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terça-feira, 27 de setembro de 2016

CAPÍTULO 116

CENA 1: Cláudio permanece paralisado.
-Não vai falar nada, seu bostinha? Traidor, me abandonou no dia do nosso casamento. Você é uma mentira, Cláudio. Me fez acreditar no seu amor e me apunhalou pelas costas. Conspirou contra mim. Me deixou ser preso pela polícia. Mas agora eu estou de volta e vou cobrar cada um que me deve. Tá feliz usando meu carro? Com ele você pode ficar, mas eu vou acabar com a sua vida! - fala Guilherme.
-Não acredito em você, cara... eu já sabia que você tava foragido. Mas se você pensa que essa ligação vai me fazer tremer na base, se engana. Eu estou protegido, não tenho medo.
-Ah, claro... protegido pela maravilhosa equipe de bananas do super Valentim? Aquele cara é tão tonto que já caiu numa emboscada minha. Só não morreu porque tem dois neurônios, senão já tava no outro plano.
-Fácil pra você falar assim, por trás de uma linha telefônica. Quero ver você e sua loucura me encararem de frente. Aposto que não teria coragem. Você morreria de vergonha de saber que você sempre foi uma mentira muito da mal contada. Te faz feliz saber que você jogou fora a única possibilidade de amor na sua vida e a culpa disso foi toda sua? Eu sei de tudo, Guilherme... sei que você chantageou Diogo, sei que ele mentiu que me traiu para salvar nossas vidas. Sei disso e muito mais. Deve te doer um bocado saber que você não tem mais poder pra manipular as pessoas que me rodeiam, né? Deve te doer mais ainda saber que o Bruno se opôs a tudo isso, colocando a própria pele em risco, por amor a mim, né? Você pensa que ama, mas nunca soube amar. Você só tem ódio dentro desse coração.
-E a culpa disso é sua! Você destruiu a minha vida duas vezes! Na primeira vez quando rejeitou o meu amor, naquele dia que eu fui declarar meu amor por você e você estava com outro. Aliás, você é mesmo uma putinha! Nunca para muito tempo com um homem.
-Se você pensa que me ofende com isso, tá bem enganado. Putas tem uma coisa que você nunca teve e nunca vai ter: dignidade. Se eu fosse uma puta, eu teria orgulho de ser. Você devia olhar pra si mesmo, pro monstro que se tornou. A culpa disso não é minha, é sua mesmo.
-Foi sua culpa sim! Quando a gente tava junto, a gente tava planejando uma vida em comum, estávamos casando. Você mentiu pra mim, me enganou... o casamento nunca valeu de nada. Você destruiu a minha vida duas vezes sim!
-Quem destruiu sua vida foi você mesmo, Guilherme. Vá cuidar do seu rabo sujo e me deixe em paz!
-Você vai pagar por tudo isso, Cláudio. Eu juro que vai!
-Vá à merda!
Cláudio desliga, assustado. Bruno o observa.
-Era quem eu tou pensando, amor?
-Infelizmente era, Bruno. Veio fazendo umas ameaças baratas, parece que engoliu uma novela mexicana e saiu disparado a falar qualquer merdinha de efeito...
-Mas você ficou assustado, não ficou?
-Demais, amor... demais. Esse cara é um maníaco sem um pingo de bom caráter.
-Tenta não levar nada disso muito a sério. Você fez bem de mandar ele à merda. Ele esperava que você demonstrasse desespero e não teve isso.
-Consegui disfarçar bem, mas tou morrendo de medo.
-Acho que seria uma boa contar tudo isso aos meus pais.
-Que? Mas o seu pai já teve um infarto e sua mãe sofre dos rins!
-Eles são fortes, Cláudio. Depois, cedo ou tarde eles saberiam disso... melhor que seja por nós, não acha?
-Olhando por esse lado... a gente conversa com eles daqui a pouco...
CORTA A CENA.

