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segunda-feira, 19 de setembro de 2016

CAPÍTULO 109

CENA 1: Suzanne verifica o cartão novamente e mais uma vez aponta que está bloqueado.
-Isso deve ser um engano, moça. Devo ter me atrapalhado na hora de pegar os cartões antes de sair de casa. Você espera eu dar uma olhada aqui na minha carteira? - fala Suzanne.
-Claro, senhora... fique à vontade. - fala a atendente.
Suzanne pega outro cartão de crédito.
-Vou tentar com esse aqui, ok? - fala Suzanne.
Suzanne tenta passar o cartão, que acusa estar bloqueado também.
-Não entendo o que está havendo, moça. Será que a máquina do cartão não está estragada? - pergunta Suzanne.
-Não está, senhora. Passou por reparos e revisões semana passada e até agora estava funcionando perfeitamente. Mas se a senhora preferir, pode pagar em dinheiro. - fala a atendente.
-É o jeito, né... vou dar uma verificada na minha carteira.
Suzanne verifica sua carteira e percebe que tem dinheiro suficiente para efetuar as compras.
-Felizmente eu vim prevenida, moça. Dá pras compras e ainda sobra! - fala Suzanne, aliviada.
Suzanne efetua o pagamento das suas compras e sai da loja do shopping intrigada com o fato de que nenhum cartão seu foi aceito na loja. Suzanne resolve ligar para sua mãe.
-O que foi, Suzanne? Tou ocupada trabalhando, sabia?
-Eu queria saber se você tem alguma coisa a ver com os meus cartões bloqueados.
-Ah, já ficou sabendo, querida? Até que demorou pra isso, né! Suas contas bancárias estão bloqueadas porque você está sendo investigada e eu consegui agilizar isso com a justiça. Não é fantástico? Você não pode sair do Brasil e agora também não pode sair por aí gastando...
-Com uma mãe que nem você, eu definitivamente não preciso de inimigos.
-Você está apenas começando a colher o que plantou por trinta e seis anos de vida. Tá achando ruim? Não tivesse aplicado todos os golpes que aplicou.
-Se você pensa que eu tou na rua da amargura, dona Raquel, se engana redondamente. Sempre fui prevenida.
-Isso é típico de bandidos como você, nem me surpreende.
-Pois é, que seja, então eu sou uma bandida. Satisfeita? Mas o dinheiro que eu saquei – que não é pouco – e tenho guardado comigo você e sua turminha justiceira não podem bloquear.
-É uma pena. Mas faça bom proveito dessa grana, Suzanne... cedo ou tarde ela vai acabar. Uma coisa é certa: rica você não é mais. Aliás, nunca foi de verdade, se parar pra pensar. Se os seus crimes ficarem provados, vai ficar bem claro pra todo mundo que você nunca passou de uma ladra de grife.
-Desafio você ou qualquer pessoa a me pegar, mãe. Aposto que não vai conseguir. Sabe por que? Porque eu nunca fui burra. E não ando sozinha.
-Isso é uma ameaça, garota? Eu podia estar gravando essa ligação, sabia?
-Mas não está que eu sei. Fique sossegada. Eu não ameaçaria minha própria mãe.
-Pelo menos um pingo de caráter deve existir aí dentro.
-Você não devia ter bloqueado minhas contas, mãe.
-Não fui eu, foi a polícia. Eu só agilizei o processo. Agora faça o favor de me deixar trabalhar.
Raquel desliga e Suzanne fica enfurecida. CORTA A CENA.

