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quinta-feira, 8 de setembro de 2016

CAPÍTULO 100

CENA 1: Guilherme não acredita nas palavras de Valentim.
-Isso deve ser um engano, cara... não é outro Guilherme que você vai prender? Você veio no lugar certo? Essa aqui é a festa do meu casamento!
-Não tem engano nenhum, Guilherme. Eu tenho um mandado de prisão contra você. Você é o chefe da maior facção do estado do Rio de Janeiro. Vai negar?
-Eu só falo na presença do meu advogado. Mas que história sem pé nem cabeça é essa? Quem é você, cara?
-Não finja que não me conhece, Guilherme. Você já armou uma emboscada na tentativa de me matar e assim, atrapalhar as investigações que acontecem há muito tempo contra você.
-Você tem noção da gravidade das acusações que está me fazendo? Eu também conheço as leis, Valentim.
-Tá vendo? Eu nem falei meu nome e você sabe como eu me chamo. Acabou de assumir sua culpa.
Todos na festa estão perplexos e se olham chocados entre si.
-Não tenho paciência para jogos. Esta é a festa do meu casamento. Agora deixa eu beber champagne e aproveitar minha nova vida!
Guilherme parte para dentro da casa e tenta fugir pelos fundos, mas é impedido por policiais. CORTA A CENA.

CENA 2: Ao ser levado de volta à sala principal pelos policiais, já algemado, Guilherme se depara com Mateus.
-Que isso! Posso ser esquizofrênico, mas não alucino não!
Mateus resolve falar.
-Isso não é alucinação nenhuma, Guilherme. Esse é definitivamente o fim da linha pra você. Todo mundo já tá sabendo quem é o chefe e... sabe quem foi que contou tudo à polícia? Eu! Sabe qual foi seu erro, Guilherme? Sua vaidade. Sempre se achando acima do bem e do mal, manipulando a vida de todo mundo, bastava você descobrir uma mínima fraqueza nossa e pronto, nos enredava na sua teia e não nos dava nem saída. Mas foi essa mesma vaidade, essa mesma prepotência de se sentir um semideus que foi sua ruína: os homens que você mandou me matar não fizeram o serviço completo. Eu me fingi de morto enquanto ainda tinha tempo de me salvar das facadas que levei. Minha morte foi toda forjada e com isso eu pude entregar todos os seus crimes, todos os seus podres que você cometeu desde a época do ensino médio, quando assumiu a facção fundada pelo seu pai. Surpreso por me ver? Acho que você me subestimou bonito, hein rapaz... depois dizem que nordestinos não são espertos. Toma essa do baiano aqui! Chupa essa, Cristina Partel! - fala Mateus.
Guilherme começa a ficar fora de si.
-Isso é impossível! Você estava morto! Eu vi! Eu fui ao seu velório! Chorei sobre seu caixão!
-Tem certeza, Guilherme? Não percebeu que o caixão estava fechado? Eu não morri, pro seu azar.
-Aqueles homens foram mesmo uns incompetentes! Serviço primário, nem ficaram pra conferir se tava morto e deram no pé. Amadores.
-Tá vendo como você mesmo se acusa nesse seu descontrole? Guilherme, inteligência privilegiada nenhuma nesse mundo é capaz de esconder o ser podre que você é.
-A culpa é do Cláudio! Se ele não tivesse me rejeitado quando eu pedi pelo amor dele, eu nunca ia ter surtado, eu nunca ia ter ficado doente! Ele arruinou a minha vida, acabou com minha saúde mental! Eu nunca mais pude ter uma vida normal e a culpa é dele!
-Você sabe no fundo que não, seu merda. Você teria a esquizofrenia de qualquer forma, seu bosta. Procurar alguém a quem culpar só prova que você, apesar de toda sua inteligência e sagacidade, é um fraco, um escapista, um sujeito incapaz de assumir as próprias responsabilidades e ainda tem a capacidade de jogar a culpa nos outros que não tem nada a ver com isso!
-Olha que fala... logo você, Mateus! Que culpava o Rafael por não ter o sucesso que achava que merecia durante não sei quanto tempo na TV. Você não é ninguém pra me apontar o dedo!
-Talvez eu não seja a pessoa mais indicada, mas tenho dignidade e assumo os meus erros. Já estou pagando por cada um deles.
-Eu vou te matar, seu infeliz! - fala Guilherme, sendo contido pelos policiais. CORTA A CENA.

