CENA 1: Riva percebe que
Suzanne está utilizando sua gargantilha roubada e tenta se conter,
para não deixar Suzanne perceber que ela sabe de tudo.
-Entra, querida. Fica à
vontade. Mas você dá licença rapidinho pra mim e pro Vicente? A
gente precisa colocar o Lúcio pra dormir... - fala Riva.
-Sem problemas, querida. Eu
devia ter avisado que vinha antes, mas acabou que fiquei tão ocupada
que me esqueci... - justifica Suzanne.
Riva e Vicente sobem com Lúcio
e Marcelo e Rafael para o quarto deles. Suzanne estranha.
-Nossa... os meninos também
foram. Será que não gostaram de eu ter vindo aqui? - questiona
Suzanne.
-Deixa de besteira, Suzanne. É
que já está ficando tarde, às vezes a gente tem o hábito de
dormir cedo... - justifica Marion.
-Bem, se vocês dão licença,
também vou me recolher... - fala Valquíria.
-E eu também, vó... - fala
Mariana.
-Venha, Suzanne. Senta aqui...
o pessoal daqui de casa anda realmente cansado, não leve a mal... -
fala Marion.
Suzanne acredita. Ivan lava a
louça.
-Eu vim aqui avisar que tou
preparando uma festa para comemorar a minha volta pro Brasil. Um
daqueles festões maravilhosos que estou acostumada a fazer. -
esclarece Suzanne.
-É mesmo, querida? E quando
vai ser?
-Então, Marion... eu agendei
pra depois de amanhã. Lá no salão de festas do hotel que tou
morando.
-A partir de que horas que vai
ser, Suzanne?
-Acho que depois das sete da
noite, algo por aí. E vai ser um daqueles festões que vão
madrugada adentro. Já paguei a taxa extra pro pessoal do hotel
liberar o salão por mais tempo.
-Excelente. Notei que você
está com essa gargantilha maravilhosa de novo. Confesso que não
entendo muito de joias, mas cada vez que olho pra ela, com meus olhos
de leiga, não percebo que é uma bijuteria. É mesmo muito linda!
-Obrigada, Marion. Também
gosto muito por essa gargantilha. E paguei quase nada por ela...
-Eu posso imaginar...
-Quer experimentar?
-Não, querida. Obrigada. Mas
tava pensando que ela cairia bem com qualquer figurino que você
escolher usar na festa de depois de amanhã... já pensou nisso?
-Ah, eu tenho joias
verdadeiras, Marion. Bem mais lindas que essa gargantilha.
-Mas eu também entendo de
estilo, Suzanne. Essa gargantilha realmente valoriza qualquer roupa
que você usar.
-Você acha, Marion? Olha que
tá quase me convencendo, hein...
-Acho não. Tenho certeza.
Essa gargantilha é um primor!
-Então eu acho que vou usar
essa gargantilha mesmo na festa. Não é a primeira vez que elogiam.
-Faça isso, querida. Você
vai ficar linda, tenho certeza disso!
-Bem... eu vou deixar os
convites pra todos, mas agora preciso ir, tá?
-Tudo bem, querida. A gente se
vê na sua festa de volta ao Brasil.
-Tchau, querida.
Suzanne deixa a mansão e
Marion sorri triunfante. CORTA A CENA.
CENA 2: Na manhã do dia
seguinte, Haroldo, Mateus e Laura estão no café da manhã quando
Mateus e Haroldo decidem conversar com Laura. Mateus é o primeiro a
falar.
-Laura... eu sei que você já
resolveu a parte mais complicada desse nosso relacionamento, mas...
ainda acho que a gente precisa conversar, deixar algumas coisas
claras.
-Concordo com o Mateus,
amor... a gente ainda precisa acertar algumas coisas. - complementa
Haroldo.
-Pois falem, queridos... -
fala Laura.
-Por enquanto esse
relacionamento a três parece estar começando bem, mas eu fico com
medo da gente acabar tendo problemas no futuro, sabe... alguém de
nós pode acabar sentindo ciúme, essas coisas... - fala Haroldo.
-E eu tenho um pouco de medo
disso também. Fico preocupado porque você mesma, Laura, pode acabar
ficando enciumada com o que eu e o Haroldo estamos começando a
ter... se sentir diminuída no relacionamento. - fala Mateus.
