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terça-feira, 6 de setembro de 2016

CAPÍTULO 98

CENA 1: Cláudio não acredita em Rafael.
-Não... vocês devem estar de brincadeira, só pode. Me chamaram por algum outro motivo aqui e estão inventando essa história. Imagina que louco, isso? O cara ressuscitando, sendo que a gente foi no velório e na cremação dele... - fala Cláudio, duvidando.
-Procura lembrar de um detalhe fundamental sobre o velório... - fala Marcelo.
-Não vi nada de anormal. A última vez que estive numa capela pra velar alguém foi quando meus pais adotivos morreram naquele acidente. - fala Cláudio.
-Cláudio... você não percebeu que o caixão estava fechado o tempo inteiro? - questiona Rafael.
-Ih, é verdade! Mas espera aí... vocês estão me dizendo que o caixão estava fechado propositalmente? - espanta-se Cláudio.
-Tudo foi uma armação do Valentim, da Mara e da Laura... o Haroldo ajudou no andamento da farsa e tá sabendo de tudo. - esclarece Marcelo.
-Mas por que essa farsa? O Mateus realmente sofreu esse atentado? - questiona Cláudio.
-Sim, ele sofreu as facadas e foi levado à clínica particular São Jerônimo. Foi lá que o Valentim deu a ideia pra eles de forjarem a morte do Mateus. - esclarece Rafael.
-Mas qual é o sentido de forjar a morte dele, gente? É pra proteger ele do pessoal dessa facção voltar e terminar com o que começou? - questiona Cláudio.
-Sim, mano... mas não é só isso. O pessoal da facção queria ele morto porque ele sabe demais sobre tudo. Quem mandou executarem o Mateus foi o “Chefe” dessa facção, a quem o Mateus foi obrigado a obedecer por anos. Resumindo a coisa toda: o Mateus é um arquivo humano, entende? A tentativa de assassinato dele foi uma tentativa de queima de arquivo. Ele sendo “apagado” não ofereceria mais riscos à facção e nem ao chefe dela. - explica Marcelo.
-Que loucura, gente! Então tudo isso faz sentido, agora! Parece aqueles casos que a gente vê na TV de político corrupto sendo morto misteriosamente. Sabe quem vai adorar saber disso? O Guilherme! Cês viram como ele chorava no velório, não viram? - fala Cláudio.
-Você não vai contar nada a ninguém por enquanto, Cláudio. Isso não é um pedido, é uma ordem. - fala Rafael.
-Mas gente, pera lá! O Guilherme é meu noivo e a gente vai se casar em poucos dias...
-Cláudio, meu irmão... não dá pra confiar em ninguém nesse momento. Nós só ficamos sabendo de tudo porque estranhamos o caixão fechado e eles nos contaram tudo o que tava realmente acontecendo ali. Só estamos contando pra você porque confiamos o suficiente em você pra saber que você não atrapalharia as investigações que estão em curso pra pegar esse “Chefe”, que basicamente é o lider da facção. Sendo que essa facção, até onde sei, é uma das maiores do país. - fala Marcelo.
-Tá... eu não falo nada pra ninguém, nem pro Guilherme, mas deixa ver se entendi: o Mateus tá recebendo essa proteção da Polícia Federal porque ele sabe qual é a identidade desse “Chefe”? - questiona Cláudio.
-Isso a gente não sabe dizer, cunhadinho... mas é bem provável que saiba, porque primeiro tentam matar ele, logo depois tem a internação dele na clínica e o Valentim dá a ideia a todos para forjarem a morte dele. Aí tem coisa, Cláudio... e quanto menos a gente falar e mais observar, mais a gente vai entender o que tem de tão escabroso nisso tudo. É possível que o Valentim procure a gente para esclarecer mais coisas, nos próximos dias ou mesmo amanhã... ele tá sabendo que a gente sabe. - fala Rafael.
-Quem diria... justo o Mateus sendo testemunha-chave de um caso de polícia... nunca pensei! - espanta-se Cláudio.
-Pra nós que estudamos todos juntos no ensino médio, confesso que nunca pensei que o tonto do Mateus fosse se meter com tanta coisa errada... mas né, pelo menos ele tá sabendo se redimir e ainda fazer a coisa certa. - fala Marcelo.
-Imaginar que durante o ensino médio ele não passava de um panaca que concordava com todos os absurdos que o… bem, deixa pra lá. - fala Cláudio.
-Que o Gulherme fazia pra posar de macho? - questiona Marcelo.
-Eu não queria falar sobre isso. Guilherme mudou muito nesses últimos anos e agora ele vai ser o meu marido... - fala Cláudio.
-Gente? Podemos parar com esse papinho assustadoramente constrangedor e voltar ao foco do que a gente tava falando antes, por favor? - propõe Rafael.
-Enfim... eu que acabei relembrando coisas demais... desculpa. - fala Cláudio.
-É, mas eu não precisava continuar o que você deixou de falar, mano... eu que peço desculpa... - fala Marcelo.
-Tá, gente... já deu. Temos um assunto sério a tratar e ele se chama Mateus Viveiros. - fala Rafael.
Os três seguem a conversa sobre o assunto. CORTA A CENA.

