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quinta-feira, 11 de agosto de 2016

CAPÍTULO 76

CENA 1: Cláudio permanece olhando com convicção para Guilherme.
-Isso é sério, Cláudio? Posso confiar?
-E por que não haveria de confiar?
-Até ontem você tava incerto... inclusive me deixou destruído por dentro quando me disse que não tinha certeza de que queria casar comigo...
-É, eu sei. Mas isso ainda assim não justifica essa sua tentativa de suicídio.
-Você ficou zangado comigo?
-Não. Definitivamente eu não teria razões pra ficar zangado. Eu sei que você se sentiu abalado demais, que por um momento achou que não tinha mais razão de viver. Mas entenda, meu querido: eu não posso, não devo e não vou te abandonar. Eu vou me casar com você.
-Você não tomou essa decisão só por causa disso, tomou?
-Não vou mentir, Guilherme... influenciou bastante na minha decisão. Mas não foi o que determinou... você sequer deu tempo de eu raciocinar direito, já tirou conclusões precipitadas, como o típico geminiano que é...
-Desculpa, amor... não respeitei seu tempo. Sei que você é de processos mais lentos que os meus...
-Não peça desculpas. Por um lado isso foi bom... entendi o quanto você precisa de mim. É por isso que acabou o que me restava de incerteza...
-Você vai mesmo se casar comigo? Eu posso confiar nisso?
-Pode e deve. O que eu posso fazer para provar que estou disposto a dividir a vida com você, pelo resto dos nossos dias?
-Você quer mesmo que eu diga? Posso te dizer sem que isso te deixe chateado comigo?
-Guilherme... por favor, fale. Eu já entendi que nem tudo nessa vida gira em torno do meu mundo e você me faz entender isso todos os dias...
-Então eu quero uma data pro nosso casamento.
-Era isso? Eu marco sim, querido. Inclusive, se você quiser decidir, fique à vontade.
-Não, Cláudio... eu não me sinto na liberdade de decidir isso depois desse sufoco todo que eu te fiz passar...
-Bem... já que você prefere assim... cabe a mim marcar a data do nosso casamento. O que você acha da gente ir agilizando os papeis e oficializar nossa união daqui um mês?
-Um mês certinho? Amor, era tudo o que eu queria!
-Então tá mais que decidido, Guilherme. Nós casamos em um mês.
Guilherme vibra e abraça Cláudio, emocionado.
-Você não tem ideia do quanto esperei por isso. Acho que o dia mais feliz da minha vida vai ser o dia que a gente casar de verdade! Eu quero uma festa daquelas, com direito a tudo! O que você acha, amor?
-Olha, querido... você sabe que não sou muito disso. Masse te faz feliz, é o que a gente vai fazer. Como você pensa na festa?
-Ah, eu penso num festão! A sua casa é grande, maior que meu apartamento... pensei em a gente chamar todos os seus amigos, conhecidos, parentes, cachorro, papagaio... todo mundo. E fazer uma daquelas festas regadas muita comida, bebida boa e muita música pra todo mundo dançar, se divertir e compartilhar com a gente a felicidade desse nosso momento!
-Então tá decidido. Vai ser exatamente assim. Agora vamos de uma vez que chega de hospital por um bom tempo!
Os dois deixam o hospital. CORTA A CENA.

CENA 2: Assim que chegam em casa, Guilherme faz uma sugestão a Cláudio.
-Sabe, Claudinho... eu tava pensando numa coisa que a gente podia fazer hoje, se não for muito abuso da minha parte...
-Se você não me disser eu não vou saber te dizer se é abuso ou não... pode me falar, no que você andou pensando?
-Eu sei que essa coisa toda da merda que eu fiz tá recente demais, mas eu pensei que seria uma boa ideia a gente chamar uns amigos pra jantar aqui com a gente hoje, pra já anunciar que a gente vai casar daqui um mês, sabe...
-Sei... e quem você acha que seria bom chamar pro jantar, caso eu tope fazer?
-Bem... como eu só tenho de amigo mais próximo o Bruno, chama ele... e chama também o Marcelo, o Rafa... a Laura, o Haroldo que tá namorando ela agora, até mesmo o Mateus, que parece estar mais gente boa agora...
-Em outros tempos eu acharia essa sua ideia um tanto sem pé nem cabeça, mas... sabe que eu adorei a sugestão? Sinto saudade de jogar conversa fora com a Lau e com o Marcelo... vai ser bom chamar todo mundo aqui.
-Então vai ter esse jantar hoje?
-Claro que vai! Agora é torcer pra que todo mundo possa vir.
-Então acho melhor você já ir avisando eles... acho bom já ir mandando as sms...
-Nem vai ser preciso. A gente participa do mesmo grupo no whatsapp. Fica fácil de eu dar o aviso geral e todos eles vão acabar lendo...
-Melhor ainda! Assim eles já vão respondendo se vão poder vir ou não.
-Ó, o Haroldo já respondeu dizendo que pode, o que significa que junto dele vem a Laura.
-Maravilha!
-Agora é esperar pra ver se o resto do pessoal vem também. Enquanto isso a gente pode ir no supermercado comprar as coisas. Tou pensando em fazer um strogonoff de carne de soja, esse daí é sem erro que todo mundo gosta!
-Então vamos de uma vez, daqui a pouco já anoitece.
Os dois partem ao supermercado. CORTA A CENA.

