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sexta-feira, 9 de setembro de 2016

CAPÍTULO 101

CENA 1: Riva tenta dominar seu asco por Suzanne e Vicente fica aflito.
-Vai voltar? Que bom! Você só me dá um instantezinho que eu tou terminando de colocar o Lúcio pra dormir? - fala Riva, tapando com a mão seu telefone.
-Vicente, o que eu falo pra essa mulher? Quando percebi que era ela eu quase cobri ela de xingão! - revolta-se Riva.
-Calma, amor... lembra do que foi combinado. Nada de perder a calma ou a compostura agora. Ela não faz ideia de que já foi denunciada pelo Márcio. Sei que pode parecer difícil, mas o melhor agora é se segurar e se fingir de amiga da Suzanne. Tenta agir com naturalidade, amor... como se nada tivesse acontecido... - aconselha Vicente.
-Não tenho outra opção... - conforma-se Riva.
-Infelizmente não, Riva. - finaliza Vicente.
Riva tira a mão do telefone e torna a falar com Suzanne.
-Feito, Suzanne. Meu filhote já tá dormindo tranquilo no berço. Fala mais sobre a sua volta, querida! - fala Riva, forçando simpatia.
-Então, Riva... devo voltar no comecinho da semana que vem.
-Que bom, querida... como foi sua estadia aí na França?
-Uma delícia, você não tem noção. Claro que também tive muito trabalho, pra variar.
-Ah é? Não brinca...
-É verdade, Riva.
-É? Conta mais como foi esse trabalho duro...
-Além da cliente que tava esperando pelas aulas de etiqueta, acabei ficando por aqui mais tempo porque ela me indicou para outras amigas, algumas inclusive nem são brasileiras, são francesas mesmo. Todas elas querendo instruções de como agir com classe e elegância em eventos sociais. Acabou que ganhei mais dinheiro que imaginava, durante esse tempo aqui. Foi isso que me fez ficar mais tempo aqui por Paris...
-Oh, que esplêndido, amiga! Você é mesmo uma excelente professora!
-Impressão ou você está sendo irônica, Riva?
-Acho que você está se confundindo, Suzanne. Deve ser a ligação que tá meio ruim. Fico feliz de saber que sua estadia aí tem sido tão... lucrativa, sabe?
-Ah, isso tem sido mesmo. Mas no fim das contas eu sinto falta do meu Brasil, do meu Rio...
-Do Rio? Mas você não é paulista?
-Você entendeu, querida. Minha alma é carioca.
-Claro que entendi. Querida, preciso desligar agora. Nos vemos semana que vem, quando você estiver de volta ao Brasil.
-Beijo, Riva.
-Beijo, Suzanne.
Riva desliga, enojada.
-Não sei sinceramente como eu consegui ser tão falsa falando com a Suzanne... - desabafa Riva.
-Você apenas jogou o jogo dela, amor. É necessário nesse momento, querida. Não fica mal por isso.
-Tou procurando não ficar mal, mas me sinto enojada com tudo. E com alguma raiva de mim mesmo por não ter percebido antes que ela é uma psicopata, mas... se for pra levar tudo até o fim, vou ter que resistir.
-Isso, amor... você vai conseguir. Atuar nunca foi um problema pra você.
-Só você pra me animar, Vicente.
Vicente abraça Riva, amparando-a. CORTA A CENA.