CENA 3: Cláudio começa a falar.
-E tem mais, seu doente: nosso casamento não valeu de nada. É totalmente inválido. Nós não ficamos casados nem por meia hora, nem por um segundo! Eu já sabia de tudo, sobre quem você realmente é, desde ontem. Sabe a juíza? Sabia de tudo. Os papéis que ela trouxe eram frios. Valentim estava por trás de tudo isso e orientou a juíza. Eu nunca me casaria com um sujeito feito você. Um sujeito que me culpa pela sua própria ruína, admitindo toda a sua pequinez, toda sua covardia. Você não passa de um nada, Guilherme. Eu nunca deveria ter confiado em você, nem por um segundo. Fui trouxa agora, mas nunca mais volto a ser feito de trouxa por você. Valentim, por favor, os papéis!
Valentim entrega os papéis para Cláudio, que os rasga na frente de Guilherme.
-Tá vendo bem o que eu faço com essa merda aqui? Não era válido antes e agora vai pro lixo. Pro mesmo lixo que você merecia estar! - finaliza Cláudio.
Guilherme começa a surtar.
-Isso tudo é um engano, é uma conspiração! O chefe não sou eu, é ele, o Mateus! Prendam ele, não eu! Ele mentiu! Ele mentiu que tava morto! Prendam ele! Eu sou inocente! Vocês não sabem o que eu passei por causa desse baiano infeliz! Ele mente! - apela Guilherme.
-A única mentira aqui é você, Guilherme. Você não é nem nunca foi o que dizia ser. - fala Cláudio.
-Policiais, levem o elemento pra viatura. O show já acabou! - fala Valentim.
Guilherme é levado pelos policiais. CORTA A CENA.

CENA 4: A festa de casamento de Cláudio e Guilherme é encerrada e todos deixam a festa, menos Rafael, Marcelo, Laura, Haroldo, Mateus e Bruno, que decidem dormir por ali. Cláudio chora, desconsolado. Bruno tenta consolá-lo.
-Já passou, Cláudio. Agora nós todos estamos livres do Guilherme. Me perdoa por nunca ter falado que ele era o chefe? Eu realmente acreditei que ele estivesse mudado e deixado a facção pra trás... - fala Bruno.
-Você, o Mateus... O Haroldo! Meu Deus do céu... todos vocês foram vítimas dele! E eu julgando vocês... eu fiz tudo errado achando que tava fazendo a coisa certa! - lamenta Cláudio.
Marcelo, Rafael, Laura, Mateus e Haroldo resolvem deixar os dois falando a sós. Bruno segue falando.
-Para com isso, Cláudio... ninguém podia fazer nada até o momento que ficou certo que ele ia ser preso de uma vez. Acho que talvez agora você entenda o que eu escondia de você. Eu apareci nessa casa pela primeira vez pelas ordens dele. A intenção do Guilherme foi sempre manipular sua vida, de forma que isso te fragilizasse e desse condições de ele entrar na sua vida. Eu te amei desde o primeiro momento, mas não tinha força pra ir contra ele...
-E você ainda acreditou que ele podia estar mudado. Sabe por que? Porque você é uma pessoa boa... de alma e coração puros. Coisa que aquele demente do Guilherme jamais seria. Você foi forte apesar de tudo. Em silêncio, sem ter ninguém pra contar, você enfrentou ele e nunca saiu do meu lado... não tenho como te julgar, meu amigo. Você provou que está ao meu lado...
-Fico feliz que você me entenda. Minha intenção nunca foi esconder nada, acho que se dependesse do Mateus, também não. Guilherme nos flagrou certa vez juntos e passou a nos chantagear depois daquilo. Eu ainda consegui me safar de trabalhar na facção, mas o Mateus não teve como... porque tinha mais que eu a esconder.
-Uma pessoa capaz de usar os segredos das pessoas contra elas não tem um pingo de caráter e decência. E pensar que eu quase me casei com esse cara por pena. Por pena! Porque ele não tem culpa de ser esquizofrênico... mas tem culpa de não ter caráter. Tem culpa de me responsabilizar pela merda que ele entrou por conta própria. Olha, eu sei que a família dele sempre foi um horror... a mãe sumiu e o pai era o líder dessa porra toda que eu nem sabia que existia, só achava aquele cara um negligente com o filho mesmo. Morreu tarde, até... devia ter sido eliminado antes. Mas o mais doido é que ainda consigo sentir dó do Guilherme... ele nunca teve o amor que precisava... sempre mendigou pelo amor desse pai e só recebia cobrança no lugar. Pensei que ele superaria isso, mas pelo visto, é mais uma das coisas que ele não supera... - fala Cláudio.
-Eu posso imaginar o tanto que ele pode ter sofrido e provavelmente sofreu na vida, Cláudio. Mas nada disso justifica ele chantagear a mim, ao Mateus e a tantas outras pessoas, centenas delas que ficaram nas mãos dele. Sem contar as pessoas que morreram a mando dele. Ele pode nunca ter sujado as mãos diretamente, mas ele causou muitas mortes. E quase acabou com a vida do Mateus. Olha... eu sei que você nunca foi muito com a cara dele, mas ele foi importante pra mim em algum momento.
-O Mateus nos salvou. Meu conceito sobre ele está bem mudado, pode acreditar.
CORTA A CENA.

