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sábado, 24 de setembro de 2016

CAPÍTULO 114

CENA 1: Cláudio insiste no assunto.
-Vocês estarão melhores vindo com a gente pro Rio. O que não dá pra deixar é a dona Vânia à espera de um atendimento apropriado ao caso dela. - fala Cláudio.
-Sou obrigado a dar razão pro Cláudio. Vocês vão ficar melhores se vierem com a gente e até onde eu lembro, você ainda inspira cuidados, pai... - fala Bruno.
-Eu tou bem, meu filho! Zerado depois do infarto. Não precisa se preocupar com a gente, tudo vai dar certo. - fala Setembrino.
-Vou sair dessa, queridos. Eu sei que é um horror ter insuficiência renal, não pedi pra ter isso, mas não acho nem um pouco justo dar esse trabalho pra vocês. - fala Vânia.
-Você acha justo brincar com sua saúde desse jeito pra não causar preocupação, dona Vânia? Pra mim não ia ser trabalho nenhum cuidar de quem precisa... - fala Cláudio.
-Muito menos pra mim, mãe. Poxa, eu sou seu filho, deixa eu cuidar da senhora, do pai se for preciso! O que a gente não pode permitir é que vocês fiquem sem a assistência necessária... principalmente você, mãe. Eu sei que as máquinas de diálise estão em falta no hospital aqui, deu na TV! - fala Bruno.
-Vocês tem certeza que querem isso? Vai doer deixar essa casa aqui... vivemos por mais de vinte e cinco anos aqui... - fala Vânia.
-Mãe... por favor. A casa que espere. E se a gente resolver ficar no Rio, que seja colocada à venda. A gente pensa nisso depois. - fala Bruno.
-Ouçam o Bruno, meus sogros... a gente tá se colocando à disposição de vocês e não nos custa nada além do dinheiro, que a gente pode batalhar tranquilamente, garantir essa força pra vocês. Principalmente pra você, dona Vânia... o tratamento é necessário e indispensável. - fala Cláudio.
-Tudo bem se a gente aceitar, Bino? - pergunta Vânia.
-Acho que vai ser melhor pra você, amor... aceitamos, sim. - fala Setembrino.
-Ótimo! Então nós partimos ainda hoje. Sem tratamento você não fica, mãe! - afirma Bruno.
CORTA A CENA.

CENA 2: Marcelo e Rafael conversam sobre o que ficaram sabendo a respeito de Suzanne.
-Sabe o mais maluco de tudo isso, Marcelo?
-O que?
-Que saber tudo isso sobre a Suzanne, sobre ela ter esse parentesco com sua mãe e com você, faz todo sentido.
-Você tem toda a razão, Rafa... querendo ou não, muita coisa se explica. A começar pela implicância instantânea que eu tive com ela. Minha intuição já dizia de alguma forma que ela não presta... que tinha algo de muito errado naquela forçação de barra que foi a tentativa dela de se aproximar da minha mãe e de todos nós. Tanto fez, tanto insistiu, que acabou conseguindo. E agora nós sabemos o motivo.
-O que não entra ainda na minha cabeça é o tamanho da crueldade dela... como ela foi capaz de matar o próprio pai? Ele era seu avô, no final das contas! Você poderia ter conhecido ele, mesmo a contragosto da Riva...
-Eu nem penso nisso. Na verdade ele estava morto muito antes de eu sonhar em nascer. Mas tudo isso me deixou realmente apavorado. A Suzanne, no fim das contas, é uma assassina! E eu tenho o sangue de uma assassina correndo nas minhas veias... isso é muito estranho...
-O que mais me revolta nisso é me dar conta de que ela não tem mais como pagar por esse crime. Tudo isso porque o bendito crime já prescreveu. Inacreditável.
-Mas ela deve ter outros crimes mais recentes. Tem que ter. Que ela é golpista a gente sabe, mas o desafio vai ser encontrar as vítimas, ou os associados.
-De qualquer maneira, isso não é uma tarefa nem pra mim e pra você. Deixa pra Raquel, pro Valentim e pra Mara... depois dele, a polícia resolve o que for preciso.
-Verdade. Mas sabe a que conclusão que cheguei?
-Qual?
-Suzanne não pode ser psicopata. Tem algum outro transtorno ou mesmo falta de caráter. Mas do jeito torto dela, ela amou esse pai. E matou por ter se sentido traída. Isso me faz acreditar que ela realmente desejou a vida da minha mãe. Não basta o dinheiro pra Suzanne... ela sempre quer mais. Ela quer prestígio, fama, os holofotes voltados a ela.
-Faz sentido, amor...
-Não faz? Então a cisma dela piorou quando ela descobriu que a gente tava rico... só pode ser isso. E famosos, ainda por cima, por sermos parentes de você e da sua mãe, dois atores muito conhecidos...
-E a coisa piorou quando o Vicente se apaixonou pela sua mãe. Claro! O ator mais famoso do começo da década passada se encantando pela ex vendedora de quentinha. Foi demais pra ela...
Os dois seguem conversando. CORTA A CENA.