CENA 2: Victor percebe que Diogo está preocupado.
-Eu dava cem reais pelo que cê tá pensando, amor... essa sua cara tá que é só preocupação.
-Não quero falar sobre isso, Victor...
-Eu não vou te julgar, eu prometo que não.
-A questão não é você me julgar. Talvez seja eu que esteja te julgando errado e é isso que tá me matando.
-Fala mesmo assim, Diogo. Eu sou maduro o suficiente pra entender.
-Tem certeza? Eu tenho medo de disparar outra crise em você.
-Querido... eu sou limítrofe, não covarde. Eu tenho lutado pra aprender o que é minha responsabilidade e o que não é. Pode falar o que tá te afligindo... juro que vou te ouvir sem te atacar.
-Sabe... eu queria ser mais generoso contigo... mas às vezes acho que estou sendo injusto.
-Por que?
-Eu fiquei pensando besteira a seu respeito desde o dia que Mateus morreu.
-Não entendo, mas respeito. Eu só não consegui ser hipócrita de fingir me importar com alguém que nunca foi nada na minha vida.
-No fundo eu entendo isso, Victor. Mas o meu medo não é relacionado a isso.
-Então é relacionado a que, Diogo? Pode falar sem medo, eu não vou dar chilique.
-Fico com medo que você acabe se descontrolando por algum motivo durante o casamento do Cláudio. Desculpa se eu pareço um monstro por pensar isso de você, mas fico com esse medo...
-É compreensível o seu medo. Mas eu gosto do Cláudio, você sabe disso. Sei que ele é um cara super do bem. Tenho aprendido muita coisa, querido.
-Eu acredito em você. Tá vendo? Eu nem devia ter te falado desse medo besta.
-Deveria ter falado sim, amor...
-Você realmente não ficou chateado com o que eu te disse?
-Por que eu ficaria, Diogo? Você falou algum absurdo? Não... independente dos meus esforços em me tornar uma pessoa melhor, você melhor que ninguém sabe tudo o que eu já passei.
-Às vezes você é surpreendente, Victor.
-Tou lutando por mim, mas também luto por nós dois. Não posso nem quero destruir nossa relação por causa das minhas crises.
-Não, Victor... você não me entende: eu nunca te deixaria. Mesmo que você fizesse vários escândalos. Eu amo você e sei o quanto essa luta toda te significa.
-De qualquer forma, Diogo... eu devo mais calma a mim, a você, a nós. Fica tranquilo que nada demais vai acontecer. Eu prometo que vou saber me comportar direitinho no casamento do Cláudio. A gente vai dançar até se acabar e eu nem vou sentir vontade de beber... confia em mim.
-Eu confio em você, amor... desculpa qualquer coisa, tá?
-Como é bobo, você... não precisa pedir desculpa.
-Faz parte do meu charme libriano, bobinho... - brinca Diogo.
Os dois se provocam marotamente. CORTA A CENA.