-Não se preocupem com isso,
gente... de verdade. Eu entendo perfeitamente que amo vocês. E que
vocês, cada um à sua maneira, também me ama. Não cabe a mim medir
a intensidade do que cada um sente aqui, entre nós três. Eu e vocês
inclusive somos livres para desejar outras pessoas, se quisermos e
sentirmos vontade disso. Mas jamais pra entrar mais alguém entre
nós. Esse amor que existe é entre a gente, entende? Se vocês
tiverem vontade de ficar, transar com alguém, me avisem antes...
porque se eu sentir desejo por um cara, eu farei o mesmo. - esclarece
Laura.
-Da minha parte eu não
pretendo ficar com mais ninguém, nem que seja só por uma noite. Se
me interessei pelo Mateus, é porque rolou um sentimento verdadeiro.
- afirma Haroldo.
-Muito menos da minha parte,
Laura. Eu amo vocês... e só.
-Mas mesmo assim vocês podem
acabar desejando outras pessoas, assim como eu posso acabar desejando
também. Isso é natural, é humano. Só peço que nunca deixem de me
dizer se isso acontecer, porque eu não deixaria de dizer, entendem?
-Quanto a isso, amor... fica
tranquila. Lealdade acima de tudo. - fala Haroldo.
-Pra mim vai ser uma
oportunidade de provar a mim mesmo que mudei e que não preciso mais
viver uma vida de mentiras nem me escondendo de ninguém. Prometo ser
leal enquanto nós pudermos estar juntos... - fala Mateus.
-A gente nem precisava ter
essa conversa, gente... já estava tudo subentendido desde que
resolvemos assumir esse relacionamento a três... - fala Laura.
-Subentendido ou não,
comunicação nunca é demais... - aponta Haroldo.
-Tá... agora chega de bla bla
bla que eu não consigo comer enquanto converso e tou verde de fome!
- brinca Laura.
CORTA A CENA.
CENA 3: Victor se consulta com
Valentim.
-Bom te ver aqui outra vez,
Victor.
-Era pra eu ter vindo antes,
Valentim... mas no meio daquele fuzuê todo da prisão do Guilherme,
do escândalo que isso gerou, acabou que não vim antes.
-Não se preocupe. Todos nós
ficamos fora do eixo com isso e... bem, agora você sabe que além de
psiquiatra, também sou investigador.
-Pois é. Diogo me contou,
muito arrependido que chegou a desconfiar de mim. Chorava feito um
bebê... mas eu compreendi as razões dele. Até eu desconfiaria de
mim mesmo.
-Não seja tão duro com você
mesmo, Victor. Ademais, você parece estar cada vez melhor.
-Tenho me sentido bem. A
terapia complementar tem me feito um bem danado, além da medicação,
é claro.
-Estou surpreso e feliz de ver
sua evolução, Victor. Há limítrofes que não chegam a um terço
dessa sua evolução em anos de tratamento.
-Mesmo com a terapia
complementar?
-Acredite... nem com ela.
-Por que?
-Às vezes eles não recebem o
apoio das pessoas próximas, que tratam as crises como fricote,
frescura, personalidade forte ou mesmo chamam de mimados.
-A falta de apoio pode ser
mesmo desastrosa. Mas entendo um pouco disso... antes mesmo de eu ser
diagnosticado, meus familiares me viraram as costas. Diziam que eu só
sabia criar polêmica atrás de polêmica... que eu fazia isso
deliberadamente. A sorte que eu tive foi de encontrar o Diogo na
minha vida. Com o apoio e compreensão dele, eu me sinto muito mais
firme e confiante.
-Exatamente, Victor... esse
apoio de quem é próximo é fundamental no tratamento.
Os dois seguem a conversar.
CORTA A CENA.
CENA 4: Marcelo e Rafael
conversam com Riva sobre planos de viajarem em breve.
-Então é isso, mãe... a
gente tá pensando em viajar por aí, pelo Brasil... conhecer as
culturas do nosso país... - fala Marcelo.
-Eu sei que isso é importante
pra você... pra vocês dois. Também tenho muita vontade de conhecer
todo o Brasil algum dia, mas... desculpa falar, acho que vocês
deveriam adiar seus planos... - considera Riva.
-Por que, prima? - questiona
Rafael.