CENA 5: Guilherme chega à delegacia e é levado para prestar depoimento, algemado. Ainda aparentando estar muito revoltado, começa a ouvir as perguntas do delegado.
-Sou o delegado Walcyr. Este aí ao seu lado é o defensor público a quem você tem direito. - fala o delegado.
-Me chamo Ariclenes. Estou aqui para representar sua defesa.
-Dispenso sua defesa. - fala Guilherme, secamente.
-Você foi preso por ter sido o mentor de um assalto a banco e mandante da morte dos seus delatores, em 2014. Ainda assim recaem sobre você acusações de outros diversos crimes. O que você tem a falar sobre isso? - fala o delegado.
-É tudo culpa do Cláudio! Eu era só um adolescente, tava começando a viver... meu pai tinha sido assassinado pelos traidores da facção e eu relutava em aceitar entrar para a liderança, que era o que queriam de mim. Era o que meu pai queria, antes de morrer... eu sempre rejeitei essa vida de crime, de organização, de facção, dessas merdas todas... mas foi então que eu me dei conta tarde demais que eu sempre amei o Cláudio e precisava me desculpar com ele, por ter feito ele sofrer quando ele foi apaixonado por mim. Mas aquele ingrato não estava mais esperando por mim. Estava namorando e tudo! Quando fui procurar ele dizendo que sabia naquele momento que o amava, ele disse que não precisava mais de mim. Que eu não significava mais absolutamente nada na vida dele. Eu saí atordoado dali... foi quando tive meu primeiro surto. Não sabia até então que estava começando a manifestar os sintomas da esquizofrenia. Encrenquei com um cara que passava na rua... achei que ele me seguia, que queria fazer alguma merda comigo. Bati, bati, bati até minha mão machucar. - fala Guilherme.
-Foi quando você foi detido por agressão... - ressalta o delegado.
-E foi tudo culpa do Cláudio! Se ele não tivesse rejeitado meu amor eu não tinha surtado daquele jeito no meio da rua! A culpa é dele, é só dele, sempre ele! Ele teve a vida que eu não tive! Ele teve o amor dos pais que eu não tive! Ele teve os amigos que eu não tive! Ele teve todo o amor que eu não tive! E o que mais me dói nisso é que ele não vê o quanto eu amei e ainda amo ele! Tudo o que eu fiz foi pras pessoas se afastarem dele, pra ele me amar, pra ele me querer, pra ele precisar de mim. A única razão da minha vida é e sempre foi o Cláudio. Mas ele não entende, nunca vai entender que tudo o que eu fiz, todos os crimes que cometi, toda a gente que eu manipulei, foi pra ter ele só pra mim, pro resto da vida. E agora tudo acabou, no dia do nosso casamento! Ele é um ingrato! Ele estava há meses comigo e não pensou duas vezes em me deixar ser preso. Não fez nada pra impedir. Eu odeio o Cláudio! Quer dizer, não odeio, eu amo! Ah, eu não sei mais de nada! Dediquei anos da minha vida, dentro dessa porra de facção e mais da metade do que fiz por essa merda de facção foi pra ter o Cláudio só meu, só pra mim, perto de mim e de mais ninguém. Pra que? Tudo isso acabou! Eu não tenho mais nada na vida! Eu odeio isso! Ele me abandonou e vai pagar! - fala Guilherme, perdendo o controle.
-Levem esse rapaz para a cela provisória. Ele está fora de si. - ordena o delegado. CORTA A CENA.

