CENA 1: Raquel se interessa
pela confissão de Márcio.
-Pode falar tudo, querido.
Desde o começo. Eu aguento cada mínimo detalhe de todas as verdades
que você souber sobre ela. Sei que ela é uma psicopata e estou
preparada.
-Está mesmo, dona Raquel?
-A cada dia que passa no meu
ofício, eu vejo cada coisa que você não tem ideia. Estou
preparada, meu filho... pode falar.
-Vou desde o começo...
-Por favor, meu querido. Desde
o começo!
-A primeira vez que a Suzanne
me enganou foi quando ela disse que a senhora tinha deixado a gente
sair junto. Fazia meses que eu tava morando com vocês, lembra? Pois
então... quando a gente voltou daquela saída, a senhora estava
furiosa esperando por nós e ela jogou toda a culpa em cima de mim. A
senhora, como mãe, obviamente acreditou nela naquele momento. Eu
tentei me manter afastado da Suzanne, mas ela nunca parou de me
seduzir. Eu acabei me apaixonando de verdade por ela e ela começou a
me manipular... e a manipular a senhora junto.
-Eu lembro de tudo isso,
querido. E te peço perdão pelas vezes que te fiz dormir fora de
casa... você não merecia aquilo.
-Enfim... quando a Suzanne
engravidou, ela só me contou quando eu notei a barriga dela, numa
noite em que... bem, nós estávamos transando. Ela disse que ia
tirar o bebê e eu perguntei de quantos meses ela estava... ela me
disse que de três meses e eu não permiti que ela fosse a uma
clínica clandestina de aborto. Eu quis contar pra senhora sobre a
gravidez dela, que eu ia ser pai e a senhora ia ser avó... mas ela
me proibiu. Eu quis tanto te dizer tudo isso, dona Raquel! Mas ela
ameaçava fugir, pra eu nunca mais ver ela nem nosso filho. Durante
os meses da gravidez dela eu fiz de tudo para convencer ela a ficar
com nosso filho, a assumir essa criança, a te deixar conhecer o seu
neto... ela sempre ameaçou sumir no mundo caso eu não fizesse tudo
exatamente do jeito que ela queria. Em noventa e seis a Riva
engravidou de mim e eu liguei desesperado pra Suzanne, de madrugada.
Ela era a única pessoa que eu tinha na vida, além da senhora. Ela
então disse que eu devia roubar a herança da Riva e fugir,
abandonando ela. Eu não queria fazer isso... eu queria conhecer meu
filho Marcelo, mas mais uma vez ela ameaçou sumir no mundo. Por amor
a ela, eu aceitei tudo isso, mais uma vez.
-Meu Deus, Márcio... Suzanne
não tem escrúpulos... nunca teve! Por mais que isso não me
surpreenda, fico triste, talvez decepcionada...
-Mas se prepare, dona
Raquel... que tem mais. A Suzanne sempre veio com um papo maluco de
que a Riva não merecia nem viver porque ela era fruto de uma
traição. Nunca entendi direito porque ela dizia isso. Mas o fato é
que quando ela descobriu que eu havia conhecido a Riva e achado ela
atraente, vindo pro Rio depois de tentar me reconciliar com meus
pais, ela me mandou seduzir a pobre coitada. Disse que eu tinha que
ajudar ela a destruir a Riva de uma vez por todas. Nunca entendi os
motivos da Suzanne... ela só dizia que odiava o fato da Riva ter
nascido e que se eu amava ela, eu tinha que fazer exatamente o que
ela me mandou fazer. Mas parece que no momento que eu contei a ela
sobre a gravidez da Riva, rolou uma espécie de desistência, sabe?
Ela mandou eu roubar a herança e eu peguei junto uma gargantilha de
ouro da Riva. Nós fugimos pra Niterói e passamos alguns meses
vivendo do dinheiro da herança que ela mandou eu roubar. Mas ela
queria mais, ela queria luxo, ela queria ostentar. Foi então que ela
me convenceu a saquear uma loja de grife no shopping. Foi quando eu
fui preso, no dia seguinte, porque as câmeras de segurança me
identificaram. Ela ficou com tudo o que roubei e eu assumi tudo
sozinho, porque não queria ver a Suzanne presa. Ela sequer me
visitou nos meses que cumpri pena... mas acabei voltando pra ela.
-Pelo menos quando você
voltou da penitenciária eu te acolhi. Acho que eu não teria me
perdoado se não tivesse te dado um teto depois de tudo. Eu não
sabia de tudo isso, meu querido! Minha própria filha fazendo tudo
isso, meu Deus!