-Porque nesse momento eu
preciso de vocês por perto. Nós todos precisamos... - esclarece
Riva.
-Quanto a isso nem se
preocupe, Riva. A gente tá pensando em viajar, mas não tem nenhuma
data definida. Pode ser daqui uma semana ou daqui um ano... - fala
Rafael.
-Melhor assim. A Suzanne tá
preparando uma festa grande para comemorar a volta dela pro país e
essa pode ser a oportunidade perfeita de desmascararmos ela. Conto
com a ajuda de vocês, nem que seja pra assistir de camarote a
máscara dessa falsiane caindo. - fala Riva.
-Ah, isso eu faço questão de
ver e aplaudir, mãe. Só não dou na cara dessa safada porque bater
em mulher é errado e eu não faria isso nem com ela.
-Isso, meu filho... se tiver
de acontecer, deixa comigo. Ainda não sei ao certo como o plano vai
se executar no final das contas, mas se eu tiver a oportunidade de
meter a mão na cara dela, pode deixar que eu mesma faço, porque
minha mão chega a coçar de vontade de dar uma surra naquela cara
lavada dela. - fala Riva.
-Ai, pelo amor de Deus, gente!
Vamos mudar de assunto! - fala Rafael.
CORTA A CENA.
CENA 5: Bruno chama Cláudio
para conversar sobre ligação que acabou de receber.
-Cláudio... você não sabe
quem acabou de me ligar.
-Quem?
-Minha mãe...
-Tá vendo? Parece que você
tava sentindo que eles iam te procurar. Falou com seu pai também?
-Falei, claro. Tou morrendo de
saudade dos velhos.
-E como eles estão?
-O meu pai bem, graças a
Deus. Totalmente recuperado do infarto que teve já há algum tempo,
mas... a mãe é aquela coisa. Tá sempre se queixando de dores...
não sei até que ponto isso é grave ou não, mas tento não me
preocupar muito com isso. O fato é que eles me chamaram pra passar
um tempo lá em Coroados, assim que eu contei a eles que fui
demitido. Não sei o que fazer... não consegui continuar a faculdade
de medicina e ainda por cima sou bissexual. Talvez eles me considerem
um mentiroso. Não sei se consigo encarar eles...
-Um dia você vai precisar
contar a verdade pra eles. Nada do que você fez ou deixou de fazer é
motivo de vergonha. Você foi usado pelo Guilherme, assim como o
Mateus e o Haroldo também foram... dessa parte eles nunca precisam
saber. Eles querem que você vá ver eles quando?
-Não deram prazo. Eles sabem
que a vida aqui no Rio pode ser mais difícil... então eu ainda
tenho um tempo pra pensar.
-Vai dar tudo certo, Bruno...
confia nisso.
-Tomara que você esteja
certo, Cláudio...
-Você vai ver como estou...
Os dois se abraçam. CORTA A
CENA.
CENA 6: Valentim se reúne com
Mara e Raquel para debaterem sobre investigações a respeito das
contas de Suzanne.
-Chamei vocês duas para
infelizmente dizer uma coisa que talvez vocês não gostem muito de
ouvir... o fato é que as contas da Suzanne na Suíça não provam
até o momento crime algum. - fala Valentim.
-Mesmo assim, isso poderia dar
respaldo para uma prisão preventiva, Valentim. - considera Mara.
-Sem prova nenhuma, Mara?
Como? Estamos carecas de saber que todos são inocentes até que se
comprovem os crimes cometidos. Não tem como trabalharmos com
presunção de culpa. - considera Valentim.
-E o que pode ser feito na
prática para que essas investigações levem a algum lugar? Confesso
que a ideia de que minha filha vá continuar completamente impune me
incomoda um pouco, sabendo eu que ela é sim uma criminosa... - fala
Raquel.
-Vamos precisar verificar isso
com calma, ainda. - fala Valentim.
-Pelo menos temos meios
judiciais de providenciar algumas restrições à liberdade de ir e
vir da Suzanne enquanto ela é investigada. - fala Mara.
-Só peço que tentem agilizar
com isso de uma vez. Conheço bem minha filha pra saber que, se ela
desconfiar que está sendo investigada e nenhuma dessas medidas for
tomada a tempo, ela é bem capaz de fugir do país... e pra não
voltar. Não se esqueçam dos seis anos que ela passou morando fora.
