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sábado, 10 de setembro de 2016

CAPÍTULO 102

CENA 1: Laura, Mateus e Haroldo percebem que eles precisam ficar sozinhos.
-Bem... a gente vai deixar vocês conversando tranquilos aqui na sala... vamos, gente... - fala Laura.
-Bruno... veja bem... eu não quero que você me entenda mal, eu não estou pedindo para gente reatar nem nada do tipo. Só que eu acho que vai ser melhor pra nós dois se você voltar a morar comigo lá em Santa Tereza.
-Não, Cláudio... fica tranquilo. Eu ainda tou com aquela nossa conversa bem fresquinha na minha mente e sei que você precisa de tempo e eu já disse que te dou todo o tempo do mundo.
-Melhor assim... mas você não disse se aceita voltar a morar na minha casa ou não.
-Claro que eu aceito, é bem melhor pra mim, além de eu gostar da sua companhia... não que a Laura e os meninos não tenham me tratado bem, mas... você sabe.
-Então tá decidido. Você tem como voltar hoje mesmo?
-Agora, se você quiser. E vocês, Laura, Mateus e Haroldo, podem voltar que eu sei que vocês ficaram ouvindo a conversa toda no corredor! - fala Bruno, maroto.
-A gente pode começar a arrumar suas coisas, então? - fala Laura.
-Devem! Mateus e Haroldo, vocês podem dar uma força aqui pra mim e pro Bruno? A gente também não quer dar muito trabalho pra vocês... - fala Cláudio.
-Claro que a gente pode. Bem, pelo menos alguma coisa de útil o Guilherme te deixou... - observa Mateus.
-Ah, o carro? Isso é o mínimo, Mateus. Mas tou até pensando em vender o carro dele e dar entrada noutro que não tenha essa urucubaca toda dele... - fala Cláudio.
Todos auxiliam Bruno a fazer as malas e voltar para a casa de Cláudio. CORTA A CENA.

CENA 2: Instantes depois, Haroldo chama Laura para eles conversarem a sós no quarto.
-Não entendi a necessidade de conversar comigo agora, amor... - fala Laura.
-Eu preciso ser sincero com você, amor...
-Mas você sempre é sincero, não é? Não tou entendendo esse papo agora.
-Eu amo você e você sabe disso, não sabe?
-Claro que sei, Haroldo. Eu também te amo.
-Só que mesmo te amando eu desejo outras pessoas. E nem sempre são mulheres.
-Até aí não é nenhuma novidade, querido... eu sabia exatamente onde eu estava me metendo quando a gente começou nosso namoro.
-Acontece que eu acho que tou começando a me interessar pelo Mateus. E não tou falando só de atração física.
-Eu já notei isso faz algum tempo. Acho que antes de vocês mesmos notarem isso. Não é de hoje que eu percebo que vocês se dão bem, que tem uma intimidade entre vocês...
-Mas eu juro, amor... eu nunca fiz nada. Nunca nos beijamos sequer... quase nos beijamos ontem, mas paramos antes que isso acontecesse. Olha, Laura... eu te amo muito, mas não te mereço. Acho melhor a gente terminar.
-Eu não quero terminar com você, Haroldo. Você não fez nada demais e ainda está sendo completamente sincero comigo. Percebe como não faz sentido simplesmente jogar fora o que sentimos um pelo outro por causa dessa culpa cristã que às vezes te assalta? Meu relacionamento com o Mateus me ensinou a ser mais tolerante, acredite.
-Você não existe mesmo, Laura... não basta ser essa força da natureza, ainda me dá esse banho de compreensão.
-Para com isso, Haroldo... assim eu fico envergonhada. Sabe o que é? Eu cansei de complicar o que é simples. A gente tá na vida pra viver feliz, amar sem medida, sem medo, sem vergonha.
-Onde você quer chegar com esse papo?
-Nem eu sei, amor. Mas tenta ficar despreocupado com essa coisa toda. Desejar pessoas é normal.
CORTA A CENA.