CENA 2: Antes de partirem para os ensaios, Laura chama Haroldo e Mateus para uma conversa.
-Amores... eu preciso conversar algo meio sério com vocês. Aliás... meio sério náo, é algo totalmente sério. - fala Laura.
-Mais sério que o nosso envolvimento com o projeto da peça do Procópio? Duvido muito... - fala Haroldo.
-Não, amor... ela parece estar falando sério. - observa Mateus.
-Gente... eu nem sei por onde começar a dizer pra vocês o que preciso dizer... - fala Laura.
-Que tal pelo começo, Laura? - fala Mateus.
-Tá... tá certo. Vocês merecem saber da verdade. É que ainda estou bastante chocada, perplexa e assustada com essa novidade. Bem... chega de enrolação: o fato é que eu estou grávida. - fala Laura.
-Que!? - espantam-se Haroldo e Mateus, ao mesmo tempo.
-Isso mesmo que vocês ouviram. Eu não sei exatamente como eu pude deixar isso acontecer, foram raras as vezes que esqueci de tomar a pílula e... de repente, justo num desses poucos esquecimentos, eu não calculei direito e transei com o Haroldo em algum dia fértil. Falta ainda ir ao médico pra saber de quantas semanas eu estou, mas... - fala Laura.
-Mas é óbvio que esse bebê só pode ser do Haroldo. Tem muito pouco tempo que entramos nesse relacionamento a três e se eu transei com você uma ou duas vezes depois disso, foi muito... - observa Mateus.
-Nem sei direito o que dizer, mas sinceramente eu tou muito feliz pela ideia de que vou ser pai. De alguma forma eu sempre pensei em ter filhos, mas como eu vinha me relacionando com homens nos últimos anos, pensava em adotar. Ter um filho biológico tem um significado especial pra mim... - fala Haroldo.
-Calma, gente. Tá tudo muito recente, ainda... - fala Laura.
-Tenho medo que isso acabe atrapalhando a relação que nós temos... - desabafa Mateus.
-Nós não vamos permitir que isso aconteça... - fala Laura.
CORTA A CENA.

CENA 3: Bruno e Cláudio decidem contar a verdade sobre seus passados recentes para Setembrino e Vânia.
-A gente precisa conversar algumas coisas meio sérias com vocês, meus sogros... mas pedimos que vocês se mantenham calmos, porque está tudo sob controle, então nada de sentir emoções fortes, viu seu Setembrino? - fala Cláudio.
-Tá certo... meu coração aguenta. - fala Setembrino.
-Sabe o que é? Eu passei por muita dificuldade quando saí de Coroados e vim pra cá. Mal tinha dinheiro pra moradia e acabei sendo chantageado por um cara que conhecia meu ex... enfim... essa parte da história é só o começo de tudo... - fala Bruno.
-Daí que o Bruno não me conheceu exatamente por acaso... ele foi a mando desse cara, que chantageava ele e Mateus, ex do filho de vocês. A ideia era mais uma vez me ter na mão. Só que o Bruno desistiu disso no momento que me conheceu, nos apaixonamos. - fala Cláudio.
-Mas eu não tinha contado até então sobre esse passado. Quando o Cláudio soube num primeiro momento, terminou comigo. Foi aí que esse sujeito, o Guilherme, apareceu de volta na vida do Cláudio. Eu tentei alertar de um jeito sutil no começo, mas o sujeito parecia mudado e eu, por amor ao Cláudio, achei que o melhor seria que ele fosse feliz com alguém que desse amor a ele. E o Guilherme parecia mudado. - fala Bruno.
-Só que tudo isso era uma grande mentira. O Guilherme nunca mudou e pior ainda: era chefe da maior facção do estado. Fez o que esteve ao seu alcance, durante anos, para desestabilizar minha vida emocional até que restasse como última opção viver ao lado dele. Tudo isso pelas minhas costas. Só que ele é um criminoso, responsável por assaltos a banco e assassinatos. E por isso, ele foi preso no dia que teria sido o dia do nosso casamento.. - esclarece Cláudio.
-Ocorre que esse sujeito, que é esquizofrênico, fugiu da instituição psiquiátrica na qual estava preso e internado. Fez uma ligação pra cá mais cedo falando algumas asneiras tentando meter medo no Cláudio. Preferimos acreditar que nada demais vai nos acontecer, mas resolvemos contar a vocês para que vocês saibam do que realmente aconteceu... - fala Bruno
Os quatro seguem conversando. CORTA A CENA.