-E ela fez muito mais. Tem
coisas que eu não participei, coisas que não lembro, mas sei que
ela começou a se especializar em aplicar golpes. Sempre se
utilizando do seu carisma, do seu charme, para enganar homens ricos.
Conseguiu arrancar muita grana deles assim e ainda conseguiu sair
ilesa de tudo, sem nunca ter sido sequer denunciada. Ela usou
centenas de identidades falsas, dona Raquel... centenas! E não é
exagero. Além disso ela mudava de visual o tempo todo, para não ser
reconhecida pelas vítimas anteriores. Assim ela continuou a aplicar
esses golpes. Nunca machucou ninguém, mas se apossou de verdadeiras
fortunas. Chegou a casar com um magnata... depois fugiu com toda a
grana dele e me prometeu uma vida de luxo. A gente até viveu bem por
um tempo, mas logo ela disse que estava pobre de novo. Balela! Ela
apenas deixou de me entregar o dinheiro. Quando a Riva ficou rica e
isso virou notícia no Brasil inteiro, por ela ser sobrinha da Marion
Bittencourt, ela decidiu agir de novo... dessa vez diretamente. Eu
nunca entendi essa cisma da Suzanne com a Riva... ela nunca voltou a
aplicar golpes nas mesmas pessoas, mas parece que o negócio dela com
a Riva tem mais coisa... mas ela nunca me explica direito o que é...
só diz que ela devia estar vivendo a vida que a Riva leva e que vai
conseguir tirar tudo dela, assumir o lugar da Riva, na sociedade e na
vida das pessoas. Eu não sei o que está por trás disso, mas
confesso que fico com medo quando ela fala disso... e ela mandou
sequestrar Lúcio, o bebê.
-E de fato isso parece um
tanto assustador. Não é típico de uma pessoa psicopata cismar com
uma pessoa por tanto tempo. Geralmente pulam de galho em galho,
aplicando golpes. Precisamos saber o que há por trás disso. Uma
coisa é certa: essa cisma da Suzanne com a Riva não é gratuita...
tem razão de ser. A questão é entender e descobrir qual é essa
razão... antes que algo pior aconteça.
-Você realmente acredita que
ela chegaria ao ponto de fazer alguma crueldade contra qualquer
pessoa?
-Sinceramente eu não sei, meu
querido... mas essa cisma toda com a Riva me leva a pensar numa
infinidade de possibilidades. Não sabemos o que motiva essa cisma...
sabemos apenas que ela existe.
-E o que a senhora vai fazer
agora que já sabe de tudo?
-Não posso fazer nada,
Márcio. Infelizmente nenhuma dessas informações interessa à
polícia. Não há provas a não ser a sua palavra e ao contrário
dela, você teve passagem pela polícia... já foi um apenado. Ela
tem a ficha limpa e isso complica demais as coisas.
-O que você sugere que eu
faça, diante disso?
-Que denuncie ao
investigadores. Eu como mãe dela não posso participar diretamente
disso. Pelo menos, não oficialmente.
-Você teria coragem de mandar
sua própria filha pra cadeia?
-E por que não? Criminoso é
criminoso, independende de quem seja. Se eu fosse você, falaria com
Valentim ou Mara. Se quiser, eu passo o contato dos dois.
-Não, mãezinha... por
enquanto não. Eu não sei se tenho coragem de denunciar a única
mulher que amei em toda minha vida...
-Márcio, Márcio... uma hora
você vai precisar tomar essa decisão.
-Mas não agora... eu preciso
de mais tempo.
-Tudo bem, querido...
Raquel afaga os cabelos de
Márcio.
-Eu vou conseguir, dona
Raquel. Eu prometo.
CORTA A CENA.
CENA 2: Mateus está inquieto
e toma a decisão de ter uma conversa definitiva com Laura e Haroldo.
-Gente... desculpa se
interrompo o momento de vocês, mas minha consciência já ficou
pesada demais por muito tempo. Se for pra eu falar a verdade, eu
preciso contar toda essa verdade... - fala Mateus.
Laura se assusta.
-Ai viado... fala logo que
você já tá me deixando assustada!
-Em primeiro lugar, eu só
peço que vocês não me julguem. O que eu vou falar é algo que me
envergonha demais, mas que acima de tudo, eu me arrependo
profundamente deter feito. - fala Mateus.
-Por favor, Mateus...
continue. Sei que vai ser importante pra você. - fala Haroldo.