CENA 2: O fim de semana passa.
Raquel vai à mansão dos Bittencourt para conversar com Riva.
-Oi, dona Raquel... digo, investigadora. - fala Riva.
-Por favor, Riva... me chame apenas de Raquel.
-Está bem... entre, por favor. Fique à vontade.
-Riva... eu vim conversar com você sobre algo sério, que pode ter a ver com essa obsessão da minha filha filha por você.
-Não dá nem pra acreditar que você, gente boa desse jeito e investigadora de polícia, possa ser mãe da Suzanne... mas enfim, o que exatamente você quer falar comigo?
-Bem, inicialmente a minha conversa vai ser com você... mas pode ser que eu acabe precisando falar com seus familiares também.
-Certo... mas qual é a sua suspeita, mais especificamente?
-Ainda é cedo pra falarmos em suspeitas... digamos que sejam leves desconfianças. Hoje estou mais aqui como uma mãe desconfiada que usa essa intuição de mãe pra se guiar. A investigadora ficou do lado de fora.
-Tudo bem, querida, mas... quais são as duas desconfianças, afinal?
-Acredito que essa cisma, essa obsessão da Suzanne contigo, que é algo completamente diferente do comportamento habitual dela como golpista, possa ter respostas no passado. Só não sei em que ponto do passado possa haver uma resposta.
-Sabe que eu também penso isso, Raquel? É tudo muito estranho. Depois que entendi que Suzanne é psicopata, tratei de ler bastante a respeito e juntando isso com o que pude observar dela, é muito esquisito que com o restante das pessoas ela pule de galho em galho e mantenha essa cisma comigo há tanto tempo. A participação dela no roubo da minha herança é direta. Ela obrigou o Márcio a me seduzir e depois a me abandonar quando eu fiquei grávida. Tudo isso é sinistro porque mesmo quando eu era uma pobretona sem eira nem beira, ela parecia querer me destruir e eu só fui conhecer a Suzanne depois que fiquei rica.
-Mas além disso, Riva... você não tem nenhuma outra lembrança ou explicação que possa me ajudar a tentar esclarecer isso?
-Infelizmente receio que não, Raquel. Como eu te disse, tem um ano que de fato eu conheci a Suzanne.
-Tá cada vez mais enrolada essa história, isso sim. Não condiz com a frieza dela. Bem... se você não se importar, eu gostaria de passar o dia aqui com vocês... fui liberada do expediente da delegacia da mulher porque há quem fique no meu lugar. Quero poder conversar com a Marion e com sua avó, se possível.
-Claro que pode. Se existe tanta dificuldade de sabermos o que está por trás disso, talvez com a minha tia com com a minha avó você consiga esclarecer alguma coisa.
-Assim espero, Riva. Há muitas peças soltas nesse quebra cabeça.
-Você não se sente culpada por estar investigando a própria filha?
-De jeito nenhum. Já superei esse sentimento... durante muito tempo eu fiquei pensando se eu havia errado na criação da Suzanne, mas sei que o erro nunca foi meu. Dei todo o amor que eu pude. Só que ela não soube reconhecer isso. Psicopata é simplesmente psicopata... não precisa de uma causa.
-Enfim. Eu preparei umas coisinhas de café da manhã. Tá servida?
-Obrigada, querida... mas estou sem apetite. Pelo visto hoje vai ser um dia longo.
-Que seja pelo menos esclarecedor de alguma maneira.
-Assim espero, Riva... assim espero.
CORTA A CENA.

CENA 3: Mara chega à companhia de teatro e encontra Procópio concentrado a escrever.
-Que milagre é esse, Procópio? Sabe quanto tempo faz que eu não te vejo escrevendo? Tem mais de ano...
-Não é, Mara? Mas do nada começou a me pintar uma inspiração.
-Posso saber do que se trata esse novo texto?
-Claro que pode, querida... se trata de relações poligâmicas.
-Hmm... não sei porque, mas acho que isso tem alguma relação indireta com o fato da Laura ter assumido um relacionamento a três com o Haroldo e com o Mateus... ou será que eu estou pensando demais?
-A relação é a mais direta possível. Acho sensacional tudo isso e as possibilidades dramatúrgicas são infinitas quando a gente decide explorar esse tema. Acho mais sensacional que com uma juventude tão conservadora em maioria, eles tenham peito de enfrentar essa tendência retrógrada.
-Sempre notei isso, Procópio... pelo menos na Laura. Aquela menina tem fogo nas ventas. Tem ousadia, tem um espírito livre. Lembra muito o pessoal que a gente andava junto na época da juventude. Esse tipo de coisa definitivamente me renova as esperanças no futuro desse nosso mundo! Me faz acreditar que, apesar de todas as tentativas de retrocesso, o amor sempre há de prevalecer.
-Você parece estar lendo meus pensamentos, Mara. É sobre essa resistência que eu quero tratar no texto dessa peça que estou escrevendo. Não tem nem nome ainda, mas quero muito realizar esse projeto ainda esse ano. Só falta ver quais atores topariam essa empreitada.
-Não acredito que você não pensou no óbvio, meu amigo... por que não chama a própria Laura e os meninos?
-Porque o Haroldo não é ator, quem sabe?
-Mas ele já manifestou interesse. Se eu fosse você, aproveitava o intervalo dos ensaios mais tarde e conversava com a Laura. Do jeito que ela é de se lançar em desafios, é bem capaz de ela convencer o Haroldo a entrar nessa.
-Vou pensar com carinho nessa ideia, Mara...
-Bem, agora cê me dá licença que eu vou preparar o lanche dos atores que ficam aqui na hora do intervalo.
Mara vai à cozinha. CORTA A CENA.