CENA 3: Laura se empolga com o sucesso que o vídeo que ela gravou sobre poligamia está fazendo e chama Mateus e Haroldo.
-Amores, venham cá ver uma coisa! - grita Laura.
Haroldo e Mateus atendem.
-O que foi que te deu pra gritar? Quase dei um pulo! - fala Haroldo.
-É... eu também! - fala Mateus.
-Olhem só como tá bombando o vídeo sobre poliamor! Já passou de setecentas mil visualizações, daqui a pouco chega a um milhão! - fala Laura.
-É, mas e os haters? Estão comentando muita bobagem? - pergunta Haroldo.
-Sempre vai haver haters. Eles estão lá, no cantinho solitário deles destilando ódio... mas o vídeo tem poucas avaliações negativas e... bem, queridos... leiam os comentários de pessoas que apoiam e pessoas que vivem o poliamor! - empolga-se Laura.
Mateus e Haroldo leem os comentários e ficam surpresos e felizes.
-Que recepção bem linda! Não esperava que houvesse tanta gente que apoia e tanta gente que vive relações poligâmicas... mesmo que a maioria seja em segredo, eles estão se sentindo representados por você, amor! - fala Haroldo.
-E daqui a pouco vão se sentir representados por nós, conforme eu e o Haroldo formos participando dos próximos vídeos. Isso é lindo demais, gente! - fala Mateus.
CORTA A CENA.

CENA 4: Os internos Danilo e Pedro vão a Guilherme contas sobre as novidades.
-E aí, rapazes? Novidades sobre o nosso plano? - pergunta Guilherme.
-Tudo cada vez mais na mão! O Danilo tem um jeito especial de falar com os mais medrosos e revoltadinhos. - fala Pedro.
-Isso significa que eles mudaram de ideia? - pergunta Guilherme.
-Não apenas mudaram de ideia como alguns deles aceitaram inclusive entrar na execução da parte mais difícil do nosso plano, que é imobilizar os enfermeiros e carcereiros. O plano é relativamente simples: primeiro os enfermeiros são imobilizados, o que vai fazer com que eles gritem depois de amarrados ou encarcerados. Os carcereiros vão acudir os enfermeiros sem ter muita ideia do que realmente tá acontecendo e, como eles são poucos, temos pessoal mais que suficiente para imobilizar eles também. Eu tenho como fazer cordas poderosas com os lençóis e vários internos já me conseguiram material pra isso. Dessa forma, quando todos estiverem presos ou imobilizados, ainda vamos ter de passar pela entrada, mas mais uma vez: são duas pessoas que ficam ali na entrada da instituição. Imobilizamos um deles e o outro, acuado, vai se ver forçado a abrir se não quiser morrer, porque nessa altura, a fúria dos mais descontroladinhos já vai estar bem agressiva! - fala Danilo.
-Excelente, Danilo! Você é um ótimo estrategista! Não tem como dar errado! - vibra Guilherme.
CORTA A CENA.

CENA 5: Horas depois, Cláudio e Bruno voltam com Setembrino e Vânia para a casa de Cláudio. Enquanto Bruno coloca as malas de todos para dentro de casa, Cláudio faz companhia aos sogros.
-O que estão achando aqui do bairro de Santa Tereza? - pergunta Cláudio.
-Muito simpático, Cláudio... é completamente diferente do que eu imaginava qualquer bairro do Rio... - fala Vânia.
-Não parece nem um pouco com o que a gente viu na TV naquela novela do diamante cor de rosa. - constata Setembrino.
-Ah, as novelas... elas sempre enganam a gente! Mas olha, meus sogros, o Bruno e eu vamos dar um jeito de desentulhar o quarto de hóspedes que nós nunca usamos. Já tem uma cama de casal lá, mas não se preocupem que vamos comprar um colchão novo. E você, seu Setembrino, nem pense em querer nos dar uma força porque seu filho proibiu você de fazer esforço, tá me ouvindo? Só vai poder fazer se o médico te liberar depois dos exames, que você também não vai escapar de fazer. Fiquem à vontade e qualquer coisa nos chamem! - fala Cláudio, indo ajudar Bruno.
-E aí, amor... muito puxado tirar esse monte de coisa velha que o antigo dono da casa deixou de brinde antes de eu comprar?
-Tá bem complicado. Tem teia de aranha até não poder mais aqui.
-Coragem. Desde que me mudei pra cá – e olhe que tem anos – nunca tive coragem de mexer nessa bagunça. Deixaram até brinquedos pra trás... quanto entulho, meu Deus!
-É... mas você vai precisar encontrar coragem de mexer nessa coisarada toda aqui... porque eu não vou conseguir sozinho.
-Tá... tudo bem.
-E os meus pais, estão gostando da casa, do Rio?
-Aparentemente sim... e ah, proibi o seu pai de vir aqui tentar nos ajudar.
-Nunca é demais reafirmar isso a ele. Do jeito que ele é prestativo e entrão...
-Tirando a parte do entrão, eu acho que eu sei de quem você puxou essa coisa de ser solidário e prestativo...
-Bobo... me ajuda aqui, esses negócios vão cair em cima de mim!
CORTA A CENA.

