CENA 1: Riva tenta dominar seu
asco por Suzanne e Vicente fica aflito.
-Vai voltar? Que bom! Você só
me dá um instantezinho que eu tou terminando de colocar o Lúcio pra
dormir? - fala Riva, tapando com a mão seu telefone.
-Vicente, o que eu falo pra
essa mulher? Quando percebi que era ela eu quase cobri ela de xingão!
- revolta-se Riva.
-Calma, amor... lembra do que
foi combinado. Nada de perder a calma ou a compostura agora. Ela não
faz ideia de que já foi denunciada pelo Márcio. Sei que pode
parecer difícil, mas o melhor agora é se segurar e se fingir de
amiga da Suzanne. Tenta agir com naturalidade, amor... como se nada
tivesse acontecido... - aconselha Vicente.
-Não tenho outra opção... -
conforma-se Riva.
-Infelizmente não, Riva. -
finaliza Vicente.
Riva tira a mão do telefone e
torna a falar com Suzanne.
-Feito, Suzanne. Meu filhote
já tá dormindo tranquilo no berço. Fala mais sobre a sua volta,
querida! - fala Riva, forçando simpatia.
-Então, Riva... devo voltar
no comecinho da semana que vem.
-Que bom, querida... como foi
sua estadia aí na França?
-Uma delícia, você não tem
noção. Claro que também tive muito trabalho, pra variar.
-Ah é? Não brinca...
-É verdade, Riva.
-É? Conta mais como foi esse
trabalho duro...
-Além da cliente que tava
esperando pelas aulas de etiqueta, acabei ficando por aqui mais tempo
porque ela me indicou para outras amigas, algumas inclusive nem são
brasileiras, são francesas mesmo. Todas elas querendo instruções
de como agir com classe e elegância em eventos sociais. Acabou que
ganhei mais dinheiro que imaginava, durante esse tempo aqui. Foi isso
que me fez ficar mais tempo aqui por Paris...
-Oh, que esplêndido, amiga!
Você é mesmo uma excelente professora!
-Impressão ou você está
sendo irônica, Riva?
-Acho que você está se
confundindo, Suzanne. Deve ser a ligação que tá meio ruim. Fico
feliz de saber que sua estadia aí tem sido tão... lucrativa, sabe?
-Ah, isso tem sido mesmo. Mas
no fim das contas eu sinto falta do meu Brasil, do meu Rio...
-Do Rio? Mas você não é
paulista?
-Você entendeu, querida.
Minha alma é carioca.
-Claro que entendi. Querida,
preciso desligar agora. Nos vemos semana que vem, quando você
estiver de volta ao Brasil.
-Beijo, Riva.
-Beijo, Suzanne.
Riva desliga, enojada.
-Não sei sinceramente como eu
consegui ser tão falsa falando com a Suzanne... - desabafa Riva.
-Você apenas jogou o jogo
dela, amor. É necessário nesse momento, querida. Não fica mal por
isso.
-Tou procurando não ficar
mal, mas me sinto enojada com tudo. E com alguma raiva de mim mesmo
por não ter percebido antes que ela é uma psicopata, mas... se for
pra levar tudo até o fim, vou ter que resistir.
-Isso, amor... você vai
conseguir. Atuar nunca foi um problema pra você.
-Só você pra me animar,
Vicente.
Vicente abraça Riva,
amparando-a. CORTA A CENA.
CENA 2: Horas depois,
Guilherme interage facilmente com os outros internos da instituição
psiquiátrica. Quatro internos estão perto dele.
-Então é verdade que você
mandou assaltar bancos? - pergunta um dos internos.
-Verdade verdadira, viu? Eu
fui o líder da maior facção que esse estado já viu desde que o
Brasil deixou de ser colônia de Portugal... - afirma Guilherme,
megalomaníaco.
-Como é que um doido
conseguiu ir tão longe? - pergunta outro interno.
-Sou doido, mas sou
inteligente, né. Meu pai criou essa facção antes de eu sonhar em
nascer. Ele era dono de tudo aquilo. Era dono do Rio de Janeiro, só
que sem mostrar a cara. No final das contas era ele que mandava em
tudo. Tinha os políticos na mão dele... lançou muita gente na
política e derrubou muitos outros. Pra ser alguém destacado aqui,
tinha que passar pela aprovação dele. - fala Guilherme.
-E você fez isso quando
assumiu? - pergunta outro interno.