CENA 4: Horas depois, Marion conversa com Raquel sobre Suzanne.
-Basicamente é isso, Raquel... num primeiro momento sua filha se apresentou como uma pessoa simpática, adorável, acima de qualquer suspeita. Parecia sempre bem intencionada, disposta a ajudar e ainda ofereceu auxílio nas aulas de etiqueta que eu tentava passar pra Riva, de maneira amadora. Tudo isso se dizendo profissional, mas sem cobrar um único centavo. Não demorou para que ela se tornasse nossa amiga. Sei que talvez tenhamos sido ingênuas... eu e a Riva, eu digo... tanto Rafael quanto Marcelo nunca engoliram Suzanne... muito menos Vicente. Ivan não se metia muito nesse assunto porque não se sentia capaz de opinar, enfim...
-E durante esse tempo que ela foi “amiga” de vocês, vocês não notaram eventos esquisitos cercando ela?
-Olha, Raquel... tudo o que a gente sabia era que os meninos e o Vicente implicavam com ela. Mas até aí não tinha nada de alarmante.
-Além disso, o que você lembra a mais, que possa indicar que a Suzanne tinha alguma cisma maior com a Riva?
-Sinceramente? Nada, Raquel. Suzanne viajava com frequência... ou dizia que viajava... sempre dizendo que ia ao interior de São Paulo ver os pais e que o pai estava muito doente... até que esse suposto pai morreu.
-Que mentira deslavada, gente! Meu marido, pai dela, morreu há mais de vinte anos.
-Pra você ver. Mas até então, nós acreditávamos que ela era do interior de São Paulo.
-Desculpe falar, mas vocês foram um tanto ingênuas de acreditar nisso, com a Suzanne tendo aquele sotaque de carioca da gema, criada em Curicica.
-De qualquer forma, ela dizia que se sentia carioca de coração... atribuíamos a isso, essa identificação...
-Infelizmente suas informações ainda não me ajudaram muito, Marion. Você sabe se sua mãe chega logo?
-Chega sim. Ela foi dar uma volta pelo Jardim Botânico... ela gosta de ir sozinha lá. Deve voltar logo.
-Vou querer conversar com ela.
-E faz bem. Talvez ela possa te esclarecer algo... ela tem um álbum de recordações com cada pessoa que passou pelas nossas vidas.
-Não brinca! Isso pode ser ótimo!
CORTA A CENA.

CENA 5: No intervalo dos ensaios, Procópio chama Laura para uma rápida conversa.
-Não quero atrapalhar seu horário de lanche, querida, mas preciso te fazer um convite.
-Fala, Procópio.
-Essa sua história de relacionamento poligâmico me inspirou de uma maneira que eu não me inspirava há anos e eu comecei a escrever um texto, que pretendo transformar em peça, com essa temática. Andei pensando no elenco e resolvi que a atriz mais indicada para atuar na peça é você mesma, Laura.
-Que fantástico, querido! Nunca imaginei que a vida que levo com meus dois namorados pudesse inspirar arte dessa forma! Claro que eu quero fazer parte disso... quero muito!
-Fico feliz por isso. Mas você tem uma outra missão, que eu deixo pra você: tentar convencer os meninos a atuarem com você na peça.
-Gente! Que tudo! Amei! O Mateus pode aceitar mais de boa, afinal ele é ator, mas... o Haroldo, tadinho... vai ser mais difícil. Ele tem muita vontade de ser ator, mas morre de vergonha e tem muita autocobrança. De qualquer forma vou conversar com eles e espero muito que eles entem nessa comigo. Agora eu preciso lanchar, a gente fala melhor sobre isso depois.
-Claro, querida. Vai lá que eu não quero te atrapalhar. A gente vai fazer essa peça acontecer e vai ser lindo!
Laura, empolgada, vai lanchar. CORTA A CENA.