CENA 3: Valentim está no seu consultório acompanhado de Mara, antes que seus pacientes cheguem, pesquisando as contas de Suzanne.
-Mara, olha que interessante o que eu achei aqui... não sei como a gente não pesquisou por esse lado antes...
Mara vai verificar o que Valentim encontrou.
-Ah... então quer dizer que a bonita tem mesmo contas no exterior. Perdemos tempo demais buscando só as contas aqui no Brasil...
-É, querida... e ela ainda foi bem amadora. Colocou no nome dela. Se julga muito esperta...
-...Mas acabou sendo pega na própria vaidade. Se bem que essas contas na Suíça ainda não representam provas contundentes contra a Suzanne.
-Só que isso já é um começo, Mara. Se ela tem essas contas no exterior e nunca as mencionou, nos resta saber como e com quais fundos essas contas foram abertas.
-Verdade. Ainda mais pela quantia absurda de dinheiro que está em nome dela nessas contas. E nem é uma conta só, são três!
-O desafio vai ser a gente descobrir quem é que tá por trás disso. Sozinha ela não agiu.
-E também não pode ter sido o Márcio porque o sujeito mal saiu do Brasil em toda a vida...
-Exatamente.
-Deve haver gente graúda que deu cobertura pra ela. Ou mesmo que seja cúmplice. O desafio é saber quem... e quantas podem ser essas pessoas.
-Pois é, Mara... não parece ser uma pessoa só.
-Você acha que pode ter alguma relação com a facção que a gente desbaratou, do Guilherme?
-Muito difícil. Suzanne é golpista, mas não chegaria a esse ponto...
-Não sei não, viu...
Os dois seguem analisando as informações. CORTA A CENA.

CENA 4: Horas depois, Mateus sai para fazer as compras do dia e novamente Haroldo conversa com Laura.
-Amor... desculpa estar falando de novo nesse assunto, mas... eu acho muito injusto com você, sustentar nosso namoro depois de você saber que tou meio... balançado pelo Mateus.
-E ele, Haroldo... está balançado por você? Vocês conversaram a respeito?
-Tudo o que sei é que ele me acha atraente, bonito...
-Ele te disse isso?
-Sim, Laura... foi quando pintou o clima entre a gente e a gente quase se beijou.
-Pois é, amor... acabou que a gente não chegou nessa parte do assunto mais cedo, mas já que você voltou a tocar nele...
-Desculpa, Laura. Eu não devia ser indelicado assim com você. Só que eu não vou mentir pra você: eu acho que o Mateus tá mexendo com meus sentimentos e isso tá me deixando confuso. Pior: eu acho que mexo com os sentimentos dele também. Não posso fazer essa cachorrada debaixo do seu nariz, entende?
-Já tentou conversar com ele, antes de conversar comigo? Talvez seja melhor assim, amor...
-Você não ficaria brava? Eu não sei se tenho coragem.
-Não ficaria, não... mas tenta conversar com ele, pra saber o que realmente tá acontecendo.
-Tudo bem... espero que tudo possa se resolver, pelo menos... e que eu não tenha de terminar com você, Laura...
CORTA A CENA.

CENA 5: Raquel liga para Márcio, que está na casa dela.
-Fala, mãezinha... precisando me dizer alguma coisa?
-Sim, queridoo. Recebi há pouco uma informação importante sobre a Suzanne, através do Valentim.
-Que informação, dona Raquel?
-Ele e a Mara apuraram que a Suzanne tem contas no exterior, mais especificamente na Suíça.
-Isso é bombástico!
-Bombástico eu já acho que é exagero, querido, mas isso pode gerar complicações pra Suzanne e... bem, é isso que estamos procurando desde que você denunciou ela, não é?
-É, claro que é... mas confesso que agora que a coisa tá perto de ficar feia pro lado dela, fico com um pouco de pena.
-Nada disso, Márcio! Nada de sentir pena de quem nunca sentiu pena de você e ainda deixou que você pagasse pelos crimes que na realidade foram dela. Vai continuar com peninha da Suzanne, ainda assim?
-Tenho de repetir isso a mim mesmo todos os dias, mãezinha... pra ver se entra na minha cabeça de uma vez... não é fácil.
-Não é fácil, eu sei... mas é necessário. Ela cometeu crimes e muitos desses a gente nem sabe quais foram. Ela vai precisar pagar por isso um dia, não? Esse dia vai chegar e está mais perto do que ela imagina.
-É... isso é verdade. Será que eu aviso Riva, Vicente e Marcelo sobre as contas dela?
-Por enquanto é mais prudente que não diga nada, querido. Afinal de contas, eles já sabem o suficiente. O resto deixa pra mim e pra polícia.
-Tá bem... mãezinha, preciso desligar agora, a gente se fala depois, beijo.
-Beijo, filho.
Márcio desliga. CORTA A CENA.