-No começo até fiz, vocês
não sabem como é saboroso ter tanto poder na sua mão. O poder
vicia, mais que qualquer droga. Mas eu queria mais... eu queria ter
poder no destino das pessoas. Eu tive esse poder. Tive muita gente na
minha mão, eu conhecia as fraquezas de cada um... e usava isso a meu
favor. Ganhei muito dinheiro com os segredos dos outros. - fala
Guilherme.
-E os bancos assaltados
também, não? - pergunta o quarto interno.
-Claro! Sempre tive homens
competentes trabalhando pra facção. Muitos deles planejavam os
assaltos, mas não participavam ativamente. Eles também tinham os
contatos deles e eram esses que eles quase sempre usavam pra caso
desse alguma merda. Assim não respingava nada na minha facção e a
gente podia continuar agindo livre. Mas em 2014 deu ruim... o pessoal
afinou. Foram os meus homens mesmo... e deu ruim pra eles... foram
presos. Falaram demais, quiseram me delatar. Mandei matar... e por
causa disso, acabei vindo pra cá. - fala Guilherme.
Os internos seguem encantados
com Guilherme, que segue a contar suas histórias. CORTA A CENA.
CENA 3: Na manhã do dia
seguinte, Haroldo, que dormiu na mansão dos Bittencourt, é acordado
pelo pai.
-Nossa, seu Ivan... você não
perde mesmo a mania de acordar os filhos... - protesta Haroldo.
-Ah, é bom chamar todo mundo
pro café da manhã. Vem com a gente, filho...
-Você tá certo. No fundo eu
até gosto disso.
Haroldo vai com Ivan tomar o
café da manhã com todos. Logo após o café da manhã, Haroldo
resolve chamar a todos.
-Bem... acho que depois de
acabado todo esse tormento, eu posso finalmente explicar a vocês
todos porque eu tive de fugir por mais de dois anos... o que
aconteceu é que, como não é segredo pra ninguém, eu fui durante
muito tempo viciado em jogatina, assim como o pai. Isso me complicou
com agiotas. Só que um desses agiotas, o Maurício, trabalhava para
a facção e eu não sabia disso. Eu estava devendo mais de cem mil
reais pra ele e não tinha como conseguir esse dinheiro rápido. Foi
então que ele me disse que o chefe da facção iria matar a mim e a
todos vocês se eu não conseguisse a grana, mas que eu tinha a opção
de trabalhar para a facção até saldar minha dívida. Fui obrigado
a fugir e a assumir uma identidade falsa... como vocês sabem, nesses
dois anos eu me chamei Rodrigo. Eu consegui pagar a minha dívida em
meses, mas estava preso à facção porque eu sabia demais e o chefe
usava isso contra mim, me ameaçando e ameaçando a todos vocês, sem
que vocês soubessem disso. Não tive outra saída a não ser
continuar a prestar serviços pra facção. Nunca foi algo que eu
quis fazer, mas era pra sobreviver e garantir que todos vocês também
estariam a salvo. Durante esse tempo eu acabei me tornando o agiota
da facção, cobrando com juros as dívidas de quem devia para a
facção. Também idealizei várias ações da facção, como
analisar a segurança interna de alguns bancos para repassar para os
homens que arquitetariam esses assaltos. Ativamente eu nunca
participei de nada disso, mas depois de um tempo comecei a me sentir
muito culpado por fazer parte daquilo. Desafiei o chefe, que hoje a
gente sabe que é o Guilherme e comecei a recusar ordens dele. Em vez
de me ameaçar, ele foi me redirecionando para outras tarefas... até
que resolveu que ia me libertar, que não precisava mais dos meus
serviços. Foi quando eu voltei pra essa casa e pude ser Haroldo
outra vez. Só que ainda assim, segui sendo ameaçado e coagido a
nunca contar nada, até pouco antes do Guilherme ser preso... eu vou
entender se vocês ficarem decepcionados comigo... - fala Haroldo.
-Por que a gente ficaria
decepcionado? Bem ou mal, você fez o que fez, de uma maneira torta,
para nos manter a salvo. Devemos nossas vidas intactas a você... -
constata Rafael.
Todos apoiam Haroldo. CORTA A
CENA.
CENA 4: No dia seguinte,
Vicente e Riva encontram-se com Márcio para questionar sobre retorno
de Suzanne.
-Você tá sabendo que a
Suzanne volta semana que vem, Márcio? - pergunta Riva.
-Que? Não sei de nada. A
tratante não me liga tem tempos... - fala Márcio.