-Há algum tempo atrás, há
quase um ano, eu fiz merda. Merda das grandes... movido pela inveja,
pelo desejo de pegar atalhos e tirar do meu caminho quem eu
considerava ameaça. Antes de dizer o que eu fiz, eu quero dizer que
me arrependi de coração, não é mentira. E é por isso que eu peço
que não me considerem um monstro. O fato é que eu fui o responsável
indireto pelo acidente que Rafael e Marcelo sofreram ano passado,
saindo das gravações da novela. Felizmente eles se safaram ilesos,
mas fui eu que pressionei o “Chefe” pra ele mandar homens dele
sabotarem o carro do Rafael. Tudo o que eu sei é que os cabos de
freio foram cortados e assim, Rafael perdeu os freios.
Laura se enfurece com Mateus e
o estapeia.
-Você podia ter causado a
morte de duas pessoas, Mateus! Você tem alguma noção do que isso
significa?
-Laura, por favor! Eu pedi pra
não julgar! - reclama Mateus.
-Mateus... essa reação da
Laura é uma coisa natural. Eu mesmo me segurei pra não te dar um
sopapo agora. Não se trata de julgar você, cara... esquece isso.
Acontece que o que você fez foi crime. Dá cadeia. E o agravante
disso tudo são as motivações pra esse crime, você compreende a
gravidade disso? - fala Haroldo.
-Eu só posso pedir perdão a
vocês... - fala Mateus, chorando.
-Não, Mateus... não é a
mim, nem ao Haroldo que você deve pedir perdão. Em primeiro lugar,
deve aprender a perdoar a si mesmo. Em segundo lugar, deve contar
toda a verdade ao Rafael, que foi a maior vítima desse seu plano
absurdo, insano e que beirou a crueldade. Depois de contar a verdade
a ele, quem sabe você possa pedir perdão a ele e, mesmo assim, vai
ser bem compreensível se ele não te perdoar e ainda te meter a mão
na cara. Você tem noção que tanto ele quanto o Marcelo poderiam
ter morrido naquele acidente? Tudo isso por causa de um capricho!
Porque você se sentia desprestigiado dentro da emissora. Sabe o que
isso lembra? O caso do Guilherme de Pádua. Megalomania de sobra,
talento de menos! Não que você não tenha talento, ah... droga,
você me entendeu! - fala Laura.
-Eu entendo se você me quiser
fora dessa casa, Laura... - fala Mateus.
-Apesar de tudo, você é meu
amigo. Nosso amigo. Você não vai a lugar nenhum. Amanhã nós
conversamos melhor sobre tudo isso, pode ser? Vai ser melhor pra nós
conversarmos de cabeça fria. - finaliza Laura.
CORTA A CENA.
CENA 3: Enquanto Cláudio toma
um banho, antes de dormir, Bruno e Guilherme assistem TV na sala.
-Bruno... você se incomoda se
eu te disser uma coisa, assim... sem ofensas?
-Não me incomodo... pode
falar, Guilherme. Que assunto é esse?
-Eu nem sei direito como te
dizer, sabe? Você se revelou um bom amigo com o tempo e...
-E...?
-E eu não queria que você
pensasse mal de mim, mas... o fato é que falta pouco pro meu
casamento com o Cláudio... e isso me levou a pensar em algumas
coisas, alguns ajustes que devem ser feitos.
-Que ajustes seriam esses,
Guilherme?
-Bruno... entenda que eu não
tenho absolutamente nada contra você, mas convenhamos que morar no
mesmo teto do meu futuro marido é um tanto quanto... estranho, né?
-Entendi onde você quer
chegar. Só que eu não sei se você se lembra de um detalhe,
Guilherme: eu já tinha ido embora dessa casa, tava morando em um
apartamento alugado. Estaria morando ainda lá se o dono não tivesse
chegado de surpresa exigindo o apartamento de volta imediatamente.
Não estou aqui por opção e você sabe muito bem que não é
qualquer lugar nessa cidade que tem o aluguel barato.
-Desculpe se te fiz entender
errado, querido. Não leve a mal o que eu disse.
-Não estou levando a mal. Mas
também não posso fazer milagre, entende?
-Por que você não passa um
tempo no meu apartamento? Ele é meu, não precisa pagar aluguel e eu
mesmo me encarrego de pagar condomínio, essas coisas...
-Eu agradeço, mas não posso
aceitar, Guilherme. Mas fique tranquilo... eu sei que esse casamento
é importante pra você. Amanhã mesmo vou dar um jeito de ver o que
posso fazer.
-Não precisa ter pressa de
sair daqui, também.
