CENA 1: Laura, Mateus e Haroldo
percebem que eles precisam ficar sozinhos.
-Bem... a gente vai deixar
vocês conversando tranquilos aqui na sala... vamos, gente... - fala
Laura.
-Bruno... veja bem... eu não
quero que você me entenda mal, eu não estou pedindo para gente
reatar nem nada do tipo. Só que eu acho que vai ser melhor pra nós
dois se você voltar a morar comigo lá em Santa Tereza.
-Não, Cláudio... fica
tranquilo. Eu ainda tou com aquela nossa conversa bem fresquinha na
minha mente e sei que você precisa de tempo e eu já disse que te
dou todo o tempo do mundo.
-Melhor assim... mas você não
disse se aceita voltar a morar na minha casa ou não.
-Claro que eu aceito, é bem
melhor pra mim, além de eu gostar da sua companhia... não que a
Laura e os meninos não tenham me tratado bem, mas... você sabe.
-Então tá decidido. Você
tem como voltar hoje mesmo?
-Agora, se você quiser. E
vocês, Laura, Mateus e Haroldo, podem voltar que eu sei que vocês
ficaram ouvindo a conversa toda no corredor! - fala Bruno, maroto.
-A gente pode começar a
arrumar suas coisas, então? - fala Laura.
-Devem! Mateus e Haroldo,
vocês podem dar uma força aqui pra mim e pro Bruno? A gente também
não quer dar muito trabalho pra vocês... - fala Cláudio.
-Claro que a gente pode. Bem,
pelo menos alguma coisa de útil o Guilherme te deixou... - observa
Mateus.
-Ah, o carro? Isso é o
mínimo, Mateus. Mas tou até pensando em vender o carro dele e dar
entrada noutro que não tenha essa urucubaca toda dele... - fala
Cláudio.
Todos auxiliam Bruno a fazer
as malas e voltar para a casa de Cláudio. CORTA A CENA.
CENA 2: Instantes depois,
Haroldo chama Laura para eles conversarem a sós no quarto.
-Não entendi a necessidade de
conversar comigo agora, amor... - fala Laura.
-Eu preciso ser sincero com
você, amor...
-Mas você sempre é sincero,
não é? Não tou entendendo esse papo agora.
-Eu amo você e você sabe
disso, não sabe?
-Claro que sei, Haroldo. Eu
também te amo.
-Só que mesmo te amando eu
desejo outras pessoas. E nem sempre são mulheres.
-Até aí não é nenhuma
novidade, querido... eu sabia exatamente onde eu estava me metendo
quando a gente começou nosso namoro.
-Acontece que eu acho que tou
começando a me interessar pelo Mateus. E não tou falando só de
atração física.
-Eu já notei isso faz algum
tempo. Acho que antes de vocês mesmos notarem isso. Não é de hoje
que eu percebo que vocês se dão bem, que tem uma intimidade entre
vocês...
-Mas eu juro, amor... eu nunca
fiz nada. Nunca nos beijamos sequer... quase nos beijamos ontem, mas
paramos antes que isso acontecesse. Olha, Laura... eu te amo muito,
mas não te mereço. Acho melhor a gente terminar.
-Eu não quero terminar com
você, Haroldo. Você não fez nada demais e ainda está sendo
completamente sincero comigo. Percebe como não faz sentido
simplesmente jogar fora o que sentimos um pelo outro por causa dessa
culpa cristã que às vezes te assalta? Meu relacionamento com o
Mateus me ensinou a ser mais tolerante, acredite.
-Você não existe mesmo,
Laura... não basta ser essa força da natureza, ainda me dá esse
banho de compreensão.
-Para com isso, Haroldo...
assim eu fico envergonhada. Sabe o que é? Eu cansei de complicar o
que é simples. A gente tá na vida pra viver feliz, amar sem medida,
sem medo, sem vergonha.
-Onde você quer chegar com
esse papo?
-Nem eu sei, amor. Mas tenta
ficar despreocupado com essa coisa toda. Desejar pessoas é normal.
CORTA A CENA.
CENA 3: Valentim está no seu
consultório acompanhado de Mara, antes que seus pacientes cheguem,
pesquisando as contas de Suzanne.
-Mara, olha que interessante o
que eu achei aqui... não sei como a gente não pesquisou por esse
lado antes...
Mara vai verificar o que
Valentim encontrou.
-Ah... então quer dizer que a
bonita tem mesmo contas no exterior. Perdemos tempo demais buscando
só as contas aqui no Brasil...