CENA 3: Na manhã do dia seguinte, Marcelo e Rafael visitam Laura e Haroldo.
-Que bom ver vocês aqui, gente... - fala Haroldo.
-Pelo menos assim a gente ocupa a mente enquanto eu tou sem condições de ir pro teatro... - fala Laura.
-Imagino, Lau... nem a maior paixão pelos palcos do mundo aguentaria o que vocês tão passando agora... - fala Marcelo.
-Mas... fazer o que. A gente não tem outra saída agora senão esperar. - fala Haroldo.
-O que me consola nisso tudo é que quando esse infeliz for preso, a gente vai poder sentir a paz de novo. Essa sensação de que a gente corre risco sem ter feito nada é bem horrível... - fala Rafael.
-Ai gente, sem querer bancar a sensível chata, mas a gente bem que podia mudar de assunto, né? Tou ficando um pouco sobrecarregada disso tudo... - fala Laura.
-Ai sim... a gente tá entre amigos e em família, né. Fiquei sabendo que todo mundo confirmou presença no casamento do Cláudio... - fala Marcelo.
-Verdade, Marcelo. Parece que vai ser um festão. É louco como essa vida dá voltas... eu indo no casamento do cara que um dia eu enganei sem querer... - divaga Haroldo.
-Ih, mano... joga esse baixo astral pra lá! Você tá feliz com a Laura e o Cláudio entendeu suas razões. Isso que importa. - fala Rafael.
-Mas fiquei feliz que todo mundo tenha confirmado presença. Bem ou mal, o Cláudio merece tudo de bom e uma festa memorável... - fala Laura.
Os quatro seguem conversando. CORTA A CENA.

CENA 4: Raquel procura Mara.
-Oi, Mara... espero não estar interrompendo seu trabalho.
-Mal comecei o dia, Raquel. Está tudo certo.
-Resolvi aproveitar essas horas que tenho antes de ir pra delegacia e te mostrar o resultado das minhas apurações.
-Ótimo... descobriu alguma coisa, Raquel?
-Pior que não... eu sei que é cedo demais pra desanimar, que essas investigações com o inquérito contra a Suzanne aberto estão apenas começando, mas... por incrível que pareça, depois de profunda análise em todas as movimentações financeiras efetuadas por ela nos últimos anos, nada parece estar fora do lugar. Absolutamente nada.
-Como assim, Raquel?
-Exatamente isso que você ouviu, Mara. Por mais improvável que isso seja, a origem de todo o dinheiro que há e que já esteve nas contas de Suzanne é absolutamente legal. Não tem um único indício de irregularidade. Impostos pagos em dia, nunca sequer ficou devendo na praça... absolutamente nada, por mínimo que fosse.
-Raquel... isso é impressionante, mas não chega a ser surpreendente. O fato é que ela deve ter mais de um laranja... o Márcio foi apenas mais um deles, mas certamente não foi o único. O desafio vai ser eu, você e Valentim descobrirmos quantas pessoas estão por trás dela...
-Que falta que o Valentim faz numa hora dessas, viu?
-Infelizmente ele está precisando fazer companhia ao Mateus, enquanto não reúne provas suficientes para prendermos o “Chefe” da facção.
-Isso é necessário, Mara... nem me passa pela cabeça questionar isso, mas enfim... o que me intriga nisso tudo é que mesmo tendo usado identidades falsas – e nem isso a gente consegue provar agora – a Suzanne conseguiu se manter intacta, sem uma única passagem pela polícia. Me pergunto quantas pessoas ela envolveu nas suas tramóias nesses últimos anos...
-É, Raquel... sua filha é safa. Vamos ter muito trabalho pra descobrir algum furo nisso tudo...
As duas seguem a conversar. CORTA A CENA.

CENA 5: Vicente conversa com Riva e Marion sobre os podres de Suzanne.
-Ainda acho que a Marion não precisava saber de tudo, Vicente... - protesta Riva.
-Nada disso, Riva! Antes de qualquer coisa sou sua tia, sua irmã do coração. Saber das falcatruas e dos podres da Suzanne é importante pra eu também saber com que tipo de gente estávamos lidando esse tempo todo. Confesso que não chega a ser surpresa nada disso, porque já andava desconfiada há algum tempo. Sabe quem também desconfia? A mamãe... - fala Marion.
-É, Marion... mas achamos mais prudente que a dona Valquíria não saiba de nada... pelo menos, por enquanto... - fala Vicente.
-O Vicente tem razão. Querendo ou não, a vó tem aquele probleminha na cabeça, vai que o stress deixa ela pior... - considera Riva.
-Verdade... melhor não dizer nada por enquanto... - fala Marion.
-Gente... eu andei pensando sobre tudo o que a gente sabe sobre a Suzanne... - fala Vicente.
-E qual foi sua conclusão, amor? - pergunta Riva.
-Posso estar redondamente enganado, mas acredito que ela não aja sozinha e não estou falando do Márcio porque esse já provou por a mais b que está do nosso lado... falo de mais gente, que talvez nem o Márcio faça ideia de quem sejam. Uma pessoa sozinha, por mais articulada que seja, não teria capacidade de fazer tudo o que a Suzanne fez. Ainda é uma incógnita pra gente de onde vieram aqueles caras que sequestraram a gente pra levar o nosso Lúcio. Sabemos que a Suzanne foi a mandante, mas de onde eles vieram? Por mais que ela tenha muito dinheiro, eles devem ter sido muito bem pagos para sumirem e se manterem de bico calado... isto é: se é que eles ainda estão vivos. - fala Vicente.
-Faz sentido, amor. Mas confesso que só de pensar no que existe por trás disso eu sinto arrepios... - desabafa Riva.
Os três seguem a conversar. CORTA A CENA.