CENA 6: Na manhã seguinte, todos se acordam na casa de Cláudio acomodados em colchonetes colocados no chão da sala.
-Pensei que vocês não acordavam mais. Já são quase dez da manhã – fala Cláudio.
-Foi muita coisa ontem, querido. Me surpreende você estar assim, tão disposto... - fala Laura.
-Enfim, vou tomar um banho. Fiquem à vontade. - fala Cláudio.
Todos notam que Mateus está pensativo.
-Tá com a cabeça longe, hein Mateus? - observa Haroldo.
-Na verdade eu tou pensando como vai ser tudo daqui pra frente... se eu ainda acabo pegando cadeia ou não... - desabafa Mateus.
-Liga pro Valentim, bobo. Ele deve saber o que te dizer. - fala Marcelo.
-É isso mesmo que vou fazer! - fala Mateus, se distanciando e indo ao hall de entrada da casa de Cláudio, ligando para Valentim.
-Fala Mateus! Aliviado por poder se assumir vivo de novo? - brinca Valentim.
-Muito engraçadinho você... liguei porque fiquei preocupado com minha situação. Queria saber se ainda corro o risco de voltar pra cadeia.
-Não, pode esquecer dessa preocupação. O Rafael não prestou queixa contra você e nem pretende te processar. O único processo ao qual você vai responder é ao que foi aberto por sua confissão, mas com todas as informações adicionais que você deu sobre a facção e ainda pelo fato de ter colaborado com a prisão do Guilherme, isso vai te livrar da prisão. Vai responder ao processo em liberdade... claro, vai ter que pagar multa, indenização, essas coisas... mas se o que te preocupa é a possibilidade de ir pra cadeia, pode esquecer que isso não vai acontecer. Sua vida recomeça pra valer! - fala Valentim.
-Obrigado... fico feliz por saber disso. Feliz e aliviado. Desculpe se atrapalhei seu trabalho. Até mais.
Mateus desliga, aliviado. CORTA A CENA.

CENA 7: Horas depois, está apenas Bruno na casa de Cláudio.
-Você não tinha que estar trabalhando, Bruno?
-Acho que não tive tempo de te contar no meio dessa loucura toda. Eu fui demitido. Acabou o período de experiência e alegaram que eu estava incompatível com a empresa.
-Que pena... mas você encontra coisa melhor logo, tem que acreditar.
-Na verdade eu queria poder voltar acreditar em outra coisa.
-No que?
-Em nós dois, Cláudio. Eu sinto sua falta... teria lutado mais por você, se o Guilherme não tivesse aparecido.
-Também sinto sua falta... mas nem sem o que posso te dizer além disso.
-Não precisa dizer... só precisa me dar uma chance. Pra gente tentar de novo, de onde tudo parou...
-Bruno... eu amo você. Você sabe disso. Mas minha cabeça tá confusa demais com as últimas coisas que aconteceram. Me vejo irmão do Marcelo num dia, no outro dia eu conheço meu pai biológico e no outro eu descubro que tava prestes a me casar com meu inimigo. É muita coisa, entende? Vou precisar de um tempo... pensando em tudo, ressignificando as coisas... entendendo como me virar na vida daqui em diante. Se você tiver paciência...
-Com você eu tenho toda a paciência do mundo. Eu vou esperar pelo tempo que for preciso. Só não posso e nem vou desistir de você.
-Não sei como você pode ter tanta paciência comigo, Bruno. Querendo ou não, eu fui injusto com você.
-Nem tanto assim. Você sabe que eu vim aqui nessa casa a mando do Guilherme no dia que a gente se conheceu... ainda que eu tenha desistido de cara e me apaixonado por você no ato, isso não diminui o que aconteceu... me calei por medo.
-Seu medo é compreensível.
-Bem... eu vou voltar pra casa da Laura... é lá que estou morando por enquanto... a gente vai se falando, Cláudio.
Bruno abraça fortemente Cláudio e parte. CORTA A CENA.