CENA 2: Horas depois, Guilherme interage facilmente com os outros internos da instituição psiquiátrica. Quatro internos estão perto dele.
-Então é verdade que você mandou assaltar bancos? - pergunta um dos internos.
-Verdade verdadira, viu? Eu fui o líder da maior facção que esse estado já viu desde que o Brasil deixou de ser colônia de Portugal... - afirma Guilherme, megalomaníaco.
-Como é que um doido conseguiu ir tão longe? - pergunta outro interno.
-Sou doido, mas sou inteligente, né. Meu pai criou essa facção antes de eu sonhar em nascer. Ele era dono de tudo aquilo. Era dono do Rio de Janeiro, só que sem mostrar a cara. No final das contas era ele que mandava em tudo. Tinha os políticos na mão dele... lançou muita gente na política e derrubou muitos outros. Pra ser alguém destacado aqui, tinha que passar pela aprovação dele. - fala Guilherme.
-E você fez isso quando assumiu? - pergunta outro interno.
-No começo até fiz, vocês não sabem como é saboroso ter tanto poder na sua mão. O poder vicia, mais que qualquer droga. Mas eu queria mais... eu queria ter poder no destino das pessoas. Eu tive esse poder. Tive muita gente na minha mão, eu conhecia as fraquezas de cada um... e usava isso a meu favor. Ganhei muito dinheiro com os segredos dos outros. - fala Guilherme.
-E os bancos assaltados também, não? - pergunta o quarto interno.
-Claro! Sempre tive homens competentes trabalhando pra facção. Muitos deles planejavam os assaltos, mas não participavam ativamente. Eles também tinham os contatos deles e eram esses que eles quase sempre usavam pra caso desse alguma merda. Assim não respingava nada na minha facção e a gente podia continuar agindo livre. Mas em 2014 deu ruim... o pessoal afinou. Foram os meus homens mesmo... e deu ruim pra eles... foram presos. Falaram demais, quiseram me delatar. Mandei matar... e por causa disso, acabei vindo pra cá. - fala Guilherme.
Os internos seguem encantados com Guilherme, que segue a contar suas histórias. CORTA A CENA.

CENA 3: Na manhã do dia seguinte, Haroldo, que dormiu na mansão dos Bittencourt, é acordado pelo pai.
-Nossa, seu Ivan... você não perde mesmo a mania de acordar os filhos... - protesta Haroldo.
-Ah, é bom chamar todo mundo pro café da manhã. Vem com a gente, filho...
-Você tá certo. No fundo eu até gosto disso.
Haroldo vai com Ivan tomar o café da manhã com todos. Logo após o café da manhã, Haroldo resolve chamar a todos.
-Bem... acho que depois de acabado todo esse tormento, eu posso finalmente explicar a vocês todos porque eu tive de fugir por mais de dois anos... o que aconteceu é que, como não é segredo pra ninguém, eu fui durante muito tempo viciado em jogatina, assim como o pai. Isso me complicou com agiotas. Só que um desses agiotas, o Maurício, trabalhava para a facção e eu não sabia disso. Eu estava devendo mais de cem mil reais pra ele e não tinha como conseguir esse dinheiro rápido. Foi então que ele me disse que o chefe da facção iria matar a mim e a todos vocês se eu não conseguisse a grana, mas que eu tinha a opção de trabalhar para a facção até saldar minha dívida. Fui obrigado a fugir e a assumir uma identidade falsa... como vocês sabem, nesses dois anos eu me chamei Rodrigo. Eu consegui pagar a minha dívida em meses, mas estava preso à facção porque eu sabia demais e o chefe usava isso contra mim, me ameaçando e ameaçando a todos vocês, sem que vocês soubessem disso. Não tive outra saída a não ser continuar a prestar serviços pra facção. Nunca foi algo que eu quis fazer, mas era pra sobreviver e garantir que todos vocês também estariam a salvo. Durante esse tempo eu acabei me tornando o agiota da facção, cobrando com juros as dívidas de quem devia para a facção. Também idealizei várias ações da facção, como analisar a segurança interna de alguns bancos para repassar para os homens que arquitetariam esses assaltos. Ativamente eu nunca participei de nada disso, mas depois de um tempo comecei a me sentir muito culpado por fazer parte daquilo. Desafiei o chefe, que hoje a gente sabe que é o Guilherme e comecei a recusar ordens dele. Em vez de me ameaçar, ele foi me redirecionando para outras tarefas... até que resolveu que ia me libertar, que não precisava mais dos meus serviços. Foi quando eu voltei pra essa casa e pude ser Haroldo outra vez. Só que ainda assim, segui sendo ameaçado e coagido a nunca contar nada, até pouco antes do Guilherme ser preso... eu vou entender se vocês ficarem decepcionados comigo... - fala Haroldo.
-Por que a gente ficaria decepcionado? Bem ou mal, você fez o que fez, de uma maneira torta, para nos manter a salvo. Devemos nossas vidas intactas a você... - constata Rafael.
Todos apoiam Haroldo. CORTA A CENA.