CENA 3: Marion chama Riva para conversar.
-Nossa, pensei que o Lúcio não dormia mais. Como tem fome esse meu filho! - fala Riva.
-Você não viu nada. O Rafael quando era bebêzinho, não me deixava fazer absolutamente nada. Bastava eu virar as costas e ele abria o berreiro. Motivo? Tava sempre com fome.
-Imagino, viu? Com o Marcelo não foi muito diferente. Mas nesses vinte anos que se passaram eu tava meio desacostumada com essa função toda. Cansa, viu?
-Ah, mas é um cansaço gostoso, né?
-Ô, se é! Mas me diga... por que você me chamou pra conversar?
-A gente precisa conversar sobre o Márcio...
-Ai, Marion... se até eu percebi que o tempo só fez bem pra ele, que ele tem mudado e se tornado uma pessoa, especialmente pro meu filho, o que você poderia falar sobre ele que eu não saiba?
-Na verdade, nem eu sei. A gente não sabe quase nada sobre como foram esses últimos vinte anos na vida dele.
-Sim, mas é um direito não querer tocar em certos assuntos que podem ser dolorosos pra ele. Nenhum ser humano gosta de lembrar que já foi parar na cadeia, convenhamos...
-Riva... você não acha esquisito que, conforme ele foi vindo mais aqui, nos visitar, a Suzanne foi tomando chá de sumiço? Agora ela inventa essa viagem pra Paris... você não percebe alguma ligação nisso?
-Ai, Marion... sinceramente? Não. Será que isso já não é um pouquinho de paranoia sua?
-Pode ser que seja. Mas eu acho curioso. Já reparou que toda vez que alguma de nós toca no nome da Suzanne, seja em qual for assunto, ele fica sem jeito? Parece que fica constrangido, sem saber o que falar ou fazer...
-Não percebi nada disso, Marion. Mas se você percebeu, deve ter sido apenas coincidência. É meio natural que ele fique meio desconfortável com nossos papos de mulher, não é?
-Riva... como é que você pode ser tão esperta e tão safa pra certas coisas e tão ingênua, quase infantil, pra outras?
-Não entendo isso, Marion... eu me considero uma boa observadora...
-Tá vendo, Riva? Pior é que se eu te disser tudo o que passa na minha cabeça sobre essa possível ligação entre os dois, você vai dizer mais uma vez que sou paranoica. Sinceramente eu prefiro que você perceba sozinha certas coisas. Vai ser melhor assim...
-Só me responda uma coisa: você acha que a gente corre perigo com o Márcio?
-Isso eu não acredito. Percebo que ele se tornou um bom homem. Mas a gente não sabe com que tipo de pessoa ele já se relacionou nessa vida... melhor manter os olhos atentos. Bem, eu preciso sair pra fazer compras. Outra hora a gente fala melhor sobre isso...
CORTA A CENA.