-Não estou com pressa... só
entendo que talvez eu esteja sendo inconveniente nesse momento. Eu
falo com o Cláudio amanhã, sem falta.
CORTA A CENA.
CENA 4: Na manhã do dia
seguinte, Laura se acorda antes de Haroldo e chama Mateus pra
conversar.
-Bem... acho que agora já
estamos de cabeça fria o suficiente pra terminar nossa conversa.
-Olha, Laura... eu realmente
entendo sua reação. Você é ariana, afinal. Mas eu sei que mereci
aqueles tapas.
-Já passou, Mateus... você
sabe que não sou do tipo ressentido. Não tem espaço pra rancor ou
mágoa dentro de mim. Só que eu preciso falar sobre algo sério com
você.
-Sobre o que?
-Sobre o fato de que isso é
caso de polícia. E que por mais que eu seja sua amiga queira o seu
bem, você deve pagar por isso.
-Você está sugerindo o que
tou pensando?
-Não tem outra saída, meu
amigo... você precisa se entregar à polícia. Nem que seja pra
assumir sozinho a sabotagem, pra se livrar das ameaças do “Chefe”.
-Eu preciso de um tempo pra
tomar coragem ainda...
-Você tem todo o tempo do
mundo, meu amigo. Não vou te forçar a nada. Mas acho que você deve
se entregar e confessar o crime.
CORTA A CENA.
CENA 5: Horas mais tarde,
Laura procura Valentim no intervalo de seus ensaios.
-Espero não estar tomando
muito do seu tempo.
-Nada, Laura. Imagino que você
queira falar por algum motivo sério.
-Bem... o fato é que o Mateus
contou realmente tudo o que você havia apurado antes nas
investigações. Mas houve outra conversa depois disso e... bem, ele
confessou um crime.
-Um crime? Me explica isso,
Laura.
-Foi ele o mandante, o mentor
da sabotagem do carro do Rafael ano passado.
-Sério, isso?
-Seríssimo, Valentim. Ele deu
detalhes de como a coisa foi. Recorreu ao chefe, que mandou homens
dele fazerem o serviço.
-Eu sabia desde o ano passado
que o carro de Rafael havia sido sabotado, mas até o momento não
tínhamos nenhuma pista sobre quem teria feito isso.
-Talvez nem venham a ter. São
tantos homens nessa facção... o que importa é que o mentor desse
crime foi o Mateus. Ele confessou e disse estar muito arrependido.
Sugeri que ele se entregue à polícia, mas ele disse que precisa de
tempo.
-De fato, Laura... só a
confissão dele diante de um delegado pode fazer com que ele pague
por isso.
-Valentim... você acha que o
Mateus pode ser o chefe?
-De jeito nenhum! Me
surpreende que você pense isso dele. Ele fez besteira? Fez. Mas não
teria sangue frio e nem demonstra ser uma pessoa sádica...
-Menos mal. Bem... eu vou
lanchar antes que não dê tempo.
Laura deixa o camarim. CORTA A
CENA.
CENA 6: Marcelo acorda
sobressaltado por ter ouvido ruídos do lado de fora de casa. Rafael
se sobressalta com Marcelo se levantando rapidamente.
-O que foi, amor? Justo na
nossa soneca da tarde?
-Eu juro que ouvi barulho lá
fora. Podia jurar que tem gente lá fora.
-Não me assusta, Marcelo...
você acha que estão tentando invadir nossa casa?
-Espero que não, mas acho bom
a gente olhar isso de uma vez.
-Cuidado, amor... eu vou
contigo. Não dá pra sair de sopetão de dentro de casa. Vai que são
bandidos?
-Calma... a gente vai descendo
e vendo se tá tudo em ordem, qualquer coisa a gente chama a polícia.
Os dois descem lentamente e
encontram Riva, Vicente, Marion, Mariana, Ivan e Valquíria
conversando normalmente na sala, ouvindo música.
-Gente... vocês não ouviram
nada lá fora? Podia jurar que fizeram barulho do lado de fora de
casa. - fala Marcelo.
-Não ouvimos nada... mas
vamos verificar se está tudo em ordem. - fala Vicente.
Todos vão para fora da casa e
se deparam com uma pixação, onde se lê em letras garrafais: O
DESTINO DE TODOS OS GAYS É O INFERNO E NÓS VAMOS APRESSAR ESSA
VIAGEM
Marcelo e Rafael ficam
chocados e amedrontados, enquanto são amparados por todos. CORTA A
CENA.
CENA 7: Márcio se surpreende
com Raquel chegando mais cedo.
