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sexta-feira, 5 de agosto de 2016

CAPÍTULO 71

CENA 1: Valentim segue o homem suspeito de ser o “Chefe”, mas este começa a dobrar por direções opostas várias vezes em sequência.
-Será que esse pilantra me percebeu? Não é possível! Estou a quase cem metros dele! Tem mais gente nessa rua! Bem, talvez ele costume fazer isso para despistar quaisquer possíveis perseguidores...
O homem chega numa rua sem saída e entra numa casa aparentemente abandonada. Valentim observa de longe.
-Então é esse o QG alternativo do “Chefe”. Claro! Ele precisa de um plano B caso seguissem ele até Copacabana...
Valentim entra na casa, que está com a luz da sala acesa. Procura pelo homem suspeito de ser o “Chefe” olhando para os lados, mas escuta um barulho de porta se fechando. Intrigado, procura saber de onde vem o barulho e vai até os fundos da casa, localizando uma porta de saída, trancada. Olha para as janelas e estas estão trancadas por pedaços maciços de madeira.
-Essa porta foi trancada agora! Foi por aqui que esse sujeito saiu! - conclui Valentim.
Valentim escuta outro som de porta fechando e percebe que está trancado dentro da casa.
-Desgraçado! Me trancou pra poder me despistar!
Valentim sente um cheiro de gás vazando.
-Peraí... tem gás vazando aqui! Esse sujeito quer me matar!
Valentim volta à cozinha e vê que o cano do gás foi cortado com uma canivete.
-Esse sujeito sabia que eu tava seguindo ele o tempo inteiro! Ele pensou nessa emboscada antes, claro! Passou na frente do prédio do meu consultório porque sabe que sou investigador! Esse bandido fez tudo de caso pensado e ele quer me eliminar pra se livrar de ser pego!
Valentim começa a se desesperar, mas logo tenta se acalmar.
-Calma, Valentim... não é a primeira nem a décima vez que você sofre uma emboscada nesses anos todos...
Valentim procura pela casa janelas ou portas que possam ser facilmente abertas, mas encontra tudo trancado com pedaços maciços de madeira.
-Esse sujeito tá mesmo determinado a me eliminar. Tou vendo que não vai ser nada fácil sair daqui...
Valentim começa a se sentir sonolento pelo efeito do gás.
-Merda... tou começando a intoxicar... merda, merda, merda! Pensa, Valentim... pensa rápido enquanto ainda te resta força bruta!
Valentim vai até um quarto e encontra um pé de cabra.
-Amadores... o babaca esqueceu justo de um pé de cabra...
Valentim tenta destruir a porta de entrada, sem sucesso.
-Merda... tou ficando fraco!
Valentim olha para a janela ao lado da porta e entende o que deve ser feito.
-É isso! Como é que não pensei nisso antes?
Valentim quebra os vidros da janela e respira o ar puro que vem da rua.
-Não foi dessa vez, “Chefe”. Você ainda vai ser pego, nem que seja daqui dez anos, mas vai terminar atrás das grades!
Valentim chuta o pedaço de madeira que estava na janela, quebrando-o ao meio e sai da casa abandonada.
CORTA A CENA.