CENA 6: Riva conversa com Marion sobre os seus planos.
-Você ainda não me deu ideias pra poder te ajudar nesse plano, Riva...
-Não seja por isso, Marion... o que eu andei pensando é o seguinte: como a Suzanne pode ficar desconfiada de qualquer coisa que eu pedi, já que mesmo por telefone ela notou de certa forma que fui irônica com ela, talvez seja melhor você sugerir a ela o que eu tenho em mente.
-E eu posso saber o que você tem em mente para colocar em prática?
-Claro... pode ser bem simples, se você souber massagear bem o ego dela.
-Não é difícil massagear o ego de uma pessoa tão vaidosa como ela, mas enfim... diga, Riva.
-Não é segredo pra nenhum de nós que a gargantilha que a Suzanne usa é a minha, roubada pelo Márcio a mando dela. Então eu pensei justamente que essa gargantilha, que é minha por direito, pode ser a isca perfeita pra desmascarar a falsiane.
-Como, Riva?
-Simples, Marion: você vai fingir que não sabe de nada, como sempre. Vai dizer que aquela gargantilha é uma bela bijuteria que de tão bela, parece uma joia... você pode por exemplo sugerir que ela use essa gargantilha, a minha gargantilha, na festa... isso é, se ela der uma festa comemorando o “retorno triunfal” dela ao Brasil, entende?
-Entendi e adorei! Parece aqueles planos mirabolantes de novela. E tenho uma outra ideia... de repente nós mesmas podemos dar um jeito de induzir a Suzanne a fazer essa festa.
-Ótima ideia, querida! Basta dar uma massageada no ego dela!
-Foi exatamente o que eu pensei, Riva... uma meia dúzia de elogios e palavras enfeitadas e ela fica toda cheia de si...
-Esse plano chega a estar me deixando animada!
-A mim também, Riva.
As duas seguem planejando o que farão. CORTA A CENA.

CENA 7: Marcelo e Rafael ouvem discos juntos e conversam.
-Sabe, amor... já que a gente recusou aquelas personagens que ofereceram pra gente... andei pensando que a gente podia viajar. - fala Rafael.
-Pra onde, Rafa?
-Ainda não sei. Podia ser pra Austrália de novo, não? Tem tantos lugares que a gente não conheceu lá ainda... ficamos praticamente só em Melbourne...
-Não sei... acho que a gente vai ter tempo de pensar ainda, amor... nossas férias duram enquanto a gente quiser.
-Mas você tá pensando em lugares diferentes?
-Tava pensando que nem do país a gente precisa sair, sabe? Isso é tão coxinha, por um lado... parece aquelas coisas do pessoal de direita que na primeira oportunidade cai fora do Brasil e nem conhece as riquezas do nosso país, toda a cultura, essas coisas...
-Acho que você tá me dando uma ideia, viu?
-Que ideia?
-De repente a gente pode viajar o Brasil inteiro. Conhecer cada estado, cada cidade se possível. Do jeito que esse país é grande, talvez você tenha razão: não precisamos sair dele pra descobrir coisas maravilhosas!
-Tou super adorando essa ideia. A gente pode fazer isso por agora ou quando a gente quiser. A gente podia começar por Minas Gerais, que é logo ali, o que acha?
-Adorei a ideia. Mas enquanto a gente não decide o que vai fazer, a gente podia continuar escutando nossos discos, não?
-Ah, isso sempre! E eles vão com a gente pra onde a gente for!
Os dois se deliciam ouvindo os discos. CORTA A CENA.

CENA 8: Dois dias depois.
Suzanne está no avião e pede um vinho para a comissária de bordo. Ao beber o vinho, olha pela janela e vê que o avião está prestes a pousar no Rio de Janeiro. Aperta os cintos e contempla a paisagem, com olhar triunfante.
-É... agora eu ganhei tempo e dinheiro pra continuar o que eu comecei. Se aquela Riva pensa que vai ficar com a vida que devia ser minha, tá muito enganada... - murmura Suzanne, consigo mesma.
O avião pousa no aeroporto. Suzanne desce e anda pelo corredor. Ao fim do corredor, sorri mais uma vez.
-Finalmente de volta pra essa republiqueta das bananas. Agora é que o show vai começar!
FIM DO CAPÍTULO 102.

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