CENA 6: Guilherme, na companhia dos internos Pedro e Danilo, orienta os demais internos sobre os planos da fuga que será executado ainda naquela noite.
-Então só pra repassar a parte principal desse plano: nenhum de vocês, eu disse nenhum, vai tomar os medicamentos. Façam como a maioria de vocês já vem fazendo ultimamente: finjam tomar e joguem fora quando ninguém estiver olhando. Vocês vão começar a agir, todos em conjunto, quando for a hora da ceia antes da hora de dormir. Nessa hora todos os enfermeiros ficam mais distraídos e estão mais cansados pelo final do dia.. Os poucos carcereiros em sua maioria já dormem, então tempo de agir não vai faltar pra ninguém aqui. Dúvidas? - fala Guilherme.
-Nenhuma! - falam alguns internos enquanto outros seguem olhando atentamente para Guilherme.
-Melhor assim... devo entender que os que se calaram estão a par de tudo e concordam com nosso plano, certo?
Todos os internos fazem sinal afirmativo com a cabeça.
-Excelente, meus amigos. Vocês nunca me decepcionam! - fala Guilherme.
-Pra finalizar, é importante que tudo seja seguido a risca. Podem sentir raiva à vontade, só não matem ninguém aqui. Vamos fugir sim, mas ninguém precisa morrer por causa disso. - orienta Danilo.
-Então é isso, meus amigos! Mais tarde, quando for a hora da ceia, nós todos precisamos começar a agir em conjunto. Lembrem-se: vocês executam nosso plano. Eu, Danilo e Pedro apenas assistimos e aproveitamos o ensejo pra fugir junto! - fala Guilherme.
CORTA A CENA.

CENA 7: Mateus observa Laura e Haroldo conversarem enquanto preparam o jantar e os dois percebem o silêncio de Mateus.
-O que te deu, baianinho? Tava até agora conversando com a gente e de repente fica mudo? - fala Haroldo.
-Também reparei. Você não é de ficar quieto assim do nada, Mateus... tá acontecendo alguma coisa, querido? - pergunta Laura.
-Nada não, gente... só umas besteiras que passaram pela minha cabeça. - fala Mateus.
-Besteira ou não, a gente se preocupa e quer saber o que te aflige assim... - fala Laura.
-Continuem preparando o jantar. Vocês querem que eu ajude com alguma coisa? Não me custa nada... - fala Mateus.
-Amor... fala o que tá te deixando assim, meu baianinho. Tou vendo que você tá precisando desabafar... - fala Haroldo.
-Eu não sei o que desabafar. Não sei direito o que tá acontecendo, gente... até quinze minutos atrás eu tava me sentindo super bem, astral lá em cima... mas de repente me deu uma coisa ruim, um aperto no peito... uma sensação de que algo ruim pode acontecer. Um mau pressentimento, algo assim... - fala Mateus.
-Será que de repente isso não é resquício de algum estresse pós traumático que só foi aparecer agora, depois de algum tempo? - questiona Laura.
-Pode ser, querida... eu espero que seja. - fala Mateus.
-Acho que no fim das contas, você deu uma boa sugestão, amor... vem cozinhar com a gente, assim você distrai um pouco a cabeça e não fica alimentando essas besteiras... - fala Haroldo.
Mateus ajuda Laura e Haroldo na cozinha. CORTA A CENA.

CENA 8: No instituto penal psiquiátrico, chega a hora da ceia dos internos. Guilherme, Pedro e Danilo observam a movimentação de cada um dos enfermeiros responsáveis por servir a comida aos internos, da mesa onde estão. Guilherme começa a fazer gestos sutis para alguns internos dizendo para eles esperarem mais um pouco e aguardarem a distração dos funcionários da instituição. Danilo indica que o momento chegou e os internos começam a pegar os funcionários de surpresa, imobilizando cada um deles.
-Perderam, seu bando de filho da puta! - fala um dos internos, que dá uma gravata no funcionário que fica imobilizado.
De repente, toda a sala de refeição está tomada de internos revoltados.
-Chegou a hora, meus amigos. É só fazer tudo certinho que nós recuperamos a liberdade. - fala Guilherme, sorrindo maliciosamente.
FIM DO CAPÍTULO 114.

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