CENA 2: Na manhã do dia seguinte, Valentim convoca reunião com Procópio, Raquel, Mara e Laura na companhia de teatro, antes que ela seja aberta para os demais atores. Todos chegam e Procópio abre o teatro, fechando logo em seguida para que eles possam se reunir sem perturbações.
-Bem... primeiramente eu gostaria de pedir desculpa por ter feito vocês praticamente madrugarem para estarem aqui mais cedo. Infelizmente esse é o único momento do dia que temos segurança suficiente para tratar de assuntos sérios. - fala Valentim.
-Então... nós chamamos vocês, Procópio, Raquel e Laura, porque ontem o Valentim demorou muito a chegar em casa. Como vocês sabem, estamos juntos e eu me mudei para a casa dele. Saí mais cedo ontem do consultório e passei rápido na Polícia Federal, para conduzir uma acariação. Depois disso fui para casa e esperei por Valentim. Que ele costuma demorar às vezes é normal, afinal de contas quem saiu mais cedo fui eu. Só que o que aconteceu ontem foi algo gravíssimo... - fala Mara.
-Pelo visto deve ter sido um imprevisto bem assustador, pela expressão de vocês... - observa Raquel.
-Estou assustado, gente... podem explicar o que está acontecendo? - preocupa-se Procópio.
-Eu sei mais ou menos o que aconteceu... quer dizer, suponho... mas fala, Valentim. - fala Laura.
-O “Chefe” definitivamente sabe quem somos nós. Ontem, assim que fechei o consultório, eu o vi andando do outro lado da rua. Não pensei duas vezes em seguir pra ver onde ele ia. Ele deu várias voltas até que chegou numa rua sem saída e nessa rua sem saída, havia uma casa aparentemente abandonada. Esperei um tempo para entrar nessa casa que ele havia entrado antes e fui vítima de uma emboscada. Ele sabia desde o começo que eu o seguiria, fez tudo de caso pensado. Trancou a casa inteira com pedaços maciços de madeira nas portas e janelas, mas antes cortou o cano do gás, com a intenção de me eliminar, para assim ficar livre para agir e comandar os homens de sua facção. Foi por muito, muito pouco que me livrei dessa emboscada.
-Isso é assustador, Valentim! Mas nem de longe surpreendente. Depois que os homens dele me raptaram exclusivamente pra me meter medo e me mandar ficar longe de qualquer investigação, não me espanta que o “Chefe” em pessoa tenha tentado te apagar. - fala Laura.
-Vamos precisar mudar nossas estratégias. Vamos seguir colaborando mutuamente para que essas investigações cheguem nele. Mas agora sou eu, Valentim e Raquel, que somos ligados à Polícia, que nos reuniremos fisicamente para tratar desses assuntos no consultório dele. Vocês, Laura e Procópio, quanto menos forem vistos com a gente fora desse teatro, mais seguro será pra vocês. Vamos manter contato e vamos seguir orientando, mas nesse momento precisamos mudar a tática, porque ele está atrás de todos nós! - alerta Mara.
CORTA A CENA.

CENA 3: Horas depois, Rafael e Marcelo vão à companhia de teatro e esperam Laura e Cláudio saírem pro intervalo. Laura e Cláudio ficam felizes de ver os amigos ali.
-Que bom que vocês vieram! Justo hoje meu namorado resolveu me abandonar, ó como sofro... - brinca Laura.
-Até parece que você não sabe que vira e mexe, meu irmão dorme mais que a cama... - fala Rafael.
-A gente veio contar uma novidade maravilhosa. Sabe a próxima novela das onze, escrita por aquela maravilhosa da Patrícia Peron? Vai ter o Rafa nos primeiros capítulos, interpretando o vilão na primeira fase! E sabe quem ligou pra ele? A própria Patrícia Peron! - vibra Marcelo.
-Tá vendo como eu tenho um marido que fala as coisas tudo na minha frente? - fala Rafael, fingindo-se de contrariado.
-Eu fico muito feliz por vocês. Nunca sonhei com a TV, mas sei que esse é um passo muito importante pro Rafa... - fala Cláudio.
-Os conservadores vão ter que segurar esse forninho! - vibra Laura.
Todos riem.
-Mas hein, gente... deixa eu falar uma coisa. Acreditam que eu fui diagnosticado com psoríase também? - fala Cláudio.
-É o que? Viada, e tu ainda teve coragem de brigar comigo aquela vez! Tá vendo como a gente é quase irmã? Até na doença auto imune a gente combina! - fala Marcelo, tentando animar Cláudio.
-Ai viada, a senhora é debochada mesmo, viu? Mas me fala... demorou pra sumirem as irritações da sua pele quando o tratamento foi iniciado?
-Naaada, mulher. Foi questão de menos de duas semanas e minha pele tava um pêssego de outro mundo!
Todos seguem conversando e Laura olha desconfiada para Cláudio e Marcelo. CORTA A CENA.