CENA 4: Após o jantar na casa de Cláudio, Bruno, Marcelo, Rafael, Haroldo e Laura conversam animadamente diversos assuntos, até que Marcelo pede licença.
-Guilherme, eu posso roubar seu noivo por um segundo? Preciso conversar umas coisas meio... ehm, íntimas com ele, sabe? - fala Marcelo.
-Claro! O melhor amigo é todo seu! - fala Guilherme, animado.
Cláudio vai com Marcelo até seu quarto.
-Só não entendi porque você pediu um particular comigo, Marcelo...
-Cláudio, você tem noção do tamanho da encrenca que tá se metendo? Eu nunca pensei que viveria pra ver você marcando a data de casamento com o Guilherme e ainda nos convidando pra festa...
-Eu nem vou rebater tudo isso, Marcelo... tou cansado e não tiro sua razão. Você conheceu o outro lado do Guilherme. Tem seus motivos pra não ir com a cara dele.
-Não é isso, Claudinho... o que é do passado fica no passado. A questão é que eu percebo que quem você ama é o Bruno. E tá na cara que o Bruno também é doido por você. Tá estampado isso no olhar dele...
-Ai, viado... eu sei de tudo isso. Mas eu terminei com ele, lembra? Nunca fui sujeito de voltar atrás nas decisões que tomo na vida.
-É, mas não se esquece que um dia essa teimosia já te fez muito mal. E pode continuar a te fazer mal se você não conseguir se livrar dessa maldita teimosia taurina...
-Você sabe que não é tão simples como parece amadurecer da noite pro dia.
-Justamente por isso que eu te pergunto: você tá casando com o Guilherme por pena dele ou pra fugir do Bruno? Porque, francamente... não vejo outra explicação.
-Marcelo... acho melhor a gente parar por aqui. Não é bom tocar em certas feridas...
CORTA A CENA.

CENA 5: Horas depois, Laura e Mateus se preparam para dormir.
-Poxa, achei que o Haroldo ficava aqui hoje pra dormir com você.
-Ah, melhor ficar pra outra hora. Esse convite pro jantar na casa do Cláudio foi tão em cima da hora que nem deu pra pensar direito no depois... mas sabe que eu tava pensando em outra coisa, Mateus?
-No que, exatamente?
-Em como o Cláudio e o Marcelo são parecidos. Parecem irmãos, já reparou?
-Ah, não acho tudo isso, Laura... só porque eles são ruivos?
-Também. E os dois tem psoríase. Só que além disso, eu acho os traços dos rostos deles parecidos. Você não acha?
-Ah, Laura... até aí não tem nada demais. O tipo de rosto deles é bem comum entre brasileiros...
-Pode ser, mas às vezes fico impressionada que, além de eles serem melhores amigos, sejam tão parecidos. Parece coisa do destino, sabe?
-Besteira. Não se lembra daquele estudo científico que diz que as pessoas costumam se aproximar de quem se assemelhe fisicamente com elas mesmas?
-Mas Mateus, aquele estudo era com outra finalidade e o foco desse estudo era em casais, não em grupos de amigos ou melhores amigos. De qualquer forma, acho curioso eles se parecerem tanto e eu só ter começado a reparar nisso nos últimos tempos...
-Enfim... tou podre de cansado. O papo tá ótimo, mas preciso dormir. Até amanhã, Laura.
Mateus vai dormir e Laura fica pensativa. CORTA A CENA.

CENA 6: Valentim e Mara estão debruçados sobre a investigação sobre a facção em casa, quando Mara percebe uma informação valiosa.
-Valentim... acho que acabei de encontrar uma informação decisiva sobre o “Chefe”.
-Sério? Me mostra isso!
-Observe bem as movimentações financeiras dos últimos anos na empresa fantasma que abriga a facção: reparou que uma vez a cada seis meses há uma doação de dinheiro vindo de Glenn Colenutt? Só que eu fiz uma pesquisa desse registro civil e não existe nenhuma pessoa no mundo inteiro batizada com esse nome. Trata-se de um nome fictício, nem chega a ser identidade falsa. Quem recebe as doações de dinheiro na “empresa” cadastrou esse nome para despistar qualquer eventual investigação.
-Isso já é uma informação e tanto. Agora, falta a nós saber a origem desse dinheiro, pra sabermos se ele é lícito ou ilícito.
-A certeza é que é ilícito. Resta saber de onde sai tanto dinheiro...
-É, Mara... o cerco parece que tá começando a se fechar pro lado desse “Chefe”. Estamos chegando perto...
-É, mas ainda tem muito chão a ser percorrido. Essa informação sozinha não nos revela nada sobre a possível identidade dele e não altera nossa lista de suspeitos.
-Melhor a gente deixar isso pra amanhã, senão a gente nem dorme.
Os dois se recolhem. CORTA A CENA.