CENA 6: Marcelo e Rafael estão a caminho de Angra dos Reis.
-Bem... pelo menos depois de toda essa loucura dos últimos dias, a gente encontrou algum tempo de voltar onde tudo começou... - fala Marcelo.
-Tava te devendo isso, amor. Você não teve culpa de manifestar os sintomas mais severos da psoríase justamente durante nossa lua-de-mel. Agora a gente vai terminar dignamente o que começou.
-Podem até ser poucos dias, mas pelo menos a gente vai ficar com uma lua-de-mel mais real e lembranças mais bonitas pra levar.
-Nem é só isso, Marcelo... esse é só o começo. A gente ainda vai encontrar tempo de viajar por esse Brasilzão inteiro, você vai ver.
-Quero muito poder viajar com você por todos os cantos do nosso país... mas ainda acho que isso não vai acontecer tão cedo.
-Seu bobo. Enquanto houver vida, vai haver tempo.
-Sim, isso é fato... mas falo de toda essa coisa que tá em torno da Suzanne agora. A gente não sabe até que ponto ela pode ou não ser perigosa.
-Você acha que ela seria perigosa? Duvido muito.
-Não duvido de nada... ela é mãe do meu irmão e abandonou ele num orfanato, obrigando o meu pai a aceitar tudo isso.
-De fato. Manipuladora e mandona ela sempre foi... mas daí a ser perigosa...
-É um pulo, Rafa... ela foi capaz de obrigar meu pai a abandonar minha mãe grávida de mim, a roubar tudo dela e ainda pior: antes disso ela convenceu meu pai a seduzir minha mãe, mas ignorou completamente o afeto sincero que ele passou a sentir por ela...
-Seu pai de fato foi cego de amor por essa mulher... foi prejudicado e acabou prejudicando a Riva no meio disso.
-Fico tranquilo que ele tenha acordado a tempo. Mas sei que ele nunca vai deixar de amar a Suzanne.
-É triste isso, pra ele. Ele ainda é tão jovem, sabe? Poderia conhecer outra mulher, viver um amor sem ser essa coisa doentia que a Suzanne alimentou por mais de vinte anos...
-Ai, amor... vamos mudar de assunto antes da gente chegar em Angra? A gente merece um tempo só nosso.
CORTA A CENA.