-É, querida... e ela ainda
foi bem amadora. Colocou no nome dela. Se julga muito esperta...
-...Mas acabou sendo pega na
própria vaidade. Se bem que essas contas na Suíça ainda não
representam provas contundentes contra a Suzanne.
-Só que isso já é um
começo, Mara. Se ela tem essas contas no exterior e nunca as
mencionou, nos resta saber como e com quais fundos essas contas foram
abertas.
-Verdade. Ainda mais pela
quantia absurda de dinheiro que está em nome dela nessas contas. E
nem é uma conta só, são três!
-O desafio vai ser a gente
descobrir quem é que tá por trás disso. Sozinha ela não agiu.
-E também não pode ter sido
o Márcio porque o sujeito mal saiu do Brasil em toda a vida...
-Exatamente.
-Deve haver gente graúda que
deu cobertura pra ela. Ou mesmo que seja cúmplice. O desafio é
saber quem... e quantas podem ser essas pessoas.
-Pois é, Mara... não parece
ser uma pessoa só.
-Você acha que pode ter
alguma relação com a facção que a gente desbaratou, do Guilherme?
-Muito difícil. Suzanne é
golpista, mas não chegaria a esse ponto...
-Não sei não, viu...
Os dois seguem analisando as
informações. CORTA A CENA.
CENA 4: Horas depois, Mateus
sai para fazer as compras do dia e novamente Haroldo conversa com
Laura.
-Amor... desculpa estar
falando de novo nesse assunto, mas... eu acho muito injusto com você,
sustentar nosso namoro depois de você saber que tou meio...
balançado pelo Mateus.
-E ele, Haroldo... está
balançado por você? Vocês conversaram a respeito?
-Tudo o que sei é que ele me
acha atraente, bonito...
-Ele te disse isso?
-Sim, Laura... foi quando
pintou o clima entre a gente e a gente quase se beijou.
-Pois é, amor... acabou que a
gente não chegou nessa parte do assunto mais cedo, mas já que você
voltou a tocar nele...
-Desculpa, Laura. Eu não
devia ser indelicado assim com você. Só que eu não vou mentir pra
você: eu acho que o Mateus tá mexendo com meus sentimentos e isso
tá me deixando confuso. Pior: eu acho que mexo com os sentimentos
dele também. Não posso fazer essa cachorrada debaixo do seu nariz,
entende?
-Já tentou conversar com ele,
antes de conversar comigo? Talvez seja melhor assim, amor...
-Você não ficaria brava? Eu
não sei se tenho coragem.
-Não ficaria, não... mas
tenta conversar com ele, pra saber o que realmente tá acontecendo.
-Tudo bem... espero que tudo
possa se resolver, pelo menos... e que eu não tenha de terminar com
você, Laura...
CORTA A CENA.
CENA 5: Raquel liga para
Márcio, que está na casa dela.
-Fala, mãezinha... precisando
me dizer alguma coisa?
-Sim, queridoo. Recebi há
pouco uma informação importante sobre a Suzanne, através do
Valentim.
-Que informação, dona
Raquel?
-Ele e a Mara apuraram que a
Suzanne tem contas no exterior, mais especificamente na Suíça.
-Isso é bombástico!
-Bombástico eu já acho que é
exagero, querido, mas isso pode gerar complicações pra Suzanne e...
bem, é isso que estamos procurando desde que você denunciou ela,
não é?
-É, claro que é... mas
confesso que agora que a coisa tá perto de ficar feia pro lado dela,
fico com um pouco de pena.
-Nada disso, Márcio! Nada de
sentir pena de quem nunca sentiu pena de você e ainda deixou que
você pagasse pelos crimes que na realidade foram dela. Vai continuar
com peninha da Suzanne, ainda assim?
-Tenho de repetir isso a mim
mesmo todos os dias, mãezinha... pra ver se entra na minha cabeça
de uma vez... não é fácil.
-Não é fácil, eu sei... mas
é necessário. Ela cometeu crimes e muitos desses a gente nem sabe
quais foram. Ela vai precisar pagar por isso um dia, não? Esse dia
vai chegar e está mais perto do que ela imagina.
-É... isso é verdade. Será
que eu aviso Riva, Vicente e Marcelo sobre as contas dela?
-Por enquanto é mais prudente
que não diga nada, querido. Afinal de contas, eles já sabem o
suficiente. O resto deixa pra mim e pra polícia.
-Tá bem... mãezinha, preciso
desligar agora, a gente se fala depois, beijo.