CENA 8: Rafael e Marcelo assistem na TV a notícia sobre a prisão de Guilherme e seu envolvimento com a facção. O repórter noticia.
-Foi preso ontem à noite Guilherme Rodrigues Ruas, que hoje se sabe ser o chefe da maior facção criminosa do estado do Rio de Janeiro. Sua prisão ocorreu durante seu casamento, porém o casamento não foi sequer oficializado, uma vez que toda a cena estava armada para que sua prisão fosse efetuada com sucesso e sem oferecer riscos a ninguém. A facção, conhecida pelo aplelido de “Comando do Sudeste”, traficava armas, dinheiro ilegal e também efetuava diversos assaltos a banco nos últimos anos, principalmente na capital, mas com ações estendidas às cidades vizinhas, como Niterói. Pesam sobre Guilherme ainda as acusações de assassinar comparsas da facção presos em 2014, por eles terem delatado sobre sua identidade. O processo de investigação, que até o momento corria em segredo de justiça, passa agora para o Ministério Público, que julgará o crime pelo qual ele foi preso e ainda averiguará demais acusações. De acordo com o delegado Walcyr Fernades Rosa, que colheu o depoimento de Guilherme, o chefe da facção apresenta um comportamento desequilibrado e consta no seu registro médico que ele sofre de esquizofrenia, devendo assim ser transferido para uma instituição psiquiátrica e de lá então, aguardar seu julgamento. - fala o repórter.
-Pelo menos chegando na mídia isso é mais uma garantia de que estamos todos realmente a salvo... - fala Rafael.
-Verdade. Mas você notou que a reportagem não falou em momento nenhum que se tratava de um casamento homoafetivo? - observa Marcelo.
-Acho que nem cabia, amor... não era o foco da reportagem. Depois, Guilherme é comprovadamente um criminoso de alta periculosidade. Acho até que poderia pegar mal se fosse citado que o preso é gay.
-Te entendo, mas discordo. Visibilidade é visibilidade. Cada vez que deixam de mencionar algo sobre nós, ficamos mais invisíveis. Independente de caráter. Ele é um criminoso? É, sem dúvida alguma. Mas também é ser humano e na reportagem só foi mencionado o casamento. Não disse que era com outro homem. Querendo ou não, isso nos invisibiliza.
-Por esse lado eu te entendo, mas só posso concordar em partes, Marcelo... pensa comigo: ia ser bom o Cláudio, seu irmão, ser exposto numa reportagem dessas? Por mais que ele seja ator, ele sempre repudiou a mídia, você sabe disso...
-É... acho que nós dois temos pontos a serem levados em consideração aqui. Empate técnico, pelo visto... - brinca Marcelo.
-Só você... depois de tudo isso ainda encontra tempo pra sorrir.
-Com você isso fica bem mais fácil, afinal de contas me casei com você por alguns motivos...
-Ah é, Marcelo? Quais motivos? - segue Rafael, na brincadeira.
-Assim, uns motivos meio bobinhos, irrelevantes, como você ser podre de rico, gato pra caralho, bom de cama, bom de papo...
Os dois se divertem. CORTA A CENA.

CENA 9: Guilherme é transferido para instituição psiquiátrica e ao chegar lá, se assusta com os internos. Um deles puxa sua camiseta e cheira seu pescoço. Guilherme paralisa sem dizer nada.
-Hmmm... cheiroso. Deve ser grã-fino. Nem parece doido, mas pra tá aqui... - fala o interno.
-Quem disse que eu sou doido? - irrita-se Guilherme.
-A gente é doido, mas não é burro, moço. A gente sabe onde tá... isso aqui é instituição psiquiátrica. É tudo doido aqui. Eu também sou, mas tomo os remédios direitinho... - fala o interno.
-É? Não parece, porque você não deve ver um chuveiro há dias, pelo cheiro...
-Aqui é cada um por si, meu bom... quer as regalias? Tem que se comportar.
-O que cê tá querendo dizer? Isso não faz o mínimo sentido...
-Aqui, se você não se comprta direitinho, eles não deixam nem tu tomar banho...
-Pare de palhaçada! Não vou acreditar num doido querendo me meter medo.
-Você também é doido. Prazer, meu nome é Bernardo. Qual o seu nome?
-Vai fingir que não sabe? Todo mundo viu na TV. Se você não viu, azar é o seu. Não vou falar meu nome pra você.
-Ui! Tá estressadinho, já? Melhor baixar a bola... tá cheio de doido agressivo aqui, se você quer saber. Não sou da violência, mas conheço uns aqui que só camisa de força pra dar conta. Abre teu olho e para de tratar o pessoal com grosseria.
Guilherme revira os olhos. CORTA A CENA.

CENA 10: Riva está terminando de colocar Lúcio para dormir quando Vicente ouve o celular dela tocar.
-Amor, pega o celular pra mim?
-Claro! - fala Vicente, entregando o celular para Riva, que olha quem está chamando.
-Parece do exterior.
Riva atende e é Suzanne.
-Alô? Oi, Suzanne! Tudo bem aí em Paris?
-Tudo maravilhoso. Tou ligando pra avisar que vou voltar pro Brasil.
Riva gela. FIM DO CAPÍTULO 100.

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