-Ué, dona Raquel... não era
pra senhora estar na delegacia?
-Fui liberada mais cedo hoje,
querido. A delegacia teve de fechar mais cedo por questões de
segurança, depois de uma falsa bomba ter sido colocada lá. As
investigações internas estão correndo, mas para isso a delegacia
precisa estar fechada.
-Que gente bem à toa...
-Acontece com mais frequência
do que você imagina, Márcio. Mas mudando de assunto... sabe o que
eu pensei?
-O que?
-Já parou pra pensar que uma
pessoa que adoraria saber de toda a verdade sobre a Suzanne seja a
Riva?
-Pensar eu pensei, mas... fico
com medo da reação dela, sabe? Nem tanto pela Suzanne, mas que ela
fique amedrontada demais. Afinal de contas, por culpa da Suzanne o
Lúcio foi sequestrado e o Vicente levou um tiro de raspão.
-De qualquer forma ela precisa
saber dessa verdade, não?
-Você tem razão, mãezinha...
mas como vou contar?
-Indo à mansão, ora bolas.
Nada te impede de ir numa casa onde você é bem vindo e é
considerado praticamente da família... e de certa forma é, por ser
pai do Marcelo.
-Eu sei de tudo isso, mas não
sei por onde começar a contar tudo a ela.
-Pelo começo, meu filho. Você
vai saber como contar a verdade a ela. Se soube contar pra mim, que
sou a mãe da Suzanne, você vai precisar encontrar coragem dentro de
você para contar pra Riva, que é alvo potencial da Suzanne.
-Fico ainda dividido com tudo
isso. Não só pela Riva, mas por saber o quanto o Cláudio soferia
por saber que espécie de ser humano a mãe dele é.
-Cedo ou tarde ele vai acabar
sabendo quem é a mãe dele, não vai? Que seja por você, de uma
forma certa... e não da pior forma, sabendo pelos outros e ficando
decepcionado com você outra vez.
-Você tá quase me
convencendo a ir lá hoje mesmo, mãezinha...
-E o que te impede de ir lá,
Márcio? Vai! Depois, se tudo der certo, vai ser melhor pra todo
mundo já ir ficando alerta em relação à Suzanne.
-Não, dona Raquel... eu
prefiro falar somente pra Riva... penso até em pedir segredo a ela,
se ela topar manter segredo.
-Faça como você achar que
deve, meu querido. Só não deixe de contar a verdade... é
importante dizer.
-Eu vou ainda hoje lá... só
vou tomar uma chuveirada e me arrumar.
CORTA A CENA.
CENA 8: Eva e Renata estão
voltando para a casa quando percebem um grupo de pessoas seguindo
elas.
-Que gente esquisita,
Renata... parecem aqueles crentes.
-Eu acho que são justamente
crentes... mas quando vê, eles só estão voltando de algum culto,
né?
As duas seguem andando e estão
próximas de casa, até que uma das mulheres pertencentes ao grupo
começa a gritar.
-Degeneradas! O lugar de vocês
é no inferno! Vocês mereceram ser estupradas! Que pouca vergonha,
duas lésbicas! Nem sendo estupradas aprenderam a gostar de homem!
Renata perde a paciência.
-Acho muito curioso vocês
viverem essa vida dedicada a esse “Deus de amor” que vocês tanto
falam. Amor pra cá, amor pra lá... mas tudo o que vocês sabem
fazer na vida é espalhar ódio!
-Não somos nós que odiamos!
É Deus que abomina criaturas abjetas como vocês! Tá na palavra!
Leiam a Bíblia! Ou vocês vão acabar mortas! - grita a mulher.
Eva e Renata chegam em casa,
se esquivando do grupo fundamentalista. CORTA A CENA.
CENA 9: Márcio chega à
mansão dos Bittencourt e é bem recebido por todos.
-Queridos... eu sei que talvez
seja abuso da minha parte pedir isso a vocês, mas... eu poderia
conversar só com a Riva por uns instantes? - fala Márcio.
-Que isso, pai! Claro que
pode! - fala Marcelo.
-Só não tou entendendo o
porque... - fala Riva.
-Eu te explico melhor quando
estivermos a sós... - fala Márcio.
-É, mas não se esquece que o
marido dela tá aqui! - brinca Vicente.
Riva vai com Márcio até o
escritório.
-Então, Márcio... o que há
de tão importante que só pode ser comigo?
-Eu vou te contar toda a
verdade sobre meu passado. Isso significa que vou te dizer quem é a
mãe do Cláudio.
FIM DO CAPÍTULO 88.
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