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quarta-feira, 7 de setembro de 2016

CAPÍTULO 99

CENA 1: Cláudio não demonstra surpresa.
-Então, Valentim... os meninos não te contaram? Já sei disso. Sei que ele está sendo protegido por conta do que ele sabe sobre a facção, que foi quem tentou matar ele.
-Pelo menos você já está avisado. Só que tem mais coisa que eu preciso te contar e talvez seja melhor te dizer pessoalmente.
-Mas por que pessoalmente? A coisa é tão grave assim?
-Muito mais do que você imagina. Você está sozinho na sua casa hoje?
-Sim. Mandei Guilherme para a casa dele, para nos prepararmos pro casamento, amanhã.
-Ótimo. Tem como eu ir aí?
-Se você puder chegar em uns quinze minutos, é exatamente esse tempo que eu levo para tomar meu banho.
-Levo um pouco mais de tempo que isso. Acredito que em meia hora eu chego na sua casa. Fica bom pra você?
-Excelente. Mas você não poderia me antecipar o que tem de tão importante pra me dizer? Confesso que saber que um investigador precisa conversar comigo me deixa um tanto quanto assustado.
-Não fique assustado. Infelizmente não posso te antecipar nada. Mateus está sob os meus cuidados, na minha casa. Vou chamar Mara para ficar aqui com ele enquanto eu vou aí na sua casa. Até mais, Cláudio.
-Nos vemos mais tarde, Valentim.
Cláudio desliga e aflito, segue para o banho. CORTA A CENA.

CENA 2: Instantes depois, Valentim está na casa de Cláudio e Cláudio está perplexo por saber sobre a identidade de “Chefe”, chorando desesperado.
-Meu Deus! Como é que eu pude me deixar enganar por tanto tempo? Logo eu que sempre me achei tão esperto e conhecedor da alma das pessoas! Acreditei no primeiro sorriso simpático que me apareceu... - lamenta Cláudio.
-Ouça, Cláudio... não é o momento pra se desesperar agora. Precisamos agir com calma. Toda cautela ainda é pouca, nesse caso.
-Me diz como que eu vou ter calma, Valentim? Como? Mais uma vez eu me vejo cercado de mentiras. E ainda sabendo que esse infeliz agiu dessa forma porque queria me atingir de qualquer maneira!
-Cláudio... você é o ponto fraco do “Chefe”. Deve usar isso a seu favor.
-Eu queria ter esse sangue frio, Valentim... mas não sei se consigo.
-Vai ter que ter. Você e qualquer pessoa é capaz de encontrar muito mais força do que imagina dentro de si.
-Tou dispensando esse discurso motivacional... olha, desculpa a grosseria, mas... preciso de mais que isso.
-Tudo bem, Cláudio, eu te entendo. No seu lugar eu estaria também bastante preocupado.
-Desesperado, você quer dizer. Olha o tanto de crime que esse cara cometeu! E muitos desses crimes foram motivados por essa louca obsessão que ele tem por mim! Logo eu, Valentim! Que nunca fiz nada a ninguém!
-Pra uma mente doentia como a dele, não é preciso que pessoas como você sejam nada além de verdadeiras consigo mesmas para que isso desperte a ira, o ódio irracional.
-Mas pessoas morreram indiretamente por minha causa! Por minha culpa!
-Cláudio... não se culpe por algo que não é nem nunca foi da sua responsabilidade. É exatamente isso que esse cara quer: te fazer sentir culpa e continuar manipulando.
-Não mais, Valentim. Essa palhaçada acaba aqui.
-Na verdade eu tenho uma ideia um pouco melhor, Cláudio... se você quiser ouvir o que tenho a dizer, claro... mas ouça com boa vontade, porque isso pode significar o êxito da operação pra prender o “chefe”... afinal de contas, o mandado de prisão deve estar pronto no máximo até amanhã pela manhã...
-Então diga qual é a sua ideia, Valentim. Pelo menos ouvir eu vou... agora, se eu vou concordar eu já não sei.
-Eu tava pensando que a ocasião perfeita para a prisão desse cara é justamente no evento do seu casamento.
-O quê? Você só pode estar de brincadeira comigo. Polícia aqui na minha casa? Gente...
-Pensa comigo, Cláudio: o seu casamento não é amanhã?
-É... quer dizer, pelo menos...
-Vai ser amanhã de qualquer forma, Cláudio.
-Onde é que você tá querendo chegar?
-É simples, meu querido: todo mundo vai estar aqui amanhã. Entendeu agora?
-Claro... inclusive ele.
-Exatamente, Cláudio. Dessa forma, com essa casa cheia de gente, o “Chefe” não vai ter como escapar de ser preso. Vai ter que responder na justiça por todos os crimes que cometeu comprovadamente e pelos que ainda estão sendo investigados.
-Bem, nesse caso... faz todo o sentido. Só fico com medo que possa acontecer alguma tragédia.
-Confie em mim, Cláudio. Nada vai acontecer a ninguém. Você concorda que a prisão dele seja efetuada aqui, amanhã?
-Concordo. Mas me responde uma coisa: o Mateus vai vir também?
-Ele vai estar aqui. Escondido até a ordem de prisão. Assim, caso “Chefe” tente alegar inocência, não vai ter meios de negar nenhum dos seus crimes.
-Isso pode ser perigoso.
-Perigoso é viver. Mas é necessário. Melhor isso do que permitir que ele escape.
-Tá certo.
-Bem, querido... agora eu preciso ir. Mas fique frio... finja que não sabe de nada. Mantenha o sangue frio até amanhã.
-Não sei como vou conseguir... mas prometo tentar.
-Você vai conseguir, Cláudio. Sei que vai.
CORTA A CENA.

