocês nos braços. Recomendamos que aceitem escolta policial também, pelo menos nos próximos meses. - fala a delegada.
-Desculpe, delegada, mas não consideramos que seja necessária a escolta. Vamos tomar os devidos cuidados... - fala Riva.
-É bom que tomem, mesmo. Procurem andar sempre acompanhados de pelo menos algum familiar e evitem sair à noite, pelo menos enquanto o inquérito não for concluído... - fala a delegada.
-Podemos ir embora com o nosso filho? - pergunta Vicente.
-Claro! E cuidem por onde andam! - finaliza a delegada.
CORTA A CENA.

CENA 2: Inicia-se curta passagem de tempo, onde aparece Márcio tentando se aproximar cada vez mais de Marcelo e aos poucos Marcelo vai cedendo. Na tela, aparece: UM MÊS DEPOIS.
Márcio está almoçando na mansão dos Bittencourt e Marcelo fala sobre sua doença de pele.
-Então, Márcio... desculpe... ainda não consigo te chamar de pai, vou precisar de um tempo pra falar isso com naturalidade.
-Tudo bem, meu filho. Eu compreendo... mas diga o que você queria dizer.
-Então. No meio daquela loucura toda no mês passado do meu irmãozinho ter sido sequestrado, eu descobri que tenho psoríase.
-É mesmo? - espanta-se Márcio.
-Foi bem assustador, no começo. Eu tinha ido com o seu filho pra Angra dos Reis, passar nossa lua-de-mel, enfim... do nada começaram as irritações na pele dele. A gente pensou primeiro que fosse algum fungo, alguma coisa pouca... mas não cedeu, piorou e virou ferida em questão de pouquíssimo tempo... - fala Rafael.
-Pena que vocês tenham tido que deixar a lua-de-mel pra depois. Vejo que você ama meu filho mais que tudo, Rafael...
-Pode ter certeza disso, Márcio. Seu filho é a coisa mais incrível que me aconteceu na vida.
-Mas sabem, meninos... a psoríase foi herdada de mim, pois também tenho... - fala Márcio.
-Sério, Márcio? Mas até onde eu soube, essa minha doença é autoimune... - observa Marcelo.
-Justamente, meu filho... doenças autoimunes geralmente possuem carga genética. Eu não sei se herdei isso de algum familiar meu, porque deixei minha casa ainda garoto. Nunca mais vi meus pais, seus avós. Soube que eles morreram por volta de 2001. Mas a psoríase também pode se iniciar aleatoriamente, causada por algum evento que tenha abalado a gente psicologicamente. Eu manifestei meus primeiros sintomas aos vinte anos... a mesma idade que você tá agora, filho...
-Verdade... não tinha parado pra pensar por esse lado, mas você tem razão. Já tive essas informações nas aulas de biologia, há alguns anos. Mas então isso quer dizer que provavelmente eu herdei a psoríase de você... - constata Marcelo.
-É. Agora vejam vocês... o Marcelo podia ter herdado uma coisinha menos chata de mim, foi logo puxar de mim essa doença chata... - lamenta Márcio.
-Ah, Márcio... deixa disso! Ele é nosso filho biológico, podia ter herdado qualquer coisa de mim também. - contemporiza Riva.
-A Riva tá é certa. Você não vê nosso Lúcio? Ele tem a mesma falha na sobrancelha esquerda que eu. Já de bebêzinho dá pra notar... - observa Vicente.
-Vocês estão sendo tão legais comigo! Às vezes me pergunto se mereço tudo isso. Fiz muita besteira no passado... - fala Márcio.
-Não importa quem você foi no passado. Importa quem você é agora... - finaliza Marcelo.
CORTA A CENA.

CENA 3: Horas mais tarde, Bruno, Laura, Marcelo e Rafael vão ao restaurante almoçar com Cláudio e Guilherme.
-Bem que a gente podia fazer isso todo dia, né? Além de ótimo, esse restaurante é super barato e o atendimento é bem ágil. Cabe direitinho no nosso intervalo dos ensaios na companhia... - observa Laura.
-Né não? Achei até que o Haroldo ia estar aqui hoje, vocês quase não desgrudam mais... - observa Rafael.
-Ah, amor... deixa eles! Eles só estão ficando, não nasceram grudados um no outro... - fala Marcelo.
-Quem diria que depois de todas essas voltas que o mundo dá, meu ex que hoje é meu amigo, ia acabar ficando com minha melhor amiga... - divaga Cláudio.
-Essa vida é mesmo uma coisa muito louca, né? Até um ano atrás mais ou menos, jamais pensei que a gente fosse voltar a se falar, muito menos ser namorados... - fala Guilherme, apaixonado.
-Esse almoço... essa reunião gostosa entre amigos... tá certo que a gente se vê praticamente todo dia, mas enfim... tudo isso tá me dando umas ideias... - fala Cláudio.
-Ih, viada. Fala logo que eu detesto quando a senhora começa com essas meias palavras cheias de mistério... - brinca Marcelo.
-A senhora é debochada mesmo, viu viado? Mas falando sério...
-Antes que você continue, Cláudio, só queria dizer que você é o melhor amigo que tenho na vida. Pronto, era só isso mesmo, agora pode continuar falando porque eu só queria interromper a sua fala pra te ver bravinho! - brinca Bruno.
-É o deboche mesmo, viu? Mas voltando... eu andei pensando em tudo. Sobre como o Guilherme tem buscado ser o melhor que pode ser pra mim... e andei considerando o que a gente andou conversando nos últimos tempos. Resolvi que esse é um bom momento pra falar uma coisa... melhor dizendo... aceitar uma coisa. Ou melhor ainda: propor algo que deixei pendente e indeterminado. Guilherme, você ainda quer casar comigo? - fala Cláudio, surpreendendo a todos.
-Claro que eu quero! Esperei tanto por esse momento! Eu caso com você hoje, amanhã e sempre! - vibra Guilherme.
Bruno sofre e Laura, Marcelo e Rafael percebem o sofrimento do amigo. CORTA A CENA.