CENA 7: Valquíria chega em casa do passeio e Marion a chama.
-Mãe... você pode vir comigo? Tem alguém querendo falar com você... - fala Marion.
-Claro, filha... só não imagino quem possa ser. - fala Valquíria.
-Oi, dona Valquíria. Você não deve estar lembrada de mim... sou Raquel, mãe de Suzanne e investigadora.
-Lembro vagamente de você, querida. Nem parece que aquela doente é sua filha, quer dizer... desculpe. - fala Valquíria.
-Bem... eu vou deixar vocês duas conversando a sós... - fala Marion, deixando o quarto de Valquíria.
-Não precisa se desculpar, dona Valquíria... eu sei bem o tipo de psicopata que Suzanne é. A propósito, sinto sua falta na TV, adorei te assistir na novela... ninguém dizia que era uma atriz estreante, tamanha era a sua segurança em cena...
-Obrigada pela generosidade, Raquel. Mas diga, o que você gostaria de falar comigo? Posso ajudar em alguma coisa?
-Acredito que possa. Desconfio que a cisma de Suzanne com Riva venha de um passado mais distante do que nós possamos imaginar, mas nem a Riva nem a Marion souberam me disser nada além daquilo que eu já sei.
-Talvez eu tenha como te ajudar mais, só não faço ideia de como. Tudo o que posso te dizer nesse primeiro momento é que minha filha Marinete foi abandonada pelo pai da Riva assim que ele soube da gravidez de minha filha. Foram tempos muito difíceis... só que tem um detalhe nisso que nunca contei para nenhuma das meninas, nem para minha falecida filha Marinete, nem pra Marion ou Riva...
-E o que seria isso, dona Valquíria?
-Eu mantive contato com o pilantra que abandonou minha filha. Exigi que ele desse alguma contribuição financeira para que Riva pudesse ser criada sem que minha filha se sacrificasse tanto sendo camelô. Não tive como evitar que minha filha continuasse até o fim da vida trabalhando como camelô, mas o dinheiro que eu juntei acabou servindo mais tarde como a herança deixada pela Marinete e que as meninas levaram com elas quando me doparam e fugiram de Barra de São João. Deve ter sido esse mesmo dinheiro que o Márcio roubou a mando da sua filha. Cuidei desse dinheiro enquanto as meninas moravam comigo, mas admito que naquele tempo não fui uma boa mãe nem uma boa avó... eu era amargurada. Mas cuidei de tudo. Resisti ao plano Collor... e ainda consegui converter em reais todo aquele dinheiro. Sempre pensei no futuro das meninas.
-Isso é muito interessante, de verdade. Mas acredito que você possa fazer ainda mais para me ajudar a entender essa história toda, pra ver onde a Suzanne entra nisso.
-E o que seria?
-Marion me contou que você tem um álbum de recordações com todas as pessoas que já passaram pela vida de vocês...
-Sim, é verdade. Eu sempre levava minha máquina fotográfica comigo. Às vezes levava meses pra conseguir revelar tudo. Você quer que eu pegue? Tá em algum canto do meu roupeiro...
-Por favor, dona Valquíria...
CORTA A CENA.

CENA 8: Guilherme está no pátio da instituição psiquiátrica e respira aliviado.
-Pelo menos hoje aquele bando de doido baba ovo me deixou em paz. É um saco ficar socializando com essa gente babona e cagona. - murmura Guilherme consigo mesmo.
Guilherme segue a observar os internos, horrorizado com o que vê.
-Eu não sou doido como essa gente. O estado dessas pessoas é mais que deplorável, é degradande, afronta os meus olhos. Eu nunca deveria ter parado nesse lugar. Mas bem que esses doidos podem me ser úteis no final das contas...
Guilherme permanece observando os internos e analisa os menos afetados pelos transtornos.
-Muito úteis, por sinal... a maioria deles já baba ovo pra mim. Isso é uma vantagem que eu tenho, sem dúvida. Eles acreditam em qualquer coisa que eu disser... se eu disser que sou Deus, eles acreditam. Talvez seja a hora de começar a reverter tudo isso a meu favor. Usar esses panacas... fazer com que eles me ajudem a sair desse lugar. Vai ser mais fácil que tirar doce de criança...
Guilherme sorri maliciosamente. CORTA A CENA.

CENA 9: Valquíria encontra o grande álbum de recordações e senta-se ao lado de Raquel.
-É pesado esse pequeno monstro, mas aqui tem todos os momentos mais importantes que registrei dos anos setenta até noventa e cinco...
-Ótimo, dona Valquíria.
Valquíria começa a mostrar as fotos e indicar quem são as pessoas das fotos.
-Esse cara aqui é o Roberto... pai da Marinete. Me deixou sozinha quando eu estava quase ganhando a nossa filha. Nunca mais apareceu, nunca mais deu notícias. Ah... esse outro aqui é Francisco, pai da Marion. Ficou comigo até os dois anos da Marion, mas acabou botando o pé no mundo... antes de ir embora, disse que aquilo que a gente vivia não era vida...
-Muito interessante tudo isso, dona Valquíria. Suas filhas realmente foram crianças adoráveis.
-Eu poderia ser sua mãe... mas enfim... vou continuar mostrando as fotos.
Valquíria vira a página e Raquel se surpreende com o que vê.
-Quem é esse cara?
-Pai da Riva. Se chamava Frederico.
-Não pode ser! - fala Raquel, perplexa. FIM DO CAPÍTULO 109.

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