- considera Raquel.
-De fato, Raquel... temos que
dar um jeito de agilizar tudo isso antes que a Suzanne descubra que
está sendo investigada, porque cedo ou tarde ela vai acabar sabendo
disso. - fala Valentim.
Os três seguem debatendo
sobre os próximos passos. CORTA A CENA.
CENA 7: Procópio conversa com
Ivan, que foi à companhia de teatro.
-Eu sei que você não quer
ouvir mais nada que se relacione com o tempo que o Haroldo passou
fugido, Ivan, mas...
-Mas o que? Quando você
começa com os seus rodeios, eu já sei que vem alguma bomba por
aí...
-O Valentim me disse que a
facção liderada pelo Guilherme pode não ter encerrado
completamente as atividades. Desculpa falar isso...
-Isso não me preocupa mais,
Procópio.
-Tem certeza que não é pra
se preocupar?
-E por que eu me preocuparia?
O algoz do Haroldo e de tanta gente mais foi o Guilherme. Se essa
facção não tiver sido completamente desbaratada – e eu espero
que realmente tenha sido liquidada – definitivamente o foco de quem
tá no comando agora, se é que as suspeitas do Valentim são reais,
não é nossa família, nem ninguém próximo.
-É... mas não se esqueça
que ainda assim essa facção representa um risco real à segurança
pública e muito mais...
-Entendo que você esteja
preocupado, mas acho que você nem devia ter comentado isso comigo.
-Por que não?
-Você conhece o Valentim há
mais tempo que eu. Estudaram juntos. Você sabe que ele conta as
coisas esperando que você não diga a ninguém.
-Mas eu me preocupo com você,
com vocês...
-Eu sei disso, Procópio...
mas acho que o melhor que a gente tem a fazer agora é tentar deixar
essa conversa pra lá. Nem vou comentar nada com o Valentim senão
vocês acabam brigando mais uma vez...
-Tá certo... desculpa.
CORTA A CENA.
CENA 8: Marcelo e Rafael vão
à casa de Cláudio e Bruno os recebe.
-Já chamo o Cláudio, fiquem
à vontade. - fala Bruno.
Cláudio chega e recebe o
irmão e o cunhado.
-Que bom que vocês vieram,
queridos... mas me digam, por que vieram assim, de repente?
-Então... a gente gostaria de
falar a sós com você... desculpa Bruno. - fala Rafael.
-Que isso, gente... eu vou
aproveitar pra passar roupa, dá licença. - fala Bruno, saindo.
-Falem, gente... - fala
Cláudio.
-A gente precisa te explicar
sobre o plano que a minha mãe tá bolando pra pegar a Suzanne no
pulo. - fala Marcelo.
-Bem... não é exatamente um
plano só da Riva. É um plano que envolve a minha mãe também... e
mais gente. Estamos sendo orientados tanto pelo Márcio quanto pelo
Valentim. - fala Rafael.
-E qual é a ideia? - pergunta
Cláudio.
-A ideia é dar uma lição na
Suzanne. Algo que mexa na vaidade dela de uma vez por todas, de forma
que ela confesse alguma coisa. - fala Marcelo.
-Tenho nojo só de imaginar
que essa falsiane aí é minha mãe... - fala Cláudio.
-É foda, cunhado... mas fazer
o que... - fala Rafael.
-Mas contem mais sobre como
vai ser esse plano... - fala Cláudio.
Os três seguem conversando.
CORTA A CENA.
CENA 9: Horas depois, Suzanne
está na mansão dos Bittencourt conversando com Riva, Marion,
Vicente, Ivan e Valquíria.
-Então é isso, Marion... se
você quiser ajudar na organização da festa, vou adorar. - fala
Suzanne.
-Claro que eu posso, querida.
Riva, você também não gostaria de ajudar? - fala Marion.
-Adoraria, mas sabe como é
cuidar de filho pequeno. O Lúcio ainda precisa muito de mim...
coisas de mãe. - fala Riva.
Rafael, Marcelo e Cláudio
chegam em casa, sem saber que Suzanne está ali.
-Pensei que não vinham mais,
meninos. Vocês vão à festa que tou preparando amanhã? Vai estar
um arraso! - fala Suzanne.
Cláudio fica frente a frente
com Suzanne e paralisa.
FIM DO CAPÍTULO 104.
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