CENA 4: No dia seguinte, Vicente e Riva encontram-se com Márcio para questionar sobre retorno de Suzanne.
-Você tá sabendo que a Suzanne volta semana que vem, Márcio? - pergunta Riva.
-Que? Não sei de nada. A tratante não me liga tem tempos... - fala Márcio.
-Pois a Riva recebeu uma ligação internacional ontem... era a Suzanne. Dizendo que volta no começo da semana ao Brasil. Pensamos que você soubesse de algo... - fala Vicente.
-Não sabia de nada, gente... tou sabendo agora, por vocês. Mas você conseguiu pelo menos manter o sangue frio, eu espero, Riva... - fala Márcio.
-Foi muito difícil não cagar aquela mulher de tanto xingão, mas consegui ficar fria... tratei ela como se ela fosse minha melhor amiga. Até onde sei ela deve voltar entre segunda e terça... ela disse que era no começo da semana, então só tenho certeza que vai ser antes da quarta-feira. - fala Riva.
-É bom que vocês tenham me avisado, queridos. Assim eu falo pra dona Raquel e ela comunica os outros investigadores para intensificarem as investigações contra a Suzanne... - fala Márcio
-Queria conhecer a mãe da Suzanne melhor. A única vez que tive contato com ela foi pensando que ela era uma empregada... - fala Riva.
-Haverá mais oportunidades, agora que ela é investigadora. Queridos, já preciso ir. Dona Raquel precisa saber o quanto antes que a filha dela vai voltar. - finaliza Márcio.
CORTA A CENA.

CENA 5: Ao chegar na casa de Raquel, Márcio toma um café e liga para Raquel, que está trabalhando.
-Oi, dona Raquel... espero não estar atrapalhando seu trabalho.
-De forma alguma, querido. Pode falar que eu só pego na delegacia mais tarde.
-Acabei de voltar de um encontro com a Riva e com o Vicente.
-E daí? Alguma novidade?
-Eles me disseram que a Suzanne ligou pra Riva. Ela contou que vai voltar pro Brasil semana que vem.
-Pra você ver o nível de consideração que ela tem por mim e por você, meu filho...
-Nem me fala. Até onde sei ela volta entre segunda e terça.
-Excelente. Talvez assim eu tenha tempo de encaminhar algumas coisas ao Valentim e ver o que pode ser feito de legal para impedir que a Suzanne deixe o país outra vez.
-Será que isso vai ser possível?
-Não custa tentar. Vamos precisar consultar juízes a respeito, para saber se é possível impedir alguém de deixar o país por estar sendo investigado.
-Mas será que ela merece tudo isso?
-Não dá pra recuar agora, meu querido. Ela é uma psicopata, nunca se esqueça disso.
-Esquecer não é problema... o problema é aceitar isso sem doer dentro de mim.
-Você é forte, Márcio. E é bom que saiba que psicopatas são pessoas vaidosas.
-O que isso que dizer?
-Que provavelmente ela vai querer fazer algum evento grande ao voltar pro país. Da mesma forma que ela armou aquele festão de despedida, talvez ela queira, num dos delírios de grandeza dela, fazer outra festa colossal para comemorar sua volta.
-Isso tá me dando uma ideia, dona Raquel... se ela fizer essa festa, pode ser um bom momento para a Riva desmascarar a pilantra...
-Se é falta de permissão que te impede de falar isso a eles, saiba que eu te dou essa permissão. O que a gente não conseguiu descobrir sobre ela ainda talvez ela mesma diga se desmascarada... - fala Raquel.
CORTA A CENA.

CENA 6: Horas depois, na mansão dos Bitrencourt, Márcio se reúne com Marcelo, Rafael, Vicente, Riva, Valquíria, Ivan e Marion na edícula para traçarem plano contra Suzanne.
-Então foi isso que dona Raquel me disse, gente... que a Suzanne, sendo uma psicopata, é uma pessoa vaidosa e por essa vaidade desmedida, vai querer posar triunfante na volta. Provavelmente isso significa que ela vai querer promover mais um daqueles festões... - fala Márcio.
-Acho que tou começando a entender o que a gente pode fazer. Talvez nesse grande evento que ela possa vir a planejar, seja o melhor momento pra que eu acerte as contas com aquela infeliz... - fala Riva.
-Eu tava pensando justamente nisso, pai. Não é só o melhor momento pra mãe acertar as contas com a Suzanne como pode ser um excelente momento pra desmascarar a farsante, se ela acabar confessando alguma coisa... - fala Marcelo.
-É uma possibilidade, meu filho... mas não sei se a Suzanne confessaria alguma coisa. Aquilo ali é esperta, gente... ela não move uma palha sem pensar muito bem antes, ainda mais quando acuada... - fala Márcio.
-De qualquer forma, pelo menos uma boa humilhação ela merece passar. Se psicopatas são vaidosos, isso significa que ela sendo pega pela vaidade, sendo humilhada, é como se de alguma forma ela estivesse desnudada... - observa Marion.
-A minha filha tem razão, Márcio. Gentinha como a Suzanne eu já conheci às pencas nessa vida. O ponto fraco é sempre a vaidade... - fala Valquíria.
-Bem, se for só isso, então pode ser mais fácil que a gente imagina... - fala Vicente.
-Assim esperamos todos nós... - finaliza Márcio.
CORTA A CENA.