CENA 4: Instantes depois, quando todos já estão pagando a conta do restaurante, Laura e Marcelo acompanham Cláudio à porta do restaurante, enquanto Rafael, Bruno e Guilherme ainda pagam suas comandas.
-Migo... vai me desculpar, mas o que foi aquele momento que ninguém tava esperando? A gente veio almoçar super de boa aqui e no meio da coisa toda cê pede o Guilherme em casamento! - fala Marcelo.
-Ai, viado... eu andei pensando bem em todas as coisas que a gente viveu nos últimos meses. O fato de ele ser esquizofrênico não é um problema e seria muito egoísmo da minha parte abandonar ele pra fugir de cuidar dele quando ele precisa...
-Engraçado, Claudinho... às vezes parece, pelo jeito que você fala, que você tá fazendo tudo isso porque acha que tem alguma obrigação moral com ele... como se ninguém nesse mundo pudesse cuidar dele, quando o bicho pega. Desculpa falar, mas não me parece que você tá tão certo assim de que quer se casar com ele... - fala Laura.
-Cês querem fazer o favor de falar baixo que daqui a pouco ele e os meninos podem aparecer aqui? - alerta Cláudio.
-Cláudio... a gente se preocupa com você. Nem eu nem a Laura esquecemos o tanto que esse cara te fez sofrer no ensino médio...
-Marcelo, as pessoas mudam. Você não viu como ele se esforça em ser agradável com todos nós? Aquele Guilherme sádico do ensino médio não existe mais...
-Tudo bem, Cláudio, você tem razão. Mas você parou pra ver como a sua atitude feriu o Bruno? Viu como ele ficou triste e fez o possível pra não demonstrar isso pra nenhum de nós? Ninguém nessa vida te ama como ele... - fala Laura.
-Já tomei minha decisão, gente... não sou de voltar atrás. Agora vamos mudar de assunto que eles estão chegando, por favor.
Os seis partem do restaurante. CORTA A CENA.

CENA 5: Horas mais tarde, Suzanne vai à mansão dos Bittencourt visitar Riva e Marion.
-Andou sumida, Suzanne... - observa Riva.
-Muita correria. Depois, aquela situação horrorosa que vocês viveram mês passado deve ter deixado todo mundo muito traumatizado...
-E deixou a todos nós bastante assustados, de fato... mas estamos tomando os cuidados necessários, recomendados pela polícia... - continua Marion.
-Que bom, queridas. Hoje minha visita é rápida, praticamente visita de médica. Vocês ficaram sabendo de um evento baladadíssimo que vai ter semana que vem? Estão contando com a presença de toda a elite carioca. Estou com os convites de vocês aqui e se eu fosse vocês, eu iria...
-Obrigada, querida. Mas não garantimos que vamos aceitar. Vamos pensar bastante a respeito e consultar os investigadores se será seguro. O sequestro do meu bebê ainda tá muito recente e o inquérito ainda está em andamento... - fala Riva.
-Façam esse esforço em ir. Vai valer a pena poder relaxar, curtir uma boa festa e se acalmar, sabendo que mal nenhum há de acontecer. Bem, agora se vocês me dão licença, preciso ir. Tenho de cobrar o pagamento de alguns alunos das minhas aulas de etiqueta...
-Espere, Suzanne... agora que percebi que você está com aquela gargantilha linda de novo. Deixa eu ver? - fala Riva, disfarçando sua desconfiança.
-Queridas... estou com pressa. Outra hora eu compro uma igual pra você, Riva, prometo.
Suzanne sai apressada e Riva fica desconfiada. CORTA A CENA.