CENA 5: Horas depois, no intervalo dos ensaios, Eva e Renata aparecem na companhia de teatro.
-Oi gente! Desculpa interromper o amor de vocês, Haroldo e Mateus, mas... a gente pode roubar a Laura por um tempinho? - pergunta Renata.
-Claro, queridas... - falam Mateus e Haroldo.
-Meninas, não sei o que vocês querem falar comigo, mas vocês não vão crer no último bafão... e dessa vez é comigo, cês piram? - fala Laura.
-Ai, adoro bafão, babado, confusão e gritaria. Conta! - fala Eva.
-Por increça que parível... digo, por incrível que pareça, adivinha quem vai ser a mais nova mamãe do ano? - fala Laura.
-Que? Não acredito! Você tá grávida? - pergunta Renata.
-Descobri hoje cedo e já vinha suspeitando. Ainda falta saber de quantas semanas, mas pelas minhas contas, devem ser umas oito... - fala Laura.
Eva e Renata abraçam Laura.
-Que coisa maravilhosa, Laura! Sempre achei que você tinha a maior vocação pra ser mãe! - fala Eva.
-É por isso mesmo que eu vou conversar com os meninos, principalmente com Mateus, que tá todo inseguro, mais tarde. - fala Laura.
-Enfim... a gente tá querendo organizar uma campanha para abrir uma ONG de proteção a todas as mulheres... e queremos saber se você topa entrar nesse projeto conosco. - fala Renata.
-Claro que eu topo! - fala Laura.
CORTA A CENA.

CENA 6: Após almoço, Vânia e Setembrino procuram Cláudio e Bruno para conversarem.
-Meu filho, Cláudio... a gente ficou pensando nessas coisas todas que vocês contaram pra gente... - fala Vânia.
-Sim, mãe... é tudo meio tenso, eu sei. - fala Bruno.
-Mas nem é por isso só, filho... a gente ficou pensando num jeito de vocês se protegerem. - fala Setembrino.
-Do que vocês estão falando, sogrinhos? - pergunta Cláudio.
-De proteção policial, Cláudio. Pra você, pro meu filho e pra todo mundo que possa ser potencial alvo desse doente obsessivo... - esclarece Vânia.
-Ai Vânia... eu entendo que vocês estejam preocupados, até mesmo despreparados pra essa vida de cidade grande e se preocupem com a gente. Isso até me comove de certa forma, porque apesar de eu ter um pai biológico vivo, eu me sinto meio órfão desde que meus adotivos se foram, mas enfim... só que eu acho meio exagerado tudo isso. Não sei se precisa desse aparato todo protegendo a gente... - opina Cláudio.
-Não, Claudinho... a mãe e o pai podem estar certos, sim. Você pode até ver o Guilherme como o bostinha que ele é, mas isso não pode fazer com que você, eu ou qualquer pessoa subestime a crueldade dele. Sabemos muito bem das coisas que ele foi capaz. Quantas pessoas já morreram a mando dele, mesmo? Ele continua sendo perigoso, estando fora da realidade ou não... aliás, fora da realidade pode representar um risco maior ainda... - opina Bruno.
-Ouça meu filho, Cláudio. Vocês precisam considerar essa possibilidade, pela segurança de vocês. - fala Vânia.
-Tá... eu prometo que vou pensar a respeito. - fala Cláudio.
-Se eu fosse vocês, nem pensava muito... agiria logo de uma vez. Se esse tal de Guilherme já fez o que fez, não é nada difícil pra ele cometer mais crimes. - considera Setembrino.
-Agradeço a preocupação de vocês, queridos... mas o investigador Valentim me orientou a me manter calmo até segunda ordem. Prefiro que as coisas sejam mantidas dessa maneira, entende? Ele me orientou a manter a atenção sim, a não baixar a guarda, mas não falou nada sobre reforçar proteções. E vamos combinar que não é a sensação mais reconfortante do mundo andar por aí com escolta policial. - fala Cláudio.
-De certa forma eu concordo com o Cláudio. Se o investigador disse para ele e, consequentemente, a nós para não ser dado nenhum passo maior que a perna, talvez não seja o momento de desespero e ações exageradas. Mesmo porque, se por um acaso esse demente estiver à espreita, talvez ele fique ainda mais desafiado ao saber que estamos demonstrando medo ao solicitar todo esse aparato de segurança, entendem? - reconsidera Bruno.
-Ainda assim, queridos... não custa pensar nisso se alguma coisa fora do normal vier a acontecer, né? - fala Vânia.
-Tá certo, sogrinha... mas só se algo muito estranho acabar acontecendo. Ficamos combinados assim? - fala Cláudio.
-Ficamos... - fala Setembrino.
-Se vocês preferem assim... apoiamos. - fala Vânia.
-Então esse assunto tá resolvido, por enquanto... - finaliza Bruno.
CORTA A CENA.