CENA 3: Diogo chama Victor para uma nova conversa.
-Victor, eu preciso conversar sério com você.
-Ai, Diogo... o que foi que eu fiz dessa vez?
-Até o momento nada, pelo que sei...
-Então me diz o que você precisa conversar comigo.
-Quem é você, Victor?
-Mas que pergunta foi essa, agora?
-Não se faça de desentendido. Eu te amo, mas eu não sei quem você realmente é. Quem é você de verdade, Victor?
-Ora! Isso não faz o mínimo sentido, Diogo! Você sabe quem eu sou.
-Será que sei? Às vezes eu olho pra você e a conclusão a que chego é que nunca realmente te conheci. Porque você não me permite.
-Como é que é? De onde você tá tirando essas afirmações? Eu já menti pra você alguma vez na vida?
-Não que eu saiba. Mas ao mesmo tempo eu não sei praticamente nada do seu passado.
-Eu já te disse que esse é um assunto que não gosto de falar. Ser abandonado pelos parentes que poderiam fazer algo por mim não é a coisa mais fácil de se lidar nessa vida.
-Será que tudo isso é verdade?
-Você está começando a me ofender, Diogo. Estamos juntos ou não estamos?
-Estamos. E é por isso que eu só queria saber quem você é de verdade.
-Eu sou quem você vê diante dos seus olhos. Um ser humano com suas qualidades e defeitos. Sou limítrofe? Infelizmente sou, mas não vá pensando que escolhi isso. Você sabe que as coisas na vida não funcionam assim.
-Será que você não usa esse seu transtorno para fugir de alguma coisa que tenha feito no passado?
-Chega, Diogo! Você já foi longe demais! Você está me decepcionando com tudo isso, francamente!
-Desculpe, Victor... eu não quis que você ficasse assim, magoado e ofendido. Eu te amo.
-Agora é fácil pra você dizer que me ama depois de insinuar um monte de coisas sobre mim. Vá se foder, Diogo.
Victor parte enfurecido para o quarto e Diogo o segue.
-Deixa eu me explicar, amor!
-Não quero papo, Diogo! Me deixa em paz!
Diogo se arrepende do que disse a Victor. CORTA A CENA.