CENA 7: Na manhã do dia seguinte, Suzanne surge ainda cedo na mansão dos Bittencourt.
-Bem, queridos... eu espero não estar incomodando.
-Que isso, Suzanne! Você é de casa, não incomoda nunca! - fala Riva.
-É uma pena que os meninos não estejam aqui...
-Ah, sabe como é... cada um com suas ocupações... tenho que curtir meu bebê que logo essa folga acaba, afinal de contas fui chamada pra ser atriz e logo começo a trabalhar também...
-Menina, fiquei passada quando você me contou disso! Quem diria que você, em menos de um ano, chegaria onde chegou? Rica, casada com o homem da sua vida, com filho bebê e agora prestes a virar atriz. A vida foi mesmo generosa contigo, hein Riva?
-E não é? Às vezes fico até tonta com a velocidade que tudo isso chegou na minha vida, mas me conta: o que te trouxe aqui tão cedo?
-É que eu deixo o Brasil hoje, no começo da noite. Vim deixar os convites, separei um pra cada um de vocês, pro evento de despedida. Menina, vai ser um festão daqueles! Como a coisa foi planejada meio de última hora, organizei tudo com o pessoal do hotel que moro aqui no Brasil. Vai ser lá no salão de festas, que como você sabe, é colossal!
-Ah... que pena! Acho que pelo horário da festa, só eu, o Vicente e a Marion vamos poder ir. Marcelo vai começar a se preparar pra uma participação rápida na novela das onze, sabia? Os meninos andam bem ocupados com essa função de trabalho...
-É uma pena, mesmo. Mas faço questão que você, Vicente, o bebê lindo de vocês, Marion, Ivan e quem mais puder aparecer, vá na minha festa de despedida. Chame a sua avó também... eu sei que ela não vai com a minha cara, mas tenho certeza de que vai ser uma boa festa pra ela...
-Ih, Suzanne. Nem adianta insistir com dona Valquíria. Essa daí quando enfia uma coisa na cabeça, não há cristo que tire! Posso até tentar, mas acho muito difícil que ela vá com a gente. Acho que vai preferir ficar com os gatos aqui em casa...

CENA 8: Márcio desperta e percebe que Suzanne não está ao seu lado.
-Gente... o que será que essa doida foi tramar?
Márcio fica pensativo por instantes e cai em si.
-Ah, que alívio! É hoje que ela vai passar um tempo na França... deve ter ido na casa da Riva...
Márcio procura por Raquel, mas não a encontra.
-Poxa... nem a mãezinha do coração aqui hoje... acho que tive uma ideia.
Márcio volta intempestivo para o quarto e vasculha o roupeiro com as coisas de Suzanne.
-Mas que saco! Será possível que essa lunática saiu justo com a gargantilha da Riva pra provocar mais ainda a coitada? Não é possível... Suzanne não pode ser tão kamikaze desse jeito... anda, Márcio... pensa! Esse roupeiro é grande demais pra você desistir assim tão fácil...
Márcio procura por todas as gavetas e não encontra joia alguma.
-Não é possível. Suzanne nunca escondeu as joias de mim e eu tenho certeza que ela não levou nenhuma pra penhora! Mas que merda!
Márcio olha o roupeiro, aberto, tentando identificar onde pode encontrar a gargantilha.
-Já sei! As caixas de sapatos!
Márcio vasculha as caixas de sapatos e encontra a gargantilha de Riva na quarta caixa.
-Eu sabia! É, Suzanne... talvez você tenha uma surpresinha nada agradável quando voltar pro Brasil...
Márcio sorri, triunfante e aliviado. CORTA A CENA.

CENA 9: Victor conversa com Diogo.
-Então é amanhã que você entra nas férias dobradas do seu emprego?
-É, sim... não é uma maravilha? Essas férias são merecidas, trabalhei demais...
-É ótimo, mesmo, amor... mas até agora não se tocou mais no assunto da gente sair do país, de ganhar o mundo...
-Não se foi tocado porque eu ainda tou fazendo as contas de tudo...
-Ah, para com isso, Diogo. O que a gente tem dinheiro dá e sobra!
-Tá, mas e se você desiste no meio da viagem?
-Não, amor... eu não vou desistir, eu preciso muito disso. Sonho com isso. Preciso sair do Brasil.
Diogo estranha pressão de Victor. FIM DO CAPÍTULO 76.

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