-Beijo, filho.
Márcio desliga. CORTA A CENA.
CENA 6: Riva conversa com
Marion sobre os seus planos.
-Você ainda não me deu
ideias pra poder te ajudar nesse plano, Riva...
-Não seja por isso, Marion...
o que eu andei pensando é o seguinte: como a Suzanne pode ficar
desconfiada de qualquer coisa que eu pedi, já que mesmo por telefone
ela notou de certa forma que fui irônica com ela, talvez seja melhor
você sugerir a ela o que eu tenho em mente.
-E eu posso saber o que você
tem em mente para colocar em prática?
-Claro... pode ser bem
simples, se você souber massagear bem o ego dela.
-Não é difícil massagear o
ego de uma pessoa tão vaidosa como ela, mas enfim... diga, Riva.
-Não é segredo pra nenhum de
nós que a gargantilha que a Suzanne usa é a minha, roubada pelo
Márcio a mando dela. Então eu pensei justamente que essa
gargantilha, que é minha por direito, pode ser a isca perfeita pra
desmascarar a falsiane.
-Como, Riva?
-Simples, Marion: você vai
fingir que não sabe de nada, como sempre. Vai dizer que aquela
gargantilha é uma bela bijuteria que de tão bela, parece uma
joia... você pode por exemplo sugerir que ela use essa gargantilha,
a minha gargantilha, na festa... isso é, se ela der uma festa
comemorando o “retorno triunfal” dela ao Brasil, entende?
-Entendi e adorei! Parece
aqueles planos mirabolantes de novela. E tenho uma outra ideia... de
repente nós mesmas podemos dar um jeito de induzir a Suzanne a fazer
essa festa.
-Ótima ideia, querida! Basta
dar uma massageada no ego dela!
-Foi exatamente o que eu
pensei, Riva... uma meia dúzia de elogios e palavras enfeitadas e
ela fica toda cheia de si...
-Esse plano chega a estar me
deixando animada!
-A mim também, Riva.
As duas seguem planejando o
que farão. CORTA A CENA.
CENA 7: Marcelo e Rafael ouvem
discos juntos e conversam.
-Sabe, amor... já que a gente
recusou aquelas personagens que ofereceram pra gente... andei
pensando que a gente podia viajar. - fala Rafael.
-Pra onde, Rafa?
-Ainda não sei. Podia ser pra
Austrália de novo, não? Tem tantos lugares que a gente não
conheceu lá ainda... ficamos praticamente só em Melbourne...
-Não sei... acho que a gente
vai ter tempo de pensar ainda, amor... nossas férias duram enquanto
a gente quiser.
-Mas você tá pensando em
lugares diferentes?
-Tava pensando que nem do país
a gente precisa sair, sabe? Isso é tão coxinha, por um lado...
parece aquelas coisas do pessoal de direita que na primeira
oportunidade cai fora do Brasil e nem conhece as riquezas do nosso
país, toda a cultura, essas coisas...
-Acho que você tá me dando
uma ideia, viu?
-Que ideia?
-De repente a gente pode
viajar o Brasil inteiro. Conhecer cada estado, cada cidade se
possível. Do jeito que esse país é grande, talvez você tenha
razão: não precisamos sair dele pra descobrir coisas maravilhosas!
-Tou super adorando essa
ideia. A gente pode fazer isso por agora ou quando a gente quiser. A
gente podia começar por Minas Gerais, que é logo ali, o que acha?
-Adorei a ideia. Mas enquanto
a gente não decide o que vai fazer, a gente podia continuar
escutando nossos discos, não?
-Ah, isso sempre! E eles vão
com a gente pra onde a gente for!
Os dois se deliciam ouvindo os
discos. CORTA A CENA.
CENA 8: Dois dias depois.
Suzanne está no avião e pede
um vinho para a comissária de bordo. Ao beber o vinho, olha pela
janela e vê que o avião está prestes a pousar no Rio de Janeiro.
Aperta os cintos e contempla a paisagem, com olhar triunfante.
-É... agora eu ganhei tempo e
dinheiro pra continuar o que eu comecei. Se aquela Riva pensa que vai
ficar com a vida que devia ser minha, tá muito enganada... - murmura
Suzanne, consigo mesma.
O avião pousa no aeroporto.
Suzanne desce e anda pelo corredor. Ao fim do corredor, sorri mais
uma vez.
-Finalmente de volta pra essa
republiqueta das bananas. Agora é que o show vai começar!
FIM DO CAPÍTULO 102.
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