CENA 4: O dia amanhece e chega o dia o casamento de Cláudio e Guilherme. Cláudio dorme um sono profundo e é despertado de surpresa por Guilherme.
-Ai que susto, Guilherme! Que horas são?
-Sete e meia!
-Como é que é? Você não dormiu?
-Até dormi um pouco, amor... mas quando deu quatro da manhã eu não consegui mais.
-Dá pra perceber. Achei que você só vinha aqui pra minha casa bem depois, tipo quase umas dez da manhã...
-A ansiedade pelo nosso casamento não deixou, meu amor. Esse é o dia mais feliz da minha vida. Ah, deixei todo o café pronto na mesa. Tem tudo o que você gosta.
-Obrigado, mas não estou com muito apetite.
-Come um pouco, amor... saco vazio não para em pé...
-Tá, eu vou comer, Guilherme. O nosso dia vai ser longo hoje.
-Impressão minha ou você tá seco comigo?
-Impressão sua. Você sabe que não gosto de ser acordado quando não espero por isso. Não sou ninguém antes do café.
Guilherme estranha atitude de Cláudio, mas nada diz. CORTA A CENA.

CENA 5: Valentim leva Mateus de volta à casa de Laura e ela e Haroldo o recebem com um forte abraço.
-Que bom poder estar de volta à minha casinha... quer dizer, sua casa, Laura. - fala Mateus.
-Esse apartamento não é só meu. É da gente, bobo... - fala Laura.
-Pelo menos essa palhaçada vai acabar logo, meu amigo. Logo você vai poder dizer a todos que está vivo... - fala Haroldo.
-É gente, o mandado de prisão acabou de ser expedido. Agora é só imprimir o mandado e efetuar a prisão durante o casamento do Cláudio, já que todo mundo que interessa vai estar lá, inclusive o “Chefe” - fala Valentim.
-Mal dá pra acreditar que esse pesadelo vai acabar. Depois de tanto tempo a gente vai conseguir viver com o mínimo de paz e tranquilidade de novo. Até eu, que não sou facilmente impressionável, já andava bem apavorada com os últimos acontecimentos... - desabafa Laura.
-Pelo menos ninguém mais morreu por causa dessa maldita facção. Pelo menos eu não morri... - fala Mateus.
-Queridos, só vim trazer o Mateus. Preciso ir embora agora para agilizar toda a documentação necessária com a polícia – fala Valentim, partindo.
Mateus demonstra ainda estar com medo de tudo.
-Impressão minha ou você ainda tá bem apavorado, Mateus? - observa Haroldo.
-Estou mesmo. Enquanto essa coisa toda não acabar eu vou continuar alerta, com medo que algo de ruim nos aconteça. Nossas vidas ainda não deixaram de correr risco... - desabafa Mateus.
-Melhor pensar positivo, agora. Já falta tão pouco pra tudo isso acabar! Do casamento do Cláudio esse infeliz não vai ter como escapar! - fala Laura.
CORTA A CENA.

CENA 6: Horas mais tarde, os convidados começam a chegar na casa de Cláudio. Riva comenta com Marion sobre a decoração para a festa.
-Que deslumbre que está essa decoração! Simples e de bom gosto! - fala Riva.
-Não é, menina? E você pelo visto aprendeu direitinho que menos é mais... que não é preciso gastar rios de dinheiro para fazer uma festa elegante, com detalhes indispensáveis... - fala Marion.
Cláudio recebe as duas.
-Que bom que vocês já estão aqui, queridas! - fala Cláudio.
-Achei muito legal essa pré-festa antes do casamento. - fala Riva.
-Foi uma ideia do Guilherme. - fala Cláudio.
-E ele, onde está? - pergunta Marion.
-Está se arrumando, ainda. Afinal ainda faltam algumas horas pro casamento... - esclarece Cláudio.
-Você parece estar calmo, Cláudio... e ele, como está? - pergunta Riva.
-Ansioso pra caramba. Mal cabe em si de felicidade, diz que é o dia mais feliz da vida dele, mas enfim... e os meninos?
-Seu irmão e seu cunhado estão estacionando lá fora. Devem estar pra entrar... - fala Marion.
Os três seguem conversando sobre a decoração do ambiente. CORTA A CENA.