CENA 4: Marion chama Riva para conversar.
-Não entendi você ter me chamado pra falar a sós... é algo que o Vicente não pode saber?
-Não, sua boba... mas de qualquer maneira eu acho melhor eu ter essa conversa com você primeiro pra você poder contar sobre a novidade pro Vicente e pra todo mundo depois...
-Mas que novidade é essa, Marion?
-Eu recebi uma mensagem, do diretor da próxima novela das seis, ele na verdade queria falar com você, mas não tinha o seu contato e pediu pra eu transmitir: você foi convidada para participar do elenco dessa próxima novela. Claro, vai precisar ainda do teste de elenco pra ver como se sai e tudo mais...
Riva não acredita nas palavras de Marion.
-É sério, isso? Depois de trinta e cinco anos me chamaram pra ser atriz? Me belisca! Eu só posso estar sonhando!
-Pois não está, Riva... o seu sonho pode acabar se tornando realidade!
Riva abraça Marion, emocionada.
-Tanta coisa tá me passando pela cabeça agora, Marion! Lembra da gente lá em Barra de São João, ainda menina, implorando pra minha mãe pra deixar a gente brincar de teatro escondido da vó?
-Eram tempos difíceis, querida... mas acreditávamos naquele sonho. E agora o seu antigo sonho pode se tornar realidade, como já se tornou para minha mãe...
-Quem diria que a vó ia se tornar essa pessoa doce e realizada... se me falassem isso há vinte e cinco anos, eu jamais acreditaria...
-Agora pode ser a sua vez. O teste elenco é daqui algumas semanas. Força na peruca, mulher!
As duas se abraçam novamente. CORTA A CENA.

CENA 5: Horas depois, Márcio está na mansão dos Bittencourt, visitando o filho e conversando animadamente com ele e com Rafael.
-Mas você nem sabe da última, Márcio... digo, pai: sabe quem foi diagnosticado com psoríase também? - fala Marcelo.
-Não faço ideia, filho... ainda sei pouco sobre as pessoas que você conhece.
-Você já deve ter me ouvido falar sobre meu melhor amigo, né? Que chegamos a ter uma briga feia há algum tempo e tudo mais... pois bem, é o Cláudio, cê acredita? Foi diagnosticado tem pouquíssimo tempo...
-Que coisa, filho... mas será que o que desencadeou a psoríase dele foi stress ou fator genético?
-Aí é que a coisa complica pro lado dele, Márcio... é mais fácil ele acreditar que foi algum stress do passado do que pelo fator genético.
-Por que? Ele perdeu contato com os familiares?
-Desde sempre. Ele nunca conheceu a família biológica. Os pais dele, que morreram num acidente quando ele tinha catorze anos, adotaram ele quando ele ainda era um bebê de colo, entende? Nunca esconderam isso dele e o Cláudio sempre lembra deles com muito amor. Ocorre que agora, diante da psoríase, ele só pode acreditar que tenha causas no stress, porque ele não faz a mínima ideia de quem são os parentes biológicos dele. Podem até estar mortos também ou nem serem daqui...
Márcio desconfia que Cláudio seja seu filho perdido, mas nada diz para Marcelo e Rafael. CORTA A CENA.

CENA 6: Horas depois, toca a campainha na mansão dos Bittencourt e Haroldo atende a porta.
-Mateus? O que você veio fazer aqui, cara?
-Então, Haroldo... você podia chamar seu irmão aqui? Eu preciso muito ter uma conversa com ele...
-Tudo bem... vou chamar o Rafa... você se incomoda de esperar aqui na sala?
-De jeito nenhum... tá ótimo assim.
Haroldo chama Rafael, que em poucos instantes aparece.
-O que você veio fazer aqui, cara? Olha, se for pra reclamar do meu papel na próxima novela das onze, você que ligue pra Patrícia Peron em pessoa, porque foi ela que me convidou!
-Não, Rafael... não é nada disso. Eu vim aqui desarmado... você pode se desarmar pra me ouvir?
-Hmm... tá. Diga logo o que te trouxe aqui.
-Eu vim te pedir perdão pelas merdas que eu fiz pra te prejudicar. Hoje eu percebo com clareza que eu agi errado... que cada um de nós merece o próprio lugar ao sol. Eu queria saber se a gente ainda pode ser amigo.
-Talvez eu seja um panaca, mas a gente pode ser amigo, sim. De alguma forma eu sinto que seu arrependimento é sincero. Tem mais coisa que você esconde, mas não cabe a mim questionar. Confesso que senti falta do seu humor ácido...
-E eu senti falta de implicar com essa sua mania de ser sempre o fiel da balança de tudo! Você me desculpa pelas merdas que eu fiz pra conseguir meu emprego fixo na emissora?
-Já tá no passado. A gente vive o agora, Mateus... deixa de frescura e dá cá um abraço!
Os dois selam a amizade. CORTA A CENA.