-Pois a Riva recebeu uma
ligação internacional ontem... era a Suzanne. Dizendo que volta no
começo da semana ao Brasil. Pensamos que você soubesse de algo... -
fala Vicente.
-Não sabia de nada, gente...
tou sabendo agora, por vocês. Mas você conseguiu pelo menos manter
o sangue frio, eu espero, Riva... - fala Márcio.
-Foi muito difícil não cagar
aquela mulher de tanto xingão, mas consegui ficar fria... tratei ela
como se ela fosse minha melhor amiga. Até onde sei ela deve voltar
entre segunda e terça... ela disse que era no começo da semana,
então só tenho certeza que vai ser antes da quarta-feira. - fala
Riva.
-É bom que vocês tenham me
avisado, queridos. Assim eu falo pra dona Raquel e ela comunica os
outros investigadores para intensificarem as investigações contra a
Suzanne... - fala Márcio
-Queria conhecer a mãe da
Suzanne melhor. A única vez que tive contato com ela foi pensando
que ela era uma empregada... - fala Riva.
-Haverá mais oportunidades,
agora que ela é investigadora. Queridos, já preciso ir. Dona Raquel
precisa saber o quanto antes que a filha dela vai voltar. - finaliza
Márcio.
CORTA A CENA.
CENA 5: Ao chegar na casa de
Raquel, Márcio toma um café e liga para Raquel, que está
trabalhando.
-Oi, dona Raquel... espero não
estar atrapalhando seu trabalho.
-De forma alguma, querido.
Pode falar que eu só pego na delegacia mais tarde.
-Acabei de voltar de um
encontro com a Riva e com o Vicente.
-E daí? Alguma novidade?
-Eles me disseram que a
Suzanne ligou pra Riva. Ela contou que vai voltar pro Brasil semana
que vem.
-Pra você ver o nível de
consideração que ela tem por mim e por você, meu filho...
-Nem me fala. Até onde sei
ela volta entre segunda e terça.
-Excelente. Talvez assim eu
tenha tempo de encaminhar algumas coisas ao Valentim e ver o que pode
ser feito de legal para impedir que a Suzanne deixe o país outra
vez.
-Será que isso vai ser
possível?
-Não custa tentar. Vamos
precisar consultar juízes a respeito, para saber se é possível
impedir alguém de deixar o país por estar sendo investigado.
-Mas será que ela merece tudo
isso?
-Não dá pra recuar agora,
meu querido. Ela é uma psicopata, nunca se esqueça disso.
-Esquecer não é problema...
o problema é aceitar isso sem doer dentro de mim.
-Você é forte, Márcio. E é
bom que saiba que psicopatas são pessoas vaidosas.
-O que isso que dizer?
-Que provavelmente ela vai
querer fazer algum evento grande ao voltar pro país. Da mesma forma
que ela armou aquele festão de despedida, talvez ela queira, num dos
delírios de grandeza dela, fazer outra festa colossal para comemorar
sua volta.
-Isso tá me dando uma ideia,
dona Raquel... se ela fizer essa festa, pode ser um bom momento para
a Riva desmascarar a pilantra...
-Se é falta de permissão que
te impede de falar isso a eles, saiba que eu te dou essa permissão.
O que a gente não conseguiu descobrir sobre ela ainda talvez ela
mesma diga se desmascarada... - fala Raquel.
CORTA A CENA.
CENA 6: Horas depois, na
mansão dos Bitrencourt, Márcio se reúne com Marcelo, Rafael,
Vicente, Riva, Valquíria, Ivan e Marion na edícula para traçarem
plano contra Suzanne.
-Então foi isso que dona
Raquel me disse, gente... que a Suzanne, sendo uma psicopata, é uma
pessoa vaidosa e por essa vaidade desmedida, vai querer posar
triunfante na volta. Provavelmente isso significa que ela vai querer
promover mais um daqueles festões... - fala Márcio.
-Acho que tou começando a
entender o que a gente pode fazer. Talvez nesse grande evento que ela
possa vir a planejar, seja o melhor momento pra que eu acerte as
contas com aquela infeliz... - fala Riva.
-Eu tava pensando justamente
nisso, pai. Não é só o melhor momento pra mãe acertar as contas
com a Suzanne como pode ser um excelente momento pra desmascarar a
farsante, se ela acabar confessando alguma coisa... - fala Marcelo.
-É uma possibilidade, meu
filho... mas não sei se a Suzanne confessaria alguma coisa. Aquilo
ali é esperta, gente... ela não move uma palha sem pensar muito bem
antes, ainda mais quando acuada... - fala Márcio.