CENA 7: Instantes depois, Marcelo e Rafael conversam animadamente com Cláudio e Guilherme.
-Queridos, vocês se importam de eu já ir pegando alguma coisa pra beber? - pergunta Marcelo.
-Que isso, você é meu irmão, você pode tudo... - fala Cláudio.
Rafael vai com Marcelo pegar champagne.
-Ei... você pare atrás de mim. Nada de beber que é você quem tá dirigindo! - repreende Marcelo.
-Não vim beber com você, amor... na verdade tou te notando com uma carinha de preocupação, que você tentou disfarçar diante dos meninos...
-Sabe o que é, amor? Eu conheço o Cláudio muito bem, muito antes de saber que ele é meu irmão... ele tá com uma cara diferente. É como se parte dele não quisesse realmente estar aqui. Tem algo acontecendo...
-Você não acha que é suficiente pra ele estar com aquela cara o fato de que a prisão do “Chefe” vai acontecer justamente durante essa festa?
-Pode ser. Mas poderia apostar contigo que tem mais coisa nisso. Não sei até onde ele está sabendo das coisas e nem ouso perguntar, por motivos óbvios... e pra ser bem sincero, estou com medo.
-Eu também tou sentindo um pouco de medo. Mas a gente precisa confiar que tudo vai dar certo.
-Pode parecer que tou sendo exagerado, mas fico com medo que isso acabe resultando em uma tragédia... só que dessa vez, real.
-Ei, Marcelo! Cuida o que você fala! As pessoas estão passando e podem sacar o que você quis dizer...
-Tá... foi mal, Rafa...
-Tranquilo, amor. Só estou cuidando pra que nada saia errado.
-Acho que nem o melhor autor de novelas poderia imaginar que a vida real podia ser tão cheia de emoções. Tou com o coração na mão, morrendo de medo.
-Calma, amor... você vai ver como tudo vai dar certo. Daqui a pouco essa tormenta toda vai acabar e todos nós vamos estar um pouco mais livres depois de tudo...
Rafael afaga Marcelo. CORTA A CENA.

CENA 8: A juíza chega e é dado início ao casamento de Cláudio e Guilherme.
-Boa noite. Estou aqui para realizar o casamento civil entre Cláudio Muniz Pacheco e Guilherme Rodrigues Ruas. De acordo com o que foi acertado, ambos passarão a adotar o sobrenome Muniz Ruas a partir da oficialização do matrimônio. Dito isso, pergunto primeiramente a Cláudio: é de livre e espontânea vontade que você deseja se unir em matrimônio, com separação total de bens, com Guilherme? - fala a juíza.
-Sim. - responde Cláudio.
-Certo. Guilherme, sua vez: é de livre e espontânea vontade que você deseja se unir em matrimônio, com separação total de bens, com Cláudio? - fala a juíza.
-Sim, mil vezes sim! - fala Guilherme.
-Muito bem. Seguindo o rito, se alguém aqui tiver alguma objeção à união dos dois, que se manifeste agora e apresente suas razões... ninguém? Então seguimos com o rito... podem assinar os documentos, por favor. - fala a juíza.
Guilherme e Cláudio assinam os documentos, oficializando o casamento.
-Sendo assim e ninguém se manifestando contrariamente à união, pelos poderes que me são concedidos pelo Estado, eu declaro os dois casados. - finaliza a juíza.
Guilherme beija Cláudio, que parece recuar do beijo. Guilherme estranha, mas nada diz. Todos aplaudem e a juíza deixa a casa. CORTA A CENA.

CENA 9: A festa do casamento se inicia. Rafael estranha a demora para alguma ação ser tomada por parte de Valentim e comenta com Marcelo.
-Você não acha que os investigadores já deviam ter chegado? - questiona Rafael.
-Pois é... tou achando demorado demais tudo isso e quanto mais demora, mais tenso eu fico... - fala Marcelo.
Guilherme dança freneticamente e bebe champagne, sob os olhares de reprovação de Cláudio.
-Você prometeu que não ia beber, Guilherme! - repreende Cláudio.
-Hoje é nosso casamento, amor! Agora eu sou seu marido oficialmente! Só um pouquinho, vai! - insiste Guilherme.
Cláudio desiste de convencer Guilherme a não beber. Valentim chega à casa.
-O senhod Guilherme Rodrigues Ruas se encontra? - fala Valentim.
-Sou eu, moço! Mas agora já sou Guilherme Muniz Ruas! - fala Guilherme, ainda dançando.
-Você está preso, Guilherme. - anuncia Valentim.
FIM DO CAPÍTULO 99.

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