CENA 7: Raquel está reunida com Valentim no consultório dele.
-Você tem certeza de que seria prudente a gente ir por essa linha de investigação?
-Acredito que seja, Valentim... pensa comigo: a Suzanne sempre acaba conseguindo se safar de tudo. Se mantém invisível durante anos aos olhos da polícia e da justiça... nenhuma queixa, nenhuma denúncia, nenhuma investigação anterior à denúncia do Márcio que deu condições do inquérito ser aberto agora...
-Ainda assim, Raquel, não sei se isso representa qualquer suspeita de que ela esteja envolvida com a facção do Guilherme.
-Pois eu acredito que esteja. Veja bem, Valentim: Suzanne sempre teve como alvos preferenciais homens bem mais velhos para aplicar seus golpes. Quem garante que ela não se envolveu com criminosos também? Porque para ela ser alçada ao lugar onde chegou, pelas próprias pernas e pelo “mérito” dos próprios golpes é que não seria...
-Nisso você pode ter razão, Raquel. Mas que criminosos seriam esses?
-Aí é que entra a facção. Talvez a associação dela seja antiga... algo que nem esteja acontecendo mais... só que eu suspeito que ela talvez tenha se associado ao pai do Guilherme, quando ele ainda era o chefe da facção.
-Faz algum sentido. O Altamir não era apenas o chefe... ele foi o fundador da facção. Foi ele que estruturou e organizou toda a espinha dorsal e suas respectivas ramificações.
-Exatamente, Valentim. Isso sem falar que essa facção não está desbaratada por completo. A célula central, sim... mas o restante está feito barata sem cabeça: agonizando, mas ainda vivo.
-Mas é aí que a coisa começa a perder o sentido, entende? Veja bem, Raquel: se ela não tiver mais nenhuma associação, se é que um dia teve enquanto o Altamir era vivo, de que adiantaria tentar localizar essas ramificações agonizantes da facção?
-Às vezes parece que você não tem trinta anos de ofício, Valentim... impressionante como demora a raciocinar o óbvio: acontece que dentro dessas ramificações que estão à beira de um colapso podem haver pessoas que estão há muitos anos trabalhando para manter essa facção operante. Isto é: se chegarmos pelo menos ao rastro de algum veterano, poderemos saber se a Suzanne teve ou não participação na facção ou envolvimento com o Altamir... entendeu agora?
-Faz sentido...
Os dois seguem traçando as linhas investigativas. CORTA A CENA.

CENA 8: Marcelo vai à casa de Raquel visitar Márcio.
-Oi, filho! Que bom te ver aqui! Senti saudades...
-Também senti saudades, pai. Você devia aparecer mais lá na nossa casa, você tá cansado de saber que as portas estão sempre abertas pra você...
-Ah, meu filho... às vezes bate um desânimo. Ainda tou recuperando o fôlego depois de tudo o que aconteceu.
-Não vai me dizer que tá arrependido de ter denunciado aquela psicopata que ainda por cima é minha tia...
-Não... arrependido eu não estou. E nem eu sabia da história completa, mas enfim... é que fico me sentindo culpado.
-Nada disso, pai... você fez o que é certo e nunca deve perder a certeza sobre isso. Eu vim aqui te convidar pra passar comigo lá em casa... pra acertar algumas coisas comigo e com meu marido.
-O que tem o Rafael no meio disso?
-Não é propriamente ele, pai... é que aconteceu uma coisa muito chata e... o Cláudio precisa de você por perto... como pai. Vem comigo?
-Claro que vou.
-Quando a gente chegar lá em casa, eu e Rafael explicamos tudo direitinho.
-Tudo bem, meu filho. Você quer que a gente passe no Cláudio depois?
-É essa a ideia, pai. Ele precisa do apoio de todos nós, mas principalmente do seu.
-Não quer já ir me falando o que aconteceu?
-Ainda não... melhor esperar quando a gente chegar lá em casa...
CORTA A CENA.

CENA 9: Horas depois, Márcio, Marcelo e Rafael estão na casa de Cláudio e conhecem os pais de Bruno.
-Muito simpáticos os pais do seu namorado, filho... - fala Márcio.
-Realmente, o papo da dona Vânia e do seu Setembrino é delicioso! - fala Rafael.
-Obrigado, gente... mas ainda tou estranhando essa visita repentina... nenhum de vocês avisou que vinha... - fala Cláudio.
-Ah, mas visita de família não vale? É que eu fiquei sabendo do que está acontecendo, meu filho... seu irmão e Rafael me contaram que Valentim mandou um recado a eles avisando do ocorrido. Eu nem sei se eu deveria estar aqui, mas os meninos insistiram. Enfim... nós sabemos que o Guilherme fugiu. - fala Márcio.
FIM DO CAPÍTULO 116.

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