CENA 7: Horas depois, Renata e Eva dormem tranquilamente em sua casa, até que o sonho de Renata aparece. Nesse sonho, Renata anda com Eva pela rua tranquilamente, até que começa a enxergar vultos. Ao olhar para os lados, os vultos desaparecem e Eva ignora os apelos de Renata para elas irem para um local seguro. Eva insiste que a rua é segura e fica a dançar leve pelas ruas. Renata tenta relaxar com a imagem de Eva leve e feliz, mas logo sente novamente a presença de vultos rondando as duas. Decidida a acreditar que aqueles vultos não são capazes de fazer mal nenhum, Renata segue, no sonho, a observar os passos leves da dança de Eva e resolve ir em sua direção, para também participar da dança. No entanto, antes que Renata consiga tocar Eva, os vultos se tornam homens que agarram Eva à força. Renata tenta lutar com os homens e acaba também sendo dominada por eles.
Renata acorda suada e dando um grito. Eva se sobressalta.
-O que foi isso, amor? Teve um pesadelo? - questiona Eva.
-É a terceira vez que tenho esse mesmo pesadelo. É horrível! Parece real...
-Para com isso, Renata... mal nenhum pode ser maior que nós duas juntas...
-Eu realmente espero que nunca mal nenhum possa nos atingir. Esse pesadelo é horrível!
-Ainda bem que foi só um pesadelo. Eu vou pegar uma água com açúcar pra você, tá? Procura ficar tranquila, amor... sonhos ruins acontecem. Mas tá tudo bem!
Eva sai do quarto e Renata fica apreensiva. CORTA A CENA.

CENA 8: Na manhã do dia seguinte, Diogo acompanha Victor num consultório particular.
-Eu tou com um pouco de receio, Diogo... será que essa nova psicóloga vai me ajudar mais?
-É por isso que estamos vindo aqui. Pesquisei muito antes de chegar nesse consultório e o Valentim me ajudou muito nesse processo. As recomendações sobre a doutora Marlise são as melhores. Não vamos também diminuir o valor da sua terapia anterior, mas enquanto você estiver precisando de ajuda, a gente troca de terapeuta quantas vezes for necessário. Não importa o dinheiro que eu gaste nisso... importa é que você fique cada vez melhor.
-Sinceramente eu não vi essa necessidade toda de trocar de terapeuta. Eu sei que minhas recaídas são um transtorno, mas tanto o Valentim quanto os psicólogos salientam que isso é algo que se espera durante o primeiro ano do tratamento...
-Eu sei, amor... mas não custa nada a gente buscar o que é melhor pra você. Não foi você mesmo que disse que não se sentia livre na outra terapia?
-Nem um pouco, Diogo... em vez de respeitarem meu tempo de conseguir as coisas, eu notava mais um olhar julgador, esperando que eu fizesse avanços largos em pouco tempo e me censurando se eu relatasse minhas recaídas. Se o interesse era lutar pelo meu melhor, não entendi direito essa necessidade que tinham de cobrar de uma maneira tão sufocante que eu me torne a pessoa mais calma do mundo do dia pra noite...
-Justamente por isso, Victor. Profissionais também são seres humanos e podem estar sujeitos a erros. Pelo que falam sobre a Marlise, ela é a melhor terapeuta nesse sentido.
A psicóloga abre a porta de seu consultório.
-Ouvi falar no meu nome? Espero que tenha sido pro bem... você deve ser o Victor, não é? Pode entrar...
Victor entra e Diogo faz sinal de força. CORTA A CENA.

CENA 9: Suzanne segue Márcio no restaurante do hotel.
-Resolveu tomar café da manhã misturado com o povão, Márcio? Quem te viu e quem te vê...
-Vá se foder, Suzanne. Eu tava tentando justamente não ter que olhar pra essa sua cara nessa hora da manhã.
-Você já foi mais gentil comigo, Márcio. Pelo visto aquele seu filho tá mesmo virando a sua cabeça.
-A única pessoa que me virou a cabeça esses anos todos foi você, Suzanne. Minha vida poderia ter sido outra, bem melhor, se eu não tivesse seguido você por onde quer que você fosse. E você brinca com o perigo, tira a joia que é da Riva da penhora e fica ostentando. Sabe o que isso vai causar? Sua fuga! Você tem que deixar o Brasil!
FIM DO CAPÍTULO 71.

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