-De qualquer forma, pelo menos
uma boa humilhação ela merece passar. Se psicopatas são vaidosos,
isso significa que ela sendo pega pela vaidade, sendo humilhada, é
como se de alguma forma ela estivesse desnudada... - observa Marion.
-A minha filha tem razão,
Márcio. Gentinha como a Suzanne eu já conheci às pencas nessa
vida. O ponto fraco é sempre a vaidade... - fala Valquíria.
-Bem, se for só isso, então
pode ser mais fácil que a gente imagina... - fala Vicente.
-Assim esperamos todos nós...
- finaliza Márcio.
CORTA A CENA.
CENA 7: Victor percebe que
Diogo está cabisbaixo e triste.
-Você tá bem, amor? Não tá
nem comendo direito...
-Eu fiz besteira, Victor... e
a maior besteira que eu fiz foi com você.
-Para com isso, Diogo. Você
não me fez nada.
-Diretamente não, mas eu fui
injusto com você. Duvidei da única pessoa que me ama de todo o
coração nessa vida... e agora eu fico me culpando, arrependido
pelos julgamentos que fiz...
-Já passou, Diogo. Não
importa o que você pensou de mim.
-Importa sim, Victor. Eu
passei meses pensando que o chefe da facção podia ser você... você
percebe como fui injusto com você?
-Amor... eu não te julgo nem
te culpo por isso. Até eu desconfiaria de mim, por causa das crises.
-Mas eu me sinto mal por ter
sido tão injusto. Você foi o único que desde o começo me amou sem
reservas... e eu quase joguei isso fora por paranoia, desconfiança
besta...
Diogo chora e Victor o
consola.
-Essa tormenta já passou, meu
amor... e nós estamos aqui, juntos ainda.
-É, mas pelo visto não vai
dar tempo de viajar pelos outros países que você queria... - brinca
Diogo.
-Bobo. Não se faz problema. A
gente resolve isso quando der.
Os dois se amam. CORTA A CENA.
CENA 8: De volta à casa de
Laura, Haroldo está na companhia de Mateus enquanto Laura vai às
compras.
-Que tanto você fica olhando
pra mim, Haroldo? - questiona Mateus.
-Sabe... eu admiro você cada
dia mais. Por toda a sua luta, sua superação, por você provar o
seu caráter apesar do que passou...
-Deixa de besteira, Haroldo.
Não fiz mais que minha obrigação. Você que é sensacional... um
guerreiro como eu. E ainda faz a Laura feliz depois de eu ter
enganado ela por tanto tempo.
-Vai ficar mesmo nessa
rasgação de seda mútua? Mas que ceninha mais digna de novela das
seis! - brinca Haroldo.
-Você é realmente um homem
incrível, Haroldo. Não estou dizendo nenhuma mentira. Sempre
simpatizei com você, mesmo quando pensava que você se chamava
Rodrigo.
-Você que é incrível,
Mateus. E, me desculpe pelo que vou dizer... não me entenda mal, mas
também muito bonito.
-Eu também acho você um
homem bonito. Mais que bonito, interessante...
Pinta um clima entre os dois e
eles quase se beijam, mas Haroldo recua antes que o beijo aconteça.
-Melhor a gente parar por
aqui. Eu não sei que tipo de coisa tá acontecendo aqui entre a
gente, mas... é melhor não parar pra pensar nisso, nem continuar.
Não é justo com a Laura...
-Cê tá certo, Haroldo... ela
não merece ser enganada pela segunda vez...
Os dois se encaram, com desejo
e constrangidos.
CORTA A CENA.
CENA 9: Na manhã do dia
seguinte, Bruno, Laura, Mateus e Haroldo tomam café da manhã quando
toca a campainha.
-Mas quem é que viria aqui
nessa hora da manhã? Valentim não avisou nada... - observa Laura.
-Eu abro, amor... - fala
Haroldo.
Haroldo vai abrir a porta e se
depara com Cláudio.
-Oi, Cláudio... veio visitar
a gente? Não esperava por isso... - fala Haroldo.
-Vim falar com o Bruno, na
verdade... se vocês não se importarem.
Bruno vai até Cláudio.
-Diga, Cláudio... bom te ver
aqui logo tão cedo... - fala Bruno.
-Oi, querido. Eu vim te fazer
um pedido... aliás, um pedido a todos vocês. Eu gostaria que você
voltasse a morar na minha casa.
Bruno se anima. FIM DO
CAPÍTULO 101.
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