CENA 6: Rafael e Marcelo, ainda passando o dia com Laura e Haroldo, estão conversando com eles quando Rafael recebe uma mensagem em seu celular.
-Ai, quem é que ia mandar uma mensagem numa hora dessas? - protesta Rafael.
-Olha pelo menos, mano... se for coisa da operadora, você apaga... - fala Haroldo.
Rafael lê a mensagem e fica surpreso.
-É um convite pra mim e pra você, amor... coisa da alta cúpula da emissora. Eles querem a gente numa nova novela, vê se pode! - fala Rafael.
-Como é que é? Eu numa novela? Nunca pensei nisso e sinceramente não sei se tou disposto. O que diz nesse convite? - pergunta Marcelo.
-Diz que querem nós dois atuando juntos... como irmãos, na próxima das sete. - esclarece Rafael.
-O oportunismo e a cara de pau não tem limites mesmo. Aposto que só chamaram a mim também por conta do sucesso da série que a emissora lançou nas plataformas digitais. Mas esse verniz heteronormativo pra aparecer na TV eu não quero, nem fodendo. - fala Marcelo.
-Olha, meninos... eu não queria dizer nada nem influenciar na decisão de vocês, mas acho que Marcelo tá coberto de razão. Olha o retrocesso! No seriado da internet vocês interpretam o que são na vida real: gays. Na novela, pelo que eu entendi, eles querem passar longe dessa temática pra não espantar o público. Só vejo uma definição pra isso: retrocesso. - fala Laura.
-Tá decidido... Marcelo não quer e eu também não estou disposto a dar esse passo em retrocesso. Recusamos. - determina Rafael.
CORTA A CENA.

CENA 7: Valentim pesquisa informações baseado no que Mateus disse sobre “Chefe”.
-Só preciso de mais uma ajuda, Mateus: você sabe me dizer em que época aconteceu o assalto ao banco que resultou na prisão de dois homens da facção, que acabaram mortos?
-Claro que sei. Foi por volta de setembro de 2014.
-Ótimo. Acho que acabei de encontrar uma prova irrefutável da participação do “Chefe” indiretamente na morte desses homens na prisão.
-É mesmo? Tomara que seja verdade.
-Veja você mesmo: um dos homens disse em depoimento o nome do “Chefe”. Garantiu que essa era a identidade dele.
Mateus lê o depoimento.
-É mesmo. Esse depoimento foi quando?
-No mesmo dia que ele e o comparsa deles foram encontrados mortos no pátio da penitenciária. Morreram por envenenamento e ninguém soube dizer quem os envenenou.
-Claro... só pode ter sido o chefe. Ele teve sua identidade revelada, mas para que os homens não falassem mais, ele mandou algum apenado apagar os dois. Assim, o depoimento dos mortos não seria levado em consideração.
-Ele conseguiu escapar daquela vez, mas dessa vez não vai. Isso aqui é nitroglicerina pura, Mateus. O suficiente para eu mandar pra polícia e expedir o mandado de prisão nas próximas vinte e quatro horas.
Valentim segue explicando o que acontecerá com o “Chefe” a Mateus. CORTA A CENA.

CENA 8: Cláudio está se preparando para tomar um banho quando Valentim liga para ele.
-Alô...
-Oi Cláudio... aqui é o Valentim... preciso conversar algo sério com você.
-Pois fale, Valentim.
-Por favor... não mencione meu nome. Você está sozinho agora?
-Sim... estava me preparando pro banho. Não tem ninguém aqui comigo.
-Perfeito. Porque o que vou te dizer é algo sério e eu preciso da sua discrição. Não conte nada a ninguém.
-Tá me assustando... mas pode confiar, diga.
-Mateus nunca esteve morto. Isso tudo foi uma estratégia para protegê-lo.
FIM DO CAPÍTULO 98.

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