CENA 7: Victor percebe que Diogo está cabisbaixo e triste.
-Você tá bem, amor? Não tá nem comendo direito...
-Eu fiz besteira, Victor... e a maior besteira que eu fiz foi com você.
-Para com isso, Diogo. Você não me fez nada.
-Diretamente não, mas eu fui injusto com você. Duvidei da única pessoa que me ama de todo o coração nessa vida... e agora eu fico me culpando, arrependido pelos julgamentos que fiz...
-Já passou, Diogo. Não importa o que você pensou de mim.
-Importa sim, Victor. Eu passei meses pensando que o chefe da facção podia ser você... você percebe como fui injusto com você?
-Amor... eu não te julgo nem te culpo por isso. Até eu desconfiaria de mim, por causa das crises.
-Mas eu me sinto mal por ter sido tão injusto. Você foi o único que desde o começo me amou sem reservas... e eu quase joguei isso fora por paranoia, desconfiança besta...
Diogo chora e Victor o consola.
-Essa tormenta já passou, meu amor... e nós estamos aqui, juntos ainda.
-É, mas pelo visto não vai dar tempo de viajar pelos outros países que você queria... - brinca Diogo.
-Bobo. Não se faz problema. A gente resolve isso quando der.
Os dois se amam. CORTA A CENA.

CENA 8: De volta à casa de Laura, Haroldo está na companhia de Mateus enquanto Laura vai às compras.
-Que tanto você fica olhando pra mim, Haroldo? - questiona Mateus.
-Sabe... eu admiro você cada dia mais. Por toda a sua luta, sua superação, por você provar o seu caráter apesar do que passou...
-Deixa de besteira, Haroldo. Não fiz mais que minha obrigação. Você que é sensacional... um guerreiro como eu. E ainda faz a Laura feliz depois de eu ter enganado ela por tanto tempo.
-Vai ficar mesmo nessa rasgação de seda mútua? Mas que ceninha mais digna de novela das seis! - brinca Haroldo.
-Você é realmente um homem incrível, Haroldo. Não estou dizendo nenhuma mentira. Sempre simpatizei com você, mesmo quando pensava que você se chamava Rodrigo.
-Você que é incrível, Mateus. E, me desculpe pelo que vou dizer... não me entenda mal, mas também muito bonito.
-Eu também acho você um homem bonito. Mais que bonito, interessante...
Pinta um clima entre os dois e eles quase se beijam, mas Haroldo recua antes que o beijo aconteça.
-Melhor a gente parar por aqui. Eu não sei que tipo de coisa tá acontecendo aqui entre a gente, mas... é melhor não parar pra pensar nisso, nem continuar. Não é justo com a Laura...
-Cê tá certo, Haroldo... ela não merece ser enganada pela segunda vez...
Os dois se encaram, com desejo e constrangidos.
CORTA A CENA.

CENA 9: Na manhã do dia seguinte, Bruno, Laura, Mateus e Haroldo tomam café da manhã quando toca a campainha.
-Mas quem é que viria aqui nessa hora da manhã? Valentim não avisou nada... - observa Laura.
-Eu abro, amor... - fala Haroldo.
Haroldo vai abrir a porta e se depara com Cláudio.
-Oi, Cláudio... veio visitar a gente? Não esperava por isso... - fala Haroldo.
-Vim falar com o Bruno, na verdade... se vocês não se importarem.
Bruno vai até Cláudio.
-Diga, Cláudio... bom te ver aqui logo tão cedo... - fala Bruno.
-Oi, querido. Eu vim te fazer um pedido... aliás, um pedido a todos vocês. Eu gostaria que você voltasse a morar na minha casa.
Bruno se anima. FIM DO CAPÍTULO 101.

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