CENA 6: Já de volta ao teatro, mas antes de retomar os ensaios, Cláudio percebe que Bruno ainda está ali.
-Bruno... você não tinha que estar no seu trabalho uma hora dessas?
-Ih, Cláudio... pelo visto sua cabeça anda longe, mesmo. Tenho folgas às segundas, esqueceu?
-Ai... é verdade. Desculpa se esqueci. É que foram muitas emoções. Você viu como o Guilherme ficou feliz?
-E você, Cláudio... está feliz por pedir ele em casamento?
-Claro que estou. Por que não estaria?
-Não é o que os seus olhos dizem...
-Bruno, o Guilherme pode ouvir essa conversa. Melhor parar por aqui.
-Tudo bem. Eu só gostaria de deixar claro que eu não desisti de você. Não desisti de nós dois. Você pode negar, fugir, mentir pra si mesmo... mas eu vejo nos seus olhos que você não ama Guilherme. Ele é uma pessoa boa, que precisa de amor, carinho e cuidados... mas lembre-se que você não é o salvador do mundo. Pense primeiro no que você está fazendo da própria vida.
Bruno vai embora antes que Cláudio possa responder e Cláudio fica pensativo. CORTA A CENA.

CENA 7: Horas mais tarde, Laura chega em casa e flagra Mateus pensativo.
-Oi, Mateus... tudo bem com você?
-Tudo, Laura... e com você?
-Comigo tudo ótimo... mas eu podia jurar que você tá com a cabeça longe. Parece preocupado, inclusive.
-E por um lado tem razão. Eu ando tenso... preocupado com algumas coisas que andam acontecendo. Ou melhor... que andam não acontecendo.
-Ai, seu bobo... tá preocupado porque ninguém te chamou pra fazer alguma participação na emissora? Se eu fosse você nem ficava chateado... agora você tem um contrato de dez anos com a emissora, não mais por obra. Tá recebendo o seu salário direitinho...
-Antes fosse só isso, Lau... são coisas que não posso dizer.
-Ah, entendi... de novo sobre aquela montoeira de segredos que você e o Haroldo tem em comum, acertei?
-Sim. Mas você precisa parar de perguntar sobre essas coisas, Laura.
-Posso saber de pelo menos um motivo que me impeça? Querido, a gente é amigo, você pode confiar em mim!
-Em você eu confio. Não confio é em quem pode te fazer algum mal.
-Essas suas meias palavras me deixam agoniada. Assustada também...
-Acredite, Laura: eu quero falar a verdade, mas não posso.
Laura olha para Mateus, preocupada. CORTA A CENA.

CENA 8: Na casa de Cláudio, Guilherme demonstra empolgação ao falar dos planos para o casamento.
-Sabe, amor, eu tava pensando que a gente podia fazer uma festinha bem simples pra depois do casamento, só com os amigos... podia ser aqui ou no salão de festas do meu prédio. Também tava pensando na lua-de-mel... o que você acha da gente passar duas semanas na Holanda? Você precisa conhecer aquele país... é o melhor país que já estive em toda a minha vida! Ah, também tava pensando que a gente podia se mudar depois do casamento pro meu apartamento, que é cobertura e tem quase o dobro do tamanho da sua casa... - divaga Guilherme, animado.
-Querido... eu imagino o quanto você esteja empolgado com tudo isso, mas sinceramente eu não sei se quero deixar de morar aqui. Essa casa é minha desde que eu usei a herança dos meus pais para financiar a compra dela. É meu único bem concreto nessa vida. Além disso, gosto muito de morar aqui. Pra mim não faz muita diferença morar em Santa Tereza ou em Copacabana... espero que não faça diferença pra você também. A gente vai ter tempo ainda de planejar tudo bonitinho pro casamento, pra festa e pra lua-de-mel... a Holanda é uma boa ideia, mas a gente precisa mesmo sair do Brasil?
-Você tá certo. Depois, não sei se meu psiquiatra me liberaria pra passar tanto tempo sem acompanhamento...
-Justamente, Guilherme.
-Mas e a data do casamento? Eu tava pensando que a gente podia se casar daqui um mês.
-Menos, amor... bem menos. Eu mal te pedi em casamento. A gente vai ter tempo de pensar nisso tudo. Fui eu que te pedi em casamento.
-É, mas eu tinha te pedido antes, lá atrás...
-Eu sei. Mas mesmo assim, querido... deixa que eu decido a melhor data pra gente se casar, ok? A gente ainda vai conversando sobre isso, mas não decida nada sem me consultar, tá bom?
Guilherme e Cláudio se beijam. CORTA A CENA.

CENA 9: Mateus está saindo do banho e se preparando para dormir quando seu celular toca e ele atende imediatamente.
-Quem é vivo sempre aparece, não é mesmo, chefe?
-Deixe de gracinha, Mateus... o assunto é sério.
-Estranho... até onde me consta eu estou com a conta zerada com você. Não sou mais seu trabalhador. Achei que você me deixaria em paz.
-Você deve estar se achando muito especial. Não deixei nem o cagão do Haroldo em paz! Por que te deixaria? Tou te avisando pra dar um jeito de parar a sua ex namorada ou ela morre!
Mateus se aterroriza. FIM DO CAPÍTULO 67.

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